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Duna: Parte 2, que estreou dia 29 de fevereiro, traz um ritmo mais acelerado e toda a grandiosidade esperada pelos fãs da obra e por aficionados pela sétima arte. O filme que entrega cenas de ação estrondosas, corrige seu único ponto fraco do primeiro Duna. Sem mais delongas, vamos à crítica de Duna: Parte 2.
Crítica sem spoilers
História
Duna (Dune), obra criada por Frank Herbert e adaptada por Denis Villeneuve (A Chegada), trouxe impacto à indústria cinematográfica e à ficção científica quando chegou aos cinemas em 2021. O filme, que se passa em um futuro distópico e traz toda a roda política de forma tão atual, acompanha a história de Paul Atreides (Timothée Chalamet), sucessor de uma das famílias mais importantes da galáxia, que tem seu destino mudado pela morte de seu pai e se une aos Fremen, uma tribo livre que vive em Arrakis, para vingar sua família e traçar seu destino.
O primeiro filme da até então futura trilogia trouxe consigo uma adaptação poderosa, que rendeu à obra 10 indicações ao Oscar e 6 estatuetas, ressaltando sua grandiosidade principalmente em categorias como som e fotografia, que fazem de Duna uma das ficções científicas mais épicas da atualidade.
Apesar de aclamado, o primeiro filme também foi muito criticado por parte dos fãs por possuir um ritmo mais lento, algo característico do trabalho de Villeneuve. Em Duna: Parte 2 (Dune: Part Two) isso não se repete, sendo nítida a entrega extraordinária de uma execução impressionante, mesclada ao enredo muito bem costurado, às cenas de ação que te fazem perder o fôlego e à grandiosidade de som, trilha sonora e fotografia que somente Duna poderia proporcionar.
O filme, que já possui uma adaptação dos anos 80 (disponível no Prime Vídeo), trouxe agora toda a complexidade que todos tanto temiam ver nas telas, tranquilizando os fãs e trazendo um longa-metragem grandioso e digno da influência que a obra original teve no mundo cinematográfico e na ficção científica.
O segundo filme da obra nos leva a acompanhar ainda mais de perto a jornada de Paul Atreides, que se encontra entre os Fremen depois do extermínio de sua família e decide viver essa jornada com Chani (Zendaya), Stilgar (Javier Bardem) e sua mãe, Jessica Atreides (Rebecca Ferguson), desenhando seu caminho pelas areias do deserto de forma espiritual e política, e iniciando uma guerra para livrar Arrakis da exterminação do seu atual povo e exploração da mélange, especiaria mais valiosa do mundo utilizada para viagens espaciais e melhoras na saúde.
Duna: Parte 2 se balanceia entre o equilíbrio perfeito de uma trama política, religiosa e impactante, que traz consigo diálogos ricos e de arrepiar até os ossos, em contraste com o estrondoso som do deserto e da guerra engolindo cada alma de Arrakis.
Ao mesmo tempo, a obra também desenha uma difícil decisão entre o amor, acompanhado com ainda mais enfoque no romance entre Chani e Paul, e toda a burocracia política causada pela guerra.
Além disso, o filme traz consigo tramas políticas de extrema importância, mostrando como a fé pode ser um elemento poderoso em uma guerra e o quão grandiosa ela ecoa pelos cantos do deserto de Arrakis. A obra também traz com bastante foco a origem da mélange e toda a cultura dos Fremen, com um linguajar próprio e até mesmo sua própria maneira de obter água, um recurso valioso entre os moradores do grande planeta.
Destaques e elenco
O romance entre Chani e Paul abre um grande espaço no desenvolvimento dos personagens de Zendaya e Chalamet, que demonstram uma química de arrepiar e trazem em seus momentos toda a contradição entre torcer pelo amor e saber o fim que essa jornada poderá pintar no destino do casal.
E não são somente nas cenas de romance que Zendaya se destaca: a personagem da atriz, que teve pouco tempo de tela no primeiro filme, recebeu um grande espaço para brilhar no segundo, nos fazendo trilhar as sensações angustiantes da sua jornada de amor por Paul e a nítida relutância pela fé que guia seu povo.
Chalamet também atua de forma grandiosa, tanto em seus momentos mais humildes e que o personagem declara sua postura heróica, quanto em seus momentos mais sombrios, destacados não só pela sua brilhante atuação, como também pela poderosa fotografia de Greig Fraser (The Batman), que desenha a escuridão que permeia e se expande em seu caminho.
Além disso, somados a Chalamet e Zendaya, Florence Pugh (Oppenheimer), chega como nova personagem da trilogia interpretando a Princesa Irulan Corrino, filha mais velha do Imperador Padixá Shaddam Corrino IV (Christopher Walken). A princesa traz consigo toda a descoberta ingênua da personagem na roda política que guia o filme e destaca-se mesmo com pouco tempo de tela.
Javier Bardem (A Pequena Sereia) também mostra uma presença esmagadora com a sua atuação como Stilgar, interpretando com maestria o anseio pela morte e a fé corrosiva que entorpece e alegra o desejo do personagem por um futuro melhor.
Em sintonia aos passos de Stilgar, temos Jessica Atreides, interpretada por Rebecca Ferguson (Missão Impossível), que entrega uma atuação poderosa e amendrontadora, enquanto debruça-se em uma jornada longa e tortuosa que realça seu lado mais intenso e sombrio.
Os vilões de Duna: Parte 2 não ficam para trás quando falamos de destaques no elenco. Austin Butler (Elvis), que interpreta Feyd-Rautha, sobrinho mais jovem e herdeiro do Barão Vladimir Harkonnen, traz uma psicopatia assombrosa, entregando uma performance impressionante que mescla-se com uma fotografia fria, destacando ainda mais sua sede pelo poder e pela dor.
Além disso, também temos o retorno de Stellan Skarsgård (Piratas do Caribe) como Barão Vladimir Harkonnen, que demonstra uma ira engrandecedora e uma vontade avassaladora pela exterminação dos Fremen. O personagem destaca-se também pela maquiagem, figurino e efeitos especiais que engrancedem ainda mais a atuação brilhante de Skarsgård.
Aspectos técnicos
O deserto da Jordânia que serviu de casa para Duna: Parte 2 é descrito como uma beleza selvagem e impactante, o que é nitidamente visto nos desertos de Arrakis, que engolem todo o cinema em uma bocada dos vermes e te fazem vivenciar uma viagem extraordinária, com toda a tensão e beleza que a obra de Frank Herbert merece.
Além disso, o deserto vermelho-alaranjado, que foi um dos escolhidos para sediar o cenário de maior grandiosidade da obra, também abriga condições perfeitas para sintetizar a dança das areias que os Fremen fazem ao se locomover, além de expandir a beleza do pôr do sol, que transforma o verdadeiro deserto em um espetáculo de cores e lar da fotografia impecável de Greig Fraser.
O diretor de fotografia do filme abriga em seus takes toda a nuance do deserto de Arrakis, mostrando a imensidão e solidão que ele proporciona aos seus moradores, ao mesmo tempo que mostra, com um enquadramento mais distante dos personagens, o quão pequenos eles são.
Tudo isso unido à mixagem de som e à trilha sonora impecável de Hans Zimmer (Interestelar), te leva a um lugar de vivência pura da experiência que é assistir Duna nos cinemas. Com momentos de tensão orquestrados na trilha sonora e no som, o filme de Villeneuve te leva à uma viagem intergaláctica a Arrakis, te fazendo sentir a imensidão do deserto apenas com o som que ele emite.
Apesar do pouco alvoroço quando falamos sobre som e fotografia, é isso que muitas vezes traz o ritmo que tanto faltava para os filmes. Um exemplo recente é Oppenheimer (Christopher Nolan), o maior destaque das premiações de 2024, que ao explodir a bomba reverberou a tensão daquele momento em um som estrondoso e um silêncio gritante.
Em Duna: Parte 2, temos um impacto semelhante ao escutar os sons do deserto, resumidos nas areias que transmitem toda a vastidão e solidão daquele ambiente, nos vermes que apresentam em sua movimentação toda a tensão que Arrakis abriga e no som ensurdecedor das Dunas, que mostram sua imensidão diante ao vento e guiam a jornada dos personagens principais da obra.
Em contrapartida ao silêncio retumbante das Dunas, temos os momentos de extrema tensão que abrigam os maiores pontos de clímax do filme, com as cenas de ação instrumentadas pela trilha sonora de Hans Zimmer, que com o seu trabalho brilhante no segundo filme da franquia, trouxe mais uma vez a imensidão de cada momento vivenciado com o filme.
Conclusão
Como mais um filme de ficção científica, Duna: Parte 2 entrega o que poucos achavam que seria possível ver nas telas do cinema: uma trama verdadeiramente lendária que te atravessa e te consome, da maneira mais intensa e positiva, e te faz imergir tão profundamente que é possível sentir as areias das Dunas entre os dedos e os sons dos vermes arrepiarem o pé do ouvido.
Parafraseando Greg Fraser, Duna: Parte 2 é ainda maior e melhor e te fará embarcar em uma viagem épica, fazendo valer cada centavo do ingresso e sendo ainda mais apreciado nas salas Imax.
Assista ao trailer de Duna: Parte 2
Onde assistir
Duna: Parte 2 estreou dia 29 de fevereiro e está à venda nos cinemas de todo o Brasil. Você pode garantir o seu ingresso através do Ingresso.com
Duna (2021), que antecede Duna: Parte 2, está disponível na plataforma de streaming da HBO Max, que agora é somente Max, e no Prime Video.
Já o primeiro filme da saga, Duna (1984), também está disponível no Prime Vídeo
Duna (2000), uma minissérie de John Harrison, ainda não está disnível no Brasil, mas você pode acompanhar o site do JustWatch, que aponta em quais serviços de streaming estarão disponíveis filmes e séries, assim você completa a experiência pelos desertos de Duna.
Veja também
Veja mais sobre Duna (2000) no IMDB, base de dados online da Amazon que contém informação sobre cinema, TV, música e games.
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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
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