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A escassez de chips, que assola a indústria mundial desde o início do ano passado, ainda está longe de terminar. Mas devido à falta de peças, outro problema começou a tomar forma: o aumento de componentes falsos no mercado.
Com o agravamento da pandemia e as medidas de isolamento social, a demanda por dispositivos eletrônicos como notebooks, PCs, smartphones e até consoles, cresceu consideravelmente. Em contrapartida, as fabricantes de componentes não estavam preparadas para garantir a produção de semicondutores dentro do prazo, resultando em atrasos, aumento de preços e prejuízos, sobretudo, para os setores de tecnologia e automobilístico.
A Samsung, por exemplo, está cogitando adiar o lançamento do Galaxy Note 21, em função da crise de chips. Enquanto a Apple pretende frear a produção de MacBooks e iPads. Com algumas fábricas fechadas durante a pandemia e com a produção de automóveis reduzida, a montadora General Motors (GM) prevê uma redução de US$ 2 bilhões nos lucros para este ano. Além da GM, gigantes como a Ford, Toyota, Volkswagen, Honda, Nissan, Tesla, entre outras, estimam uma perda de até 1 milhão de veículos somente no continente americano em 2021. Isso mostra que nem as big techs nem as gigantes do segmento automobilístico estão imunes à falta de componentes.
Porém, para tentar contornar o problema causado pela falta de suprimentos, diversos fornecedores estão recorrendo a produtos falsificados, o que pode gerar consequências catastróficas. O uso de chips falsos em equipamentos médicos ou em sistemas de segurança dos governos, por exemplo, pode trazer ameaças para a população como um todo. Afinal, peças falsas não possuem a mesma qualidade e segurança de um produto original.
Para Steve Calabria, fundador da PC Components, uma distribuidora independente de peças, a onda de componentes falsos no mercado está apenas começando. Calabria é integrante do Independent Distributors of Electronics Association (IDEA), uma organização que visa garantir que distribuidores não franqueados ofereçam um certo nível de qualidade nos produtos vendidos.
Com base na sua experiência pessoal, em verificar a qualidade das peças fornecidas pelos distribuidores independentes, Steve Calabria acredita que “estamos à beira de um grande problema aqui. A escassez mundial abriu a porta para criminosos explorarem o mercado de componentes eletrônicos e estou vendo os primeiros sinais de que isso já começou a acontecer”, declarou em entrevista ao site ZDNet.
Steve destaca que existem algumas maneiras para falsificar os componentes e mais usadas são: criar cópias muito similares aos produtos originais ou reciclar as peças de resíduos eletrônicos para que elas fiquem com a aparência de novas, depois embalá-las e vendê-las. Mas nos dois casos, como os componentes não passam por testes e certificações para atestar a qualidade, o risco de falhas é muito grande.
Componentes falsos no mercado são uma ameaça antiga, mas ficou ainda pior
Mas não é a primeira vez que componentes falsificados “entram na cadeia de suprimentos”. Em 2011, após o terremoto e tsunami que devastaram o Japão, houve uma crise no fornecimento de capacitores eletrolíticos, muito usados em aparelhos de medicina. Como o país era um dos principais fabricantes dessa peça e o prazo para a entrega subiu muito, observou-se um aumento significativo nas vendas de capacitores eletrolíticos falsos, principalmente entre os distribuidores terceirizados.
Steve Calabria, destaca que apesar de a venda de componentes falsos no mercado ser um problema antigo, o problema desta vez é mais grave, pois atinge “ todos os componentes, não apenas os capacitores do chip”.
Michael Pecht, professor de engenharia mecânica da Universidade de Maryland, acredita que as empresas estão mais preocupadas em manter as entregas dentro do prazo do que com as falsificações. “Eu não acho que haja consciência na indústria de forma alguma”, afirmou Pecht em entrevista a ZDNet. O professor ainda disse que está bastante preocupado com as áreas da saúde, militar e automotivo e os ricos que o uso de chips falsos pode ocasionar para os três setores.
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Fonte: ZDNet; LinkedIn; TechTimes
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