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Escrito por Sara Hess (Orange is the New Black) e dirigido por Geeta Vasant Patel (Under the Bridge), o episódio final da segunda temporada de A Casa do Dragão (House of the Dragon), intitulado como A Rainha que Sempre Foi, foi lançado com quase 70 minutos de duração e a sensação que fica é a de que poderia ser apenas mais um episódio qualquer da temporada.
AVISO: atenção, este texto contém SPOILERS do episódio final da temporada. Recomenda-se que você assista a ele, antes de continuar a leitura.
Ao contrário do encerramento da primeira temporada, onde acompanhamos a morte de Lucerys (Elliot Grihault) e tivemos cenas cruciais, desta vez, no oitavo e último episódio desta segunda temporada, não há grandes batalhas, tampouco mortes importantes. Há reencontros muito importantes, sim, mas ainda existem arcos em aberto e outros com desfechos frustrantes. Confira o que aconteceu neste último episódio e a nossa crítica.
A Rainha que Sempre Foi
Para um episódio que encerra uma temporada, tudo que se espera é a exploração do clímax prometido, por tanto tempo, durante os episódios passados, sem oferecer muita margem para histórias paralelas. Mas, A Casa do Dragão, não seguiu essa lógica. Logo no começo, o episódio nos apresenta um arco totalmente secundário, que pode vir a ter relevância, mas que definitivamente, deveria ter sido abordado no início ou no meio desta temporada.
Em nome da Equipe Verde, Tyland Lannister (Jefferson Hall) se reúne com líderes Tyroshi, representantes da Triarquia, para argumentar e convencer a eles que ajudem a romper o bloqueio da baía, feito por Rhaenyra, em troca do território que perderam para Daemon e Corlys, na primeira temporada. No entanto, os líderes pontuam que só aceitarão o acordo, caso Tyland consiga vencer a comandante Sharako Lohar (Abigail Thorn) em uma luta na lama.
São muitos rostos novos nessa sequência e, sinceramente, Tyland não é tão interessante a ponto de deixar esta narrativa mais interessante, sem nos fazer perguntar por que estamos assistindo a isso, já que, em teoria, era para uma guerra estar explodindo.
O Conselho Verde recalcula a rota
Após ver, com o próprio olho, os planos de Rhaenyra (Emma D’Arcy) se concretizando, Aemond (Ewan Mitchell) decide descontar sua fúria sobre a primeira cidade que avista, a qual não tinha nada a ver com a situação. Claramente, houveram momentos de carnificina fora das telas, porém, ficamos apenas com cenas breves do local ainda em chamas, enquanto o Príncipe Regente observava do alto de um mirante – a mesma fórmula utilizada no embate entre os Blackwood e os Bracken .
Com o retorno de Alicent de seu passeio contemplativo, ela, mais uma vez, mostra que abandonou seu posto ambicioso para exercer seu papel mais humanizado como mãe. Ela quer convencer Helaena a abandonar Porto Real junto dela. Por outro lado, Aemond quer tentar convencer a irmã a montar seu dragão Dreamfyre para irem juntos à luta, lado a lado. Ela não quer participar de toda essa violência, mas também entende que não há lugar no mundo onde ela consiga se refugiar.
Um dos pontos mais interessantes da série, inclusive, é a construção da personagem de Helaena. Se antes ela demonstrava ter muito medo e se isolava do mundo, agora ela enfatiza ter domínio dos seus poderes místicos, o que não funcionaria bem sem o talento de Phia Saban.
Quando Aemond a confronta sobre sua escolha de não o acompanhar, a jovem pergunta, calmamente, se ele a queimará como fez com Aegon, deixando claro que ela sabe do crime que o irmão cometeu. Além disso, Helaena conta uma profecia para Aemond: Aegon II voltará a ser rei e se sentará em um trono de madeira, enquanto o destino de Aemond é a morte. Ele voará sobre o Olho de Deus (um imenso lago em Harrenhal) e nunca mais será visto. Furioso com o que ouviu, ele ignora a irmã e vai embora.
Enquanto isso, todo vigor de Sor Criston Cole (Fabien Frankel) parece se esvair. Abalado pela batalha dos dragões e pelas consequências sofridas na pele de Aegon II, ele é confrontado por Gwayne Hightower (Freddie Fox). Ela o questiona sobre ele ter dormido com Alicent. Sua reação é honesta, melancólica e indiferente, pontuando que morrer talvez seja uma espécie de alívio.
Para finalizar o lado dos verdes, Larys tenta convencer Aegon II a fugir para Essos e se resguardar até que toda a guerra acabe e ele consiga retornar para o trono. Aegon, por sua vez, não gosta muito da opção. Ele faz uma reflexão em voz alta sobre o quanto está destruído fisicamente e mentalmente, sem margem nenhuma para alimentar o grande ego que tinha, mas expressa seu desejo de tentar dar a volta por cima, mesmo assim. Até ele sabe que isso não funcionaria e, pelo menos neste momento, paira o mistério sobre sua decisão.
O time Preto está mais alinhado do que nunca
Em Pedra do Dragão, Rhaenyra organiza um jantar para os novos montadores de dragões, Addam, Hugh e Ulf, e seus aliados. Ao todo, contando com Rhaenyra, Jacaerys e Baela, o time Preto está em vantagem, já que conta com seis dragões, enquanto os verdes tem apenas quatro – se contarmos Tessarion, montado por Daeron Targaryen, que até então, só foi mencionado brevemente na série.
Ela reforça que fará das sementes de dragão, os novos cavaleiros do reino, caso eles lutem e jurem lealdade a ela. Apesar de Ulf (Tom Bennett) dar alguns prejuízos na mesa e ter o humor um tanto quanto peculiar, ofendendo Jace, tudo parece estar acertado.
Nesse meio tempo, apesar de Rhaenyra ter sido avisada sobre a possibilidade de Daemon se voltar contra ela, tal rumor se desfaz rapidamente. Após seis episódios retratando Daemon, em uma crise existencial, desejando mais do que nunca o trono, no final das contas, ao reencontrar Rhaenyra (que parte em seu encontro), ele jura mais uma vez sua lealdade.
O propósito das visões de Daemon se conecta a Game of Thrones
As visões de Daemon não só se estenderam até o último episódio da segunda temporada, como também guardaram a mais importante para o final. Ele tem um vislumbre da Profecia de Gelo e Fogo, a mesma que assombrou seu irmão Viserys (Paddy Considine). Ele viu o futuro de Westeros por meio de visões do Corvo de Três Olhos, mostrando o Rei da Noite e a própria Daenerys Targaryen, de costas (na cena que fechou a primeira temporada de Game of Thrones). Isso se dá porque Alys (Gayle Rankin) o conduz até o Bosque Sagrado e faz com que ele toque a árvore.
Como se fosse o encerramento de uma jornada do herói, Daemon finalmente entende que ele é apenas uma peça em um tabuleiro muito maior. O autoconhecimento e as reflexões sobre as figuras importantes na sua vida, que surgiram novamente por meio das visões, foram importantes para a construção do personagem, mesmo que isso possa ser entediante para quem acompanha.
Sobre a visão da profecia, foi feita uma conexão com um salto temporal muito grande, elemento que claramente foi usado como ferramenta para atrair os fãs de Game of Thrones. Assim como Alicent confundiu os Aegon, Daemon interpreta, erroneamente, que a jovem da visão é Rhaenyra no trono, e não Daenerys – que viria a existir só 200 anos depois. É compreensível amarrarem o arco de Daemon com essa justificativa para que ele finalmente aceite Rhaenyra como a verdadeira rainha, mas, ao mesmo tempo, não há força e sentido o suficiente para conectar acontecimentos tão distantes.
O final da segunda temporada de A Casa do Dragão
A partir de todo o caos instalado, as ações tiranas de Aemond e as reflexões que teve pelos lagos de Porto Real, Alicent espalhou a viagem secreta de Rhaenyra no terceiro episódio, e seguiu a mesma estratégia indo até Pedra do Dragão para ter uma conversa com sua antiga amiga.
O objetivo de Alicent é propor um plano que evite a guerra civil dos Targaryen. Como Aemond estava se organizando para se juntar a Sor Criston Cole nas Terras Fluviais para roubar Harrenhal de Daemon, o plano consistia em aproveitar esse momento com Porto Real vazio e Helaena no trono para Rhaenyra ir até lá e reivindicar seu poder sem impedimentos ou guerras.
O lado pacificador de Rhaenyra se interessa pela ideia, mas ao mesmo tempo seu lado racional sabe que isso não funcionaria. Então ela diz para Alicent que a única maneira de ser aceita como rainha, é matando Aegon II. De certa forma isso faz sentido, mas ao mesmo tempo é nítido que Rhaenyra pontua essa questão porque ainda não superou a morte de seu filho Luke e quer que a dívida seja paga. Um filho por um filho. Sem muitos argumentos, Alicent concorda em silêncio, mostrando que a personagem realmente mudou.
Em paralelo, a série mostra que Aegon II e Larys Strong realmente fogem de Porto Real. Além disso, foi mostrada mais uma cena para intrigar o público: Otto Hightower (Rhys Ifans) em uma cela de prisão. Por fim, Rhaena (Phoebe Campbell) finalmente encontra o dragão Sheepstealer – agora cabe à terceira temporada revelar se ela consegue conquistá-lo ou não.
O episódio acaba com o clássico gostinho de quero mais: todos os cantos de Westeros se preparando para a guerra. A Triarquia, os Stark no norte, os Lannister no oeste, Daemon em Harrenhal, Verdes, Pretos e muitos dragões.
Personagens e atuações
Pelo menos nesse quesito, o último episódio desta temporada continua entregando seu ponto forte: a construção bem feita dos personagens principais e atuações excelentes. A dinâmica entre os personagens continua sendo crucial para justificar, de forma convincente, os rumos que cada um decidiu tomar.
Felizmente, temos muitas cenas no episódio que comprovam isso. É fato que Tom Glynn-Carney mostrou um ótimo desempenho, do começo ao fim, no papel do Rei Aegon II e, nos últimos episódios, conseguiu desenvolver bem a dupla com Larys Strong (Matthew Needham). Eles retratam a parte mais política da série e conseguem explorar a definição de queda e ascensão. No mesmo núcleo, ainda que seja uma dupla pouco explorada, a cena entre Aemond e Helaena também foi muito boa e intensa.
Além disso, um dos maiores destaques entre personagens foi, definitivamente, o momento em que Rhaenyra e Daemon conversam em Alto Valiriano. Esse detalhe potencializou o reencontro dos dois em Harrenhal e deixou muito mais gratificante o ajoelhar de Daemon, reiterando sua lealdade a Rhaenyra – depois da longa jornada de dúvidas, rebeldia e alucinações que acompanhamos durante todo esse tempo.
O mesmo vale para a dinâmica entre Emma D’Arcy e Olivia Cooke. Os dois encontros feitos durante a temporada conseguiram captar a essência da amizade das personagens e a área cinzenta em que vivem. Existe amor, ódio, esperança e uma constante inversão de papéis.
No entanto, temos dois destaques negativos. Primeiro, como mencionado, não foi de bom tom perder tanto tempo no arco de Tyland Lannister com os líderes da Triarquia. Foram momentos de alívio cômico totalmente fora de hora e esses personagens, provavelmente, funcionariam melhor em outras ocasiões.
Já o segundo se volta para Rhaena, que esteve de segundo plano todo esse tempo, passando ao menos dois episódios perseguindo o dragão misterioso no Vale de Arryn. A surpresa por ter conseguido achá-lo acaba valendo a pena, mas toda essa trajetória foi cansativa, pois a personagem merece ser mais trabalhada e aprofundada, assim como a irmã Baela (Bethany Antonia) que, mesmo começando com mais tempo de tela, voltou a ser ignorada e vista como um complemento do núcleo de Jace.
Aspectos técnicos
O problema não é o episódio em si, mas sim a construção de expectativa feita durante a temporada inteira, o que fez com que o episódio de encerramento parecesse mais um no meio de tantos. A frustração se instala, principalmente, porque o episódio anterior dá uma guinada na história e segue a rota para cumprir o que vem prometendo, mas se perde no caminho. A temporada funcionaria melhor se tivesse ao menos 10 episódios.
De todo modo, a trilha sonora intensa de Ramin Djawadi e a sequência de cenas finais que encerram a temporada são excelentes. É justamente essa parte que deveria ter introduzido o episódio, inclusive.
Conclusão
O fato do episódio final ter sido morno se dá muito pela certeza que a série tem de uma terceira temporada. Isso resultou em mais de uma hora e tantas de diálogos, diplomacia e promessas que nunca chegam a ser cumpridas.
Essa característica nasceu com a série. A primeira temporada se dedicou a explicar a história, introduzir os personagens e contextualizar o que estava acontecendo, para o público conseguir entender os bastidores do que levou à guerra brutal mencionada em Game of Thrones. Esse caminho foi coerente para a introdução de A Casa do Dragão. Porém, a segunda temporada seguir mais do mesmo, sem desenvolver muito o episódio final, é frustrante.
Analisando pela temporada como um todo, se o episódio final entregasse pelo menos a próxima batalha que está por vir ou algum tipo de movimentação mais firme, a espera teria valido a pena. Claro que o episódio amarra algumas pontas como o desfecho das alucinações de Daemon, a introdução das Sementes de Dragão e movimentações diversas de Aemond, Aegon II e Alicent, e tudo isso é ótimo, mas fica um gosto meio amargo na boca.
A conclusão é que a segunda temporada de A Casa do Dragão é mais um momento de preparação para a terceira temporada. Agora nos cabe aguardar mais alguns anos para saber se finalmente a guerra será vista na prática.
Onde assistir
As duas temporadas completas de A Casa do Dragão estão disponíveis na Max.
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Veredito
Veredito-
Roteiro6/10 NormalO episódio perde muito tempo em narrativas secundárias (inclusive o capítulo abre com uma delas) sendo que a guerra é o mais esperado.
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Personagens10/10 ExcelenteO único ponto que se mantém consistente ao longo dos episódios. Destaque para o diálogo em Alto Valiriano entre Daemon e Rhaenyra.
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Ritmo do episódio6/10 NormalNão parece um episódio final de temporada. Estende muito os diálogos e preparações que já estavam acontecendo nos episódios anteriores e frustra por não dar continuidade na potência que foi exibida no episódio passado.
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