Em uma carta aberta escrita no dia 16/02, o presidente executivo da Apple Tim Cook, fala de maneira direta sobre o pedido feito pelo governo norte-americano para a criação de uma falha de segurança intencional (backdoor) no iOS, que poderia ser utilizada para o acesso não-autorizado das autoridades a qualquer aparelho.
A carta que pode ser lida aqui, foi escrita diretamente por Cook, dando um tom ainda mais sério ao assunto. Não é de hoje que os assuntos criptografia e segurança nacional se chocam nos Estados Unidos da América. Desde as revelações feitas por Edward Snowden, de que a NSA (National Security Agency – Agência de Segurança Nacional), e a CIA (Central Intelligence Agência – Agência de Inteligência Central) propositalmente hackearam diversos dispositivos para obter dados, a preocupação com a proteção de informações dos usuários e a criação de criptografias mais efetivas têm tirado o sono das empresas de tecnologia ao redor do mundo.
Na carta, Tim fala da necessidade da criptografia para o mundo atual, logo no primeiro parágrafo ele explica que hoje os dispositivos contém cada vez mais informação pessoal, dados sobre a saúde do usuário, vida financeira, fotos, músicas e até o histórico de localização, e a Apple tem como prioridade manter estes dados em sigilo.
Mas porque esta reação da Apple agora?
O estopim para esta situação, foi o atentado terrorista em San Bernardino, que ocorreu em em 2 de Dezembro de 2015, onde terroristas mataram a tiros 14 pessoas e deixaram 22 feridas, o presidente da Apple explica que nos dias posteriores ao ataque recebeu o pedido do FBI para auxiliar nas investigações. Como o próprio Cook menciona, a Apple ajudou nas investigações deixando inclusive engenheiros focados em auxiliar o FBI.
Mas apesar de todo o suporte da Apple, aparentemente o FBI queria mais — a criação de uma ferramenta, que pudesse transpassar as proteções de segurança de um aparelho com iOS, permitindo assim o acesso às informações a qualquer pessoa que tivesse acesso físico ao aparelho. A Apple negou o pedido, alegando que uma vez criada a ferramenta ela poderia ser utilizada por qualquer pessoa com conhecimento técnico para tal.
Ele ainda fala que para a ferramenta funcionar seria necessário que o iOS fosse totalmente modificado e uma nova versão lançada.
Com isso, a Apple coloca o FBI na mira da mídia e da opinião pública, em uma sociedade onde cada vez mais o papel de vigilância do governo tem sido repudiado, pois viola a base do que é considerada a liberdade.
Ainda não sabemos o que tal decisão irá acarretar, de qualquer forma (ou pela própria legislação americana), uma vez que a empresa se negue a criar tal falha de segurança, o pedido só pode ser solicitado por uma instância maior, como a Suprema Corte Norte-Americana. Em outros casos, a corte superior estadunidense já se mostrou favorável a não utilização de tais práticas.
Resta saber qual será o movimento do governo, e como o FBI irá se pronunciar.
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