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Além de mostrar a vida num mundo pós-apocalíptico, The Last of Us, principalmente na série de TV da HBO, vem mostrando como os laços mantêm a sanidade de muitos dos sobreviventes – e muito por conta disso o quinto episódio talvez seja um dos mais doloridos da série até agora.
Abordando principalmente a luta pela sobrevivência dos irmãos Henry e Sam, o quinto episódio trabalha algo que já foi mostrado anteriormente na série – mas, dessa vez, no tempo atual da narrativa, e não um flashback. Confira nossas impressões a seguir (com spoilers):
Relações ajudam a existir e sobreviver em The Last of Us
Começando do mesmo ponto em que o episódio anterior terminou, o quinto capítulo de The Last of Us não perde tempo em mostrar a conclusão do encontro inicial de Joel e Ellie com os irmãos Henry e Sam, que após alguns momentos tensos faz com que Henry faça uma proposta de ajudar nossos protagonistas a escaparem da cidade através de túneis subterrâneos – ideia aceita por Joel.
Porém, as coisas obviamente não acontecem de maneira simples. Pouco após terem começado a jornada para os túneis, o quarteto acaba dando de cara com um atirador de elite que é morto por Joel – e que acaba trazendo toda a milícia de Kathleen para perto deles e iniciando um conflito entre os personagens.
É nesse momento que ficamos sabendo que Henry realmente matou o irmão de Kathleen – tudo visando conseguir remédios para a leucemia de seu irmão, Sam. Talvez esse seja dos momentos menos sutis da série até o momento, causando uma sensação de dualidade com o garoto responsável pela morte de um ente-querido de alguém para proteger o seu próprio, o que acredito que criará no espectador um certo questionamento sobre o egoísmo da sobrevivência neste cenário.
É comum, afinal, que frases como “eu faria tudo pela minha família” saiam da boca de muitas pessoas, mas isso é no cenário em que a sociedade, mesmo que com suas falhas inerentes muito mais causadas pelo sistema econômico, ainda “funciona”. E se o mesmo ocorresse em um cenário mais bruto, mais animalesco? A dicotomia presente nas histórias de Henry e de Kathleen, sem nenhuma sutileza, tenta abordar isso – mas confesso que a conclusão não me agrada, talvez muito mais por eu ser um tanto mais otimista do que deveria ser.
De qualquer forma, a jornada de vingança de Kathleen atinge seu clímax em uma das cenas mais “videogame” da adaptação televisiva de The Last of Us até agora, em que o confronto com os atiradores de elite é extremamente tenso e com um ritmo muito semelhante a sessões semelhantes no jogo original – o quarteto tem que progredir aos poucos pela cidade, sempre se escondendo em prédios ou atrás de carros, matando alguns de seus algozes, e voltando a avançar somente após confirmar que o caminho está seguro.
Essa pegada é bem interessante e também mostra um ritmo bem diferente das outras cenas de ação presentes no seriado até o momento. Sinceramente, é o ponto alto do episódio – mas que não prepara ninguém para a carga emocional que ocupa os momentos finais dele.
Tudo por nada
O ato final do episódio é novamente dividido entre o quarteto e Kathleen. A personagem criada exclusivamente para a série encontra seu fim com um acontecimento que já tinha sido indicado no capítulo anterior: ao ignorar o fato que infectados estavam cada vez mais próximos de sua base para continuar sua jornada de vingança, a líder da milícia acabou permitindo que todos seus soldados, junto dela mesmo, fossem mortos por eles. Um triste fim, mas, infelizmente, condizente com suas ações no tempo que ficamos com ela.
Já Joel e Ellie tem que lidar com mais um momento extremamente impactante: Sam revela para a adolescente que está infectado, e depois de uma tentativa falha de alcançar uma cura usando o sangue da protagonista, ele acaba perdendo a luta contra o fungo e, agora como mais uma vítima da pandemia, tenta atacá-la. Henry mata-o, e, percebendo que acabou de assassinar seu próprio irmão, comete suicídio em seguida.
A cena final do episódio é composta por Joel e Ellie enterrando os dois irmãos que acabaram se tornando mais pessoas que os ajudaram na jornada, mas tiveram um triste fim. Em uma cena silenciosa, é fácil entender o que passa pela cabeça dos protagonistas – será que o caminho para o objetivo precisa estar realmente repleto de tantos corpos? Bom, pela natureza humana que a série usa como seu ponto principal, nós, espectadores, sabemos que a resposta, infelizmente, é positiva.
Tons tristes em mais um bom episódio
Desde que joguei o primeiro The Last of Us, em 2014, associo muito a música “Hurt”, mais especificamente a interpretação feita por Johnny Cash, com a obra. Mais conhecida pelo seu uso em trailers do excelente longa-metragem Logan, a canção conta a jornada de um homem que enxerga em feridas a única forma de ainda sentir algo após uma vida de tristeza.
The Last of Us, especialmente a jornada de Joel, sempre me remeteu muito a essa música – um homem que para sobreviver, está andando sobre uma trilha de corpos, tanto de adversários quanto de pessoas queridas que ficaram no caminho para que ele possa continuar avançando.
Nesses cinco episódios, vimos isso ocorrer diversas vezes já – mas nenhuma foi tão óbvia quanto o enterro de dois irmãos que o ajudaram em sua jornada para, no fim, terem o fim mais triste possível nesse mundo, sem controle de suas ações e completamente perdidos para sentimentos de culpa.
Em mais um episódio excelente, The Last of Us joga na nossa cara que Joel ainda se machucará muito nesse caminho – mas que agora, ele não faz isso sozinho mais. Sua companheira adolescente, Ellie, também está sendo apresentada a realidade cruel – basta saber que caminho ela decidirá seguir.
Com quatro episódios ainda na temporada, a jornada dos protagonistas vai cada vez mais se tornando uma coleção de dores emocionais. Jogando o título de PS3 que deu origem a obra, sei que o caminho ainda contará com dores extremas para ambos, mas ver pouco a pouco ambos os personagens cada vez sofrendo mais com as interpretações impressionantes de Pedro Pascal e Bella Ramsey está dando tons bem mais doloridos para tudo.
No fim, a cada episódio, fico ainda mais engajado com essa história – um mérito impressionante para uma adaptação de algo que já conheço de cabo a rabo.
The Last of Us é exibido semanalmente no HBO e no HBO Max.
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Entenda os estágios de infecção em The Last of Us
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
Episódio 5 de The Last of Us
Episódio 5 de The Last of Us-
Roteiro10/10 Excelente
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Fotografia10/10 Excelente
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Atuação10/10 Excelente
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Trilha Sonora10/10 Excelente
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Parabéns pela análise.
suas análises dos episódios são muito boas. Até agora, esse episódio 5 e o ep 3 são os melhores da série.