O que acontece quando alguém começa a assistir um conteúdo LGBTQIA+ apenas em seu celular e estes dados são armazenados por um aplicativo como o TikTok?
Em relato para o The Wall Street Journal, ex-funcionários do aplicativo de vídeos curtos confirmaram que a Bytedance tinha um painel com números de usuários que assistiam conteúdos voltados para a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e mais. O que mais preocupa era a quantidade de pessoas que teve acesso a isso, apesar do painel não existir mais desde 2022. Entenda o caso.
Conteúdo LGBTQIA+ monitorado
Enquanto enfrenta represálias do governo dos Estados Unidos sobre o envio de dados de norte-americanos para a China, o TikTok se envolveu em uma polêmica que pode deixar muitas pessoas desconfortáveis. Ex-funcionários do aplicativo denunciaram que a empresa mantinha um painel com o número de identificação de todas as contas que assistiam o conhecido “conteúdo LGBTQIA+”.
A segmentação de informações é bem comum em diversas redes sociais, mas a problemática aqui está na alta quantidade de pessoas que tinham acesso a esta lista que identificava usuários que fazem parte de um grupo minorizado. Esta captação de informações aconteceu entre 2020 e 2021 e, apesar de terem sido sinalizados sobre um possível problema, os executivos do TikTok dos EUA, Reino Unido e Austrália não proibiram que o tal painel continuasse sendo alimentado.
Há informações de que outras segmentações sobre outros assuntos também foram feitas, mas isso não foi considerado sensível. Apesar disso, tudo continuou sendo feito como se não pudesse trazer problemas para as pessoas que estavam na tal lista de quem assistia conteúdo LGBTQIA+.
Qual o grande problema disso?
Manter um registro que identifique os usuários que assistem este tipo de conteúdo pode trazer grandes problemas, já que a pessoa pode sofrer represálias por fazer parte ou até mesmo por ser visto como integrante da comunidade LGBTQIA+.
Em 2022, a LGBTQ GLAAD, organização que defende direitos e toma medidas para quem se identifica como lésbica, gay, bissexual, transgênero ou mais, entrou com uma ação para que redes sociais tomassem medidas para proteger os dados e a privacidade destes usuários. Isso foi feito após 84% dos entrevistados adultos afirmarem ter sofrido algum tipo de preconceito online ao fazer o uso de redes sociais como Facebook, Instagram, TikTok e Twitter.
Além disso, os ex-funcionários lembraram que, apesar de apenas executivos terem acesso ao painel com a segmentação sobre quem assistia conteúdo LGBTQIA+, poderiam ocorrer casos de chantagem casos os donos das contas fossem descobertos.
O que diz o TikTok?
Ao procurado para comentar a criação do grande problema de privacidade, a rede social de vídeos curtos afirma que “um de seus focos é proteger os dados de seus usuários”. Além disso, o porta-voz afirma que informações pessoais, como nome e idade, não foram captadas, apesar de estarem disponíveis nos perfis da plataforma.
O TikTok não identifica informações potencialmente confidenciais, como orientação sexual ou raça de usuários com base no que eles escolhem assistir e nem mesmo compartilha tais informações. Os dados coletados representam apenas os interesses dos usuários e não são necessariamente um sinal da identidade de alguém. Antes da exclusão dos dados, o aplicativo tinha protocolos para garantir que dados confidenciais fossem vistos apenas por funcionários autorizados.
Porta-voz do TikTok sobre monitoramento de quem assistia conteúdo LGBT.
O acesso ao painel com dados de visualizações foi mais restringido em 2022 e a empresa também deixou de fazer esta segmentação específica. No mesmo ano, o polêmico painel foi excluído e os dados que nele constavam foram enviados o Projeto Texas, iniciativa que propõe o redirecionamento dos dados dos usuários estadunidenses para a empresa de armazenamento Oracle Cloud.
Durante a proposta apresentada para o Governo Biden, que vem tentando fazer com que o TikTok não seja banido dos EUA, os executivos da Bytedance, controladora do aplicativo, ressaltaram que nenhuma informação sensível seria repassada para Pequim.
Você acha que esta lista pode vazar algum dia e trazer problemas para quem está nela? Diga pra gente nos comentários!
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Com informações: The Wall Street Journal l PC Magazine l New York Post l Futurism
Revisado por Glauco Vital em 8/5/23.