O Brasil vem enfrentando uma forte crise institucional, política e econômica, mas ainda há espaço para inovação no setor público. Depois da carteira de habilitação digital, o governo brasileiro anuncia um projeto de identidade civil com equivalente eletrônica. Nesse caso, a inovação aplicada na identidade é ainda mais impressionante. Em vez de somente digitalizar o documento, a iniciativa envolve um sistema de verificação baseado na blockchain, mesma tecnologia usada pelo Bitcoin.
Em parceria com a Microsoft e a ConseSys, o Ministério do Planejamento apresentou um conceito de aplicativo que reúne todas as informações do cidadão. Por fora, o app tende a parecer como qualquer outro. Mas, por dentro, todos os dados são verificados pela blockchain, uma rede que trabalha sozinha e não sofre interferência de órgãos ou empresas. O mecanismo é o mesmo usado por moedas digitais como o Bitcoin, que é independente de bancos e usa uma verificação matemática para validar transferências.
O Brasil é o primeiro país da América Latina a criar um piloto de identidade criptográfica. O modelo usou uma solução da uPort, que se baseia na plataforma Ethereum, feita especificamente para verificação de identidade. A gerente de TI do Ministério, Adriane Medeiros Melo, explicou as vantagens da tecnologia:
Essa tecnologia promove a descentralização, a audibilidade e a segurança das transações na Internet, cujo potencial é permitir a troca confiável de ativos através deste novo canal. Essa descentralização mitiga os riscos de um sistema com um único ponto de falha, além de diminuir o tempo e o preço das operações.
Incorruptível
A nova aplicação para identidade brasileira se destaca pela segurança dos dados. O histórico de alterações fica armazenado para sempre na rede e pode ser acessado a qualquer momento no futuro. Cada transação realizada gera uma chave criptográfica impossível de ser alterada e indissociável da origem. Isso quer dizer que os dados apresentados pelo aplicativo, no caso nome e outras informações do cidadão, serão sempre confiáveis.
Em tese, o sistema impede fraude de identidade e ainda dá mais flexibilidade ao usuário. Será possível usar a blockchain, por exemplo, para provar suas informações em contratos. A ideia é que, no futuro, um software de identificação do tipo possa substituir por completo o reconhecimento de assinatura usado por cartórios.
Disponibilidade
A nova identidade baseada na blockchain ainda não tem previsão para substituir a identidade em cédula. No entanto, o projeto-piloto é um primeiro passo importante nesse sentido. Na Suíça, por exemplo, a plataforma uPort será usada em testes para assinaturas digitais e pagamentos de estacionamento. Em breve, o país também fará experimentos em votações. Já na China, a blockchain virou alternativa para cobrar impostos.
Via Ethnews