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A varíola humana é uma doença que assolou todo o mundo no século passado, tendo sido erradicada na década de 80 após uma campanha de vacinação mundial. Recentemente, uma doença similar tem alertado as autoridades de saúde mundiais: a varíola do macaco. Há alguns dias vimos surtos na Europa e casos isolados na América. Hoje vamos entender um pouco mais sobre essa doença, como se prevenir e as chances disso acabar se tornando uma pandemia — como houve com a COVID-19.
O que é a varíola do macaco?
A varíola do macaco também pode ser reconhecida por outros nomes, como monkeypox — pois a doença é causada pelo Monkeypox virus — ou em seu plural, varíola dos macacos. Essa doença também pertence à mesma família que a varíola (humana), causada pelo vírus Orthopoxvirus variolae.
Depois que a varíola foi erradicada mundialmente em 1980, as infecções pela varíola do macaco se tornaram mais preocupantes para a saúde pública mundial. Geralmente seus casos são esporádicos e relatados em locais específicos, principalmente nas regiões oeste e central do continente africano. Essas duas regiões apresentam infecções também específicas: a da região central costuma registrar casos mais graves e mais transmissíveis, com taxa de mortalidade próxima de 11%, enquanto a região ocidental representa quase 4% de mortalidade.
Como surgiu a doença
Não havia registro de infecções da varíola do macaco fora da África até 2003, sendo alguns surtos identificados nos últimos anos. E desde 13 de maio deste ano a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem recebendo informações sobre alguns casos da doença em países não endêmicos. Até o dia 21 de maio foram confirmados 92 casos laboratoriais e 28 ainda sob identificação. Nenhum caso de morte foi associado à doença, até o momento. Os casos foram identificados tendo como fonte a variante da África Ocidental, sem relação com áreas endêmicas ou viagens.
Vários países foram afetados por estes surtos, sendo Espanha, Portugal e Reino Unido os que mais se destacam. Além deles também foram vistos casos de varíola do macaco na Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Holanda, Itália e Suécia. Ontem, 23 de maio, o governo da Argentina informou que o país suspeita de um primeiro caso.
A chegada no Brasil
Apesar dos surtos na Europa e os casos endêmicos na África, o primeiro caso da varíola do macaco na América do Sul foi recentemente na Argentina, um possível indicativo de que posa aparecer algum caso no Brasil. Especialistas apontam que possivelmente a doença poderá surgir no país em breve.
Há uma necessidade de identificação de casos suspeitos o mais rápido possível, dessa maneira poderá ser evitado que haja mais infectados no mundo, bem como, também, no Brasil. Confira mais uma opinião de especialista na área da saúde em relação à saúde pública brasileira:
OMS diz que é “evento incomum”
Acredita-se que a grande preocupação acerca da varíola do macaco vem do recente trauma trazido pela COVID-19, que assolou o mundo todo desde 2020 e foi controlada através de campanha mundial de vacinação. Mesmo assim a Organização Mundial de Saúde informa que, apesar do susto inicial dos casos da varíola do macaco, este é um “evento altamente incomum“, e que o fato de vários países apresentarem alguns casos indica que a doença pode estar se espalhando silenciosamente há algum tempo.
A entidade ainda diz que bons hábitos de higiene, bem como comportamento sexual seguro ajudarão a minimizar a possível propagação da doença pelo mundo. Atualmente o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos informou que está em processo de liberação de doses da vacina Jynneos, contra a varíola, para ajudar em casos da varíola do macaco.
E não somente a OMS, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também fez um pronunciamento sobre como devemos lidar com essa doença, informando para que se mantenham e reforcem as medidas protetivas em aeroportos e aeronaves, mantendo assim uma barreira não só contra a COVID-19, mas essa e outras doenças.
Sintomas da varíola do macaco
A varíola do macaco passa por um período de incubação entre 6 a 13 dias, com possíveis variações de 5 a 21 dias e a infecção ainda pode ocorrer em duas fases. A primeira delas pode ser denominada como “fase de invasão” — com duração de 5 dias — com os possíveis sintomas:
- astenia intensa (fraqueza)
- febre
- calafrio
- cefaleia
- dor de cabeça
- dor nas costas
- exaustão
- linfonodomegalia
- dor lombar
- mialgia
A linfonodomegalia é considerada um diferencial entre outras doenças semelhantes, podendo se apresentar em locais como as cadeiras submandibular, sublingual e cervical
Uma das características principais da varíola do macaco são justamente as lesões na pele que aparecem após 1 a 3 dias do início da febre, ainda nessa primeira fase. Geralmente essas lesões se concentram no rosto e extremidades da face, plantas e palmas das mãos, pode afetar a mucosa oral, genitálias e conjuntivas, bem como a córnea — essas partes citadas estão em ordem, sendo as primeiras as áreas mais afetadas e as últimas, as menos afetadas.
A própria varíola do macaco é autolimitada, ou seja, por si só há um prazo para início das manifestações e seu fim, que no caso, ocorre entre 2 a 4 semanas. Outras complicações também podem ser associadas, geralmente infecções bacterianas de pele secundárias, doenças gastrointestinais e respiratórias, bem como ceratite. Alguns casos já relataram, inclusive, a presença de encefalite. Crianças e gestantes são os grupos que apresentam casos mais graves e tendem a serem associados aos piores desfechos.
A taxa de mortalidade geral da varíola do macaco varia entre 0 a 11%, historicamente falando, sendo a maior parte dos casos em crianças pequenas. Os dados mais recentes apontam para outros números, sendo apresentado entre 3% a 6% de mortalidade geral.
Como acontece o contágio ou transmissão
Apesar do nome indicar os macacos como a origem da doença, o monkeypox virus original ainda não foi identificado. A origem mais provável até então é em roedores silvestres. Agora quando nos referimos à transmissão para humanos, os meios identificados são por fluidos corporais, contato direto com sangue, lesões na pele ou mucosas de animais infectados. Outros possíveis meios são a ingestão de carnes mal cozidas ou produtos a partir de animais que estão contaminados.
Já a transmissão entre humanos acontece através de contato direto com lesões na pele, secreções respiratórias ou objetos que foram recentemente infectados. Transmissões por gotículas acontecem caso o contato seja prolongado, sendo maior risco contatos mais próximos e profissionais da área da saúde. As pesquisas acerca da transmissão da varíola do macaco apontam que essa é uma doença menos transmissível que a varíola.
Prevenção e tratamento: existe vacina?
Prevenir a varíola do macaco pode ser através de hábitos básicos de higiene como lavar as mãos, evitar contato com animais silvestres ou doentes, bem como evitar contato com pessoas que possivelmente estão apresentando os sintomas da doença. Ter a vacina contra a varíola (humana) administrada dentro de quatro dias após suspeita de infecção pode acrescentar cerca de 85% de proteção contra a varíola do macaco.
O tratamento para lidar com a doença visa a minimização dos sintomas e também evitar que possíveis complicações se manifestem ao longo do período em que a infecção durará. Lembrando que, por conta da erradicação da varíola nos anos 80, a vacina da varíola pode ser considerada escassa atualmente. Com tantos casos surgindo, possivelmente haverá campanhas em locais mais afetados — ou até mesmo a nível mundial, novamente.
O que é a Varíola do Macaco? (vídeo)
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