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Lembram do mistério da cor do vestido que assolou a internet há alguns anos? Algum tempo depois ainda tivemos um mistério de cores envolvendo um tênis. Agora, temos um novo enigma que está viralizando na internet. No áudio que você pode conferir abaixo, você ouve alguém falando “Laurel” ou “Yanny”?
What do you hear?! Yanny or Laurel pic.twitter.com/jvHhCbMc8I
— Cloe Feldman (@CloeCouture) May 15, 2018
Pois é, o problema é que um grande número de pessoas ouve Laurel enquanto outro grupo igualmente expressivo ouve Yanny. Além disso, ainda existe uma minoria que consegue ouvir ambos os sons! Essa ilusão de áudio acabou se tornando viral depois de surgir inicialmente no Reddit. Todos estão abismados com o som!
A ciência por trás de Laurel e Yanny
Obviamente que existe algum mistério a ser desvendado por trás de tudo isso. Graças a um comitê de investigação da The Verge, podemos ter noção dos motivos da confusão. Assim, de acordo com Lars Riecke, professor assistente de audição e neurociência cognitiva na Universidade de Maastricht, o fenômeno não é nem uma ilusão, isso para começar.
Na verdade, o som que ouvimos é uma figura ambígua, como uma imagem dupla. Já ouviram falar no Vaso de Rubin? Aquela icônica figura de dois rostos que formam um vaso? A ideia é muito parecida aqui. De acordo com o cientista, “A entrada pode ser organizada de duas formas alternativas“.
O segredo do som é a sua frequência, ou seja, a informação acústica que é captada pelo seu aparelho de som. Assim, o que nos faz ouvir Yanny é uma frequência mais alta que a informação acústica que nos faz ouvir Laurel. Algumas das variações podem, inclusive, vir do sistema de áudio que está tocando o som.
A culpa também é dos seus ouvidos
Já sabemos então que existe uma suposta frequência dupla no áudio que é captada de forma diferente por variados reprodutores de som. Entretanto, nossos ouvidos ainda possuem certa “culpa no cartório” também. Assim, dependendo da idade da pessoa, é possível que ela ouça Laurel ou Yanny.
Isso porque, por exemplo, adultos mais velhos tendem a começar a perder a audição nas faixas de frequência mais altas. Assim, eles passam a ouvir mais Laurel, enquanto seus filhos, por exemplo, ouvem Yanny. De acordo com Lars Riecke, esse é um fenômeno passível de ser reproduzido em qualquer computador.
Assim, se você remover todas as baixas freqüências do áudio com um editor simples, conseguirá ouvir Yanny. Entretanto, na lógica inversa, se você remover as altas freqüências, ouvirá Laurel. Confira no vídeo abaixo a demonstração do que estamos falando:
Concordância entre sons
Além de tudo que já falamos aqui, temos que entender como essa confusão é possível. A maioria dos sons, principalmente L e Y, são compostos de várias frequências de uma só vez. Assim, os problemas com a percepção podem ter algo a ver com isso também.
O cientista Riecke, que conversou com a The Verge, explica que estes problemas de percepção se sobrepõem mais no mundo real do que na gravação de áudio em si. Com isso, as frequências do Y podem ter sido artificialmente editadas para ficarem mais altas, enquanto as frequências do L de Laurel podem ter sido reduzidas.
Entretanto, sem saber a origem real da gravação, é impossível ter essa certeza. Portanto, se sua placa de som ou então seus próprios ouvidos darem mais ênfase a uma frequência do que a outra, você poderá alternar entre os dois sons. Mas isso é bem difícil!
O poder da indução
Achou que as explicações tinham acabado? Pois é, temos mais uma carta para vocês! Isso porque o The Verge também entrou em contato com o professor do departamento de ciências da comunicação e distúrbios da Universidade do Texas, em Austin, Bharath Chandrasekaran.
O professor disse ao site que o áudio também tem culpa no cartório. Isso porque ele aparenta ser propositalmente barulhento. Com isso, ele faz com que a percepção seja um pouco mais ambígua, de acordo com Chandrasekaran. Assim, somos induzidos por nosso cérebro a preencher o áudio com aquilo que achamos que deveria ser.
Além dessa indução, existe o recurso visual utilizado: o aviso visual sugerindo que você ouvirá Yanny ou Laurel. Isso pode ajudar a moldar o que as pessoas ouvem. Assim, não são apenas seus ouvidos ou seus alto-falantes que tem culpa. Seu próprio cérebro, os recursos do próprio enigma de som e imagem e as pessoas ao seu redor também possuem suas influências no mistério.
Tudo moldado!
Chandrasekaran ainda afirma que tudo que ouvimos é moldado de alguma forma por nossas experiências anteriores. Isso pode ser observado no conhecimento musical, por exemplo. Estudiosos da música conseguem, através de treinamento, facilitar sua identificação de partes componentes de uma sinfonia, por exemplo.
Assim, mesmo em um áudio ruidoso e ambíguo, seu cérebro está preenchendo o que ele não ouve, baseado em parte no que você espera ouvir e no que você já ouviu antes.
Fonte: The Verge
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