“Há males que vem para bem”, já dizia o velho ditado. Mas, algumas vezes, a lógica da frase acaba invertida e algo que, inicialmente, parece benéfico, pode causar males indesejados e imprevistos. E, segundo o jornal Wall Street Journal, este pode ser o caso da função piloto automático dos aviões modernos.
Uma pesquisa ainda não divulgada pela FAA (Federal Aviation Administration, ou Administração Federal da Aviação, em tradução livre) concluiu que a confiança que alguns pilotos depositam na capacidade das aeronaves de voarem sem auxílio humano tem sido causa de diversos acidentes recentes.
Como os pilotos confiam demais nos sistemas, em algumas situações eles acabam deixando de intervir na pilotagem da aeronave por receio de cometer erros, quando deveriam intervir e, algumas vezes, quando de fato intervem, cometem erros ou tomam decisões erradas por não estarem totalmente familiarizados com o modo manual dos instrumentos e computadores das aeronaves.
Segundo o estudo, quase dois terços dos acidentes analisados foram causados porque os pilotos não sabiam utilizar os sistemas da aeronave após o desligamento do piloto automático. Eles conseguem, na maioria das vezes, corrigir alguma medição errada apontada pelos instrumentos mas, quando é necessário intervenção drástica, como no caso de falha total da automatização, muitos não possuem conhecimento técnico suficiente para tanto.
Entre os possíveis acidentes derivados desse excesso de confiança no piloto automático está a queda do AirFrance 447 em 2009, que seguia do Rio de Janeiro para Paris, causado por um malfuncionamento nos sensores de velocidade presentes na aeronave.
O Wall Street Journal relata que, como consequencia da conclusão do estudo, a FAA deve iniciar uma grande campanha para melhorar o treinamento e reciclagem dos pilotos de aeronaves modernas, focando na questão da pilotagem manual dos aviões.
Fonte: Wall Street Journal
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