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Desde o lançamento do ChatGPT, cada vez mais pessoas usam a ferramenta para escrever textos assinando-os como se fossem seus. Enquanto a ferramenta tem ajudado profissionais de diversos ramos que o usam com discernimento a ter entregas mais rápidas, textos produzidos inteiramente com AI são um problema que temos que estar atentos para enfrentar.
Distinguir entre um texto escrito por AI (inteligência artificial) e um texto escrito por um humano anda se tornando uma tarefa cada vez mais difícil à medida que essas ferramentas aprendem com a informação adicionada por cada usuário, mas ainda há alguns traços que tornam a presença de AI na criação de textos mais transparentes. Confira algumas dicas:
Texto humano vs texto sintético
À primeira vista e aos olhares desatentos, pode parecer impossível distinguir um texto gerado por IA de um texto escrito por um humano. Entretanto, a construção do texto e seus elementos dão pistas claras para identificar que estamos lendo um texto gerado por uma inteligência artificial generativa. Veja abaixo alguns pontos de destaque.
Dramaticidade
O texto escrito por AI tende a adicionar um grau de dramaticidade que não é comum em um texto humano, assim como palavras excessivamente formais e difíceis, que dado a natureza plural de leitores na internet não é muito comum.
Em um artigo publicado no Medium pelo usuário ‘Paul Is Positive’, ele comparou resultados dado por algumas ferramentas de AI com textos escritos por humanos — ambos sobre o mesmo tópico — e esse foi um dos principais pontos de sua pesquisa.
As frases excessivamente dramáticas e extravagantes são uma boa indicação de que a peça não foi apenas escrita pela IA, mas também foi aceita por alguém que nada sabe sobre escrita.
Paul Is Positive, Medium
Originalidade e profundidade
O autor também frisa que no texto escrito por AI falta originalidade e profundidade, tendo um resultado raso e generalizado de um determinado tópico. Já o mesmo texto, quando escrito por humanos, tende a ter mais informações e ser mais rico em detalhes, já que quando escrevemos um artigo precisamos ter como base o conhecimento real sobre o tópico (resultado de muita pesquisa), além de diferenciar por nossas próprias experiências de aprendizado quando um texto realmente esclarece uma dúvida, algo que a inteligência artificial não consegue.
Alucinação e repetição
Um dos maiores problemas do texto escrito com IA são as ‘alucinação’’ – termo usado pela indústria de inteligência artificial que descreve quando o mesmo gera notícias falsas.
Em um artigo feito pela CNN, onde o prompt usado pediu que o artigo fosse escrito na voz de texto geralmente usado pelo jornal, essas ‘alucinações’ aconteceram diversas vezes. O jornal também percebeu que o texto possuía muita repetição de palavras como a frase “aumento de demanda” e “ondas de aumento”.
Essa repetição é algo que nós humanos sabemos que precisamos evitar, mas a inteligência artificial não consegue captar a necessidade de evitar reutilizar o mesmo termo em uma mesma frase.
Essa repetição também foi notada pelo Google Brain, unidade de pesquisa deep learning de inteligência artificial dentro do Google AI:
“Se você tiver texto suficiente, uma dica realmente fácil é que a palavra ‘o’ ocorre muitas vezes”.
Daphne Ippolito, pesquisadora sênior do Google Brain.
Fantasioso
No mesmo artigo, também foi pedido à ferramenta para criar um artigo sobre um produto fictício, porém plausível. Isso é algo que um humano conseguiria fazer sem grande dificuldade, mas, no texto feito pelo ChatGPT, o resultado foi não apenas raso, mas com informações extremamente fantasiosas e que não coincidem entre si.
A ferramenta também demonstrou problemas na criação de textos de humor ou criativos de qualquer forma, seja na criação de uma receita ou uma piada para ser publicada no X (antigo Twitter). Nesses casos, podemos notar que o seu “gene hiper-dramático” aflorar ainda mais, chamando um drink não existente de ‘clássico’, quando não é o caso.
A falta de conhecimento básico também é bastante comum e talvez um dos jeitos mais fáceis de perceber o uso de AI. Como aponta Daphne Ippolito, pesquisadora sênior do Google Brain:
“Se você olhar muitos textos generativos e tentar descobrir o que não faz sentido neles, você pode melhorar nessa tarefa [de diferenciar texto humano vs AI]… Uma maneira é pegar declarações implausíveis, como a IA dizendo que leva 60 minutos para fazer uma xícara de café”.
Daphne e seu time criaram um jogo online que ajuda a treinar o olhar humano para que os mesmos possam detectar texto escrito com IA. Confira: https://roft.io
ZeroGPT
Esse detector de AI é um dos mais conhecidos e usados no mundo inteiro, além de ser um dos mais simples. Ao entrar no site oficial, só é preciso adicionar o texto – que pode ter até 15.000 caracteres na versão gratuita e até 100.000 na versão paga – e clicar no botão ‘Detect Text’ (Detectar texto, em português).
O site então realiza a verificação e responde com a porcentagem do texto detectada como escrita por AI, destacando em amarelo as mais prováveis. Como podemos ver em um experimento realizado com a introdução desse mesmo texto que está lendo, ele detecta que foi escrita 100% por humano:
Pedimos para o ChatGPT reescrever a introdução para que pudéssemos usar o resultado para testar a ferramenta ZeroGPT e chegamos a esse texto:
Usamos o texto acima no ZeroGPT para testar sua eficiência e tivemos um resultado positivo:
A plataforma chegou a conclusão que 94.74% do texto havia sido criado por inteligência artificial, não sinalizando apenas a frase de ação no final da frase – muito comum em textos humanos.
Esses exemplos mostram o desempenho da ferramenta que está disponível de forma gratuita. Existem 2 planos pagos: o Pro e o Max. O plano Pro promete o diferencial de 2 mil Prompts no ZeroCHAT-4, pesquisa de até 100 mil caracteres por detecção, verificação de 50 arquivos em lote, gerir um relatório para detecção de AI e uma experiência sem publicidades. Tudo isso por USD$7,99 por mês.
Além de todo o diferencial mencionado acima, o plano Max oferece 3,5 mil Prompts no ZeroCHAT-5, verificação de 75 arquivos em lote, além de um aumento para 7 mil no resumo que oferece quando encontrado AI (1,5 mil no plano grátis e Pro) e 3 mil palavras para parafrasear o AI (300 no plano grátis e Pro). Tudo isso por USD$18,99 por mês.
Copyleaks
Outro detector de AI que testamos para verificar o mesmo texto usado acima foi o Copyleaks. Para usá-lo basta entrar no site oficial, clicar no botão ‘Try It Now’ (Experimente agora) que ele abrirá uma segunda página onde é preciso clicar no botão ‘texto’ e adicionar o texto que deseja verificar. Esse foi nosso resultado:
A ferramenta conseguiu corretamente prever que todo o conteúdo foi escrito por AI no plano gratuito, mas a ferramenta também oferece um plano pago que garante detectar AI em mais de 30 línguas diferentes, acesso API, detecção dos modelos de IA mais populares como ChatGPT e Gemini (com mais de 99% de precisão), além de permitir 2 usuários por conta. Tudo isso por USD$9,99 por mês.
Smodin
O detector de AI, Smodin, também usa de porcentagem para entregar resultados, além de destacar em vermelho as partes do texto que acredita ter sido escrito por AI. Para usar essa ferramenta, basta acessar o site do Smodin, clicar em ‘Start now for free’ (Comece agora de graça), clicar em ‘Detector de conteúdo gratuito’ e adicionar seu texto. Confira nosso resultado:
A ferramenta também conseguiu prever que 100% do conteúdo foi criado por inteligência artificial em sua versão gratuita. Essa ferramenta, contudo, é muito mais ampla que as outras que se limitam a detectar AI e plágio, ela oferece a opção de reescrever artigos, resumi-los, traduzi-los, além de funções completamente diferentes como dar notas para trabalhos e fazer seu dever de casa da escola.
A ferramenta funciona a base de créditos, tendo a versão gratuita apenas 3 créditos por semana. Os planos pagos aumentam esses créditos entre si, além de aumentar a quantidade de caracteres que podem ser verificados por vez – como é o caso nas outras duas ferramentas. Os planos variam entre USD$15 no plano essencial, chegando a custar até USD$79 no plano profissional, dependendo da quantidade de demanda que o cliente possui.
Conclusão
Enquanto vemos as linhas que separam o mundo real do virtual cada vez mais entrelaçadas, o toque humano ainda é algo que a inteligência artificial não consegue replicar, e nesse momento de tecnologia inteligente, essa é a maior dica de como diferenciar uma produção sintética de uma humana. Contudo, isso geralmente só é aparente em conteúdo longo, já que em pequenas frases ou factoides é mais difícil conseguir notar a diferença.
O mau uso de tecnologia que temos testemunhado nos últimos anos não deve nos deter de usar AI como ferramenta de apoio em nossas pesquisas quando necessário. Mas as empresas por trás delas talvez tenham que se render, criando indicativos em seus próprios resultados que deixem claro sua autoria para evitar um futuro onde toda informação seja criada por inteligência artificial – principalmente já que ela cria a partir de conhecimentos feitos por uma base de dados datada, ou a partir de ‘previsões’ de termos mais comumente usados e como isso pode levar a distribuições de notícias falsas. Além de muito drama desnecessário em textos que deveriam ter um tom explicativo.
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Revisado por Glauco Vital em 7/3/24.
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