Mesmo que para o espanto de grande parte dos seus usuários, não é de hoje que a Uber vem sendo acusada de rastrear os smartphones de quem instala o aplicativo. Adotando táticas agressivas para ganhar vantagem sobre a concorrência, o app já se meteu em grandes problemas – inclusive com a Apple – por não respeitar a privacidade alheia.
Numa verdadeira biografia publicada esta semana, o jornal The New York Times explicou como o CEO da companhia, Travis Kalanick, fez esta e outras peripécias que, se descobertas antes, poderiam ter causado o completo colapso da marca.
No que julgamos ser o ponto mais alto do texto, o jornal afirma que Tim Cook, atual CEO da Apple, teria ameaçado retirar o software da App Store caso as regras de privacidade do usuário não fossem seguidas.
Segundo detalhes dados pelo artigo, a intenção da Uber seria criar uma identidade única para cada iPhone utilizado na plataforma, podendo assim rastreá-los e obter – indiretamente – várias informações sobre seus respectivos donos.
Como a política de privacidade da Apple não permite que um iPhone retenha dados após ser restaurado, o mesmo vale para softwares disponibilizados na App Store.
Mas vamos com calma, só agora que a parte mais engenhosa do plano entraria em cena:
“Para evitar que funcionários da fabricante descobrissem a prática, Kalanick disse aos seus engenheiros que isolassem geograficamente os prédios da Apple localizados na Califórnia. Sendo assim, ninguém responsável pela análise dos aplicativos notaria o recurso, pois ele estaria escondido para quem estivesse na região. Em suma, todos que trabalhavam na sede da Apple em Cupertino não veriam a funcionalidade no código do aplicativo.” – The New York Times
Embora o jornal não descreva exatamente como o esquema foi descoberto, sabe-se que assim que tomou conhecimento do assunto, Tim Cook convidou Kalanick para uma conversa. Assim que recebeu o executivo, o chefão da Maçã teria dito, em voz calma, as seguintes palavras: ‘Ouvi dizer que vocês têm quebrado algumas de nossas regras.’
“Ouvi dizer que vocês têm quebrado algumas de nossas regras”
Exigindo que o aplicativo passasse a cumprir o regulamento dos desenvolvedores, Cook teria ameaçado que, caso Kalanick se recusasse a fazê-lo, a única alternativa seria remover o software da App Store.
“Para o CEO da Uber, este foi um momento de tensão. Se o aplicativo da empresa fosse removido da loja de aplicativos do iOS, a plataforma perderia acesso a milhões de iPhones espalhados por todo o mundo, destruindo anos de um mercado conquistado com dificuldades. Ele não teve outra opção senão aceitar.”
Kalanick tem uma enorme responsabilidade neste tipo de tática adotada pela Uber: ainda segundo o NYT, o executivo, por diversas vezes, só parou quando foi pego ou quando também foi enganado. Com uma enorme sede de sucesso, ele violou regras de segurança no transporte e colocou a concorrência contra seus próprios funcionários.
Por fim, é realmente necessário admitir que como consequência ele se tornou um ícone do sucesso corporativo; hoje, a Uber opera em mais de 70 países e acumulou um valor de mercado que passa dos US$ 70 bi, tudo nos seis últimos anos em que Kalanick esteve no comando – no entanto, a pergunta que queremos te fazer é: o brilhantismo do executivo te faz mais preocupado ou mais confortável ao utilizar os serviços dele?
Vale lembrar que você pode nos responder por meio dos comentários!
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