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Battlefield 2042 foi lançado hoje, dia 19 de novembro, com grandes expectativas do público e dos fãs enlouquecidos da franquia. Nós tivemos a oportunidade de testar o jogo durante o acesso antecipado, que ocorreu entre os dias 12 e 19, e vamos fazer uma análise completa do jogo.
Sem campanha single player, o game aposta todas as fichas no multiplayer, focando nos modos de grande escala, que chegam a até 128 jogadores na mesma partida simultaneamente.
Como o nome do jogo indica, ele se passa em 2042, um futuro próximo. Todo mundo já está acostumado com um jogo de guerra futurista, mas, dessa vez, o sentimento é um pouco mais realista do que outros jogos.
Porém, todo o potencial dos mapas futuristas maravilhosos e os detalhes criados pela DICE, desenvolvedora do jogo, não foram aproveitados. Isso porque nós não temos um modo história e o jogo vai desenvolver uma lore via temporadas e trailers de passe de batalha — formato usado em jogos como Fortnite e Warzone.
All-Out-Warfare
Vamos começar falando sobre a experiência Battlefield, tudo aquilo que já é esperado do game: batalhas épicas. Um dos grandes diferenciais da franquia sempre foi a variedade de modos de grande escala, com mapas enormes, muitos players e veículos ao redor gerando o sentimento de uma zona de guerra de verdade.
Aqui no Battlefield 2042, é exatamente isso que temos em All-Out-Warfare. O modo foi um dos 3 principais pontos de marketing e venda da nova entrada da franquia. Ele conta com dois tipos de partida, Conquista e Ruptura, que se passam em mapas gigantescos e graficamente lindos. São 6 mapas lançados junto ao game e se passam em diferentes cenários, desde geleiras glaciais até cidades futuristas com prédios gigantes.
As partidas do All-Out-Warfare são com 128 jogadores sempre, 64 em cada lado se enfrentando. Além dos mapas e o cenário futurista, toda partida conta com eventos de catástrofe natural, como furacões, tempestades e tempestades de areia.
Conquista
O modo que carrega forte o espírito da franquia Battlefield é Conquista. Aqui, os jogadores são divididos em duas equipes de 64 jogadores e o mapa é dividido em várias zonas neutras. De cada lado dos mapas ficam as bases, nas quais você e sua equipe vão começar jogando.
A partir desse momento, você e seu exército têm que avançar e dominar as zonas neutras vencendo a equipe adversária. Para ganhar uma partida é preciso esgotar os renascimentos do time rival. Além de eliminar os adversários, dominar zonas faz com que sua equipe ganhe mais reaparecimentos e o outro time perca.
Apesar de ser o mais tradicional da franquia, este foi o modo de jogo que mais me decepcionou. Ele é a definição de 8 ou 80: às vezes você se encontra em batalhas frenéticas — até demais — com tanques, helicópteros e um mar de pessoas. E, em outros momentos, você fica preso em um setor sem veículos e passa 5 minutos andando pelo mapa sem encontrar nenhum adversário, apenas apreciando o design.
Essa sensação é frustrante. O modo quis se apoiar nos 128 jogadores, mas ainda parece não ter encontrado o balanço perfeito entre número de jogadores e tamanho do mapa.
Ruptura
Agora é importante também parabenizar a DICE pelo Ruptura. O modo é o que mais me prendeu durante a semana de acesso antecipado. Nele, temos o mesmo leque de 6 mapas gigantescos. Porém, os times dessa vez são divididos em: um exército com a função de atacar e outro com a função de resistir. Os setores desse modo são reduzidos e o mapa fica bem menor, acabando com os problemas citados antes.
O time que está atacando deve dominar um setor por vez até alcançar a base do exército inimigo para vencer. Já a defesa pretende esgotar as forças ofensivas. Para isso, o ataque tem um número limitado de reaparecimentos e a defesa não tem nenhum limite, podendo adotar estratégias mais agressivas.
Ruptura faz com que os 128 jogadores estejam focados em um único objetivo, um único setor. Um outro grande problema do Conquista é que não temos um líder de equipe e a coordenação de uma equipe de 64 jogadores via chat de texto não é lá grandes coisas.
Saber que todo seu time está focado em dominar o mesmo setor centraliza o objetivo e acaba com todos os problemas estruturais que experienciei no modo Conquista. Durante o período de avaliação eu queria constantemente retornar ao modo Ruptura para vivenciar a verdadeira experiência de Battlefield, com uma grande batalha em um único setor, sem espaço para o contraste entre momentos caóticos e paz total.
Hazard Zone
A EA, quem publica e distribui o jogo, focou muito do marketing do Battlefield 2042 no novo modo da franquia: Hazard Zone. Durante o período de desenvolvimento foram diversos rumores que rondavam o modo, desde a especulação de que seria um Battle Royale até a expectativa de ser o modo Free-to-play do game.
Hazard Zone foi anunciado e é de fato uma espécie de Battle Royale, com muitos pontos diferenciais que o torna interessante. Mesmo assim, posso afirmar que o modo não atingiu 100% do seu potencial — pelo menos por enquanto.
Nesse modo você monta uma equipe de 4 pessoas que serão levadas para um dos 6 mapas de grande escala do jogo para coletar HDs e extrair para vender os discos rígidos no mercado negro.
São 32 jogadores por partida divididos em 8 equipes que pousam em lugares diferentes do mapa. Por serem tão poucos jogadores em mapas gigantescos, o modo também conta com NPCs hostis que defendem algumas zonas que contém HDs para serem coletados.
A dinâmica do modo é simples: iniciar uma partida, encontrar HDs e tentar extrair. São duas extrações possíveis, no meio da partida e no final. Assim como em outros Battle Royales a experiência é bem similar, mas o diferencial está no pós jogo e também na existência dos NPCs hostis.
Extrair com sucesso faz com que você ganhe dinheiro para customizar seu equipamento para a próxima partida, comprando armas melhores, utilitárias, equipamentos e até mais espaço para carregar mais HDs.
O segredo do modo é justamente isso, você só tem uma chance. Se você gastar seu dinheiro todo em equipamento e na partida não conseguir extrair: você perdeu tudo. Todos os equipamentos comprados só duram uma partida, então para ter qualquer tipo de vantagem, você precisa de dinheiro.
O modo tem muito potencial e realmente te dá um motivo pra continuar voltando para ele. Além disso, ele coloca um peso maior ainda em cada partida que você comprar equipamentos.
Mesmo assim, todo esse potencial cai por terra. Sem ter amigos para jogar com você é muito difícil achar uma equipe e um lobby cheio. Se você tiver a sorte de achar, provavelmente será bem difícil coordenar uma rotação durante a partida.
O último ponto negativo do modo é a quantidade de jogadores. Apesar do PvPvE, é normal só duas equipes chegarem na extração final e você pode passar uma queda inteira sem encontrar inimigos reais — até eles aparecerem pelas suas costas e te mandarem pro lobby de novo. Se isso te soa familiar, lembre do jogo de tiro em primeira pessoa Escape from Tarkov.
Por mais que tenha tanto potencial, o problema de Hazard Zone é a dinâmica e, ele é uma espécie de Battle Royale, só que é pago. Virou tão comum jogos competitivos incluírem modos gratuitos que até Halo Infinite tem o multiplayer gratuito.
Por isso, Hazard Zone deve ser esquecido com o tempo, assim como o Blackout, primeiro Battle Royale da franquia Call of Duty, que era pago. Nesse mercado atual, ficou claro que as pessoas não vão pagar para jogar esse modo de jogo.
Portal
O último ponto de marketing da EA e da DICE para o Battlefield 2042 era o Portal, modo em que os jogadores poderiam criar suas próprias partidas e modos de jogo a partir de recursos do próprio game e de outros jogos antigos da franquia.
E, olha, é exatamente isso que eles entregaram. Diferente dos outros modos, Portal entrega exatamente o que promete e é o ponto alto do jogo. Além dos 6 mapas novos do jogo, você pode jogar em 6 mapas antigos.
Além dos mapas, você também tem acesso aos recursos, armas e classes dos jogos antigos. Os jogos disponíveis para serem revisitados no Portal são: Battlefield 3, Battlefield 1942 e Battlefield Bad Company 2.
Além de poder jogar modos clássicos nos mapas antigos com a engine nova, o destaque é que qualquer um pode criar uma partida com suas próprias regras e customização de mapa e gameplay.
A profundidade da customização é gigante e quem é do mundo dos mods vai amar o modo. Além disso, você não precisa sequer saber customizar, porque mesmo na semana de acesso antecipado era possível encontrar modos incríveis nos servidores públicos da comunidade.
Gameplay
A maior mudança que o jogo introduz para franquia é o fim do antigo sistema de classes. Em Battlefield 2042 temos especialistas, personagens divididos nas antigas classes da franquia, mas cada um com uma habilidade especial e sem a obrigatoriedade de usar o equipamento da classe.
Agora é possível escolher um especialista Médico e montar ele para jogar como se fosse de Assalto. As habilidades especiais em si são os destaques e são bem variadas, como poder planar em uma Wingsuit ou usar uma pistola para curar amigos à distância.
O grande problema do sistema de especialistas é que ele não funciona bem nos modos Conquista e Ruptura. Nesses, o sistema é quase cosmético, não é necessário coordenação de equipe e como qualquer um pode equipar kits de manutenção, munição e de cura, a única diferença é qual é a habilidade de sua preferência.
Já em Hazard Zone, sua equipe só pode ter um especialista de cada classe, o que obriga cada jogador a escolher uma função mais definitiva na equipe e funciona muito – muito mesmo – melhor.
Veredito
De forma geral, o jogo parece ter renunciado a uma campanha tradicional para devotar o tempo em desenvolver um semi Battle Royale que alavancaria a popularidade da franquia. Assim, parece que todo o jogo foi construído ao redor do Hazard Zone — um modo que ainda assim tem muitos defeitos.
Battlefield 2042, nesse momento, não é uma boa compra. O jogo segue com desempenho péssimo nos PCs. Apesar dos gráficos muito bonitos, nem as máquinas potentes conseguiram fugir dos bugs visuais e queda de desempenho absurda com Ray Tracing.
Muito do porquê o jogo desempenha tão mal é justamente pela escala gigante dos modos principais. Jogar nos mapas com os eventos de catástrofe natural e 128 jogadores é pesado demais para a otimização feita até então. Reforçando a sensação de que o jogo foi feito para o Hazard Zone, é justamente nesse modo que o jogo roda tranquilamente nas qualidades mais altas.
Para fechar, o maior erro de Battlefield foi escolher não apostar no cenário futurista e explorar em um modo campanha toda a história que eles vão contar em trailers e vídeos de temporadas e passes de batalha.
Battlefield 2042 foi lançado oficialmente no dia 19 de novembro para PS5, PS4, Xbox Series, Xbox One e PC.
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Confira também nosso review sobre o Call of Duty: Vanguard.
Battlefield 2042
Battlefield 2042-
All-Out-Warfare6/10 NormalO modo principal do jogo pode se tornar cansativo e frustrante ao jogar Conquista, mas tem seu brilho no Ruptura
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Hazard Zone7/10 BomApesar do gigantesco potencial, ainda é difícil jogar partidas populadas e o modo é pago.
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Portal8/10 ÓtimoO ponto alto do jogo. Serve para os nostalgicos e para todo mundo que quiser experiências completas, divertidas e deferentes do tradicional multiplayer.
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Gameplay6/10 NormalAs catastrofes naturais são muito interessantes mas não entregam nada de especial; as armas são poucas e a customização não é tão relevante, assim como o sistema de especialistas.
Prós
- Hazard Zone se virar Free-to-play será um grande carro chefe da franquia.
- Ruptura é um modo extremamente divertido
- Portal é uma experiência completa e atende tudo que um fã da franquia precisa
Contras
- Desempenho péssimo em PCs
- Momentos de calmaria demais em Conquista
- Hazard Zone pode se tornar monotono com 32 jogadors apenas
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