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Como o primeiro filme da Marvel Cinematic Universe liderado por uma super heroína, Capitã Marvel chega aos cinemas sob um pesado fardo de expectativas. Mesmo depois de muitos anos de fãs clamando por um filme solo da Viúva Negra, foram necessários dez anos e 20 filmes da MCU para a franquia produzir um único filme com uma mulher protagonista.
E as expectativas são ainda mais astronômicas dado o sucesso de público e crítica da Mulher Maravilha de Patty Jenkins, do estúdio rival DC Entertainment.
Some a isso o fato de sua estrela principal, Brie Larson, ser uma vencedora do Oscar de Melhor Atriz, Capitã Marvel tem o triplo desafio de honrar os últimos filmes da MCU, provando que um filme liderado por uma mulher pode sim fazer o dinheiro da empresa, e, de quebra, competir com um dos maiores sucessos da DC.
Mas mesmo sem o desafio de quebrar barreiras de representação para o MCU, Capitã Marvel está enfrentando grandes expectativas por causa dos filmes do MCU que o precederam.
Cronologia de sucesso
A começar por Thor: Ragnarok, que trouxe uma nova irreverência para a franquia, ao mesmo tempo em que alinha os personagens Thor, Hulk e Doutor Estranho para os Vingadores: Guerra Infinita. Logo depois veio Pantera Negra, no qual o diretor Ryan Coogler levou os fãs da Marvel para a história e cultura da nação africana de Wakanda, quebrando recordes de bilheteria e dando à Marvel o primeiro filme vencedor do Oscar.
Essa cronologia se encaixou perfeitamente para a proposta do que viria a seguir: Vingadores: Guerra Infinita, que uniu a todos 18 filmes anteriores, faturando US$ 2 bilhões em todo o mundo e, pra variar, erradicou metade da população do universo.
Até mesmo Homem-Formiga e a Vespa, o primeiro filme da Marvel com uma personagem feminina em seu título, parecia estar fazendo fila para as expectativas de Capitã Marvel, e para o filme divisor de águas, que será o próximo filme dos Vingadores.
Depois de tudo isso, Capitã Marvel está na posição nada invejável de ter que introduzir um novo personagem ao MCU, traçar sua história de origem, associá-la à atual linha do MCU, criar backstories (“histórias de fundo”, em tradução livre) para vários personagens previamente estabelecidos e configurar até mesmo elementos mais significativos para Vingadores: Ultimato. Mas Capitã Marvel geralmente suporta o peso dessas expectativas.
O filme se eleva à ocasião com performances fortes e com a disposição de seus diretores de desacelerar e levar sua história à sério, equilibrando humor, ação e exposição em um pacote cuidadosamente calibrado.
Capitã Marvel: o plot
Capitã Marvel (Brie Larson) é inicialmente apresentada como Vers, uma agente de esquadrão espacial Starforce da raça alienígena Kree. Vers não é uma personagem dos quadrinhos originais da Capitã Marvel, mas os leitores da Marvel podem reconhecer seus colegas membros do Starforce: Korath, o Perseguidor (Djimon Hounsou), Minn-Erva (Gemma Chans), Bron- Char (Rune Temte), Att-Lass (Algenis Pérez Soto) e seu líder Yon-Rogg (Jude Law).
Vers tem poderosas habilidades de Kree: super força, resistência física e a capacidade de disparar rajadas de energia das pontas de seus dedos. Mas há um porém: ela não consegue se lembrar de como conseguiu esses poderes, ou como era sua vida antes que os Kree a encontrassem e a trouxessem para a cidade-natal Kree, Hala.
Quando Starforce é designada para recuperar um espião, Vers acaba nas mãos dos Skrulls, uma raça de alienígenas em guerra com os Kree. O líder do Skrull, Talos (Ben Mendelsohn) tem um objetivo, e ele está disposto a surfar pelas memórias de Vers para consegui-lo: o Lightspeed Engine, que poderia mudar a maré da guerra a favor do Skrulls.
Mas a viagem de Talos através da memória de Vers desbloqueia visões de seu passado como Carol Danvers, que a leva ao planeta C-53 (Terra) na década de 1990. Lá, ela recebe a atenção de Nick Fury (Samuel L. Jackson, desta vez com os dois olhos intactos) e Phil Coulson (Clark Gregg, com mais cabelo do que ele tem em Vingadores ou Agentes da S.H.I.E.L.D.). E é aí que mora a preciosidade do longa.
A dinâmica de gato e rato de Danvers e Fury se torna um destaque do filme, enquanto Vers sai de uma civilização altamente avançada para um mundo de telefones públicos e shoppings enquanto usa um uniforme da Starforce e fala sobre alienígenas que mudam de forma.
A nostalgia dos anos 90 é forte em Capitã Marvel. Os diretores Ryan Fleck e Anna Boden tecem os elementos futuristas da história de Carol no período retrô, desde roupas a carros e música. Fleck disse que a música foi a primeira coisa em que se concentraram durante a pré-produção, criando uma playlist que incluía canções como I’m a girl, de No Doubt, Come As You Are, do Nirvana, algo parecido com os filmes dos Guardiões da Galáxia e suas mixtapes clássicas.
Aqui, Capitã Marvel usa a trilha sonora como uma espécie de piada, levando a nostalgia do público enquanto dita o humor de adicionar músicas familiares a situações estranhas.
Os pontos fortes
A maior força de Capitã Marvel está em sua relação central entre Carol e a piloto da Força Aérea Maria Rambeau (Lashana Lynch). Como Steve Rogers e Bucky Barnes, Carol e Maria estão ligadas por um passado em comum e uma amizade profunda, mesmo que Carol não se lembre disso.
Capitã Marvel é um personagem raro no Universo Marvel, que não tem nenhum interesse amoroso simbólico, mesmo que, para Larson, a amizade entre de Carol e Maria é como “o amor do filme”. “Este é o amor perdido, este é o amor encontrado novamente, esta é a razão para continuar lutando e ir até os confins da terra”, disse.
Mas trazer esse nível de amor, confusão e comprometimento exige muito da atriz, que essencialmente interpreta três papéis neste filme: Vers, Carol e Capitã Marvel. Cada uma tem sua própria jornada e desafios. A ferocidade de Larson nas cenas de ação e sua dor silenciosa em momentos mais profundos são, para todos os efeitos, orgânicos. A história parece confusa às vezes, mas seu desempenho forte e confiável fornece a conexão necessária para se gerar empatia à sua jornada.
Ação!
Se a emoção tem sua dose certa de equilibrio, a ação no filme pode parecer menos convincente, no entanto. Brie Larson supostamente treinou por quatro horas e meia por dia ao longo de 10 semanas para se preparar para suas cenas de luta, mas, além de uma luta entre Larson e Law, a maioria dos combates são editados de forma enfadonha e focada em grandes saltos, comprometendo nossa própria noção de espacialidade.
Tudo é tão frenético que fica difícil ver se os atores são fisicamente capazes de convencer, e raramente parece que eles estão executando os movimentos. Uma oportunidade perdida.
Nada disso impede o vilão de roubar o filme. Mesmo em látex e traje Skrull, Mendelsohn como Talos é perigoso e encantador, até sexy. Ele parece estar se divertindo à beça no papel, e é convincente, não importa quanto dano e destruição ele cause.
As dificuldades da Marvel em criar vilões memoráveis são gritantes, e, em tentativas e erros, os filmes tenderam a melhorar gradualmente ao longo do tempo, com adversários como Erik Killmonger e Thanos trazendo personalidade e princípio para seus papéis, ao invés de apenas um mal despido e despropositado.
Talos se junta a esta dupla como um vilão com um propósito significativo – embora ele ainda seja ofuscado por Goose, um gato criado conscientemente para ser um favorito imediato da audiência.
História e o desafio da origem
O único obstáculo que Capitã Marvel não esclarece inteiramente vem da execução de sua história. Sua narrativa principal, em torno de Vers/Carol/ Capitã e sua viagem de autodescoberta, caem bem juntos, seguindo os padrões habituais de drama e humor da Marvel e ação de subida e descida.
Mas a história fica mais complicada quando tudo a isso ainda tem que reunir elementos do passado e do futuro da MCU. Os Kree, já vistos como vilões em Guardiões da Galáxia e Agents of S.H.I.E.L.D., são retratados como heróis aqui. Em Guardiões, Ronan, o Acusador (Lee Pace), era obcecado por destruição, e os telespectadores podem ter dificuldade em entender suas motivações em Capitã Marvel.
Os seguidores da Marvel podem apreciar a maneira como algumas peças de quebra-cabeça se encaixam, mas espectadores mais casuais podem achar que as informações e os muitos elementos aparentemente não relacionados ou injustificados do filme são confusos.
Mas os cineastas não fogem da complexidade de sua história. Carregado com a criação da Capitã como um elemento necessário para servir de contraponto a Thanos em Vingadores: Ultimato, eles dão a ela uma rica história de origem e uma motivação crível.
Às vezes, o filme pode se sentir sobrecarregado com elementos da história, mas cada um desses elementos individuais parece importante e significativo, desde a cena de vôo prolongado que combina humor e perigo com a piada de Fury contando a sua história para diversão de Carol. Algumas delas podem se arrastar em isolamento, mas em grande parte parecem necessárias para a história maior.
Em última análise, Capitã Marvel faz seu trabalho e parece muito bom ao fazê-lo. Como um filme de representação, não é tão revolucionário quanto o Pantera Negra, e não é tão aventureiro ou bem-humorado quanto Thor: Ragnarok.
Mas ele fornece a narrativa do poder feminino que o MCU precisava em um nível para rivalizar com a Mulher Maravilha, e não apenas fazendo do Capitã Marvel uma heroína poderosa. Isso também faz dela uma pessoa admirável, com bons amigos e objetivos pelos quais vale a pena lutar.
E estabelece firmemente Carol Danvers como um dos super-heróis mais poderosos da Marvel, que é exatamente o que os Vingadores vão precisar em Ultimato.
fonte: The Verge
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