Um dos produtos mais interessantes no mundo da tecnologia atual é o HoloLens da Microsoft. Alguns especialistas da área chegam a afirmar que a próxima grande mudança na computação pessoal passa fundamentalmente pela realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR).
O HoloLens é um dispositivo de realidade aumentada, isso é, ele incorpora elementos no seu mundo real, enquanto outros dispositivos como como o Gear VR, Morpheus e Oculus Rift trabalham com realidade virtual, criando “artificialmente” outra realidade digital. O headset da Microsoft usa a realidade aumentada projetando o conteúdo em uma espécie de camada que fica sobreposta ao que você vê na vida real.
Até o momento, o pouco que se sabia sobre o HoloLens é que se tratava de um dispositivo AR, que rodará Windows 10 e alguns aplicativos de desenvolvimento específico para ele, criando uma área de trabalho flutuante – em 3D – na frente de quem o está utilizando. Porém, nesta quarta-feira (30), durante a a Build 2015, finalmente foram revelados mais detalhes sobre ele.
A empresa dedicou um bom tempo da apresentação para mostrar como funcionarão aplicativos aproveitando o 3D holográfico criado pelas lentes do aparelho. O HoloLens será capaz de executar e projetar aplicativos universais do Windows 10, desde que otimizados para serem rodados em qualquer tipo de dispositivo e serem redimensionáveis e se ajustarem a qualquer tamanho de tela.
Mas a criação e interação com objetos em 3D pode não ser a única função para o HoloLens. Uma nova patente publicada pelo US Patent and Trademark Office nesta terça-feira (29) mostra que a Microsoft pode ter planos bem mais ambiciosos para seu headset futurista: a capacidade de ler e analisar as emoções das pessoas para quem se está olhando.
A patente descreve uma aplicação bastante interessante para esta tecnologia. Seria possível, por exemplo, que um palestrante usando um HoloLens em uma sala cheia de pessoas conseguisse captar estímulos visuais e de áudio e interpretar o estado emocional apresentado pelo público que estivesse ouvindo.
Mas seu uso não se limitaria ao campo profissional. Em sua patente, a Microsoft menciona explicitamente que a tecnologia pode e deve ser usada para “situações românticas, que envolvam um relacionamento um-a-um entre os indivíduos“. De acordo com a patente, os proprietários HoloLens seriam capazes de escolher determinadas pessoas para receberem um “feedback” delas. Esse “feedback” pode ser coisas como expressões e posturas e seria possível identificar como foi sua interação com as pessoas no passado e recuperar a sua história a partir de “uma base de dados de interações armazenadas“.
O HoloLens também poderá ser programado para determinados cenários sociais, tais como: “situação social“, “situação de negócio“, “festa“, “casamento“, “reuniões” e “apresentação“. Dependendo do cenário social, as HoloLens pode fornecer diferentes tipos de feedbacks; se o usuário selecionar o modo “festa“, por exemplo, a varredura irá buscar pessoas que você conhece e obter informações sobre elas. Caso seja escolhido o modo “apresentação“, por exemplo, o HoloLens irá analisar as emoções do ambiente, ao invés de dar informações sobre as pessoas que você já conhece.
Por mais que possa parecer um exagero, há uma série de tecnologias por trás da leitura feita pelo HoloLens. O headset usa uma ferramenta de rastreamento visual que identifica o que você está olhando, e uma ferramenta de processamento de imagem e áudio que é capaz de reconhecer os estados emocionais fazendo uma comparação com bancos de dados de origem humana, que leva em conta gestos, expressões faciais, postura e discurso.
Uma patente não é necessariamente sinônimo de projeto — e tanto a Microsoft quanto a Apple são conhecidas por apresentarem centenas de patentes que nunca usam em qualquer produto real. No entanto, uma tecnologia como essa possui um grande valor estratégico e comercial, sendo uma ferramenta útil aplicável no campo profissional, pessoal e até mesmo médico (pode ajudar pessoas com autismo a reconhecer certos comportamentos e obter o feedback necessário em situações sociais).
A Microsoft apresentou um único investidor para a patente do HoloLens, Robert Jerauld, atualmente produtor executivo da Microsoft Game Studios e ex-executivo da Square Enix America (fabricante da popular série “Dragon Quest“), o que torna a patente apenas uma possibilidade para um futuro incerto. Até lá, as pessoas ainda terão que continuar a buscar seus encontros amorosos do velho jeito. Afinal de contas, o HoloLens só tornaria mais objetivo algo que é imprescindível a qualquer relacionamento de sucesso: a observação do outro e a consideração pelos sinais que nos são enviados em feedback!
Confira a patente completa aqui.
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