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Carta aberta de Tim Cook apoia luta contra o racismo e reconhece necessidade de reparação histórica

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Ao invés de criticar protestos que depredaram diversas de suas lojas, CEO afirma um compromisso da empresa de lutar contra o racismo

Desde a última semana de maio, as ruas dos Estados Unidos foram dominadas por protestos que exigem uma desmilitarização da polícia e o fim do racismo no país. Com o início dos protestos, diversas marcas têm se posicionado em favor à pauta, e quem recentemente também se posicionou sobre o assunto foi a Apple.

Nesta quinta-feira (4) Tim Cook, CEO da empresa, publicou no site oficial da Apple uma carta em se posiciona sobre os protestos que, de certa forma, também afetaram a empresa diretamente, que se viu obrigada a não apenas fechar suas lojas, mas cobrir toda a fachada delas com tábuas a fim de protegê-las do ataque de vândalos, que se aproveitavam da movimentação nas ruas para saquear lojas.

Apple falando sobre racismo
Em carta, Tim Cook fala sobre o momento atual de combate ao racismo nos Estados Unidos

No texto que chamou de Speaking up on racism (“Falando sobre o racismo” em tradução livre), o CEO não condena em nenhum momento esses protestos, e já no primeiro parágrafo deixa claro que é preciso reconhecer todo o medo, a dor e o ultraje que o racismo sistêmico tem causado há séculos na população negra do país.

Cook lembra que esse racismo é algo que podemos ver diariamente em diversos setores da sociedade não apenas na forma da violência direta, mas dentro do próprio sistema de justiça do país (que condena um número muito maior de pessoas negras do que de brancos), nas diferenças em serviços essenciais para a comunidade e até mesmo na forma desproporcional como surtos de doença atingem essas populações (como o fato do novo coronavírus ser muito mais letal em comunidades que são majoritariamente formadas por povos negros e latinos).

Ele ainda lembra que, enquanto uma parte tão grande da sociedade precisar viver com medo de ser quem é e de ser vítima de violência diária apenas pela cor de sua pele, não há motivos para a sociedade querer comemorar qualquer coisa, e reafirma a missão da Apple de construir um mundo melhor para todos.

Mas, mesmo que a empresa já atue em áreas que afetam diretamente essas comunidades negras, Cook afirma que é preciso fazer mais, e assume um compromisso público de não só ampliar as políticas de diversidade e inclusão da empresa, mas também fazer doações a organizações que fazem parte da luta antirracista e pelo fim da brutalidade policial. O CEO cita nominalmente a Equal Justice Initiative, uma organização que luta contra o encarceramento massivo de negros e por mudanças no sistema penitenciário.

Cook finaliza a carta dizendo que, apesar de neste momento tudo o que muitas pessoas esperam é um “retorno à normalidade”, este desejo é em si um privilégio, pois esta “normalidade” que muitos tem em mente é um mero retorno a um estado que nos permite ignorar as injustiças da sociedade de forma confortável, e que a morte de George Floyd é mais um lembrete de que devemos não apenas esperar por um futuro “normal”, mas em construir um que tenha em mente ideais de igualdade e justiça. Você pode ler a carta na íntegra (em inglês) no site da Apple.

Entendendo os protestos antirracismo nos EUA

Protesto racismo george floyd
Desde a morte de George Floyd, protestos antirracismo e pelo fim da violência policial acontecem em todo os EUA (Imagem: Getty Images)

O estopim para o início dos protestos que levaram a Apple e tantas outras empresas a se pronunciar foi, como já falamos, o assassinato de George Floyd pelo policial Derek Chauvin no dia 25 de maio, quando Floyd foi detido pelo policial sob a suspeita de que ele havia tentado passar uma nota de US$ 20 falsa a um comerciante.

Sem resistir a prisão, Floyd estava pronto para ser levado à delegacia para prestar esclarecimentos, mas ao invés disso Chauvin (um policial que já tinha um histórico de queixas por conta de abordagens violentas sem necessidade) derrubou o rapaz negro no chão e se ajoelhou sobre o pescoço dele durante quase oito minutos – quatro deles depois que Floyd já havia perdido a consciência devido à falta de ar – e só soltou quando uma ambulância chegou ao local.

Toda a abordagem foi transmitida ao vivo pelo Facebook, e imediatamente viralizou. Mas, mesmo após a confirmação da morte e a prova em vídeo que mostrava qual oficial havia sido o responsável por ela, a polícia de Minneapolis não apenas demorou para tomar qualquer ação contra Chauvin, como quando o fez o acusou de “assassinato em terceiro grau” – o mesmo tipo de sentença dada para uma morte totalmente acidental – por exemplo, quando alguém mata o vizinho com uma bala perdida porque estava limpando a arma e ela disparou acidentalmente. E é justamente a diferença entre a seriedade do caso e a falta de seriedade da polícia ao cuidar do assunto que fez com que as pessoas saíssem às ruas.

Fonte: Apple, Wikipedia

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