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Para todos que estão assistindo a segunda temporada de A Casa do Dragão (House of the Dragon) na expectativa de ver mais dragões, finalmente chegou a hora. O episódio da semana intitulado O Dragão Vermelho e o Dourado (The Red Dragon and the Gold) traz uma batalha brutal que marca o início dos combates de fato.
AVISO: atenção, este texto contém SPOILERS do quarto episódio. Recomenda-se que você assista a ele, antes de continuar a leitura.
O quarto episódio marca um ponto de virada extremamente importante. A grande Batalha de Pouso de Gralhas anuncia o começo da Dança dos Dragões, ao mostrar o impulsivo Rei Aegon (Tom Glynn-Carney) e Rhaenys (Eve Best) em uma luta nos ares com seus dragões. Além disso, Aemond (Ewan Mitchell) deixa claro que nunca é uma boa ideia provocá-lo, já que decidiu reagir após tanto tempo recluso.
O Dragão Vermelho e o Dourado
Já não é segredo que o reino está mais dividido que nunca. Do terceiro episódio para o quarto, no lado do time preto, Rhaenyra (Emma D’Arcy) ainda está voltando de Porto Real para Pedra do Dragão após a breve conversa que teve com Alicent (Olivia Cooke). Nesse meio tempo, seu conselho está em um embate fervoroso e Daemon (Matt Smith) segue na luta para conquistar aliados enquanto precisa lutar contra os próprios demônios.
A ausência de Rhaenyra gerou uma comoção no conselho e consequentemente uma inquietação de Jacaerys (Harry Collett) por se sentir desrespeitado por eles e pela própria mãe que o impediu de seguir para as batalhas. Claro, ele é um jovem que poderia contribuir muito em campo, mas pela perspectiva de mãe sabendo que seus oponentes são cruéis (o exemplo de Lucerys está aí), o melhor que ela faz é preservá-lo.
Já pelos lados de Porto Real, os Verdes apresentaram muitos acontecimentos cadenciados que acabaram ditando o tom do episódio e para onde ele seguiria. Inclusive, o episódio já começa péssimo para o Rei Aegon II (Tom Glynn-Carney), que acaba descobrindo durante uma reunião com o Pequeno Conselho que Aemond e Sor Criston Cole (Fabian Frankel) estão trabalhando juntos para a guerra sem que ele soubesse.
Estressado e indignado com toda a situação, Aegon até tentou exercer seu poder e ordenar que não realizassem o ataque ao castelo de castelo Rook’s Rest porque o que ele queria mesmo era Harrenhal – mesmo que não fizesse mais sentido –, só que o show todo foi sem sucesso. Aemond pontuou que já era tarde demais para mudar o curso e que, inclusive, Cole já estava pronto para atacar.
Enquanto rola toda essa birra, nos aposentos do mesmo castelo Alicent está bem ocupada abortando o bebê que é fruto da relação com Criston Cole. Pode ser medo de dar vida a um bastardo em meio a guerras e políticas ou por aversão ao Cole. Não se sabe, mas é mostrado que ela não hesitou em momento algum na decisão.
E por falar no diabo, Sor Criston Cole está desempenhando muito bem seu papel, recrutando homens e casas na base do terror e indo à luta a todo vapor. Apesar de ter sido escolhido como Mão do Rei por Aegon, ele se mostra mais fiel a Aemond, pessoa a qual ele reporta tudo o que está acontecendo e traça planos em conjunto.
As alucinações de Daemon
As atividades paranormais de Harrenhal seguem assombrando Daemon por meio de alucinações aterrorizantes. Para a felicidade dos fãs (e terror do príncipe), ele se depara mais uma vez com a versão jovem de Rhaenyra (Milly Alcock), que o critica duramente e mais uma vez reforça o quão rancoroso ele é por Viserys (Paddy Considine) ter escolhido ela, a filha mulher, e não ele, irmão, como herdeiro do trono. Logo ele a decapita e, em uma cena quase cômica, a cabeça continua falando.
Para completar, Daemon também alucina com a falecida esposa Laena (Nanna Blondell), o que nos faz pensar que ele conecta as duas de alguma forma. Enquanto essa morreu na sua frente, a outra é um alvo constante. Depois disso, ele acorda com uma notícia trazida de um corvo informando que as conquistas do Time Verde estão cada vez maiores e que o próximo lugar a ser atacado seria Harrenhal (mas já sabemos que é uma informação velha). Atordoado, Daemon pressiona o representante do Lorde Tully para receber um exército, mas acaba tomando outros rumos.
Ainda em Harrenhal, para quebrar um pouco essa sequência “come-dorme-alucinações”, Daemon é apresentado a Alys Rivers (Gayle Rankin), a mulher misteriosa que lhe contou em algum momento entre suas visões que ele morreria ali. Mas quando ele a conhece de fato, tudo que ela faz é oferecer uma bebida, uma conversa e talvez o início de um flerte. No livro ela tem um papel importante para desempenhar na guerra. Agora nos resta acompanhar para saber se vão manter esse pequeno protagonismo nas telas.
A primeira Dança dos Dragões é espetacular
Os últimos 15 a 20 minutos do quarto episódio são dedicados à Batalha de Pouso de Gralhas e, principalmente, aos dragões. A partir do confronto entre Sunfyre, Meleys e Vhagar, a guerra civil dos Targaryen, intitulada Dança dos Dragões, começa a ser formada.
Nesse momento, Rhaenys (Eve Best) e seu dragão Meleys voam para localizar Cole. Ela sabia que seria uma missão arriscada, mas decidiu prosseguir mesmo assim. A lógica do time preto por trás disso era deduzir que os Verdes mantivessem Vhagar em Porto Real como protetor. Assim, Meleys conseguiria derrotar qualquer outro dragão que estivesse em campo, assim como Sunfyre de Aegon que foi atacado com sucesso.
Como nem tudo é como esperamos, um take revela Vhagar no meio da floresta. Essa é uma das melhores imagens do episódio e deverás sinistra. A tensão aumenta mais ainda quando o dragão vai de encontro a Meleys, pois escancara a discrepância de tamanho entre os dois e o resultado dessa colisão.
Antes disso, Meleys enfrenta Sunfyre e um Aegon totalmente alterado. Aemond entra no meio da briga com Vhagar e dispara um Dracarys que estava guardado faz muito tempo. Como se fosse um movimento de strike, ele não só acerta Meleys – que, em teoria, era o objetivo – como também direciona o ataque ao próprio irmão e seu dragão que já estava ferido por causa da primeira luta. Eles caem e só voltam a aparecer no final do episódio. Sunfyre morto e Aegon quase.
Esse foi o primeiro momento que Rhaenys teve a chance de escapar, pois na confusão Aemond resolve retornar para perto do castelo e possivelmente encontrar Cole. Mas ela não desiste. Se amarra mais forte ainda em seu dragão e retorna para atacar mais uma vez a fim de acertar os cavaleiros dos Verdes.
Nisso, Meleys e Vhagar se enroscam em uma verdadeira Dança dos Dragões hipnotizante, lançando chamas um no outro numa batalha dolorosa. Enquanto isso em terra firme, vários cavaleiros estão sendo feitos de churrasco, outros estão correndo por suas vidas e Sor Criston Cole acaba sendo derrubado do cavalo, totalmente nocauteado.
Rhaenys mais uma vez se livra de Aemond. Ela recua? De jeito algum. Pela segunda vez ela retorna para continuar atacando, mostrando que escolheu seguir com a batalha até morrer. Ela sobrevoa o local de forma apreensiva já que Vhagar sumiu. Mas, em prol da cena impactante, Vhagar surge do nada e pega Meleys pelo pescoço, quase decepando o dragão. Lembrando que Vhagar é o maior dragão de todos, é impossível de ser escondido e além de tudo é descrito como o mais lento, então ele deveria ser previsível.
Enfim, uma das cenas mais tristes definitivamente é a que Meleys olha pela última vez para Rhaenys enquanto a vida se esvai de seus olhos. Então, Rhaenys Targaryen, A Rainha Que Nunca Foi, entende que automaticamente ela também está morta. As duas caem e sucumbe ao inevitável.
Aemond sai da coitadolândia e queima a largada
Depois que Aegon fez questão de humilhar Aemond no bordel, ele decide se vingar da forma mais inteligente possível, usando estratégia, a proximidade com Sor Criston Cole, sua influência no conselho e o fato de ter o maior dragão do reino.
A cereja do bolo foi quando ele exibiu seu conhecimento impecável de Alto Valiriano no meio do Pequeno Conselho, constrangendo o irmão Aegon que não aprendeu nada e se mostra mais uma vez como fracasso. E tudo isso foi só o começo do episódio. Aemond realmente decidiu que era a hora de acordar e tomou para si um dos maiores protagonismos do episódio.
Claro, a Dança dos Dragões inteira foi chocante e sua participação com Vhagar foi crucial em tudo isso. Mas a melhor parte está na sua vingança velada a Aegon. Ele adiou seu próprio ataque ao ver que seu irmão, o Rei, estava agindo de forma inconsequente ao invadir a guerra para tentar mostrar sua força, esperou pacientemente e fez uma das melhores cenas.
Ao direcionar Vhagar para Rhaenys e seu dragão, Meleys, Aegon mostrou uma feição de alívio pois deduziu que seu irmão estava o ajudando a escapar da batalha – já que o seu próprio dragão, Sunfyre, é menor. Mas não! Aemond lança um sonoro Dracarys! para atingir tanto Rhaenys quanto o próprio irmão. Esse foi o último episódio que vimos Aegon em perfeitas condições. Espero que caprichem na maquiagem no próximo episódio.
Rhaenyra conta a Jace sobre a Canção de Gelo e Fogo
Esse mesmo momento aconteceu entre Viserys e Rhaenyra no primeiro episódio de House of the Dragon. A profecia de Aegon, o Conquistador, que dita que o grande mal só poderá ser combatido se Westeros se unir. A rainha viu necessidade de compartilhar a informação com o filho porque ninguém mais sabe sobre ela.
Rhaenys descobre que Alyn de Hull é filho bastardo de seu marido Corlys Velaryon
Não precisou de muito para a Rhaenys ler o ambiente e juntar dois mais dois. Ao conhecer Alyn de Hull (Abubakar Salim), ela comenta sobre o quão a mãe dele deve ser bonita e o analisa por um tempo, percebendo que o homem que salvou seu marido se parece muito com ele. Sem dramas ou barracos, Rhaenys pontua para Corlys que ele deveria reconhecer Alyn e ajudá-lo em vez de escondê-lo entre os mares. Essa foi uma atitude muito nobre, já que geralmente se estabelece uma relação de desprezo entre as esposas e os possíveis bastardos – Catelyn Stark que o diga.
Personagens e atuações
Esse foi um episódio regado a excelentes atuações. Mas gostaria de dedicar essa abertura principalmente para o trabalho potente de Eve Best que com certeza emocionou até quem torce para os Verdes. Com pouco diálogo, mas muita ação, a dinâmica de sua personagem com o dragão Meleys é muito bonita. Para quem já leu o livro, já era de se esperar, mas ainda assim esse momento acaba sendo bem triste, ainda mais por ela ter sido uma das poucas vozes da razão que tinham restado em Westeros.
Do começo ao fim, a troca entre Mitchell e Glynn-Carney foi excelente. A guerra declarada entre os irmãos conseguiu alcançar camadas que estão se intensificando cada vez mais. A luta deles ultrapassou os conflitos psicológicos e passou a ser algo fisicamente brutal como uma forma de vingança misturada com lição. Estou curiosa como será a relação deles a partir do próximo episódio, uma vez que inverteram as posições e agora Aegon que é o verdadeiro cachorro morto.
Já pelos lados de Harrenhal, Matt Smith começa a brilhar em meio às alucinações de Daemon. Suas cenas com Alcock são muito boas e agora trazem uma camada a mais que incluem outros personagens conectados ao seu subconsciente. Daemon está cada vez mais sombrio e, ao mesmo tempo, vulnerável. É muito interessante de acompanhar.
Por fim, infelizmente não vimos muito de Rhaenyra, mas suas cenas continuam boas de uma forma consistente. O retorno dela após visitar Porto Real transparece uma vitalidade maior, como se agora ela estivesse pronta para o que está por vir, independente do que seja. Sua cena com Jace para contar a profecia também é eficaz, mas seria interessante ter visto a reação dele ao ouvir tudo e como essa informação afetará suas ações.
Aspectos técnicos
O CGI dos dragões está excelente e o trabalho merece reconhecimento, ainda mais por ter sido aplicado em cenas relativamente longas, já que eles foram o destaque do episódio. Mas em contrapartida, os efeitos nas pessoas parecem mal feitos. Há uma dificuldade visível em aplicar os ajustes nos personagens nas cenas de ação aéreas. Quando o foco se volta para Aemond, Rhaenys e Aegon, é muito difícil acreditar que eles estão no ar. A forma que os cabelos se movem, os trajes, a luz e outros elementos demonstram dificuldade em combinar entre si nesse processo de digitalização.
Se deixarmos esses detalhes de lado, a dinâmica entre Rhaenys e Meleys chega a ser muito bonita. A forma que o CGI permitiu que o dragão se comunicasse corporalmente com sua tutora é fantástica e é visível a emoção que colocaram nas expressões dela. A relação das duas é muito emocionante e ter que testemunhar Vhagar quase arrancando sua cabeça e, consequentemente, matando ambas, é muito sofrido.
Conclusão
Depois de muito ouvir que a guerra estava próxima, o quarto episódio da segunda temporada de House of the Dragon consegue entregar o que a série estava prometendo desde seu lançamento. Não desmerecendo a cena entre o Luke e o Aemond na primeira temporada, que foi muito boa, mas que acabou se perdendo. Agora é pra valer, a sequência de guerras brutais chegou.
Entre os pontos positivos deste episódio está a Dança dos Dragões com Sunfyre, Meleys e Rhaegar pois além da dinâmica, o CGI dos dragões em si foi bem trabalhado. A fotografia, a trilha sonora e a direção de Alan Taylor também merecem os créditos. Vale destacar também as cenas de Daemon e a tensão desenvolvida tanto em Porto Real quanto na Pedra do Dragão. Porém, como mencionado, os efeitos nos personagens nas cenas aéreas deixaram a desejar. Se a história da Rhaenys não fosse tão potente para causar impacto e comoção, sua cena caindo com Meleys poderia ter sido vista como um grande meme mal feito – e não duvido que devem ter imagens com piadas relacionadas pela internet.
Onde assistir
Os quatro primeiros episódios da segunda temporada de A Casa do Dragão estão disponíveis na Max. Serão oito episódios no total, cada um lançado todo domingo às 22h.
Veja o vídeo
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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
Veredito
Veredito-
Roteiro10/10 ExcelenteMuito bom. Consegue fazer a transição de uma história que estava estruturada em sua maior parte nos diálogos para a ação de fato.
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Personagens10/10 ExcelenteA maioria dos personagens principais conseguem se destacar de alguma forma no episódio.
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Ritmo do episódio10/10 ExcelentePossui uma cadência muito boa ao alternar os pontos de vistas entre os Verdes e o Conselho Negro com foco nas ações de cada lado.
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Efeitos visuais8/10 ÓtimoO CGI dos dragões são muito bons, mas em contrapartida os efeitos não estão bem trabalhados com os personagens.
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