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No último dia 25 de março a Apple sediou um evento em que apresentou uma série de novidades em serviços, envolvendo desde games até revistas e programas de TV. Porém, o anúncio mais inesperado e que tem gerado muitas discussões foi a entrada da empresa no mercado de cartões de crédito com o Apple Card.
Para um consumidor brasileiro as novidades do Apple Card não impressionam muito, pois se parecem bastante com o que já é oferecido por fintechs nacionais como o Nubank.
Mas é bom lembrar que, pelo menos por enquanto, o cartão de crédito da Apple será lançado apenas nos Estados Unidos, que tem um ecossistema financeiro diferente do nosso.
Além disso, o que fica claro é que o principal objetivo da empresa com a criação do Apple Card é acelerar a adoção da plataforma de pagamentos Apple Pay, que atualmente é aceita em torno de 70% dos estabelecimentos americanos.
O que é o Apple Card?
O Apple Card é um cartão de crédito desenvolvido pela Apple em parceria com o banco de investimentos americano Goldman Sachs e a MasterCard.
O cartão foi criado para complementar o serviço de pagamentos Apple Pay e ficará armazenado dentro aplicativo Wallet, que é pré-instalado em todos os iPhones.
É na Wallet que todas as operações relacionadas ao Apple Card serão realizadas, desde a solicitação do cartão, o uso para pagamentos, consulta de limite, extrato e até a quitação da fatura.
Como uso o Apple Card?
O primeiro passo para usar o Apple Card é fazer a solicitação pelo aplicativo Wallet. Segundo a Apple o processo de cadastro é bem mais simples que o de um cartão de crédito tradicional e você poderá fazer em compras em poucos minutos, desde que o seu crédito tenha sido aprovado.
O processo completo de aprovação de crédito ainda não foi divulgado, mas sabe-se que será realizado pelo Goldman Sachs e levará em conta o “credit score” do usuário, equivalente americano ao Cadastro Positivo.
Após a aprovação, o Apple Card pode ser usado como qualquer outro cartão de crédito vinculado ao Apple Pay. Basta selecioná-lo no aplicativo Wallet, aproximar o iPhone do leitor e se autenticar usando o Face ID ou Touch ID para fazer o pagamento.
O número do cartão, data de validade e CVV ficam disponíveis na Wallet para que possam ser usados em compras online. É possível descartar essas informações e gerar um novo cartão a qualquer momento. Se a compra for realizada por dentro do navegador Safari, esses dados serão preenchidos automaticamente nos campos do formulário de pagamento.
O cartão é apenas virtual?
Não. A Apple sabe que nem todos os estabelecimentos possuem máquinas com NFC e aceitam Apple Pay, por isso a empresa também criou um luxuoso cartão físico para uso em terminais mais antigos.
Feito de titânio, o Apple Card físico possui um design extremamente limpo. Na parte frontal, estão apenas o nome do dono do cartão, o logo da Apple (gravados a laser) e o chip. Na traseira ficam a tira magnética e os logos do Goldman Sachs e da Mastercard.
Para consultar o número do cartão e o CVV é preciso abrir a Wallet no iPhone. Não ter essas informações fixadas, além de tornar o design mais atraente, serve como uma medida adicional de segurança.
O Apple Card físico não suporta pagamentos via NFC, ou seja, é necessário introduzí-lo nas máquinas para leitura. Mas se quiser pagar via NFC, basta usar o seu iPhone.
Quais os benefícios?
Ao contrário da maioria dos cartões de crédito tradicionais, o Apple Card não possui um programa de pontos, mas oferece parte do dinheiro de volta quando ele é usado em uma compra, o chamado cashback.
A taxa de cashback varia de 1% a 3%. Para compras com o Apple Card em estabelecimentos comerciais via Apple Pay, o dono do cartão recebe 2% do valor de volta. Para compras com o Apple Card em lojas e serviços da Apple, incluindo assinaturas do Apple Music e jogos na App Store, 3% são devolvidos. Por fim, ao usar o Apple Card físico, ganha-se 1% de cashback.
Embora vários outros cartões ofereçam cashback nos EUA, inclusive em quantidades mais atraentes, um dos diferenciais do Apple Card é que o dinheiro é devolvido diariamente – o que a Apple chama de Daily Cash – e não apenas no final do mês, por exemplo.
A empresa também garante que, de forma alguma, cobrará taxas e anuidades dos clientes Apple Card. Entre os exemplos citados de isenção de taxas pela Apple estão multas por atraso de pagamento e taxas internacionais.
A Apple afirma que cobrará juros mais baixos que a média, entre 13,24% e 24,24% (dependendo da nota de crédito do usuário), mas segundo especialistas essas taxas não tem nada de excepcional e são aplicadas por vários cartões concorrentes.
Como visualizo o extrato do Apple Card?
No aplicativo Wallet. A Apple desenvolveu uma seção específica no app que exibe de forma simples e intuitiva os gastos realizados com o Apple Card.
A empresa usa o Apple Maps e machine learning para identificar o nome, endereço e categoria dos estabelecimentos, o que torna mais fácil para o dono do cartão lembrar aonde uma compra foi feita.
A Wallet também classifica automaticamente os gastos entre categorias como “Alimentação”, “Transporte”, “Entretenimento”, etc. para que o usuário possa conhecer o seu perfil e tendências de consumo.
A interface de pagamento da fatura foi projetada para incentivar o usuário a quitar a maior quantidade possível de débito e evitar o pagamento de juros. Basta arrastar o dedo sobre o anel e o aplicativo calcula em tempo real os juros e o valor total da fatura.
Por exemplo, se o total da fatura for R$ 1000 e o usuário tentar pagar apenas R$ 700, o app informa imediatamente o quanto isso poderá acarretar em juros no futuro, o que em teoria induzirá o consumidor a pagar o valor cheio.
O Apple Card é seguro?
Segundo a Apple, muito. O foco em segurança e privacidade foi levantado constantemente durante a apresentação do Apple Card e recebeu até uma seção especial no site do produto.
Pra começar o número e demais dados do cartão são gerados no iPhone e armazenado no Secure Element, um chip desenvolvido para guardar dados de pagamento isolado do sistema operacional.
A Apple também gera um código segurança individual para cada transação feita com o Apple Card e exige a autenticação via Face ID ou Touch ID antes de cada compra. Essas medidas dificultam o roubo de dados do cartão.
A Apple também afirma não ser capaz de enxergar o que foi comprado ou quanto custaram as transações feitas com o Apple Card, pois todo o processamento é realizado localmente no próprio iPhone e nenhuma informação é enviada para os servidores da empresa.
O banco Goldman Sachs, contudo, possui acesso a esses dados, mas se compromete em não compartilhá-los para fins de marketing e publicidade.
Como peço o meu Apple Card?
Se você mora no Brasil, não poderá pedir um Apple Card tão cedo. O cartão chega ao mercado americano durante o verão do hemisfério norte (entre junho e setembro), mas não houve nenhuma menção por parte da Apple quanto ao lançamento em outros países.
Em entrevista essa semana à emissora CNBC, o CEO do Goldman Sachs afirmou que após a disponibilização do Apple Card nos EUA, o banco começará a pensar em oportunidades internacionais, mas inicialmente na Europa.
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