Explorando universos: como se dá a construção de mundos na ficção?. Descubra os segredos por trás das maiores criações de ficção e como elas se mostram relevantes e cativantes até os dias de hoje

Explorando universos: como se dá a construção de mundos na ficção?

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Descubra os segredos por trás das maiores criações de ficção e como elas se mostram relevantes e cativantes até os dias de hoje

A capacidade única da ficção de transportar leitores e espectadores para universos imaginários tem cativado mentes criativas e audiências por séculos. Desde os épicos literários até as franquias cinematográficas, a habilidade de construir mundos ficcionais convincentes é uma arte complexa e multidisciplinar que combina elementos de narrativa, tecnologia, geografia, cultura e até mesmo ciência.

Nessa matéria, iremos explorar e mergulhar no coração da criação de universos ficcionais, desvendando os processos criativos e as estratégias por trás da construção meticulosa de cenários que encantam, inspiram e desafiam nossa compreensão do possível. Seja viajando para terras mágicas, galáxias distantes ou realidades alternativas, aqui estão alguns dos segredos por trás das mentes mestras que moldam esses universos extraordinários e como essa forma de arte continua a expandir os limites da imaginação humana.

Ficção x Realidade

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Último filme da franquia da Marvel arrecadou mais de 2 bilhões de dólares no mundo todo (Imagem: Getty Images)

As pessoas são naturalmente atraídas por mundos ficcionais por uma variedade de razões, e essa atração tem raízes profundas na natureza humana e nas necessidades emocionais e intelectuais.

O problema da ficção é que ela faz muito sentido. A realidade nunca faz sentido.

Aldous Huxley, escritor

Dentre as várias razões pelas quais os mundos de ficção exercem um poderoso fascínio ao longo das gerações, uma delas é a fuga da realidade. Em momentos de estresse, desafios ou monotonia, eles proporcionam um refúgio onde as pessoas podem temporariamente deixar de lado suas preocupações e “viver outras vidas em outros lugares“.

A curiosidade humana também é estimulada pela oportunidade de explorar lugares desconhecidos. A ficção oferece a chance de se aventurar em territórios inexplorados e desvendar mistérios, literalmente, de outro mundo. Além disso, muitas vezes, personagens e cenários espelham aspectos da experiência humana. É comum que leitores e espectadores se identifiquem com conflitos, desafios e triunfos dos personagens, o que cria uma conexão emocional bastante profunda e permite o desenvolvimento da empatia.

Algo para também se levar em conta é que esses universos muitas vezes servem como espelhos para a sociedade, permitindo que os criadores abordem questões complexas de maneiras simbólicas. Isso possibilita discussões sobre política, ética, moralidade e outros tópicos relevantes de forma menos direta, mas igualmente impactante. Fora isso, a paixão pela ficção também pode criar comunidades coesas de fãs que compartilham interesses similares. Isso oferece um senso de pertencimento e companheirismo entre as pessoas.

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Fãs podem participar de seus universos favoritos por meio de fanart, cosplays e discussões entusiasmadas (Imagem: Planet Comicon)

É interessante lembrar que a humanidade sempre foi movida pela busca do desconhecido, e histórias de ficção permitem essa exploração imaginativa. Embora muitas abordem sobre terras distantes e o espaço sideral, por exemplo, existem aquelas com cenários e realidades paralelas e não existentes. É sobre adentrar um mundo completamente novo, produto dos limites da imaginação humana.

O pesquisador Henry Jenkins argumenta que novas tecnologias estão permitindo uma fusão de mídias, nas quais os leitores e espectadores não apenas consomem passivamente, mas também participam ativamente, contribuindo para um “cérebro coletivo”. Comunidades online de fãs discutem, teorizam e expandem o conteúdo.

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Universos de ficção ultrapassam barreiras temporais e culturais (Imagem: The New York Times)

Mas a razão pela qual o fascínio por universos irreais é atemporal e transcende gerações está enraizada na capacidade dessas histórias de abordar aspectos fundamentais da experiência humana. Temas universais como amor, coragem, amizade, superação e exploração do desconhecido são inerentes a esses tipos de narrativas e continuam a ressoar entre diferentes épocas. É muito comum que histórias clássicas como O Senhor dos Anéis ou As Crônicas de Nárnia sejam relevantes até hoje por serem praticamente relíquias passadas de pai para filho, por exemplo.

Além disso, a habilidade desses universos de se adaptarem ao longo do tempo, incorporando novas tecnologias, perspectivas e desafios, garante que eles permaneçam atrativos e até pertinentes para cada geração. As franquias de super-heróis são prova disso, iniciando em 1939 com quadrinhos da Marvel e vivas até os dias atuais.

Matemática para o sucesso

Universos de ficção
Roteiristas são frequentemente o ponto de partida na criação de uma obra (Imagem: Eduardo Albuquerque/Sala dos Roteiristas)

O sucesso arrebatador de universos da ficção, seja na literatura ou no cinema, como a saga de Harry Potter, é como uma complexa equação que mistura criatividade, entendimento do público-alvo e uma execução impecável. Enquanto não existe uma fórmula matemática exata para garantir o triunfo, vários elementos-chave contribuem para conquistar e cativar uma audiência em larga escala, ganhando uma base fiel de fãs ao redor do mundo.

Em primeiro lugar, personagens que ecoam com os espectadores e leitores são uma peça fundamental do quebra-cabeça. Esses protagonistas bem construídos, com motivações convincentes e conflitos humanos estabelecem uma conexão emocional que ressoa com as próprias experiências do público. Além disso, uma narrativa que surpreende e mantém o interesse, combinando tensão, mistério e reviravoltas bem cronometradas é o que mantém as pessoas grudadas, ansiando por mais.

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Humanizar personagens é um dos passos essenciais para a identificação do público (Imagem: O Espetacular Homem-Aranha 2 (2014)/Reprodução)

No centro do sucesso também está a criação de universos detalhados e envolventes. Esses cenários não apenas servem como pano de fundo, mas muitas vezes se transformam em personagens por direito próprio. Hogwarts se tornou muito mais que uma escola de magia, assim como Arrakis, planeta mais conhecido como Duna e que deu nome à famosa saga de Frank Herbert.

Inovação criativa também é uma constante. A introdução de novos elementos, reviravoltas imprevisíveis e a capacidade de rejuvenescer a fórmula são fatores que evitam a estagnação e mantêm o interesse ao longo do tempo. A construção de mundos na ficção é baseada exatamente nisso; não à toa, se dá o surgimento de vários spin-offs e até sequências a pedido dos fãs.

Além disso, as franquias duradouras também reconhecem a importância da consistência. Manter a qualidade ao longo de várias instalações, desenvolver uma narrativa coesa e sustentar o interesse dos fãs é um desafio constante, mas necessário. Essa interação com o público, seja por meio de eventos, redes sociais ou produtos relacionados, desempenha um papel vital na construção de uma base de seguidores leais. Essa conexão alimenta um ciclo de entusiasmo que é fundamental para o sucesso contínuo. Os irmãos Duffer, criadores da série Stranger Things, são muito conhecidos por também terem essa interação com o público.

Estudo psicológico

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(Imagem: Game of Thrones/Reprodução)

O equilíbrio entre ficção e realidade mudou na última década. Seus papéis estão invertidos. Somos dominados pela ficção. O papel do escritor é inventar a realidade.

J.G. Ballard, escritor

Como já mencionado anteriormente, a relação dos fãs com mundos fictícios envolve desde identificação até significado pessoal e a razão disso tem relação também com fatores psicológicos.

Identificação e projeção

Uma gama de personagens, arcos de histórias e universos ricos permitem aos fãs se identificarem com diferentes elementos. Existe um significado por trás do motivo de um personagem se tornar preferido. Seus traços pessoais, desejos e aspirações permitem que o fã explore aspectos de si mesmo de maneira segura e simbólica. Ao se identificar com um personagem, você experimenta empatia, compartilha das mesmas emoções e até mesmo vivencia suas próprias lutas e triunfos por meio das jornadas dele.

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Percy Jackson é um dos personagens mais bem quistos por sua personalidade bem construída (Imagem: Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010)/Divulgação)

Pertencimento e comunidade

Participar de discussões online, frequentar convenções ou interagir com outros fãs cria uma sensação de companheirismo e conectividade com pessoas que compartilham os mesmos interesses e paixões. Isso permite preencher a necessidade humana de se sentir parte de algo maior. A formação de comunidades ajuda na conexão com outras pessoas que compartilham dos mesmos gostos, o que colabora na construção de relacionamentos significativos. Por consequência, é capaz de até gerar novos projetos criativos relacionados, como RPGs.

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Além de filme, série e uma variedade de livros com histórias distintas do mesmo universo, Shadowhunters possui uma infinidade de criações por parte de fãs (Imagem: Shadowhunters/Divulgação)

Fanfics, por exemplo, são uma das práticas mais populares, uma vez que emergem das lacunas deixadas nas histórias pelos enredos oficiais. Isso proporciona aos fãs uma oportunidade de deixá-las aos seus gostos, mesmo que se tratem de histórias não-canônicas.

Escapismo e autotranscedência

De forma mais aprofundada, um escapismo temporário de preocupações e estresses da vida cotidiana para um universo alternativo pode ser reconfortante e terapêutico. No entanto, é curioso como a imersão nesses mundos de ficção também pode proporcionar que as pessoas se conectem a algo maior, o que pode envolver uma sensação de significado e propósito.

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Universo de Nárnia é um dos que mais teletransportam o público para outra dimensão (Imagem: As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian (2008)/Divulgação)

Fora que também existe um alívio bem-vindo e uma criação de senso de maravilha e admiração, afinal, é uma porta que se abre para invadir lugares onde encontramos tudo o que não conseguimos ter na vida real. O novo enche os olhos.

Busca de significado e identidade

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Série conquistou fãs pela abordagem de valores em sociedade (Imagem: HBO/Divulgação)

A ficção frequentemente aborda temas universais, como coragem, amizade e propósito. É com base nisso que a afinidade por certas histórias e universos pode se tornar parte da identidade de alguém, influenciando sua autoimagem e valores. É muito comum que questões profundas sejam levantadas com a ficção, e encontrar paralelos entre as narrativas e a própria vida real gera reflexões sobre individualidade. Essas histórias podem fornecer um quadro simbólico para explorar dilemas éticos e valores fundamentais.

Nostalgia e memórias afetivas

Muitas vezes, mundos fictícios também estão associados a memórias afetivas, como lembranças de infância. A nostalgia pode desencadear emoções positivas e uma sensação de conforto, incentivando a conexão contínua com as histórias. O retorno a elas pode reacender emoções e lembranças associadas a momentos significativos da vida. A ficção, por mais banal que possa parecer, é capaz de criar um vínculo emocional duradouro que mantém as pessoas conectadas ao longo do tempo.

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(Imagem: Thor (2011)/Divulgação)

Algo bem válido de se lembrar é a fictossexualidade, coisa que vem sendo comentada e mais explorada atualmente. A influência de memórias afetivas também pode afetar e despertar atrações do público, geralmente feminino, em relação a alguns personagens. Esse fenômeno explica o amor platônico de muitos por figuras fictícias como Loki da Marvel, Eddie Munson de Stranger Things, e Draco Malfoy de Harry Potter.

Entenda melhor: O que é a Fictossexualidade?

Exploração e curiosidade

Complexidade é algo inerente da ficção e é justamente ela que estreita ainda mais esse laço com os fãs. A motivação pela busca constante por mais informações e exploração de uma história pode até se correlacionar com a busca humana pelo novo e desconhecido, o que incentiva a curiosidade e a sede por conhecimento. O público frequentemente se dedica a explorar as nuances dos universos, pesquisando detalhes, conexões e teorias. Essa busca ávida por conhecimento e compreensão pode satisfazer a necessidade humana de aprendizado e crescimento intelectual.

O Caldeirão Furado é um dos maiores canais brasileiros do Youtube a estudar e pesquisar mais afundo o universo de Harry Potter.

Influência do espaço e cultura

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Stranger Things é um dos universos que mais abrangem e retratam as nuances de espaço da Teoria da Literatura (Imagem: Stranger Things/Reprodução)

Para ir mais afundo em como se dá a construção de mundos na ficção, é necessário falar sobre cultura e espaço na Teoria da Literatura. Esses dois conceitos complexos podem ser vistos de duas maneiras.

A primeira perspectiva envolve entender cultura e espaço como algo concreto, relacionado a eventos específicos e circunstâncias reais. Por exemplo, cultura pode se referir às atividades e modo de vida de um grupo social, enquanto espaço pode envolver desde a percepção física do ambiente até sistemas tecnológicos de observação e representação do mundo físico. Por outro lado, a segunda perspectiva trata cultura e espaço como abstrações, sistemas de valores, significados e convenções compartilhadas. Esses conceitos não são apenas coisas tangíveis, mas também ideias que moldam nossa compreensão do mundo e nossa interação com ele.

Ao abordar o espaço, precisamos considerar tanto a forma como percebemos fisicamente o espaço quanto o conceito mental do espaço que usamos para dar sentido ao nosso entorno. Isso inclui nossos sentidos físicos, como visão e audição, bem como sistemas mais complexos de observação e representação, como mapas e tecnologias de medição. Além disso, o espaço é mais que apenas uma questão de percepção física, ele também é um conceito que influencia nossa compreensão científica, filosófica e artística do mundo ao nosso redor.

Já a cultura abrange tanto atividades práticas do cotidiano quanto sistemas de significados mais profundos. Ela evolui e muda ao longo do tempo, refletindo as mudanças na sociedade e nas perspectivas das pessoas. É um fator que molda nossas crenças, valores e como interagimos.

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Ficções científicas costumam abraçar completamente as abordagens de espaço e cultura (Imagem: Duna (2021)/Reprodução)

As relações entre o real, o fictício e o imaginário também são fundamentais nesse contexto. A literatura, por exemplo, mistura elementos reais e imaginários para criar significados mais profundos. O espaço não é apenas físico, ele é influenciado por nossas percepções e interpretações. Ele pode ser transformado em linguagem para expressar ideias e emoções, se tornando parte integrante da narrativa.

Os modos de abordar o espaço nesse contexto se referem a diferentes maneiras como os escritores e criadores lidam em seus universos de ficção:

  • Representação do espaço: significa descrever lugares de forma detalhada para que o público possa visualizar onde a história está acontecendo, como se estivesse assistindo a um filme na mente;
  • Espaço como forma de estruturação textual: o espaço é usado para organizar a história. Por exemplo, diferentes lugares podem representar diferentes partes da trama ou ideias, ajudando a dar forma ao enredo;
  • Espaço como focalização: envolve usar o ambiente para mostrar o que os personagens estão pensando ou sentindo. O espaço reflete as emoções ou perspectivas dos personagens;
  • Espaço da linguagem: o espaço é usado de maneira criativa com as palavras. Pode ser para criar ritmo, pausa ou para transmitir uma sensação específica por meio da forma como as palavras são dispostas.

Universos

Separamos aqui alguns dos universos mais bem construídos, complexos, aclamados e que fizeram história, especialmente no Ocidente.

Marvel e DC

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(Imagem: Disney+ Brasil)

Os filmes de super-heróis da Marvel e da DC exemplificam a narrativa na qual histórias se expandem por diferentes formas de mídia, incluindo filmes, quadrinhos e séries de TV, criando universos interconectados.

Eles são conhecidos por sua riqueza de detalhes e referências, permitindo que as pessoas se sintam conectadas aos personagens e às histórias, descobrindo significados e conexões por conta própria. Essa abordagem não se limitou aos quadrinhos, mas se estendeu a filmes e até programas de TV, o que fez muitos começarem a brincar sobre enredos infinitos como os da Marvel. A maneira como as pessoas consomem e interagem com o entretenimento foi transformada, tornando-as parte ativa da história e enriquecendo a experiência.

Sociedade

Ambos os universos, famosos por suas lendárias histórias de super-heróis e vilões, são mais que simples histórias ficcionais. Eles são espelhos complexos e cativantes das sociedades e culturas que os viram nascer. Embora cada um tenha sua identidade única, ambos compartilham uma série de elementos que os conectam ao contexto social e cultural em que surgiram.

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(Imagem: Batman (2022)/Divulgação)

Ambas as editoras emergiram em momentos de mudanças sociais significativas nos Estados Unidos. A Marvel, por exemplo, ganhou destaque durante a década de 1960, um período marcado por agitação social, movimentos pelos direitos civis e o conflito no Vietnã. Esses tempos de mudança se refletiram em suas revistas em quadrinhos, onde personagens como o Homem-Aranha enfrentavam dilemas do cotidiano.

Mais do que apenas histórias de ação e aventura, tanto a Marvel quanto a DC usaram suas narrativas para fazer comentários sociais e políticos. Os X-Men, por exemplo, frequentemente abordam temas de intolerância e discriminação, enquanto Batman explora a corrupção na sociedade e as complexidades da justiça. Com base nisso, os fãs são convidados a refletir sobre questões do mundo real sob uma perspectiva fictícia.

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(Imagem: X-Men: Apocalypse (2016)/Reprodução)

Moralidade e ética são temas centrais. Heróis como o Capitão América personificam valores como honra e justiça, enquanto personagens como o Batman enfrentam dilemas éticos sobre vingança e a linha tênue entre o herói e o vigilante. Além disso, o tema do poder e responsabilidade é central, com a famosa frase da franquia do Homem-Aranha, “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades“. Isso ressoa com discussões sobre o uso ético do poder em nossa própria sociedade.

Além disso, essas histórias se tornaram verdadeiramente globais, refletindo a globalização da cultura popular e o status icônico que os super-heróis alcançaram em todo o mundo. A Marvel e a DC não são apenas entretenimento, elas são oportunidades para explorar questões complexas e significativas que fazem referência com todo mundo.

Política e sistemas

A política e os sistemas de governo desempenham papel fundamental nesses dois universos, adicionando camadas de complexidade às histórias dos super-heróis e vilões. Embora sejam principalmente cenários de fantasia, eles frequentemente ecoam ou comentam sobre questões políticas e sociais do nosso mundo real.

Em ambos os universos, vemos uma variedade de formas de governo e autoridade. A Marvel muitas vezes se concentra nos Estados Unidos, onde a relação entre super-heróis e o governo é um tema recorrente. Na DC, cidades fictícias como Gotham City frequentemente refletem desafios urbanos e a necessidade de governança eficaz.

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(Imagem: Capitão América: Guerra Civil (2016)/Reprodução)

Já a questão da vigilância e da liberdade individual é um tópico comum. Super-heróis frequentemente operam à margem da lei, desencadeando debates sobre o equilíbrio delicado entre segurança pública e direitos individuais.

A corrupção é um inimigo comum em ambos os universos. Heróis muitas vezes enfrentam vilões corruptos e lutam para expor e erradicar a corrupção em instituições governamentais e corporativas. A política global e as relações internacionais também desempenham um papel em algumas narrativas, com super-heróis frequentemente envolvidos em questões diplomáticas e crises globais. Capitão América: Guerra Civil é um exemplo disso quando o governo dos Estados Unidos aprova o Ato de Registro de Super-humanos, que exige que super-heróis revelem suas identidades secretas e trabalhem para o governo. O próprio Capitão América lidera a resistência contra essa medida, alegando que ela infringe as liberdades civis. Enquanto isso, o Homem de Ferro apoia a lei em nome da segurança nacional.

Universos alternativos também exploram sistemas políticos completamente diferentes, desde regimes autoritários até sociedades utópicas. Essas narrativas permitem que os escritores revelem as consequências de diferentes sistemas políticos.

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(Imagem: Esquadrão Suicida (2016)/Reprodução)

Tanto a Marvel quanto a DC utilizam super-heróis e vilões como metáforas para questões sociais e políticas. Por exemplo, personagens como o Professor Xavier e Magneto dos X-Men frequentemente personificam abordagens diferentes para a igualdade e os direitos das minorias.

Alguns mundos apresentam governos mundiais ou organizações internacionais que lidam especificamente com super-humanos. Isso reflete a necessidade de regulamentação global em um mundo com seres superpoderosos.

Geografia

A geografia também deve ser levada em conta na configuração desses mundos. Apesar das complexidades sobrenaturais e fantásticas que os caracterizam, ela é fundamental para estabelecer um senso de lugar e contexto nas histórias.

A Marvel apresenta Nova York, enquanto a DC é famosa por Gotham City e Metrópolis. Essas cidades fictícias frequentemente incorporam elementos exagerados das cidades reais, mas possuem características únicas que as tornam inconfundíveis.

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(Imagem: Disney+/Divulgação)

A geografia também tem um papel na distribuição de personagens em diferentes partes do mundo. O Pantera Negra governa a nação fictícia de Wakanda, situada na África, enquanto o Aquaman governa a cidade submarina de Atlântida. Essas localizações específicas têm um impacto significativo nas histórias individuais desses personagens.

Além das localizações terrestres, os dois universos frequentemente exploram dimensões paralelas, planetas alienígenas e mundos alternativos. Isso expande a geografia para além dos limites da Terra e permite uma ampla variedade de cenários como a Zona Negativa, Zona Fantasma e o Mundo Bizarro. Esses locais oferecem um terreno fértil para aventuras que desafiam as leis da física e da realidade. Além disso, cultura e mitologia frequentemente se cruzam como a história de Thor e Loki.

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(Imagem: Aquaman (2018)/Divulgação)

A geografia é também usada para explorar diferenças culturais e sociais em várias partes do mundo. Super-heróis frequentemente enfrentam desafios enraizados em questões específicas de uma região ou cultura. Stephen Strange, o Doutor Estranho, é um mestre das artes místicas que frequentemente se envolve em aventuras multiversais. Em suas viagens dimensionais, ele visita locais místicos como Kamar-Taj, no Himalaia, onde treina nas artes místicas, e outros reinos mágicos como a Dimensão Sombria. Esses cenários permitem que as histórias explorem diferentes filosofias espirituais, tradições místicas e desafios sobrenaturais, enriquecendo a narrativa com elementos geográficos e culturais específicos.

Tecnologia

Na área da tecnologia, os dois mundos oferecem uma gama diversificada de gadgets, veículos e armamentos que complementam os poderes sobre-humanos ou a falta deles aos personagens. Esse campo é quase que bem específico e valioso dentro da Marvel e da DC.

Muitos personagens possuem habilidades ou equipamentos tecnológicos que ampliam suas capacidades. Tony Stark usa sua inteligência e riqueza para criar uma série de trajes de alta tecnologia com várias funcionalidades. Já Bruce Wayne abusa de dispositivos e veículos de alta tecnologia para combater o crime.

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(Imagem: Vingadores: Era de Ultron (2015)/Divulgação)

Personagens como Reed Richards, o Sr. Fantástico, e Hank Pym de Homem-Formiga, são cientistas brilhantes que desenvolvem tecnologias avançadas que desafiam as leis da física. Suas invenções contribuem para a expansão do conhecimento científico em suas histórias.

Muitos vilões e heróis contam com armas e trajes tecnologicamente avançados. Doutor Octopus da Marvel utiliza braços mecânicos, enquanto o Lanterna Verde da DC usa um anel de poder que cria construções sólidas com base na força de vontade do usuário. Esses dispositivos proporcionam combates e desafios bem interessantes.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

A inteligência artificial também é um tema recorrente nesses universos. Muitos personagens criam IA, como o Jarvis de Tony Stark ou a superinteligência Brainiac da DC. Elas desempenham papéis importantes na assistência, na estratégia e até mesmo na ameaça para os personagens, provando ainda mais como se dá esse paralelo entre a ficção e a realidade.

Manipulação genética é outra que se destaca. O famoso Duende Verde e o mutante Apocalipse usam tecnologia para aprimorar ou modificar suas habilidades e aparência física. Vale ressaltar que esse âmbito, muitas vezes, levanta questões éticas e morais nos quadrinhos, como a responsabilidade de usar ou não determinadas invenções. Essas questões são exploradas em várias histórias e refletem preocupações da vida real sobre o uso da tecnologia.

Star Wars

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(Imagem: Star Wars: O Despertar da Força (2015)/Divulgação)

Star Wars possui uma comunidade gigantesca de fãs que são prolíficos em debater detalhes e teorias, desvendando conexões profundas entre os filmes e as séries. O universo, famoso por abordar a fantasia no espaço intergaláctico, é tão completo e complexo que já se foi descoberto significados ocultos, paralelos com mitologias e discussões sobre temas como a Força, a redenção e a luta entre o bem e o mal.

O sucesso duradouro da saga está enraizado na habilidade de envolver o público de maneira ativa e profunda, passando limites tradicionais da narrativa cinematográfica. Como tal, ele exemplifica a cultura da convergência, demonstrando que a fronteira entre espectadores e criadores se torna cada vez mais fluida.

Sociedade

O mundo criado por George Lucas nos leva a uma galáxia muito distante, mas estranhamente familiar. Dentro dessa vasta galáxia, encontramos reflexos de questões sociais e culturais profundas que ressoam com a nossa própria realidade. A batalha épica entre os Jedi e os Sith, onde o lado negro da Força representa o mal e o lado luminoso representa o bem, ecoa nossa busca constante por distinguir entre o certo e o errado.

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(Imagem: Disney+/Divulgação)

Já a luta dos Rebeldes contra o Império Galáctico é uma narrativa de resistência contra a opressão e a tirania. Isso pode ser relacionado a movimentos históricos de resistência, bem como à luta contínua por liberdade e justiça social em todo o mundo. Star Wars apresenta uma galáxia diversificada, com uma variedade de espécies e culturas. A coexistência e o entendimento entre essas diferenças refletem a necessidade de tolerância e aceitação na vida real.

A noção de que nossas escolhas moldam nosso destino é uma mensagem central, ressoando com a crença de que todos nós temos o poder de influenciar nosso próprio futuro, apesar das adversidades. Além disso, a natureza da guerra e o custo humano do conflito também são retratados, servindo como um lembrete da importância da paz e da resolução pacífica de conflitos.

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(Imagem: Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança/Reprodução)

Destacando a importância do aprendizado e do compartilhamento de conhecimento em nossa sociedade, a relação entre mentores e aprendizes, como a de Obi-Wan Kenobi e Luke Skywalker, é tema importante. O próprio vilão Darth Vader também é objeto de temas de identidade, redenção e escolhas pessoais, ecoando os desafios individuais que todos enfrentamos em nossa jornada para entender quem somos e o que valorizamos.

Política e sistemas

Não tem como falar de Star Wars sem pensarmos em política, até porque se trata de um tema que é abordado o tempo todo para a moldagem dos cenários em que as histórias se desenvolvem. Esse é um exemplo notável de como esse assunto pode ser entrelaçado com elementos de fantasia e ficção científica.

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(Imagem: Star Wars: Episódio VI – O Retorno de Jedi/Reprodução)

O cerne da saga original gira em torno do conflito entre o Império Galáctico, liderado pelo tirânico Imperador Palpatine, e a Rebelião, uma aliança de planetas e indivíduos que se opõem à opressão do Império. Essa dinâmica política constitui o coração da narrativa e reflete lutas históricas de resistência contra regimes autoritários.

O Senado Galáctico é a instituição política central. Composto por representantes de planetas diversos, ele serve como palco para manobras políticas, debates e negociações, evocando estruturas democráticas que conhecemos em nosso mundo real.

As Ordens Jedi e Sith têm um impacto direto na política galáctica. Os Jedi atuam como guardiões da paz e da justiça, enquanto os Sith frequentemente buscam o poder político e a dominação. Suas interações e conflitos têm implicações políticas bem profundas.

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(Imagem: Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca/Reprodução)

Ao longo da saga, diferentes sistemas de governo são explorados, desde repúblicas democráticas até regimes autoritários e ditatoriais. Essas mudanças de governo refletem a instabilidade política que muitas sociedades enfrentam. Fora isso, ascensão do autoritarismo, resistência contra regimes opressores e as complexidades da diplomacia intergaláctica também são questões que ressoam com a realidade. Kylo Ren é um exemplo disso. Sua transformação de Ben Solo a líder da Primeira Ordem e sua busca por redenção, espelham questões políticas e morais em sociedades.

A busca pela independência planetária também é um tema bastante recorrente, no qual planetas e sistemas estelares frequentemente buscam autonomia política, resultando em conflitos e alianças complexas. Em conjunto a isso, Palpatine e Darth Vader personificam filosofias políticas distintas, com o primeiro representando o autoritarismo e o segundo simbolizando a lealdade a um líder supremo.

Geografia

Apesar de serem produtos da ficção científica, o universo frequentemente incorpora elementos geográficos comparáveis às características da geografia terrestre.

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(Imagem: Disney+/Divulgação)

Star Wars é conhecido por seus planetas e luas como Tatooine, um mundo deserto que moldou o destino de personagens como Luke Skywalker; Hoth, um planeta gelado onde a Aliança Rebelde enfrentou o Império; e Kashyyyk, lar dos Wookiees. Além disso, Naboo, com sua diversidade paisagística, e Jakku, o deserto onde Rey é encontrada, também são cenários relevantes. Bespin, com sua Cidade das Nuvens, desempenhou um papel crucial, e Alderaan foi tristemente destruído.

Cada um possui sua própria geografia única, incluindo características físicas, climas, ecossistemas e paisagens que variam. Alguns são desertos áridos, enquanto outros são cobertos por florestas exuberantes, como Endor.

Não esqueçamos que a presença de água, atmosfera e recursos naturais é fundamental para a viabilidade da vida humana ou alienígena em um planeta. Por exemplo, Hoth é conhecido por seu clima congelante e escassez de recursos, tornando-o um ambiente extremamente hostil.

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(Imagem: Disney+/Divulgação)

A geografia espacial é um fator importante, pois os personagens viajam entre planetas e sistemas estelares por meio de naves espaciais e a localização deles em relação uns aos outros, afeta a logística, os conflitos políticos e as alianças interestelares.

Em termos de conflitos e guerras, planetas que controlam rotas de comércio vitais ou possuem recursos valiosos, podem se tornar pontos centrais. Muitas vezes, a geografia deles também determina a estratégia militar.

Tecnologia

Por ser uma ficção científica, é natural que a tecnologia englobe grande parte desse mundo.

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(Imagem: Disney+/Divulgação)

As naves espaciais são uma parte central. A tecnologia hiper espacial permite viagens mais rápidas que a luz, tornando possível a exploração da galáxia. Naves como a Millennium Falcon e a X-Wing são usadas para transportar personagens e tropas, enquanto as Estrelas da Morte são armas devastadoras de destruição em massa.

Os droides também são elementos bem importantes, sendo robôs com personalidade e habilidades variadas. O C-3PO e o R2-D2 são personagens notáveis, enquanto os soldados imperiais são auxiliados por droides de combate. Mas além deles, também existem androides de protocolo, como Lobot, e os temíveis droidekas de combate. Essa tecnologia desempenha um papel importante na narrativa, desde fornecer suporte técnico até participar de missões perigosas e exemplifica ainda mais o que se pode esperar do futuro com a robótica.

Sobre armas avançadas, se tem os blasters, lançadores de granadas e caças estelares que são usados por facções em guerra, como a Aliança Rebelde e o Império Galáctico. A tecnologia de combate inclui também armaduras como a dos Stormtroopers e os veículos terrestres e espaciais.

Os sabres de luz, armas icônicas, são construídos com tecnologia avançada e cristais kyber. A combinação de tecnologia e Força, é central para os duelos de sabres de luz e a luta pelo equilíbrio na galáxia. Se trata de uma energia mística que dá poderes especiais a Jedis e Siths.

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(Imagem: Star Wars: A Ascensão Skywalker (2019)/Divulgação)

Cibernética e implantes também contam para complementar toda a complexidade de Star Wars, pois muitos personagens, como Darth Vader e o General Grievous, são ciberneticamente melhorados com implantes tecnológicos após sofrerem lesões.

Estações espaciais, como a Estrela da Morte e a Base Starkiller, são exemplos de tecnologia de escala gigantesca que desempenham um papel crítico na trama. Essas bases têm a capacidade de destruir planetas e são elementos-chave em conflitos galácticos.

Já sobre a comunicação interplanetária, só é possível graças a tecnologias avançadas, incluindo hologramas e comlink. Isso permite que personagens se comuniquem em tempo real, independentemente de sua localização na galáxia.

Duna

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(Imagem: Duna (2021)/Divulgação)

A saga criada por Frank Herbert é conhecida por sua complexidade, oferecendo múltiplas camadas de significado e uma mitologia profunda, principalmente por ser uma das ficções científicas mais antigas e clássicas desse gênero.

A expansão de Duna permite uma exploração bem completa sobre política, religião e ecologia. Essa riqueza de detalhes e de profundidade, incentiva os fãs a desvendar mistérios, explorar conexões intertextuais e participar ativamente na construção do conhecimento compartilhado.

Sociedade

Duna é uma obra literária que transcende as fronteiras da ficção científica, refletindo aspectos profundos da sociedade e cultura em que foi concebido. Embora se desenrole em um cenário distante, tanto em tempo quanto em espaço, possui elementos que o conectam com questões sociais e culturais do mundo real.

Estamos falando de um universo centrado em temas que abraçam temáticas que facilmente traçam um paralelo com preocupações sociais e culturais contemporâneas. A trama densa de intrigas políticas e o controle de recursos valiosos, como a especiaria mélange, ecoam as dinâmicas de poder e política que vemos em nossa sociedade, com reflexos nas batalhas pelo domínio de recursos naturais e na geopolítica global.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

A religião é um pilar central do universo, com a fé dos Fremen desempenhando um papel fundamental na narrativa. Isso espelha as complexidades das crenças religiosas e espirituais que desempenham um papel significativo na vida de muitos na vida real.

Já sobre a gestão dos recursos naturais, especialmente a água escassa, é um tema central. Se trata até de uma metáfora poderosa para as preocupações ambientais que têm crescido em importância ao longo das décadas, incluindo a gestão de recursos naturais limitados e a busca pela sustentabilidade.

A noção de herança e legado desempenha um papel significativo, com personagens frequentemente confrontando o peso das histórias de suas famílias e linhagens. Isso reflete preocupações compartilhadas por muitas culturas com a preservação da identidade e história de suas famílias e grupos. Paul é um exemplo disso, sendo filho do Duque Leto e fazendo parte de uma família nobre em conflito com a Casa Harkonnen de início. O personagem enfrenta o peso de sua herança enquanto é treinado nas habilidades místicas das Bene Gesserit e lida com a profecia que o cerca.

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(Imagem: Duna (2021)/Reprodução)

Política e sistemas

Aqui, a política e os sistemas de governo desempenham papéis cruciais na construção da narrativa e na configuração do cenário em que as histórias se desenrolam.

O universo é governado por um extenso Império Galáctico, composto por casas nobres que controlam diferentes planetas e seus recursos. Cada casa detém o controle sobre a produção e distribuição do mélange, uma substância rara e altamente cobiçada. Além do valor econômico, a especiaria também tem propriedades únicas que afetam a saúde e a longevidade das pessoas. O controle sobre ela é essencial para o poder e a política.

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(Imagem: Warner Bros./Reprodução)

O Imperador é a figura de autoridade suprema, mas ele depende das grandes casas nobres para manter o controle sobre vastas regiões do espaço. A intriga política entre essas peças é constante e desempenha um papel vital na narrativa.

Mas além dele, duas organizações secretas, as Bene Gesserit e a Guilda Espacial, têm uma influência política significativa. A primeira usa seus poderes mentais para manipular eventos políticos, enquanto a outra controla as viagens interestelares, exercendo influência econômica e política.

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(Imagem: Duna (2021)/Divulgação)

A religião e as profecias também têm uma grande participação na trama. Paul é visto como um messias pelos habitantes de Arrakis, acrescentando uma dimensão religiosa às dinâmicas políticas.

Geografia

A geografia é um dos principais fatores para a construção desse mundo e da compreensão das dinâmicas que moldam a história e a cultura.

O planeta Arrakis, também conhecido como Duna, é o ponto central da história. Sua geografia é caracterizada por vastas extensões de desertos de areia, dunas imensas e temperaturas extremas. A escassez de água é uma característica distintiva, tornando a água um recurso extremamente valioso como já mencionado. Essa geografia influencia diretamente a cultura e a economia do planeta, bem como as estratégias de sobrevivência.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

Mas apesar de ser um deserto árido, o planeta também apresenta ecossistemas únicos. A vida e a geografia estão intrinsecamente ligadas, e ao longo do tempo, seus habitantes aprenderam a aproveitar ao máximo os recursos limitados.

Arrakis continua sendo o ponto central por ser um objetivo fundamental para várias facções e casas nobres. Sua geografia desempenha um papel crítico na determinação de quem governa o planeta e, por extensão, quem controla a especiaria. Basicamente, os conflitos e alianças são moldados pelas características geográficas dele.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

Mas além do planeta principal da saga, existem diversos outros mundos notáveis, como Caladan, o planeta natal dos Atreides, com sua beleza natural; Giedi Prime, lar dos Harkonnen e um mundo industrial e sombrio; Salusa Secundus, sede do governo imperial; Ix, conhecido por sua tecnologia avançada; Tleilax, lar dos Tleilaxu engenheiros genéticos; Poritrin, onde os irmãos Bene Tleilaxu residem; e Buzzell, planeta oceânico conhecido por suas joias.

A geografia espacial, como os sistemas estelares e as rotas de navegação, também são de grande importância, até porque a navegação interestelar depende da especiaria.

Tecnologia

Duna é outra ficção científica, portanto, tecnologia é um tema que precisa ser apontado por ter uma grande participação. Assim como qualquer outra obra de gênero, ela nos mostra um vislumbre do futuro e faz um paralelo bem interessante com a vida real.

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(Imagem: Duna (2021)/Divulgação)

Uma característica significativa desse universo é a restrição estrita à tecnologia avançada, imposta pela Proibição Butleriana. Isso proíbe o desenvolvimento de inteligências artificiais autônomas, como robôs e computadores superinteligentes, devido a eventos passados que resultaram em rebeliões de IA. É por isso que os computadores são extremamente limitados e raramente usados, quase extintos. As complexidades da navegação espacial, por exemplo, são calculadas por navegadores humanos especiais chamados mentats.

Uma alternativa à tecnologia convencional é a tecnologia biológica. Os Tleilaxu, uma das facções existentes, desenvolvem organismos geneticamente modificados para cumprir várias funções, como criar clones, fabricar armas biológicas e até mesmo gerar especiaria. Em contrapartida, existem tecnologias avançadas que desafiam as restrições da Proibição Butleriana. As espadas energéticas e os escudos de força são exemplos.

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A tecnologia também é influenciada pela religião e espiritualidade. As Bene Gesserit, por exemplo, usam habilidades mentais avançadas que são percebidas como sobrenaturais por aqueles que não compreendem sua verdadeira natureza.

E devido à escassez de água em Arrakis, a tecnologia de conservação de água é crucial para a sobrevivência. Isso inclui trajes especiais com dispositivos de reciclagem de água como os trajestiladores e práticas culturais de conservação.

Harry Potter

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

A série Harry Potter se destaca nesse cenário porque possui um potencial similar aos contos de fadas. Sua mensagem se assemelha aos contos dos Irmãos Grimm, onde o bem e o mal coexistem, sem a padronização do certo e errado.

O mal é tão presente quanto o bem e pode prosperar, dando a sensação de que o mal sempre continua avançando. No entanto, a mensagem do que é certo, é transmitida de maneira sutil, com o bem prevalecendo pelo seu apelo.

Sociedade

A discriminação e o preconceito são temas recorrentes na série, particularmente contra bruxos nascidos trouxas e elfos domésticos. Essas lutas paralelas refletem claramente as preocupações reais sobre preconceito e desigualdade em nossa sociedade.

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(Imagem: Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001)/Reprodução)

A importância da amizade e da lealdade também é uma mensagem central, exemplificada pela união entre Harry, Rony e Hermione. Isso demonstra os valores fundamentais de muitos de nós, como também destaca a importância desses laços na construção da nossa própria identidade.

Os personagens frequentemente enfrentam escolhas morais difíceis, abrindo discussões sobre dilemas éticos. Essas decisões espelham os desafios éticos que todos nós encontramos ao longo das nossas vidas. Além disso, a ênfase na educação e no aprendizado, especialmente na Escola de Magia de Hogwarts, reflete a valorização da educação.

Mas não só isso, o universo também lida com a luta contra a tirania e a busca pela liberdade, recordando movimentos históricos de resistência contra regimes opressores. Tolerância e compreensão entre bruxos e criaturas mágicas diversas, promovem valores essenciais de aceitação e convivência em uma sociedade diversificada.

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(Imagem: Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011)/Reprodução)

Harry Potter, principalmente, aborda temas delicados de amor e perda, particularmente a perda dos pais do protagonista. Essa exploração nos lembra das experiências universais que todos enfrentamos. São pontos como esses que provam o tamanho sucesso da saga, pois o senso de empatia é forte.

Política e sistemas

No mágico universo, a política e os sistemas de governo desempenham papéis cruciais na construção da narrativa e na configuração do mundo bruxo. Apesar de ser uma série de livros de fantasia, Harry Potter explora temas políticos e sociais de maneira perspicaz e significativa.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

O Ministério da Magia é o órgão de governo central no mundo bruxo britânico. Ele é responsável por regular e administrar a sociedade bruxa, bem como manter a ordem e a segurança. A história revela diferentes administrações do lugar, algumas mais competentes e justas do que outras.

A política de discriminação também é retratada com base no status de sangue, com bruxos puros alegando superioridade sobre nascidos trouxas e mestiços. Em Harry Potter e a Ordem da Fênix, o Ministério da Magia realiza julgamentos injustos de bruxos nascidos trouxas, evocando eventos históricos de injustiça e discriminação pelo mundo. Fora isso, a própria libertação dos elfos domésticos e proteção das criaturas mágicas, são leis que refletem os direitos do trabalhador, humanos e animais.

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(Imagem: Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007)/Reprodução)

O retorno de Lord Voldemort e sua busca pelo poder e controle, são tramas políticas centrais e que ilustram como o poder pode ser corrompido e abusado. Para combatê-lo, a formação da Ordem da Fênix, uma organização clandestina de bruxos jovens, reflete a resistência política e a luta contra um governo corrupto.

A relação entre o mundo mágico e o mundo trouxa é um tema recorrente. A política de manter a existência dos bruxos em segredo dos trouxas, é uma preocupação constante. Os conflitos internacionais também refletem esse paralelo com a realidade. Embora toda a história seja principalmente ambientada na Grã-Bretanha, sugere a existência de governos mágicos em todo o mundo e embates no mundo bruxo.

Geografia

A geografia também apresenta um papel muito relevante e vasto na criação de um ambiente mágico e coeso onde a história se desenrola.

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(Imagem: Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001)/Reprodução)

Um dos aspectos mais distintivos desse universo, é a coexistência de dois mundos paralelos: o mundo dos bruxos e o mundo dos não mágicos (trouxas). Lugares como a Plataforma 9¾, a Estação King’s Cross e o Beco Diagonal são exemplos disso, pois servem como pontos de transição entre esses dois mundos.

Sobre as escolas de magia e bruxaria, Hogwarts possui uma área remota na Escócia, cercada por montanhas e florestas, contribuindo para o isolamento e o mistério que a envolve. Além disso, seus corredores e escadas em constante mudança, além de salas secretas, acrescentam profundidade e complexidade ao ambiente.

A Floresta Proibida, o Lago Negro e a Casa dos Gritos também ganham destaque por suas características geográficas únicas que exercem um papel nas aventuras e desafios enfrentados pelos personagens principais. Cidades e vilas mágicas, como Hogsmeade e Godric’s Hollow, já possuem geografias mais específicas que refletem as tradições e a cultura do mundo bruxo. Na arquitetura, as lojas e os locais contribuem para a sensação de um mundo mágico coeso.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

A Batalha de Hogwarts e a fuga do trio principal no Ministério da Magia, são exemplos de eventos que ocorrem em locais específicos com significados profundos. São ambientes de relevância não apenas por suas funções práticas, mas também por suas implicações históricas e culturais na trama.

Vale destacar que quando falamos de viagens mágicas, a rede de lareiras, as viagens de aparatação e a utilização de vassouras também são formas de transporte que dependem de elementos geográficos para funcionar.

Tecnologia

Nesse universo, a tecnologia passa a ser interessante e bastante criativa.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

Com uma ausência de tecnologia moderna, como computadores, telefones celulares e dispositivos eletrônicos, a narrativa ocorre em um cenário que lembra a Grã-Bretanha do final do século XX, mas sem a presença de tecnologia digital. Além disso, a própria magia assume o papel da tecnologia em muitos aspectos da sociedade bruxa. Varinhas, poções, vassouras voadoras e outros objetos mágicos são usados para realizar tarefas que seriam executadas por tecnologia no mundo dos trouxas (não mágicos).

A comunicação se mostra através de corujas usadas para a entrega de correspondências, enquanto a Rede de Flu permite que bruxos viajem instantaneamente de uma lareira para outra. Esses métodos mágicos de comunicação substituem carros e aviões, além de correios e chamadas telefônicas. Já os mapas mágicos, como o Mapa do Maroto, mostram a localização precisa das pessoas em tempo real.

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(Imagem: Warner Bros./Divulgação)

A fotografia é realizada com câmeras mágicas que capturam imagens em movimento, enquanto as pinturas nas paredes têm a capacidade de se mover e interagir com o ambiente.

Os bruxos usam poções e ingredientes mágicos para resolver problemas que, no mundo trouxa, seriam abordados com tecnologia. Poções de cura, poções polissuco e muitas outras servem como alternativas à medicina e à ciência.

Stranger Things

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

Stranger Things é um excelente exemplo de narrativa que envolve fãs em um mundo cheio de mistério e nostalgia. A série, criada pelos irmãos Duffer, é centrada em eventos sobrenaturais ocorridos em uma cidade nos anos 80 e se expande para incluir livros, jogos e merchandising.

Esse mundo evoca nostalgia e transporta os espectadores de volta à época, sendo esse o ponto chave de identificação para muitos. Essa é a maior razão da conexão emocional com o público.

Sociedade

O intrigante universo da série, transcende as telas para tocar profundamente nossos corações e mentes. Dentro desse mundo repleto de elementos sobrenaturais e uma forte dose de nostalgia, também encontramos reflexões sobre questões sociais e culturais.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

A amizade indomável entre os personagens principais é o alicerce da narrativa. Ela destaca a importância das conexões humanas e da união quando confrontados com desafios sobrenaturais e problemas pessoais.

A personagem Eleven, com suas habilidades especiais, enfrenta a exclusão e o isolamento antes de ser acolhida pelo grupo de amigos. Isso nos faz refletir sobre questões de diferença e aceitação na nossa própria sociedade. Além disso, vários outros personagens como o marcante Eddie Munson, lidam com traumas e desafios bem pessoais. Suas jornadas de superação exaltam justamente a resiliência humana diante das adversidades.

Um dos detalhes mais populares e já citados é o fato da história evocar fortemente a cultura dos anos 80, o que nos transporta para uma era de músicas icônicas, filmes clássicos e um estilo único. Quando isso vem à tona, nos faz refletir sobre como a cultura pop molda as nossas vidas e memórias, além de trazer um senso para muitos que não viveram a época, de se identificarem.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

Os elementos sobrenaturais e os mistérios sinistros, pontos principais do universo, alimentam nossa curiosidade e nosso desejo de explorar o desconhecido, provando o fascínio inerente do ser humano pelo inexplicável. A jornada dos personagens de crianças para adolescentes, enfrentando desafios sobrenaturais e comuns, também reflete a transição universal do amadurecimento e crescimento que atravessamos ao longo da vida.

Política e sistemas

Apesar de ser uma série de ficção científica e fantasia, Stranger Things incorpora elementos políticos de forma sutil, mas extremamente impactante.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

A maior parte da trama se passa na fictícia cidade de Hawkins, Indiana. O governo local, incluindo o departamento de polícia e a administração municipal, possui um papel na resposta aos eventos que ocorrem. A instalação governamental conhecida como Laboratório de Hawkins, onde ocorre operações de pesquisa e experimentação conduzidas pelo governo federal, é o catalisador para os acontecimentos que envolvem seres interdimensionais e paranormais.

Ao longo da história, se torna evidente que o governo está envolvido em atividades secretas e faz esforços para encobrir a verdade sobre o que está acontecendo na cidade. Isso lança luz sobre questões de transparência governamental e ética na vida real.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

Os pais e adultos na série frequentemente representam diferentes abordagens para lidar com a ameaça sobrenatural. Alguns estão dispostos a acreditar nas crianças e tomar medidas, enquanto outros são céticos ou têm medo de represálias do governo.

À medida que a série avança, o governo busca controlar e conter as ameaças interdimensionais, às vezes à custa da segurança dos cidadãos. Essas ações nos lembram de questões complexas sobre a linha tênue entre segurança nacional e direitos individuais. Além do mais, a desconfiança nas autoridades governamentais, especialmente entre os personagens mais jovens, ressalta as atitudes céticas que eram comuns em relação ao governo durante a época dos anos 80 e que persistem até hoje.

Geografia

Nesse universo, a geografia ajuda na criação de uma atmosfera bem peculiar e significativa por conta da condução da trama.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

Como já mencionado, Hawkins encapsula a essência de uma pequena cidade americana. Casas suburbanas, escolas, florestas e lagoas, criam a sensação de um ambiente comunitário e aconchegante. No entanto, essa geografia também esconde segredos sombrios que formam a base de tudo.

O laboratório da cidade é uma localização crucial na série. Sua localização nos arredores, escondida na floresta, é parte fundamental da narrativa. Seus corredores sombrios e salas secretas, contrastam fortemente com a paisagem idílica de Hawkins, adicionando uma dimensão de suspense e mistério a todo momento. Além disso, o famoso Mundo Invertido, um lugar paralelo cheio de perigos, é acessado através do laboratório e desempenha um papel mais que essencial para toda a história desde a primeira temporada. Basicamente, assim como o mundo de Duna, sem ele, a série não existiria.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

Para a criação de cenas de ação, aventura e suspense, a floresta é um local onde as crianças se aventuram em busca de pistas, enquanto o lago é palco de eventos importantes. Esses cenários naturais contribuem para a atmosfera misteriosa, emocionante e envolvente. Ao longo das temporadas, a expansão da cidade e a urbanização em curso, passam a desempenhar um papel na transformação da dinâmica da comunidade. Essas mudanças na geografia refletem questões sociais e econômicas que afetam todos os personagens.

Algo bastante único é que no momento em que nos acostumamos com as bicicletas, o meio de locomoção de Eleven, Mike, Dustin, Lucas e Will, também percebemos a introdução de outros transportes, pois a história passa a se expandir para outros lugares mais além. Esse detalhe engrandece a parte da geografia sendo um elemento indispensável e primordial.

Tecnologia

Os elementos sobrenaturais com uma configuração de época, são os pontos-chave de toda a trama tecnológica do universo.

Como já falado, Stranger Things se passa numa época antiga, portanto, a tecnologia retratada na série reflete a era. Ao invés de smartphones, internet ou computadores mais modernos avançados, a série mostra a tecnologia da década, como telefones fixos, walkie-talkies, aparelhos de TV de tubo e máquinas de fliperama.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

Os personagens principais, especialmente as crianças, usam walkie-talkies para se comunicar e coordenar suas aventuras. Isso adiciona um elemento de nostalgia e suspense à história, uma vez que eles dependem de comunicações de rádio de curto alcance.

O universo também retrata meios tecnológicos mais limitados. O Laboratório de Hawkins possui computadores que processam informações, mas não têm a capacidade de conectividade global que temos hoje.

Grande parte da tecnologia na série está ligada aos eventos sobrenaturais que ocorrem na cidade. Isso inclui dispositivos como o rádio de ondas curtas usado por Joyce para se comunicar com seu filho desaparecido e os experimentos no laboratório, que envolvem tecnologia para abrir portais para o Mundo Invertido.

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(Imagem: Netflix/Divulgação)

A história também destaca eletrodomésticos, como telefones, televisores e rádios. Alguns desses dispositivos são afetados pelo sobrenatural, criando situações assustadoras e que demonstram ainda mais como eles tem uma significância para a narrativa. Além do mais, os personagens começam a usar armas e equipamentos de caça para enfrentar ameaças como o Vecna. Isso inclui lanternas, armas improvisadas e dispositivos de monitoramento.

Game of Thrones

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(Imagem: HBO/Divulgação)

Game of Thrones é um exemplo impressionante de construção complexa de mundo que conquistou uma audiência fenomenal. A série, baseada nos romances As Crônicas de Gelo e Fogo de George R.R. Martin, se expandiu para incluir romances, histórias em quadrinhos, jogos, guias, merchandising e até mesmo experiências de realidade virtual. Esse fenômeno permitiu que os fãs explorassem ainda mais o intrincado e sombrio mundo de Westeros, o continente principal.

O universo é conhecido por sua complexidade política, personagens multifacetados e tramas bem intrincadas, bem como por sua representação de temas como poder e traição. Isso já resultou em inúmeras discussões profundas sobre ética, política e psicologia até em teses de universidades. Além disso, Game of Thrones criou uma conexão emocional com o público, mesmo quando os personagens eram ambíguos ou moralmente ambíguos, fazendo-os figuras memoráveis e dignas de análise.

Sociedade

Tamanho o sucesso especialmente pela série, não existem dúvidas que estamos falando de uma criação que transcende a ficção e oferece reflexões bem completas.

A luta pelo Trono de Ferro, centro da trama, lança luz sobre o desejo humano pelo poder e as complexidades da política. Isso nos faz refletir sobre as dinâmicas de poder e intriga que ocorrem na realidade. As casas nobres em Westeros, como os Stark, Lannister e Targaryen, destacam a importância da família e da máxima lealdade em todos os aspectos.

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(Imagem: Game of Thrones/Reprodução)

Personagens como Jon Snow e Daenerys Targaryen exploram questões de identidade e busca por autenticidade, ressoando com as jornadas de autodescoberta que muitos de nós enfrentamos em nossas vidas.

Questões de desigualdade social, injustiça e exploração também são exploradas de maneira contundente, levantando questões sobre justiça social e equidade na nossa própria sociedade. Sexualidade e gênero também não são pontos de esquiva, o que gera debates contemporâneos sobre igualdade de gênero e diversidade sexual. Um exemplo notável é a jornada de Brienne de Tarth, que quebra as expectativas tradicionais de feminilidade e enfrenta discriminação de gênero. Loras Tyrell e Renly Baratheon seguem a mesma linha.

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(Imagem: HBO/Divulgação)

Cenas de violência e conflito também são algo comum nesse mundo, explorando as terríveis consequências da guerra. Isso nos desperta sobre os horrores da violência e os impactos devastadores que ela pode ter também no mundo real. Além disso, elementos sobrenaturais, como os Caminhantes Brancos, têm implicações nessa questão também.

Algo bem comum são as escolhas morais difíceis que alguns personagens precisam ter, o que nos mostra questões sobre ética e responsabilidade num todo. A identificação do público é muito influenciada por esses pontos também.

Política e sistemas

Esse é um universo em que as intrigas políticas, as alianças e as lutas pelo poder são o foco central.

Explorando universos: como se dá a construção de mundos na ficção?. Descubra os segredos por trás das maiores criações de ficção e como elas se mostram relevantes e cativantes até os dias de hoje
(Imagem: HBO/Divulgação)

Westeros é dividido em sete reinos, cada um com seu próprio governante. O sistema de governo é uma monarquia feudal, com reis e senhores regionais que juram lealdade ao Trono de Ferro, localizado na capital, Porto Real.

O trono é o símbolo supremo de poder. A luta pelo seu controle é o principal conflito político da história, com várias casas nobres competindo pelo direito de governar. As alianças e rivalidades entre elas, muitas vezes determinam os destinos dos personagens e o curso dos eventos.

Mas além dessas casas, existe a Patrulha da Noite, uma ordem dedicada a proteger o reino dos perigos que espreitam além da Muralha, uma vasta barreira de gelo ao norte do continente. Essa ordem opera independentemente do governo central e é uma força política em si.

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(Imagem: HBO/Divulgação)

Já a parte da religião se dá por diferentes cultos religiosos que ganham influência em momentos-chave, levando a conflitos políticos, o que também não é raro de se ver no mundo real. A Fé Vermelha e os Homens sem Rosto são exemplos disso.

Já alguns personagens exilados, como Daenerys Targaryen, buscam recuperar o trono que lhes foi tomado por forças políticas. Esses retornos representam desafios para os governantes estabelecidos. Porém, além das lutas internas pelo poder, Westeros enfrenta ameaças externas, como os já mencionados Caminhantes Brancos e os Dothraki.

Geografia

Para se ter um mundo tão gigantesco como Game of Thrones, é indispensável falar dos territórios e todos os terrenos que o abrangem, até porque eles também tem uma grande participação em toda a narrativa. Resumidamente, quem conseguir o Trono de Ferro, ganha poder sobre todos os lugares.

Cada um dos reinos possui sua própria geografia única, incluindo paisagens variadas, climas e características naturais. Por exemplo, o Norte é uma região fria e montanhosa, enquanto o Desembarque do Rei é mais temperado e possui uma cidade capital, Porto Real, situada em uma baía estratégica.

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(Imagem: Game of Thrones/Reprodução)

A localização de castelos e fortalezas também é fundamental para o controle e rotas de comércio. A Estrada do Rei, que liga o Norte ao Sul, é uma importante via de transporte para isso. Além do mais, a localização de portos, como o de Porto Real e o de Pedra do Dragão, é essencial para o comércio marítimo.

A existência da imponente Muralha, que separa o Norte habitado dos territórios selvagens e inóspitos, influencia na geografia áspera e desafiadora, criando um ambiente que molda a cultura e a tenacidade dos habitantes dessa região.

Mas além desses sete reinos, Essos, do outro lado do Mar Estreito, é um lugar igualmente diverso e rico. Ele é composto por uma série de cidades-estados, desertos, planícies e locais exóticos, cada um com suas próprias geografias e culturas únicas. Já a localização estratégica das Cidades Livres, como Braavos e Pentos, influencia as relações políticas e econômicas.

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(Imagem: Game of Thrones/Reprodução)

Viagens e aventuras ao longo da história, mostram jornadas através de florestas, montanhas e mares que trazem desafios únicos, e os personagens devem se adaptar às condições geográficas em constante mudança. Um dos aspectos bem únicos e relevantes de Westeros é exatamente esse ciclo de estações imprevisíveis. O inverno e o verão podem durar anos, afetando profundamente a economia e a sobrevivência da população.

Tecnologia

O universo consiste muito de fantasia medieval, o que faz a tecnologia ser significativamente diferente dos cenários de ficção científica que já falamos.

A comunicação é lenta e depende de mensageiros a cavalo ou navios. Não há telefones, internet ou sistemas de comunicação instantânea. As corujas também são usadas para enviar mensagens em algumas situações.

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(Imagem: HBO/Divulgação)

Já os castelos, muralhas e fortalezas do mundo são construídos com técnicas medievais. Não existem máquinas de construção modernas, e a arquitetura reflete as limitações tecnológicas da época, bem como o transporte composto apenas por carroças e cavalos.

A medicina também é limitada em comparação com os padrões modernos. A alquimia é usada em algumas situações, mas a compreensão científica da saúde e da anatomia é rudimentar. Os livros são manuscritos escritos à mão, e a comunicação escrita é feita com pena e tinta. Não existe impressão em massa, fotocópias ou meios de comunicação eletrônicos.

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(Imagem: Game of Thrones/Reprodução)

Assim como no universo de Harry Potter, a grande parte da tecnologia se resume a magia. No entanto, se trata de um tipo de força misteriosa que é dominada somente por alguns personagens, como Melisandre e Bran Stark.

O mundo de Westeros lembra bastante a Europa medieval, onde a tecnologia é limitada e baseada em métodos e materiais da época. Não há eletricidade, motores a combustão, armas de fogo ou dispositivos de comunicação modernos. Em relação a guerras, armas e armaduras são caracterizada por espadas, lanças, arcos e armaduras medievais. O uso de dragões e bestas é uma das exceções, mas eles são considerados raros e altamente poderosos.

Adicionais que fazem diferença

Para a construção de mundos, alguns outros elementos podem ser levados em conta.

Jornada do Herói

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Padrão é uma estratégia de escrita que já influenciou muitas histórias de sucesso no cinema e na literatura (Imagem: Disney+/Divulgação)

A Jornada do Herói, também conhecida como Monomito, é um padrão narrativo que descreve as etapas pelas quais um herói passa em uma história. Essa estrutura narrativa, popularizada por Joseph Campbell em sua obra O Herói de Mil Faces, descreve uma sequência de eventos que um personagem central enfrenta durante sua jornada em direção à transformação pessoal e à conquista de um objetivo significativo.

A influência dela nos mundos fictícios é profunda e pode ser explicada através de várias lentes.

Identificação e empatia

A Jornada do Herói é projetada para se conectar com experiências humanas universais, tornando-a altamente identificável para o público. Ao seguir as etapas da jornada, os personagens enfrentam desafios, superam obstáculos e crescem emocionalmente. Os público também pode se identificar com esses desafios e emoções, projetando suas próprias experiências na narrativa e desenvolvendo a famosa empatia de que tanto já falamos.

Arquétipos e simbolismo

Uma série de arquétipos e símbolos que são reconhecíveis e poderosos, ajudam a construir uma boa história. Arquétipos como o mentor, o chamado à aventura, a jornada através do desconhecido e o confronto final com um vilão, têm apelo universal. Esses elementos simbólicos ressoam com a psique humana e podem criar uma sensação de familiaridade e significado nos fãs.

Transformação e desenvolvimento pessoal

Essa jornada também enfatiza a transformação do herói ao longo da história. Isso reflete as aspirações humanas de crescimento pessoal, superação de desafios e realização de potencial. Os fãs são atraídos por ver os personagens enfrentarem adversidades, desenvolverem habilidades e se tornarem versões aprimoradas de si mesmos.

Narrativa imersiva e engajamento

A estrutura dessa estratégia cria uma narrativa envolvente e cativante. À medida que os heróis avançam por etapas claramente definidas, os fãs são conduzidos por uma história coerente e emocionalmente ressonante. Isso mantém o público engajado, investido na história e ansioso por ver como os personagens iram superar os desafios.

Universalidade cultural

A Jornada do Herói é um padrão narrativo que transcende culturas e fronteiras. Isso é especialmente importante em mundos fictícios os quais abordamos. A universalidade da estrutura permite que pessoas de diferentes origens culturais e sociais encontrem pontos de conexão e compreensão nas histórias.

Satisfação narrativa

Sua estrutura oferece uma sensação de satisfação narrativa. Os fãs acompanham o herói à medida que ele enfrenta desafios, supera dificuldades e atinge seu objetivo final. Esse senso de conclusão e realização no final, proporciona uma experiência gratificante e de satisfação.

A importância da singularidade de personagens

No contexto da construção de universos de ficção, personagens que seguem a Jornada do Herói, se tornam figuras emblemáticas e inspiradoras, transmitindo valores, aspirações e emoções compartilhadas pelos fãs no mundo todo. Ela é bastante identificável em histórias idolatradas como a de Tony Stark, Luke Skywalker e Harry Potter. Se trata de uma estratégia bem clássica e atemporal e que rende frutos até hoje, pois é a forma mais comum de fazer o público se simpatizar com o que está consumindo. Mas será que existem outros fatores?

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A franquia de Star Wars conquistou tamanha audiência que até ganhou um dia mundial para ser exaltada (Imagem: Getty Images)

Personagens são as âncoras que conectam os fãs a esses universos complexos e cativantes. Eles não são meras figuras de ficção, mas símbolos culturais que moldam a forma como vemos o mundo e as histórias que contamos uns aos outros. Suas narrativas continuadas em quadrinhos, filmes e séries garantem que os fãs permaneçam investidos nas jornadas e evoluções ao longo do tempo. Essa expansão contínua, seja até por meio de novos personagens ou exploração de mitologias, enriquece a experiência e mantém esses mundos de ficção sucedendo sem pausa.

  • Diversidade étnica e cultural: A inclusão de personagens de diferentes origens étnicas e culturais enriquece a construção da narrativa, porque oferece visões variadas de mundo e reflete a realidade multicultural da sociedade. Personagens como T’Challa de Pantera Negra, Rey e Finn de Star Wars e Cho Chang de Harry Potter, exemplificam essa diversidade.
  • Diversidade de gênero e orientação sexual: Personagens LGBTQ+ e personagens femininas fortes ganharam destaque em muitas dessas franquias. Isso não apenas representa a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero, mas também quebra estereótipos. Por exemplo, Lando Calrissian de Star Wars, foi retratado como pansexual, e personagens como Hermione Granger de Harry Potter e Arya Stark de Game of Thrones, são exemplos de mulheres fortes e independentes.
  • Exploração de temas relevantes: Muitos universos usam a representatividade para explorar temas relevantes, como preconceito, discriminação e igualdade. Isso proporciona uma plataforma para discussões importantes e incentiva a reflexão sobre questões sociais o tempo todo.
  • Identificação e impacto cultural: A representatividade permite que um público diversificado se identifique e crie empatia com os personagens, tornando as histórias mais acessíveis e relevantes para uma variedade de espectadores e leitores. Junto a isso, colabora no aumento da influência positiva da cultura popular, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva.

Literatura x Adaptação

A questão da literatura versus adaptação, é um debate constante no mundo do entretenimento, especialmente quando se trata de transformar obras literárias em filmes, séries de TV ou outros tipos de adaptações. Mas ambas as formas de contar uma história têm seus méritos e desafios distintos.

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Explorando universos: como se dá a construção de mundos na ficção?

Quais são suas diferenças e como elas impactam de modo geral?

Literatura

  • Exploração profunda: A literatura permite uma exploração profunda dos personagens, ambientes e temas. Os autores podem entrar nos pensamentos e emoções dos personagens de maneira detalhada, proporcionando uma compreensão íntima de suas motivações e personalidades.
  • Imaginação ilimitada: A literatura não está limitada por restrições orçamentárias ou tecnológicas, permitindo que os escritores criem mundos e cenários tão vastos e complexos quanto desejarem.
  • Experiência individualizada: A leitura é uma experiência pessoal e subjetiva, permitindo que cada leitor interprete e visualize a história de maneira única.

Adaptação

  • Acesso a um público maior: Adaptações para filmes, séries e outras mídias podem alcançar um público muito maior do que os livros. Elas têm o potencial de popularizar histórias e autores, tornando-os mais acessíveis ao público em geral.
  • Elementos visuais e sonoros: As adaptações podem incorporar elementos visuais, sonoros e cinematográficos que enriquecem a experiência, como efeitos especiais, trilhas sonoras e cenários deslumbrantes.
  • Tempo e acessibilidade: Nem todos têm tempo para ler livros extensos, então adaptações podem ser uma maneira eficaz de apresentar histórias complexas em um formato mais acessível.

No entanto, é importante reconhecer que adaptações nem sempre conseguem capturar completamente a profundidade e a riqueza das obras literárias originais. Muitas vezes, devido a restrições de tempo, orçamento ou outras considerações, aspectos importantes podem ser simplificados ou omitidos. Isso pode levar os leitores a se sentir desapontados com as adaptações, o que acontece muitas vezes.

E você? Tem algum universo preferido? Conta para gente nos comentários!

Veja também: Mapas fantásticos: como os autores imaginam seus mundos da ficção

Fontes: O POVO, UFMG, UERJ, Rua

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (16/09/23)


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