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A humanidade já tem um ano definido para voltar ao solo lunar. Por meio da missão Ártemis III, planejada para acontecer em 2025, os humanos estarão em nosso satélite natural após mais de 50 anosde ausência, já que a última missão tripulada foi feita em 1972.
Como tudo é preparado anos antes de realmente acontecer, teremos novos trajes da NASA que apresentam muitas novidades em relação aos últimos utilizados pelos astronautas que viajaram para a Lua. Conheça as novidades e como tudo isso evoluiu com o passar dos anos.
As novidades do novo traje da NASA para a Ártemis III
A missão Ártemis III será marcada por não apenas ser a primeira a levar uma pessoa de cor para a Lua, mas também pelo fato de que, também pela primeira vez, uma mulher estará pisando em solo lunar. Os trajes para este verdadeiro marco na história da exploração especial já foram apresentados e contam com 5 novidades.
Maior mobilidade
Caso você tenha assistido às três primeiras temporadas da série For All Mankind, com toda certeza percebeu que o primeiro traje espacial da NASA mais parecia ser feitos de papel alumínio até o final da primeira temporada. E apesar da utopia da série do Apple TV+, isso também era feito na vida real.
Em 1959, quando a agência espacial estadunidense começou a realizar voos para a Lua, era bastante difícil que os astronautas se movimentassem em meio a tantos materiais para evitar a entrada da radiação e ainda permitir que o oxigênio fosse entregue.
Também temos novidades no design que podem evitar quedas e melhorar a comunicação por meio dos sistemas da NASA. É importante lembrar que em 1972, durante a Apollo 17, foram registradas quedas de astronautas devido ao peso elevado dos trajes.
NASA deixou de fazer os trajes
Por 15 anos, a agência estadunidense fez o traje espacial de todas as suas missões, mas isso mudou com a chegada das novas missões. Os novos trajes da NASA apresentados para a missão de 2025 foram desenvolvidos pela empresa Axiom Space e a previsão de gastos é de US$ 3,5 bilhões até 2035.
Isso é diferente do que o desenvolvimento de um traje da SpaceX, por exemplo: a empresa de Elon Musk cuida tanto do processo de desenvolvimento do foguete, quanto da roupa para os astronautas.
Serão desenvolvidos trajes para as missões na Lua e também na ISS (Internacional Space Station ou Estação Espacial Internacional). A fabricante ressalta que as novas roupas para quem estará na Lua agora permitem que distâncias mais longas sejam percorridas sem causar o cansaço devido ao peso do traje. A empresa terceirizada garante que, agora, tudo está mais fácil de vestir. Isso pode ajudar no caso de alguma emergência, além da entrega de conforto.
Capacetes iluminados
Um dos itens mais utilizados pelos astronautas até 1972 eram luzes de apoio. Mas quando voltarem para a Lua, os astronautas irão pousar em um local onde não há luz do sol. A Axiom Space conseguiu desenvolver um modelo de capacete que conta com um acessório que lembram as famosas ring lights que conhecemos.
A luz poderá ser acionada a qualquer momento devido à boa flexibilidade dos novos trajes da NASA, e isso deve ajudar os astronautas a realizarem uma melhor trabalho. Outra novidade é que a lateral traseira dos capacetes conta com uma câmera HD que permite que gravações da nave e da Lua.
Luvas e botas aprimoradas
Antes de termos tecnologias que aqueciam as mãos e pés dos astronautas, boa parte dos trajes da NASA bebiam da fonte do isolamento térmico para que os astronautas não tivessem problemas. Vale lembrar que a Lua não tem atmosfera, então sua temperatura varia de -184 graus Celsius durante à noite a 214 graus Celsius durante o dia. Alguns polos possuem a temperatura constante de -96 graus Celsius.
O novo traje da NASA, desenvolvido pela Axiom Space, possui sistema de isolamento térmico ainda maior nas botas para que a temperatura seja controlada e os astronautas não passem por apuros. Além disso, as luvas possuem um sistema que considera os efeitos de microgravidade. Na prática, isso permite que os objetos sejam segurados com maior firmeza. A NASA afirma que estas mudanças são “proteções adicionais contra os perigos na Lua”.
Trajes pretos são apenas para testes
Como ainda tem cerca de dois anos até que a missão realmente decole, a NASA realizará testes com os novos trajes. A agência espacial estadunidense criou um laboratório de testes para garantir que as novas tecnologias realmente estejam funcionando. Quando a certificação for concluída, então os novos trajes serão feitos do material Mylar e Kevlar, todo branco.
O local escolhido para testes foi o Laboratório de Flutuação Neutra do Johnson Space Center, em Houston, no Texas (EUA). Os especialistas lembram que o branco traz maior conforto térmico para quem usa o traje da NASA devido a refletir a luz e a radiação. O preto faz justamente o oposto: absorve tudo isso.
A história dos trajes da NASA até agora
No total, a NASA já teve 12 versões de trajes para suas missões. Assim como os foguetes e demais tecnologias, as roupas seguiram evoluindo para entregar maior segurança e praticidade para os astronautas. Confira fotos e detalhes de todas elas.
Traje Mercury 1 – 1959
Mais parecendo uma roupa feita de papel alumínio, a primeira versão dos trajes da NASA era muito diferente em relação ao que temos hoje. Primeiramente desenvolvido para pilotos que realizavam voos em caças de alta altitude, a agência espacial estadunidense precisava de uma roupa que conseguisse proteger os astronautas no caso de uma despressurização repentina na cabine, o que poderia causar a morte de todos.
Cada pessoa da tripulação que voou na Mercury, em 1959, tinha três modelos: um para voo, um reserva e outro para treinamento. Dados oficiais também mostram que o valor para estas três variantes foi de US$ 20 mil (aproximadamente R$ 104 mil em conversão direta). O grande problema aqui é que os astronautas não conseguiam virar o pescoço, então era necessário virar todo o corpo, quando necessário.
Missão: Mercury 3
Traje 2 Mercury – 1961
Em comparação com o primeiro traje, a segunda versão agora tinha um sistema respiratório de circuito aberto. Outra novidade está no controle de temperatura, atualizado para um invólucro de náilon revestido de alumínio. Novas botas de segurança também apareceram neste segundo traje.
Por fim, outra alteração significativa está nos dedos das luvas, que na segunda versão, estavam mais curvos para ajudar no apertar de botões e ativação de interruptores. O foco aqui era dar um atalho para a pressão, que pode, por algum motivo, acabar impedindo que tudo seja feito no momento correto.
Missões: de Mercury 4 a 9.
Traje Gemini 3 – março de 1961
Também desenvolvidos pela NASA, o traje Gemini é baseado em um modelo de pressão de alta altitude, o X-15. Ele foi utilizado por astronautas em atividades de lançamento, voo e pouso. Outra novidade é que, ao contrário do traje Mercury, esta versão foi desenvolvida para ser completamente flexível quando pressurizada.
Os astronautas também tinham aparelhos de ares-condicionados acoplados aos seus trajes, que funcionavam como grandes estações de ar. O peso de um modelo como este era de 10,7 kg e sua grande desvantagem era que o controle de temperatura era bem ruim. Além disso, a placa frontal do capacete era mais fraca.
Missão: Gemini 3
Traje 2 – Gemini – junho de 1965
Com mais missões acontecendo, a NASA aprimorou seu traje mais uma vez. A grande novidade aqui está na adição de um isolamento para melhorar o controle de temperatura sobre a luz solar e também sob a sombra.
Tivemos a adição de botas integradas e a viseira destacável que permitia o fechamento quando necessário. Anteriormente, a placa do capacete era feito de um material chamado Plexiglas; o novo traje passou a ter uma placa frontal feita de plástico policarbonato, que é mais resistente.
Missões: de Gemini 4 a 8 (não foi utilizado na Gemini 7).
Traje para a Gemini 7 – dezembro de 1965
A grande mudança aqui está no capuz com lente frontal ainda feita de plástico policarbonato, mas em vez de um capacete, temos um zíper com viseira transparente e fixa. O item colocado na cabeça dos astronautas também ficou mais parecido com o que a marinha dos EUA utilizava; um microfone e escuta foram finalmente disponibilizados para os astronautas para que a comunicação fosse melhor.
Os zíperes foram parte de uma verdadeira inovação, uma vez que permitiu aos membros da tripulação ajustar e remover todo o traje durante o voo.
Missões: Gemini 7.
Trajes para o Projeto Apollo
No total, tivemos três versões que ajudaram Neil Armstrong a pisar na lua pela primeira vez. O primeiro deles tinha a famosa “jetpack” que era nada menos de uma mochila com o nome de Unidade de Mobilidade Extraveicular (UMEs).
Os modelos tinham um conjunto de traje de pressão e um sistema portátil para qualquer emergência que pudesse colocar vida do astronauta em risco. A primeira versão foi usada na Apollo 1. Veja uma foto:
Já a segunda versão foi desenvolvida após o incêndio da Apollo 1, sendo usada entre as missões Apollo 7 a 14. O modelo pesava 96,2 kg e foi utilizado para atividades com carros na lua e também para pouso. A informação da NASA é que ele permitia que um astronauta caminhasse em solo lunar por 7 horas e, em casos de emergência, ainda oferecia mais 30 minutos até a volta para a nave.
A terceira versão, para as missões 15, 16 e 17 da Apollo, contou com algumas novidades. Ela foi adaptada para o uso dos jipes da NASA, também conhecidos como Lunar Roving Vehicle (LRV). As mochilas da terceira versão agora conseguiam acumular mais oxigênio, energia e água de resfriamento.
Não podemos deixar de citar as pequenas barras energéticas transportadas sob o anel superior dos capacetes. Quando usavam o traje para exploração externa, os astronautas também tinham pequenas bolsas de água potável em formato de colarinho, para qualquer emergência.
Unidade de Manobra Tripulada (MMU) – 1984
Um traje com uma mochila especial que permitia o voo sobre o espaço chegou a ser desenvolvido pela NASA, mas após uma revisão, foi decidido que o uso da MMU era muito arriscado. O grande receio era que, como não havia um cinto que prendia o astronauta ao ônibus espacial, qualquer problema nos motores poderia deixar uma pessoa à deriva no espaço.
A agência espacial dos EUA decidiu que era mais seguro usar braços robóticos ou com o apoio de veículos que garantiam que o astronauta não iriam se desprender de seu veículo principal. Mas ele existiu e inclusive, foi utilizado por muitas pessoas.
Trajes para ônibus espacial – de 1981 a 1994
Apesar das missões com ônibus espacial terem sido conhecidas pelos famosos trajes com tons de abóbora, os primeiros tinham uma cor mais terrosa. Em 1981, quando John Young e Robert Crippen decolaram no ônibus espacial pela primeira vez, eles usavam o traje de escape de ejeção. Relembre:
O principal motivo pelo qual essa cor diferente foi escolhida é que os astronautas não estavam fazendo explorações do lado de fora do ônibus especial, então apenas um traje de ejeção de emergência foi escolhido. Este traje foi utilizado até 1988.
Tudo mudou em 1994, quando finalmente os astronautas presentes no ônibus espacial saíram de dentro do veículo. Conhecido como Pumpkin Suit, este modelo bastante chamativo tinham um traje de pressão parcial usado para decolagem e voo a missão STS-26 em 1988 e STS-65 em 1994. A primeira versão do traje de abóbora pesava 13,6 kg e seu suporte de vida primário era o próprio ônibus espacial. Em caso de emergência, a NASA garantia a vida do astronauta por dez minutos.
Outra versão do traja laranja chegou a ser desenvolvida para atividades feitas dentro dos carros, especialmente para entre as missões STS-64 a STS-135. O peso deste modelo era de 13 kg e o foco era para missões fora do ônibus espacial, que, inclusive, era o suporte de vida primário. A garantia da NASA também era de dez minutos.
Entre os trajes que citamos nesta matéria, qual seu preferido? Diga pra gente nos comentários!
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Com informações: Daily Mail
Revisado por Glauco Vital em 20/03/23.
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