Índice
Nesta terça-feira (10), às 16h, o novíssimo game da franquia Call of Duty foi ao ar para PC, PlayStation 4 e Xbox One. O lançamento, que ganhou o título Warzone, foi anunciado no dia anterior e pegou todos de surpresa – até mesmo os que já estavam ligados em supostos vazamentos.
O game é um FPS (tiro em primeira pessoa) gratuito e serve como uma adição ao recente Modern Warfare, (reboot de 2007) que foi lançado em agosto de 2019. Para quem já tem o MW, basta baixar uma atualização de 20 GB. Aos demais, é necessário reservar cerca de 100 GB do console/PC para dar conta do jogo inteiro – que infelizmente não inclui o restante de Modern Warfare.
Para você saber se vale ou não a pena o download de Warzone, nós jogamos os dois modos disponíveis (battle royale e coleta de dinheiro) e contamos nossas primeiras impressões a seguir. De quebra, contamos o que esperar do game a longo prazo, em um ambiente hostil de fortes concorrentes do gênero.
Battle Royale
O modo de destaque do lançamento não é novidade nem para os fãs da franquia e muito menos para os gamers ligados nos sucessos da década. Por isso, vale a pena entender um pouco a proposta e, em seguida, vermos no que ela se diferencia do restante.
Contexto dentro e fora do universo CoD
Se você está acostumado à mecânica de Modern Warfare, vai se sentir “em casa” com Warzone. Ele é apenas uma adição aos modos de multiplayer inclusos no game original, com a adição do (clichê) battle royale. Uma febre há alguns anos em outros jogos, o tal modo consiste de grupos de jogadores em confronto direto em uma ilha, sobrevivendo à base de coleta de itens, como armas e kits de vida. Sim, este é um “Fortnite de gente grande”.
A franquia Call of Duty já arriscou uma vez com o modo no Black Ops 4, de 2018, chamando o battle royale próprio de “Blackout”. A primeira distinção entre os modos nestes dois games é a desenvolvedora: enquanto BO4 foi feito pela Treyarch (que cuida há anos do selo “Black Ops”), o segundo é da Infinity Ward (do primeiro CoD, que tem cuidado do selo “Warfare”).
E se o gênero emergente é familiar, talvez seja porque PlayerUnknown’s Battlegrounds (ou “PUBG“), que veio um ano antes de Fortnite, tenha contribuído na popularização do modo. Fato curioso é que as obras Jogos Vorazes (trilogia) e O Senhor das Moscas também sigam, a mesma linha, mesmo que explorando isso no meio impresso. Fato é que battle royale, também abreviado como B.R., chegou para ficar.
Proposta e jogabilidade
Nada menos que 150 jogadores, divididos em esquadrões de até três pessoas, pulam em uma ilha à procura de itens em busca de suprimentos e armas, esperando a gradual nuvem tóxica fechá-los em uma área minúscula. Warzone é, literalmente, uma zona de guerra, e você vai sentir isso na pele.
Classes de armas tradicionais da série CoD são espalhadas ao longo de Verdansk, cidade onde tudo se passa, em “300 pontos de interesse” muito bem distribuídos. Há conflitos entre áreas urbanas, rurais, fábricas, residências e campos abertos (planos ou montanhosos). Ao falar sobre a arquitetura, o game não deixa na mão.
Neste modo, por mais que a sua vida seja prioridade, você só tem direito a um único respawn “gratuito”. Assim, ao morrer no campo de batalha, pode entrar em disputa (1×1) contra outro jogador aleatório que está na mesma partida que você em uma área chamada gulag – que historicamente é bem pior que nesse jogo. Se você vencer, pode renascer no mapa junto aos seus companheiros. Se perder, deve esperar que eles gastem 4,500 créditos para te reviver.
Falando em créditos, um outro diferencial importante do jogo é o lado monetário da brincadeira: no meio da partida você pode buscar contratos e, após cumpri-los, receber recompensas. Eles vão de “mate um jogador específico” e “domine uma área” ao mais simples, que consiste de lootear baús espalhados aleatoriamente pelas proximidades.
Similar à estação de compras de um de seus antecessores (o modo Spec Ops de Modern Warfare 3, lançado em 2011), agora você pode adquirir itens especiais ao coletar certas quantias de dinheiro. Assim é possível ordenar um ataque aéreo ou ativar um radar de reconhecimento de inimigos nas proximidades, bem como a já citada função de reviver colegas de equipe.
Falando ainda sobre monetização, na sequência do battle royale discutiremos outro modo “bastante capitalista” que chegou em Warzone, a coleta de dinheiro competitiva chamada Plunder.
Comparando Warzone à concorrência
A principal distinção do game à concorrência é o uso de escudo. Você já é liberado no mapa com uma pistola e um escudo que pode ser melhorado ao coletar peças pelo mapa. Em outros B.R., a lógica costuma ser a reposição de uma peça única, junto a consumíveis que te fazem recuperar a “vida do escudo”. Neste, é apenas uma melhoria, e todos possuem o mesmo nível máximo.
Por consequência, enquanto em conflito a suas chances de recuperação são mínimas, mesmo que você tenha peças de escudo de sobra. Nos títulos da concorrência, você costuma ter toda a rapidez para recuar e se recuperar – Fortnite com construções, Apex Legends com habilidades dos “campeões”, por exemplo. Neste ponto, Warzone lembra bastante o aspecto realista de PUBG.
Na sequência, exploraremos mais alguns destaques do game e potenciais melhorias que Warzone poderia aprender com outros games que também possuem battle royale – ou que são dependentes do modo.
PUBG
O já citado PUBG ajudou a popularizar o uso de veículos para locomoção no mapa, e Black Ops 4 só reafirmou que a lógica também se aplicaria ao universo de CoD. Em Warzone, não é diferente, mesmo que aconteça de forma limitada. São cinco veículos, sendo 1/3 da vasta lista que PUBG apresenta. Na ilha você pode encontrar um ATV (dois assentos), Rover, SUV, helicóptero (quatro assentos) e um Cargo Truck. As 15 variações da concorrência deixam claro o ponto que Warzone poderia melhorar.
Assim como Fortnite, que citamos na sequência deste bloco, PUBG é cross-plataforma, e Warzone aprendeu com pedidos do público – e o sucesso de MW – a migrar a função também para o B.R. e colocar um sorriso no rosto dos fãs. Ou seja, você que é dono de um Xbox pode competir com quem está no PC ou no PlayStation.
Apex Legends
Mesmo que a série Battlefield tenha trazido aos FPS mainstream a possibilidade de marcar inimigos ou itens no mapa, foi no battle royale Apex Legends que a função se tornou essencial ao modo de jogo. Porém, as opções de “ping”, como a ação é chamada, no Warzone são mais limitadas que em Apex. No CoD, você só pode marcar áreas indicando sua rota de locomoção, itens no chão ou inimigos, enquanto no (agora) concorrente há uma roda para seleção de 7 avisos.
Se você levar em consideração que comunicação é essencial – afirmamos que realmente é! – no jogo, realmente este é um ponto fraco. O botão assimilado (direcional para baixo, se você usar um controle) também mostra a má mapeação do comando, pois o fato de mover o dedo do analógico esquerdo em uma situação de conflito, só para indicar um inimigo, pode ser fatal.
Uma última comparação a Apex é o diferencial que o game, lançado no ano passado (outro “atrasado” da febre), popularizou à mecânica de munição. Com diferentes tipos de arma, a rapidez de busca por munição é facilitada pela classificação em cores vivas: verde-água, azul, vermelha e laranja, por exemplo. Cada uma representa uma classe, de rifles de assalto à snipers e submetralhadoras.
Nos outros B.R. da atualidade, incluindo em ambos os Call of Duty, não há a mesma lógica. Você depende 100% da leitura ao passar a mira sobre os itens. Novamente, é uma adição que poderia ser interessante e ajudaria bastante na busca ao redor do mapa. Mesmo que de forma sutil, sem perder a proposta “séria” da franquia, isso faria toda a diferença.
Fortnite
Não poderíamos deixar de lado o hit Fortnite dessa lista de comparações. O principal contraste entre ambos é bem claro para quem já jogou, pois o público-alvo também é distinto. Fortnite se baseia em um gameplay focado em construções, o famoso crafting e a coleta de recursos (não somente dos itens consumíveis e armas).
Torres de madeira, fogueiras e escadas em espiral são adereços que jogadores comuns de Call of Duty nunca esperaram ver brotar no meio de uma partida multiplayer, mesmo que eles abracem o tão falado gênero de battle royale.
Plunder
O segundo modo do jogo, chamado Plunder (cuja tradução literal é “saque”), consiste de você acumular 1 milhão de créditos coletando ao redor do mapa ou cumprindo contratos – virtualmente, da mesma forma que no B.R., felizmente. Ao longo da jogatina, é recomendado depositar a quantia que você carregar em uma área específica, chamando um helicóptero para coleta. Do contrário, se você morrer, metade do dinheiro é perdido.
Para sua sorte, a grana é somada entre os três indivíduos do seu time. Para seu azar, o processo é lento e bastante doloroso. Neste modo, você também pode dar respawn de forma ilimitada, em áreas aleatórias ao longo do mapa. Como resultado, se você ou um companheiro morrer em conflito, conte com a sorte de um de vocês cair de volta próximo a área que estavam, já que sua “segunda vida” pode ser o suficiente para derrotar os outros competidores.
Assim que um time atinge a meta de 1 milhão, um modo bônus é ativado e ninguém mais perde dinheiro ao morrer, o que só aumenta espírito competitivo de todos os envolvidos. Se você estiver próximo da meta e não estiver em 1º lugar, essa é sua chance. A adição deste momento dá uma quebra à dinâmica do jogo, fazendo com que a concentração de jogadores seja na maior área de conflito – por consequência, onde devem estar os membros do esquadrão perto de vencer.
De forma descontraída, venci 3 das 5 partidas que joguei nestes primeiros dias de Warzone. De longe, é uma vitória mais palpável (a jogadores que entenderem bem as regras) do que o battle royale. Basta correr até a área de depósito assim que você atingir $50 mil, por exemplo, e repetir o processo. Caso você dê sorte de cair com teammates bem coordenados, a vitória chega fácil.
Adições ao CoD Mobile
No blog oficial de CoD foi revelado um evento especial em outro jogo da franquia, que também chegou no ano passado, o Call of Duty: Mobile, que já indicamos por aqui. O game bateu recordes de download no lançamento e, até o próximo dia 23, você terá direito a um dos personagens “épicos” (mostrados na imagem abaixo) para adicionar à sua coleção.
O importante é a sua conta do Mobile ser a mesma que você utilizar no Warzone, o que impede aqueles que não jogaram o recém-lançado de aproveitarem a mamata. Se você tiver o Modern Warfare, basta atualizá-lo para que os servidores reconheçam sua moeda “vale-personagem”.
Como resultado: a franquia Call of Duty teve três sucessos absolutos lançados somente nos últimos 7 meses. Tratando-se de público, que pode ou não ter migrado entre os três (em específico de Mobile e Warzone, por ambos serem gratuitos), este é um feito notável. E não é o único dessa leva.
Prova do sucesso
O novo CoD já se destacou em meio a outros jogos – não só battle royale –, como o próprio Twitter da marca publicou nesta 5ª feira que, somente nas primeiras 24 horas, 6 milhões de jogadores aproveitaram o game, somando as três plataformas. Segundo o Sullygnome, site que compila dados de visualização de plataformas online, meio milhão de pessoas assistiram a um total de quatro milhões de horas na Twitch, streaming de games, também no primeiro dia do jogo.
Lançamentos surpresa, seja com vazamento e levantamento de suspeitas ou não, costumam ir bem também. Apex Legends, de 2019, foi um exemplo ótimo disso, já que foi ao ar no dia que foi anunciado. Outro paralelo a fazer com o game é a inspiração em outro universo – Apex no contexto de Titanfall, e Warzone no de Modern Warfare. O concorrente também chegou à marca de 50 milhões de jogadores no primeiro mês. Será que CoD bate a marca?
Uma forma de atrair o público ao game é a sede dos usuários por competir em múltiplas plataformas. Particularmente, tenho colegas de jogatina de outras plataformas (em especial, PC) que não têm espaço para competição em jogos que não sejam Overwatch e Rocket League. Com o público conquistado, só resta manter. Infelizmente, pela minha experiência no jogo, eles podem falhar feio nessa missão.
Fracasso a longo prazo?
Em meio a tantos recursos e comparativos, é inevitável pensarmos no impacto do game a longo prazo. Na primeira noite do jogo, o que se supõe ser o maior fluxo (no mínimo, nacional) de jogadores, houve um pequeno problema com o sistema de preenchimento de lobby – ou seja, encontrar e agrupar os 150 jogadores online em um só mapa.
Em uma ocasião, esperei por mais de 10 minutos (sim, uma eternidade no mundo dos videogames) pela “inteligência” do jogo encontrar outros 147 sortudos de outros esquadrões para lutarmos em uma partida. Mesmo após a pré-partida carregar, o problema persistiu. Após desistir e reiniciar o jogo, a falha se repetiu. Em uma terceira tentativa, o número máximo (de 150) decidiu então abaixar para menos de 120 e o jogo realizou a contagem regressiva para o início da partida, que começou.
Levando em consideração outros competitivos, que se baseiam em temporadas, passes de batalha e atualizações (vide Fortnite e Apex Legends), há naturalmente um fluxo maior de jogadores nos extremos de cada período, tanto no final como no início. Em uma nova temporada, temos justamente a época que pode-se conseguir novos itens e aproveitar as novidades do game. Aos atrasados para subir experiência e lidar com rankings, que são zerados a cada temporada, também pode-se ver mais jogadores online nos últimos dias da versão em questão.
Se, no dia de lançamento, um jogo que assina com o selo da franquia Call of Duty (lembrando: a terceira mais rentável da história dos games) que é multi-plataforma não consegue preencher salas, por qualquer que seja o motivo, temos uma enorme falha de suporte à comunidade.
Sabemos que havia gente o suficiente assistindo, como citamos acima, e até 10x mais jogadores ativos esperando pelo combate armado. A inteligência do servidor falhou ao parear jogadores? Os servidores não deram conta de tanta gente tentando? Foi falha de filtros ao tentar juntar pessoas em diferentes plataformas? Realmente não há como saber, até um anúncio oficial – que provavelmente não deve acontecer.
Em uma rápida pesquisa interna, entre outros gamers amigos brasileiros, afirmo que o problema de lobby aconteceu tanto no PC como no PlayStation 4. No PC, inclusive, o problema também estava relacionado ao próprio game não conseguir rodar, como relatado por frustrados usuários do Reddit. A comunidade também reafirmou problemas com início da partida e afirmaram ficar mais de meia hora na pré-partida no aguardo de um jogo.
Felizmente, a maioria dos jogadores pareceu satisfeita com a experiência, já que dezenas de streamers conseguiram fazer sucesso nos primeiros dias de jogo, criando um pico de público três vezes maior do que Fortnite – cerca de 300 mil views na Twitch, na noite do dia 12/03. O sucesso repentino mais recente que podemos comparar é o de Apex Legends, do ano passado, que manteve seu público por certo tempo, mas não chega aos pés de superar jogos como League of Legends nos dias de hoje.
Em resumo, nos resta esperar por atualizações que consertarão os erros que experienciamos nestes dias e também por aquelas que adicionarão novidades ao Call of Duty: Warzone como forma de vermos o saldo deste recém-chegado título.
E você, vai conferir “qual é a desse battle royale novo“? Conte para a gente nos comentários.
Descubra mais sobre Showmetech
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.