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O segundo episódio da adaptação para TV de The Last of Us foi exibido neste último domingo (23) na HBO e já está disponível no HBO Max. Nesse capítulo, mudanças mais claras em relação ao jogo, principalmente quanto a ameaça dos fungos, começaram a ser demonstradas – em um resultado que parece servir perfeitamente para a nova mídia. Confira nossa crítica:
Aviso: spoilers a seguir do segundo episódio de The Last of Us!
Expansões e derivações em The Last of Us
Logo de cara já fiquei surpreso com o segundo episódio de The Last of Us pelo seu começo: antes da abertura, assim como no primeiro episódio, fomos levados para um momento que não existia no videogame e não relacionado à narrativa de Joel ou Ellie. Se passando em Jakarta em 2003, vimos o começo da ameaça dos fungos, com uma interpretação impressionante de Christine Hakim como a Doutora Ratna, uma pesquisadora da Universidade de Jakarta que vê a adaptação dos fungos e vai perdendo as esperanças – culminando no bombardeamento de uma cidade para conter a pandemia, algo que sabemos que não foi efetivo.
Passada essa introdução bem aterrorizante e que mostra a intensidade da ameaça, voltamos para Joel, Ellie e Tess, continuando do gancho do final do episódio anterior. Bella Ramsey continua aqui fazendo um trabalho espetacular, explicando para os seus protetores que ela precisa chegar na base dos Vagalumes para ser utilizada como fonte para a descoberta de uma cura para a infecção.
O brilhantismo da escrita está na reação de Joel e Tess – nenhum dos dois realmente acredita na adolescente, mostrando como os 20 anos da pandemia realmente machucaram os personagens ao ponto deles não terem esperança nenhuma – Joel pensa até mesmo em voltar para casa, já que a missão parece inútil em geral, com Tess convencendo-o somente após lembrá-lo que os Vagalumes trocarão a menina por suprimentos.
Eles então seguem o caminho para o objetivo, e aqui outro trunfo da série é destacado: a incrível fotografia e os sets das ruínas dos EUA durante a pandemia. Sinceramente, séries pós-apocalípticas acabam utilizando conceitos bem básicos de destruição para ilustrar seus ambientes afetados pela catástrofe, mas The Last of Us segue por um caminho bem mais interessante: não é só destruição, é a real queda do que os humanos construíram durante séculos, com prédios abandonados, destruídos e tomados muitas vezes pelos fungos responsáveis pela pandemia. Assim como Ellie, é difícil não ficar impressionado com o cenário – e acredito que, nos próximos episódios, mais momentos como esse serão comuns.
A ruína, inclusive, se torna um ponto importante da narrativa, quando um prédio demolido torna-se um obstáculo no caminho e nossos protagonistas são obrigados a escolher outro caminho – passando por um hotel inundado, em que Ellie tem uma ótima cena nos lembrando que ela não passa de uma adolescente de 14 anos, além de conversas que vão revelando mais e mais sobre suas aventuras antes de estar sobre a tutela de Joel – como o fato que ela foi mordida em uma escapada para um shopping e ela ser órfã.
Mas embora esses momentos mais tranquilos e de conversa funcionem bem para conhecermos mais os personagens – principalmente com Joel ficando irritado com a atitude adolescente de Ellie – o fato é que o hotel está repleto de infectados e fungos, fazendo com que os protagonistas escolham outra rota: um museu.
Nasce o terror
Inicialmente com esperanças que os infectados no museu já estivessem mortos por conta da condição de um fungo na entrada, Joel e Tess começam a ficar tensos após encontrarem um corpo completamente destruído dentro da estrutura – com o personagem de Pedro Pascal solicitando silêncio completo enquanto estiverem dentro do local. A partir desse momento, a trilha do episódio some, só sendo utilizada em pequenas inserções para intensificar qualquer som que esteja ocorrendo no momento – como os sons assustadores que começam a ser ouvido pelos protagonistas.
É nesse momento que chegamos no clímax do episódio, com a apresentação do primeiro Clicker (Estalador), uma pessoa infectada pelo fungo em um estágio mais avançado da doença – cego e capaz de perseguir suas presas através de sons. No total, dois aparecem, com ambos sendo mortos por Joel, mas não antes de atacarem Tess e Ellie.
A sequência é aterrorizante e tensa, com os Clickers sendo criaturas completamente assustadoras e o desespero do trio sendo palpável – crédito para a atuação impressionante. Com o fim do conflito, temos a chegada dos protagonistas ao objetivo, com mais um soco no estômago: os Vagalumes que deveriam receber Ellie estão todos mortos.
O final do episódio, então, acontece de maneira semelhante ao jogo: Tess diz que Joel tem que salvar Ellie, mostrando que a mordida desferida pelo Clicker na adolescente já curou completamente, enquanto ela, que também foi ferida, pretende se sacrificar para impedir que os Vagalumes, agora revelados como infectados, possam perseguir Joel e Ellie. Relutantemente, o veterano aceita a missão e corre com a adolescente, enquanto sua parceira fica para trás e explode o local em que estava, ao mesmo tempo em que um dos infectados desfere um beijo fatal a partir de apêndices que saem da boca.
A cena é forte e mostra de maneira bem interessante como a adição desses apêndices coloca um tom bem maior de horror para o universo de The Last of Us em sua adaptação televisiva, lembrando até mesmo clássicos como Alien. É forte, triste e torna a morte de Tess ainda mais brutal.
No fim, após o díficil momento, a cena final do episódio mostra Joel e Ellie caminhando, silenciosos – deixando claro ao espectador que o mundo em que os personagens vivem é fatal e que a esperança, talvez, seja impossível de existir nesse contexto.
Um momento bem díficil
Em geral, gostei bastando do segundo episódio de The Last of Us – acredito que ele conseguiu balancear de forma primorosa tanto os momentos para desenvolver personagens através de interações como também utilizando as reações ao mundo para pintar um contexto maior dos protagonistas.
A perda de Tess, mais brutal aqui do que no videogame, me chocou mais justamente pela violência do que pela personagem – o que é o oposto no jogo, mas talvez pelo fato que no original passamos mais tempo com ela. De qualquer forma, agora estamos somente com a dupla principal como foco, e a partir do próximo domingo poderemos ver a famosa relação de pai e filha se desenvolvendo mais. Estou bem empolgado, sinceramente.
Cantinho da especulação
- Será que todo episódio da série começará com uma cena que desenvolverá mais o universo de The Last of Us? No primeiro episódio tivemos a entrevista nos anos 1960, e nesse o começo da pandemia. Sinceramente, acho um acerto grande se esse formato for seguido nos demais capítulos, mas ao mesmo tempo penso que em certos momentos talvez seja importante usar o espaço para os protagonistas;
- Falando em momentos para desenvolver personagens, o Shopping de Left Behind foi citado por Ellie como o local em que ela levou sua primeira mordida – e cada vez mais estou mais empolgado para ver a adaptação da DLC. Em que momento será que ela será encaixada? Só o futuro dirá.
The Last of Us tem novos episódios todo domingo, passando no canal HBO e também no serviço de streaming HBO Max.
Veja também
Episódio 1 de The Last of Us: como adaptar um videogame de forma primorosa
2º Episódio de The Last of Us
2º Episódio de The Last of Us-
Roteiro10/10 Excelente
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Fotografia9/10 Incrível
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Atuação10/10 Excelente
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Trilha Sonora10/10 Excelente
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Podiam avaliar que tem spoilers, caralh*!!