The last of us

Episódio 1 de The Last of Us: como adaptar um videogame de forma primorosa

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Mostrando que a narrativa de The Last of Us pode funcionar muito bem em uma série, primeiro episódio impressiona

Na noite de domingo (16), um dos momentos mais esperados para fãs de videogame finalmente aconteceu: a estreia da adaptação para TV de The Last of Us pela HBO. Em um primeiro episódio com uma hora e vinte minutos de duração, o fascinante mundo que há uma década conquistou os jogadores de PlayStation chegou a uma nova mídia, com Pedro Pascal e Bella Ramsey atuando de maneira incrível nos papéis de Joel e Ellie.

Confira as impressões do Showmetech sobre o primeiro episódio da adaptação a seguir:

Aviso: Spoilers a seguir do primeiro episódio de The Last of Us!

The Last of Us nasceu para TV?

Episódio 1 de the last of us: como adaptar um videogame de forma primorosa. Mostrando que a narrativa de the last of us pode funcionar muito bem em uma série, primeiro episódio impressiona
Nico Parker como Sarah. (Imagem: Reprodução/HBO)

A adaptação de The Last of Us segue fielmente o jogo, embora nesse primeiro episódio já tenha sido possível ver uma certa expansão de momentos chaves da narrativa, em especial logo no ato inicial: Sarah (Nico Parker), a filha de Joel (Pedro Pascal) que morre nos momentos iniciais do jogo, ganha um maior destaque aqui, com boa parte de seu último dia viva ganhando holofote – ela levando o relógio de Joel para arrumar, aguardando o objeto ficar pronto e até mesmo entregando-o para seu pai.

Essas ações, porém, não são novidade: todas elas são citadas no jogo, mas em geral o que realmente ocorre originalmente é que somos introduzidos a Sarah e Joel já perto do caos do apocalipse dos fungos, enquanto aqui temos um pouco mais de tempo para conhecê-los como pessoas normais, não desesperadas. É uma decisão interessante que torna o impacto de ver a morte de Sarah na conclusão do prólogo e também a transformação de Joel em uma pessoa bem diferente, 20 anos no futuro, bem maior.

O que achei mais interessante de tudo isso, porém, é o fato que a partir do momento em que a série começou a mostrar os mesmos momentos do prólogo do jogo, praticamente tudo, desde as escolhas de fotografia até os diálogos, parecem ter sido replicados 1:1 – só que com uma fluidez espetacular que parece mostrar que The Last of Us já tinha características para essa mídia.

Na verdade, isso fez eu me questionar se a série talvez não seja bem mais efetiva para a narrativa, já que embora eu tendo dado 10 para The Last of Us: Parte 1 por conta de seu primor técnico, ainda acredito que sua jogabilidade acaba prejudicando uma boa história, já que acaba sendo um pouco lugar-comum demais para os famigerados “jogos de ação” que existem aos montes na indústria AAA. Na adaptação da HBO, só vendo a narrativa fluir, a minha sensação é que ela está sendo elevada – mas isso é uma afirmação que esperarei a conclusão da série para confirmar, ficando muito mais como um devaneio nesse instante do que qualquer outra coisa.

Episódio 1 de the last of us: como adaptar um videogame de forma primorosa. Mostrando que a narrativa de the last of us pode funcionar muito bem em uma série, primeiro episódio impressiona
Pedro Pascal está incrível como Joel. (Imagem: Reprodução/HBO)

De qualquer forma, o prólogo com Sarah ocupa cerca de um terço do primeiro episódio, com o restante já se passando nos tempos em que o grosso da narrativa ocorre – com Joel e Tess (Anna Torv) tentando adquirir uma bateria de carro para checar se Tommy (Gabriel Luna), irmão do protagonista, está bem, eles acabam entrando em conflito direto com os Vagalumes, um grupo de rebeldes diretamente contrário à resposta federal dos EUA sobre a pandemia apocalíptica que serve como pano de fundo para a série. 

Durante esse confronto, Joel e Tess acabam encontrando Marlene (Merle Dandridge, que também é a voz da personagem no videogame), que, ferida noutro confronto, implora para que ambos levem a jovem Ellie para Massachusetts, oferecendo suplementos variados em troca – cabe aqui destacar que, mesmo aparecendo mais para o terço final do episódio, Bella Ramsey já mostra que sua Ellie está incrível, com a personalidade combativa e ao mesmo tempo jovial da versão no videogame sendo perfeitamente replicada, de uma forma engajante e que desperta o mesmo sentimento inicial que tive no jogo – desgosto pela adolescente chata que, inicialmente, ela se apresenta.

O grande gancho

Episódio 1 de the last of us: como adaptar um videogame de forma primorosa. Mostrando que a narrativa de the last of us pode funcionar muito bem em uma série, primeiro episódio impressiona
O futuro de Ellie e Joel ainda guarda muitos perigos. (Imagem: Reprodução/HBO)

Sendo uma série episódica em vez de um videogame em que podemos sentar e jogar até onde der, minha grande questão era onde os cortes para fins de episódios aconteceriam, de forma a engajar a audiência para retornar no próximo domingo. Nesse primeiro episódio, ao meu ver, a escolha foi perfeita, com o capítulo finalizando com a revelação que Ellie está infectada com o vírus que causou a grande pandemia de The Last of Us, mas por algum motivo está assintomática.

O momento é perfeito para engajar o espectador e levá-lo a teorizar o que pode ser o segredo da personagem e a verdadeira intenção dos Vagalumes em querer tirar ela de Boston – ao mesmo tempo que também serve como um possível gerador de conflito entre Joel, Tess e Ellie. É um pouco triste já saber tudo o que ocorre, já que sinto que parte do impacto dessa revelação foi perdida para mim, mas esses são os desafios da adaptação, não é mesmo? Ela precisa também manter engajado quem já acompanhou o original – e pelo menos nesse primeiro episódio, ela conseguiu isso com maestria.

Um primeiro episódio primoroso

Episódio 1 de the last of us: como adaptar um videogame de forma primorosa. Mostrando que a narrativa de the last of us pode funcionar muito bem em uma série, primeiro episódio impressiona
(Imagem: Reprodução/HBO)

Fiquei a madrugada em claro tentando encontrar algo que eu não tenha gostado sobre o primeiro episódio da adaptação de The Last of Us – um esforço, no fim, inútil, que só me serviu para estar funcionando nesta segunda-feira através de doses cavalares de cafeína. A HBO fez um trabalho absurdo em transportar o universo do jogo para a TV, e acho que agora posso realmente adorar essa narrativa sem os empecilhos que a indústria AAA de videogames causava com os títulos de PlayStation.

Sinceramente, a HBO vem acertando há anos com suas séries (bem, tirando o final de Guerra dos Tronos, mas isso é outra história), e ver que esse toque artístico absurdo também foi bem aproveitado para The Last of Us pode ser o grande ponto de virada para adaptações de videogames – que, veja bem, já há alguns anos não estão ruins, com os dois filmes de Sonic sendo extremamente divertidos e a animação de Super Mario prevista para sair este ano parecendo interessante, mas que ainda não tinha tido um seriado live-action bem feito.

De qualquer forma, independente do seu impacto a longo prazo, o que importa é que neste momento temos uma série que fez uma estréia genial e que se manter o nível, promete ser um dos grandes destaques do ano.

Cantinho da especulação

Toda semana, colocarei em alguns bullet points alguns pensamentos sobre o futuro da adaptação, pensando o que pode ocorrer nos próximos episódios e que pode diferir dos videogames. Neste primeiro capítulo, esses são os pontos que levantei:

  • Será que a série pode estar preparando algum tipo de flashback com Marlene e a mãe de Ellie? Assim como no jogo, a líder dos Vagalumes de Boston cita ter sido amiga da progenitora da jovem protagonista – e considerando a expansão que tivemos de Sarah, quem sabe o mesmo não ocorre com ela?
  • Riley também é citada, e já sabemos que ela será interpretada por Storm Reid. Será que um de meus sonhos que, infelizmente, não ocorreram em The Last of Us Part 1 para PS5, ocorrerá na adaptação da HBO, com a narrativa do DLC Left Behind sendo encaixada como um flashback em um episódio futuro? Sinceramente, espero que sim, já que ele é parte integral para entender Ellie, e até hoje fico chateado dessa mudança não ter sido feita no remaster do jogo. 

The Last of Us terá novos episódios todo domingo, passando no canal HBO e também no serviço de streaming HBO Max.

Veja também

The Last of Us é um dos lançamentos da HBO Max em janeiro de 2023

1º Episódio de The Last of Us

1º Episódio de The Last of Us
10 10 0 1
Adaptando o começo do jogo em uma hora e vinte minutos, primeiro episódio de The Last of Us da HBO é a adaptação que todo fã sonhou.
Adaptando o começo do jogo em uma hora e vinte minutos, primeiro episódio de The Last of Us da HBO é a adaptação que todo fã sonhou.
10/10
Total Score
  • Roteiro
    10/10 Excelente
  • Fotografia
    10/10 Excelente
  • Atuação
    10/10 Excelente
  • Trilha Sonora
    10/10 Excelente

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2 comentários
  1. Para quem é fã e jogador de games, sabemos onde os criadores enfiaram o grande Resident Evil permitindo estragarem a ‘MEMORIA” que os fãs tinham com os péssimos filmes e séries.
    Existe algo que se chama autoria e deve ser respeitada, ela cria uma essência em quem aprecia e que se for USURPADA ou PIRATEADA, literalmente mata a obra…. E para quem não está entendendo, foi o que fizeram com RE…….E Last of US deu um passo GIGANTESCO nesse caminho e está prestes a morrer se assim se manter…. ou alguém aí aceitaria um remix de Beethoven ou uma releitura de Picasso?????

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