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Prepare os bolsos, a gasolina vai aumentar de preço mais uma vez. Na última quinta-feira, 10, a Petrobras anunciou oficialmente que tanto o diesel quanto a gasolina e o gás de cozinha, o GLP, sofrerão um aumento. A medida entrou em vigor nesta sexta-feira, 11, e tem causado um forte descontentamento na população. O motivo principal está ligado ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia.
A estatal brasileira confirmou o aumento de 18,8% na gasolina, que agora será vendida por R$ 3,86 o litro, e antes custava R$ 3,25. O diesel teve o maior aumento, subindo de R$ 3,61 para R$ 4,51, alta de 24,9%. Já o GLP, o gás de cozinha, teve reajuste de cerca de 16%, saindo de R$ 3,86 e chegando a R$ 4,48.
A Rússia é a culpada?
Com a invasão da Ucrânia, a Rússia vem sofrendo grande sanções econômicas pelos Estados Unidos, principal potência da atualidade, e o novo setor a ser amplamente afetado pelas restrições é o energético.
Na última terça-feira, 08, o presidente estadunidense Joe Biden suspendeu a importação de petróleo e gás russo. Embora os EUA só signifique 3% das exportações russas, a notícia fez o barril de petróleo chegar a quase US$ 140, superando os US$ 115 que vinha se mantendo no cenário internacional.
Com isso, a oferta do barril de petróleo no mercado vai diminuir, visto que a Rússia é o segundo país que mais exporta essas commodities. Da mesma forma, a procura pelo combustível será ainda maior e os preços tendem a aumentar, seguindo a lógica da oferta e da procura. Se o produto X tem uma procura alta demais, porém os estoques estão vazios, a “saída” é aumentar o preço na venda, visto que também se paga mais ao fornecedor.
Dólar e o PPI “ajudam a piorar” a situação
Na geopolítica e assuntos internacionais, nada é tão simples que possa ser reduzido a apenas um fator. Além das sanções ao país de Vladimir Putin, a alta do dólar também contribui para o aumento da gasolina no Brasil. As negociações dos barris são feitas na moeda americana, cuja cotação em moeda tupiniquim é de R$ 5,07 o dólar. Fazendo uma simples conversão, um barril de petróleo por volta de US$ 140 seria comprado por cerca de R$ 710,44.
Outro vilão para o aumento dos preços fica por conta do PPI, ou o Preço de Paridade de Importação, adotado em 2016 no governo de Michel Temer. O PPI é referente a todo o processo para importar um produto, passando pelas etapas de negociação, transporte, logística, etc. Antes dessa implementação, durante o governo Dilma, os preços eram controlados para tentar frear a inflação.
Impostos também entram na conta…
Além de todos os fatores mencionados anteriormente, também é preciso mencionar a quantidade de impostos imbuídos nos combustíveis, que acabam por aumentar o valor do produto final. Atualmente, o Senado aprovou uma redução no preço dos combustíveis através de um Projeto de Lei.
O PL 11/2020, aprovado na quinta-feira, 11, pretende criar uma alíquota monofásica com ICMS único. Em outras palavras, o Imposto sobre Mercadorias e Serviços seria cobrado em apenas uma fase da produção do combustível. Agora, o PL precisa passar pela aprovação do presidente Jair Bolsonaro.
O presidente brasileiro, quando questionado por apoiadores sobre o aumento no preço da gasolina e dos demais combustíveis, respondeu:
“No mundo todo aumentou. Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada, não. Só quando tem problema cai no meu colo.”
Por que o Brasil importa petróleo?
Por anos sempre foi dito que o Brasil era — e ainda é — referência em petróleo, pré-sal, perfuração, e outras palavras correlatas. Porém, porque um país com uma empresa estatal tão grande como a Petrobrás, e que já foi símbolo do produto, precisa realizar a importação de barris?
O grande problema é estrutural. Embora o Brasil seja autossuficiente na produção de petróleo, produzindo mais do que consome, o combustível fóssil brasileiro é difícil de refinar, e as refinarias brasileiras, geralmente datadas dos anos 70, não tem tanta capacidade para o processo. Então recorremos para a importação, seja para usar um produto internacional inteiramente ou para misturar com o petróleo brasileiro.
A gasolina vai continuar aumentando?
Prever o futuro é complicado, porém, com a instabilidade internacional provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, e a variação no preço do barril de petróleo, existe sim a possibilidade dos combustíveis aumentarem mais uma vez. Especialistas do Bank of America comentam que a situação poderia se estender até que o preço do barril chegasse ao valor de US$ 200.
Todavia, é preciso ter cautela a especular informações desse tipo. O cenário internacional atual é extremamente volátil, ainda mais quando tratamos de grandes players como Estados Unidos e Rússia, além da União Europeia e a China.
Filas gigantescas e o medo da incerteza
Após a notícia do aumento da gasolina, filas gigantescas foram criadas em postos ao redor do Brasil. No entanto, a cidade de Jordão, no interior do Acre, ganhou destaque após vender o litro do combustível por R$ 11,56.
No nordeste já é especulado que o litro pode chegar a R$ 9,00, enquanto postos de gasolina em Natal, no Rio Grande do Norte, já estão vendendo o litro por R$ 7,99. De acordo com informações da jornalista Ana Flor, da GloboNews, o governo projeta que o combustível pode chegar a incríveis R$ 15,00 por litro.
Nova crise dos caminhoneiros?
Além do quesito gasolina, o diesel é um importante combustível para o modal rodoviário. Se considerarmos que o sistema de transportes brasileiro é majoritariamente realizado por caminhões, e estes mesmo veículos usam excesso de diesel para rodar, o impacto será sentido por diferentes frentes.
Com um aumento de 25% no diesel, os caminhoneiros devem ser amplamente afetados, e isso vai afetar o consumidor final com preços mais cheios em alimentos e outras mercadorias devido a valores de frete maiores. Na Bahia, caminhoneiros já tentam obstruir rodovia numa tentativa de protesto, embora as lideranças do segmento ainda não tenham chegado a um consenso.
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Com tantas incertezas sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, preparamos uma matéria com os principais motivos para a invasão ter acontecido.
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