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Como um entusiasta de videogames, está sendo um exercício extremamente interessante acompanhar a adaptação de The Last of Us para a TV – muito mais para entender as limitações de cada uma das mídias e como, no fim, um seriado pode desenvolver as coisas de forma muito extensa e diversa enquanto o jogo tem que focar mais na jornada dos protagonistas.
Essa situação nunca ficou tão clara quanto no terceiro episódio da adaptação, que, pelo menos para mim, virou uma das melhores horas de televisão que eu já vi em toda minha vida. Com o perdão aos leitores, já admito que durante esta crítica, minha emoção estará falando mais alto que minha racionalidade.
Aviso: spoilers a seguir!
Um raio de esperança em meio as sombras de The Last of Us
Durante os dois primeiros episódios de The Last of Us, fomos apresentados a um mundo pós-apocalíptico em que, ao que tudo indicava, não existem motivos para ter esperança. Ellie, uma humana com aparente resistência à infecção dos fungos, é vista por Joel e pela falecida Tess mais como um meio de obter suplementos do que realmente uma forma de talvez livrar o mundo desse perigo – e as paisagens desoladas pela qual os protagonistas caminharam até o momento cooperam com esse sentimento.
O terceiro episódio, porém, nos traz outro ponto de vista, mostrando que ainda é possível existir, sorrir e seguir nesse mundo – mesmo que o fim ainda seja trágico. Marcando a mudança mais drástica em relação ao jogo, somos apresentados a Bill (Nick Offerman) e Frank (Murray Bartlett), aliados de Joel posicionados estrategicamente em uma cidade abandonada, que montarão várias armadilhas para sobreviver.
Enquanto no jogo Bill era rabugento e extremamente desconfiado durante toda sua parceria com Joel e Ellie, com a jornada conjunta levando a descoberta que seu parceiro Frank havia se matado após ser infectado pelos fungos e deixado uma carta extremamente violenta falando que aquele fim era melhor do que viver um dia a mais com Bill, a série muda o cenário de ambos completamente.
Na TV, uns bons 15 anos antes da narrativa atual da série, Frank é capturado por uma das armadilhas que Bill colocou ao redor de sua cidade e é salvo, e durante os anos a parceria de ambos se desenvolve para algo romântico – no meio daquele mundo desolado, o amor floresceu entre os dois personagens, e a vida de ambos começa a ter um novo sentido. É lindo de ver.
É esse amor entre os dois personagens que convence Bill a deixar parte de sua misantropia de lado e concordar em receber Joel e Tess para uma conversa a pedido de Frank, onde as duas duplas chegam em um acordo de ajuda mútua, com Joel prometendo melhorar as defesas da cidade em que Bill e Frank vivem em troca de suplementos e demais apoio nesse mundo desolado.
Amar é resistir
Já nos tempos atuais, mas algumas semanas antes dos eventos atuais da série, Bill e Frank agora são idosos, com Frank estando confinado em uma cadeira de rodas por conta de uma doença terminal. Sabendo que não há muito mais o que fazer, ele pede que Bill o ajude a morrer – e o que se segue é talvez um dos momentos mais tocantes que já vi na TV.
Bill se arruma e também veste Frank, com os dois realizando um singelo casamento. Logo depois, Bill entrega uma taça com uma dose letal de remédios de dormir para Frank, e segurando um copo com o mesmo conteúdo, avisa que para ele não faz sentido existir se seu amor não estiver mais ali. Ambos bebem o líquido fatal e se recolhem para o quarto, com o destino selado.
Voltamos então para Joel e Ellie, que chegam na casa dos companheiros. A adolescente encontra uma carta de Bill direcionada a Joel, que a lê e encontra nela palavras doces de seu parceiro de sobrevivência, afirmando que proteger e amar Frank deu sentido para sua vida – e falando que Joel tem uma missão parecida, referenciando Tess.
Aqui, vemos Joel se emocionando pela primeira vez na série desde a morte de Sarah no primeiro episódio – não há uma explicação clara, mas entende-se que ele sente que falhou com Tess no fim. Porém, ele ainda está ali, e agora com uma criança que precisa muito dele para poder seguir, e é nesse momento que vemos a determinação do protagonista mudar e se inclinar para cumprir realmente a missão passada pelos Vagalumes no primeiro episódio.
Pegando o veículo deixado por Bill para ele, Joel e Ellie seguem para onde o irmão do protagonista, Tommy, está – em um dos ganchos mais esperançosos que a série teve até o momento.
Um tom diferente, mas efetivo
Eu gostei muito mais de Bill na série do que no jogo – e tenho toda certeza que o terceiro episódio de The Last of Us ficará marcado em minha cabeça por anos. A mensagem do capítulo, mostrando que independente da condição do meio, ainda somos seres sociais e que o amor e carinho podem deixar mesmo as piores das situações mais leves é muito bonita, e talvez algo que eu não esperava de uma franquia que, especialmente no segundo jogo, me fez ter ódio da humanidade.
Parece uma força contrária ao que fomos apresentados no videogame, em especial no segundo jogo – mas isso não é ruim. Na verdade, acho o contrário – acredito ser uma representação muito mais fiel do que é o ser humano, e de coração estou empolgado para ver como isso continuará a ser trabalhado, já que ainda nessa temporada seremos expostos ao pior de nossa raça.
Mas enquanto isso não ocorre, ficamos com uma impressão positiva e esperançosa – Joel pode mudar, e Ellie, quem sabe, pode ser a chave.
Cantinho da especulação
- Agora que sabemos que sim, a série pode mudar drasticamente personagens, será que podemos também esperar mudanças no final do jogo? Eu particularmente acho desnecessário, mas sinceramente estou confiante de qualquer decisão tomada pelos diretores – eles teriam que errar muito para me decepcionar do jeito que estou empolgado agora.
- Além disso, estou particularmente curioso com algo – será que a carta de Bill acelerará o entendimento de Joel quanto a sua relação com Ellie? Talvez, mas ao mesmo tempo imagino que momentos chaves do jogo terão que ser levemente modificados para adequar esse novo status quo. Veremos.
The Last of Us tem novos episódios todo domingo, passando no canal HBO e também no serviço de streaming HBO Max.
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The Last of Us: 2º temporada da série é confirmada
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
3º Episódio de The Last of Us
3º Episódio de The Last of Us-
Roteiro10/10 Excelente
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Fotografia10/10 Excelente
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Atuação10/10 Excelente
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Trilha Sonora10/10 Excelente
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Estragaram a série que tinha tudo pra ser top, pra mim já deu por aqui👎🏻
Estragaram demais.
Esse episódio foi horroroso. Nem vou assistir mais.
Estragaram a série. Episódio péssimo.
Excelente episódio! O jogo deixa um pouco subentendido que o Bill e o Frank são mais do que “amigos”. Já a série já explora isso de maneira muito melhor!
A molecada tá frustrada porque não tá no padrão heterozão do jogo, mas com certeza, esse episódio foi o melhor até agora!! Muito emocionante!
Pire épisode
Horrível! A série acabou aqui.