Embora tenha se passado mais de um ano desde que a COVID-19 foi declarada como pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o mundo ainda sofre com os problemas trazidos pelo vírus. Nesta segunda-feira (1º), as marcas de 114,3 milhões de infectados e 2,5 milhões de mortos foram superadas, e o Brasil aparece nas piores posições do ranking da pandemia.
Em alguns países, como a Nova Zelândia, a crise sanitária já é um problema controlado e parte do estilo de vida interno já voltou aos moldes pré-pandêmicos. Mas, por aqui, no Brasil, a crise sanitária ainda é uma realidade devastadora, visto que o número de vítimas cresce diariamente. Com a vacinação avançando a passos lento, o fim disso tudo ainda não desponta no horizonte.
Esse contraste fica ainda mais evidente por meio do ranking da pandemia, criado pela agência Bloomberg. Denominado “Ranking de Resiliência da COVID-19”, o levantamento reúne dados das 53 maiores nações e cria uma pontuação para cada uma, conforme o desempenho na liderança da crise sanitária.
Na atualização de fevereiro, como tem acontecido desde que surgiu, ainda em novembro, a Nova Zelândia lidera a lista com 77,2 pontos. Esse desempenho é ilustrado pela média de 5 casos de infecções registradas por cada 1 milhão de habitantes. A taxa de mortalidade no período ficou em 1,3%. Por lá, as fronteiras seguem fechadas e quase não se tem transmissão comunitária de coronavírus.
Na ponta inferior, o México amarga o pior desempenho, apresentando uma taxa de 1.410 infecções por milhão de habitantes e uma mortalidade que supera os 11%. Para piorar, o país ocupa o terceiro lugar (182 mil) na lista de locais com mais vítimas fatais, atrás apenas dos Estados Unidos (514 mil) e do Brasil (255 mil, segundo dados do consórcio de imprensa).
O pódio positivo se completa com Austrália e Cingapura, que tiveram 1 e 10 casos de forma proporcional respectivamente. A Austrália, inclusive, já garantiu doses de vacinas suficientes para o equivalente ao dobro da sua população. Na contramão, Peru e República Checa fecham o pódio negativo, tendo 585 e 2,1 mil casos registrados a cada 100 mil habitantes.
Veja os primeiros e últimos colocados ranking da pandemia:
O Brasil no ranking da pandemia
O levantamento é bastante claro ao posicionar o Brasil como um dos piores países a lidar com a COVID-19. Com uma pontuação de 41,7, além de ocupar as últimas posições do ranking da pandemia, o país ainda não tem doses de vacinas garantidas para a imunização de toda a sua população, que é de 212 milhões habitantes, segundo projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Agora, com o surgimento da variante brasileira, a situação do país é ainda mais preocupante, pois, conforme afirmam os especialistas, a transmissão por esta mutação é ainda mais rápida e pode ter sido uma das responsáveis pelo colapso de saúde que o estado do Amazonas sofreu nas últimas semanas.
Mas esta posição do Brasil no ranking é uma característica dos países em desenvolvimento. A pesquisa mostra que há uma disparidade de recursos entre nações ricas e pobres, principalmente no que se refere à vacinação. Enquanto países como Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e a já citada Nova Zelândia possuem vacinas para duas ou até três vezes a sua população, Nigéria adquiriu uma quantidade capaz de imunizar apenas 5% de seus habitantes.
O domínio do fornecimento de vacinas por países mais ricos –que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, chamou de “falha moral catastrófica”– provavelmente impedirá que as nações mais pobres subam na hierarquia nos próximos meses. […] A maioria dos países em desenvolvimento ainda não deu início à vacinação em massa, sem poder de compra para assinar acordos de fornecimento.
Quais os critérios do ranking da pandemia?
Para selecionar os países que participariam da lista, o primeiro critério da Bloomberg foi em relação aos indicadores econômicos. Para isso, a agência definiu que captaria informações apenas das economias que tenham PIB (Produto Interno Bruto) maior que US$200 bilhões.
Além deste principal, outros 10 indicadores foram criados para mapear e elencar o posicionamento de cada país. Eles foram configurados para medir os dados em notas que vão de 0 a 100 e que, no final, calculam a média dos resultados de todos os itens.
O ranking é atualizado mensalmente, com base nos dados públicos disponibilizados por cada nação. A Bloomberg ressalta que a subnotificação e manipulação de dados de vírus têm sido frequente nos países e causado diversos problemas, inclusive na maneira de lidar com a crise.
Na maioria dos lugares, as lacunas nos dados são em grande parte devido à natureza caótica e rápida da crise: o fornecimento de kits de teste tem sido inadequado, levando à subdetecção de casos. O número oficial de mortes também é susceptível de ser subnotificado devido a pessoas morrendo em casa antes de serem diagnosticadas, atrasos na notificação de hospitais lotados e mortes de COVID-19 sendo registradas em alguns lugares como devido a outras causas.
De acordo com a agência, o ranking da pandemia é analisado por várias fontes externas, por repórteres do veículo, além de cientistas de dados. Embora a lista apresente uma média dos dados por país, ela captura de maneira justa os melhores e os piores lugares para se viver e trabalhar agora, enquanto enfrentamos esta crise mundial.
Fonte: Bloomberg