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Donald Trump venceu as eleições nos Estados Unidos, marcando seu retorno à Casa Branca e trazendo possíveis mudanças significativas para o setor de tecnologia. Conhecido por suas posições anteriores sobre questões como privacidade de dados, influência estrangeira no setor e desregulamentação, a eleição de Trump certamente trará implicações para a indústria de tecnologia, tanto nos Estados Unidos quanto no cenário global.
O resultado da eleição americana
O republicano Donald Trump saiu vitorioso nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, garantindo seu retorno ao cargo após alcançar 276 votos no Colégio Eleitoral, acima dos 270 necessários para assegurar a vitória. A disputa foi acirrada contra Kamala Harris, candidata do Partido Democrata, que liderou uma campanha de peso, buscando um novo mandato para os democratas no comando do país. A corrida eleitoral foi intensa, marcada por debates e fortes posições políticas que dividiram o eleitorado americano em um cenário polarizado.
Além da presidência, o Partido Republicano de Trump também obteve conquistas significativas no Congresso, alcançando a maioria nas eleições para a Câmara dos Representantes e o Senado. Essas vitórias fortalecem a presença republicana no Legislativo, permitindo ao partido uma vantagem estratégica para implementar suas políticas conservadoras. Esse controle ampliado do Congresso indica que Trump poderá encontrar menos resistência em temas prioritários de sua agenda, impactando não apenas a política interna, mas também questões globais e econômicas em diversos setores.
O apoio de Elon Musk e outros CEOs de tecnologia
O apoio de Elon Musk a Donald Trump na eleição presidencial foi um dos mais expressivos entre os principais nomes do setor de tecnologia. Musk, conhecido por liderar empresas de inovação como Tesla e SpaceX, investiu pesado no retorno de Trump ao poder, contribuindo com mais de US$ 130 milhões para a campanha do republicano e para outras disputas estratégicas do partido nas eleições legislativas. Esse apoio resultou em grande visibilidade para Musk, que agora pode contar com um aliado de peso na Casa Branca, interessado em reduzir regulamentações e expandir incentivos ao setor privado. Trump, por sua vez, manifestou abertamente sua admiração por Musk, chamando-o de “super gênio”.
Com a vitória de Trump, Musk não só consolidou sua influência no cenário político, mas também viu um impacto imediato nos mercados. As ações da Tesla registraram alta de até 15% logo após a confirmação do resultado. Além disso, Trump prometeu envolver Musk em sua equipe de conselheiros para tratar da contenção de gastos públicos, o que pode abrir portas para o empresário influenciar diretamente em políticas governamentais.
Além de Musk, outros CEOs do setor de tecnologia também apoiaram a campanha de Trump. Sundar Pichai, CEO do Google, teria elogiado a popularidade de Trump em redes sociais e nas plataformas de busca, enquanto Tim Cook, da Apple, teria demonstrado interesse em manter um diálogo com a nova administração sobre regulamentações internacionais e competitividade, segundo apuração de jornais internacionais.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, e Andy Jassy, CEO da Amazon, também teriam se envolvido em conversas com Trump e sua equipe, sinalizando um interesse em um relacionamento mais cooperativo com o governo republicano.
Prioridade do “Made in America”
Os discursos de Donald Trump frequentemente destacam a importância de fortalecer a indústria nacional, especialmente no setor de tecnologia, com foco em produtos “Made in America“. Trump tem enfatizado a necessidade de trazer de volta ao país a produção de itens de alto valor agregado, como eletrônicos, para reduzir a dependência de mercados externos.
No entanto, essa postura cria tensões com mercados estrangeiros, principalmente com a China, um dos maiores produtores globais de tecnologia. Trump frequentemente critica o mercado chinês, destacando preocupações sobre práticas de concorrência desleal e segurança cibernética. Essa linha de pensamento alimenta uma política que visa frear a influência de potências emergentes como a China, ao mesmo tempo em que tenta garantir um mercado autossuficiente nos Estados Unidos.
Tensões Comerciais e Guerra Tarifária
Com a eleição de Donald Trump, as tensões comerciais no setor de tecnologia devem se intensificar, especialmente devido às promessas de taxar produtos chineses em até 60% e impor tarifas de até 20% sobre outras importações. Essa abordagem tarifária visa reduzir a dependência de produtos estrangeiros e incentivar a produção interna, impactando diretamente empresas de tecnologia que contam com peças e componentes chineses. A intenção de Trump é tornar os produtos importados menos competitivos no mercado americano, promovendo uma “guerra tarifária” que pode, por um lado, beneficiar empresas locais no curto prazo, mas também causar aumento de custos para consumidores e fabricantes.
Além das tarifas sobre produtos importados, Trump propõe uma série de medidas para aliviar os impostos de empresas americanas. Entre essas propostas estão a redução da alíquota de imposto corporativo de 21% para 15% e a revogação do limite de dedução de US$ 10.000 em impostos, políticas que pretendem atrair investimentos e incentivar a expansão de negócios locais.
Incentivo à desregulamentação
O resultado das eleições americanas também apontam para uma possível nova era de desregulamentação para o setor de tecnologia e, particularmente, para as criptomoedas e blockchain. Com o compromisso de reduzir o controle governamental sobre o mercado financeiro digital, Trump e seu vice, J.D. Vance, anunciaram uma série de medidas voltadas a promover o crescimento e a aceitação das criptomoedas nos Estados Unidos.
Uma das primeiras medidas prometidas é a reestruturação da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), atualmente liderada por Gary Gensler. Trump anunciou que a substituição de Gensler será uma das suas ações iniciais, refletindo a desaprovação em relação às medidas mais restritivas que a SEC tem adotado para regulamentar as criptomoedas. Em um discurso, Trump declarou que a SEC sob sua liderança buscará um equilíbrio que permita ao setor de criptomoedas prosperar com menos intervenção governamental, o que foi bem recebido pelos apoiadores do mercado cripto.
Em consonância com essa abordagem, Trump anunciou a criação de um conselho consultivo de Bitcoin e criptomoedas, que deverá atuar em conjunto com o Departamento do Tesouro. Esse conselho terá o papel de definir diretrizes para a regulamentação do setor de uma forma mais aberta à inovação e menos restritiva. A ideia é oferecer uma base legal mais sólida para transações e investimentos em criptomoedas, sem as imposições rígidas que, segundo Trump, limitam o avanço dos Estados Unidos no mercado global de tecnologia financeira.
Trump também se posicionou contra a criação de uma moeda digital do banco central (CBDC), uma iniciativa que alguns governos vêm explorando. Em vez de apoiar essa centralização digital, ele propõe fortalecer o uso de stablecoins privadas, como o USD Coin (USDC), além de reforçar o direito dos cidadãos de manter suas criptomoedas em contas privadas, longe do controle estatal.
Redes Sociais, Privacidade e Acesso a Dados
A posição de Donald Trump em relação às redes sociais, privacidade e acesso a dados reflete uma visão crítica sobre o poder que grandes plataformas tecnológicas exercem sobre a informação e a liberdade de expressão. Durante seu mandato anterior, Trump frequentemente acusou empresas como Twitter e Facebook de censura e de controle excessivo sobre o conteúdo compartilhado pelos usuários, além de denunciar práticas que, segundo ele, interferem na liberdade de expressão.
Conhecido desde seu primeiro mandato por usar plataformas para fazer declarações sobre políticas, comércio, e empresas específicas, Trump frequentemente gerava flutuações no mercado com suas postagens. Esse estilo de comunicação direta e frequente influenciava fortemente o comportamento dos investidores, que monitoravam atentamente suas publicações para antecipar decisões governamentais. Em janeiro de 2021, Trump se tornou o primeiro chefe de Estado banido de redes sociais como Twitter e Facebook após os eventos do Capitólio. Quanto à privacidade e ao acesso a dados, Trump se posiciona a favor de políticas que deem mais controle aos cidadãos sobre suas informações pessoais.
Políticas sobre Inteligência Artificial
A abordagem do presidente eleito Donald Trump em relação à inteligência artificial (IA) tende a causar menos regulamentação estatal e mais liberdade para o mercado. No entanto, essa abordagem não será sem limitações, principalmente quando a IA se conecta com questões de segurança nacional ou liberdade de expressão. Trump manifestou sua intenção de revogar uma ordem executiva assinada por Joe Biden, que visa estabelecer diretrizes para o desenvolvimento e uso da IA, promovendo uma maior intervenção dos órgãos públicos em temas como transparência, privacidade e responsabilidade. Esse movimento de Biden, embora visto como um avanço na organização da política pública de IA, é visto por Trump e seus aliados como um obstáculo à inovação.
Por outro lado, a postura de Trump em relação à tecnologia também reflete uma preocupação com o poder monopolista das grandes empresas do setor, especialmente aquelas localizadas no Vale do Silício. Durante seu primeiro mandato, o governo Trump já havia iniciado ações antitruste contra gigantes como Google e Facebook, por acusações de abuso de poder econômico. Essas ações antitruste, que ganharam força no governo Biden, refletem um consenso bipartidário sobre o poder excessivo das big techs, mas a abordagem de Trump tende a enfatizar mais a liberdade de expressão, contestando a influência das empresas tecnológicas na regulação da comunicação pública e do discurso político.
JD Vance, vice-presidente de Trump, também tem se manifestado de maneira crítica em relação ao controle monopolístico das informações por empresas como Google, descrevendo o domínio da tecnologia como uma ameaça à sociedade. Para Vance, as empresas de tecnologia têm uma agenda progressista que exerce influência excessiva sobre a sociedade, o que reflete a ideologia republicana de combater a concentração de poder em setores que afetam diretamente a vida pública.
E você, qual sua opinião sobre o que muda com Donald Trump eleito? Conte para gente nos comentários!
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Fontes: Bussiness Insider, AP e BBC.
Revisão do texto feita por: Daniel Coutinho em 06/11/2024
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