Amazon destrói milhões de produtos em perfeito estado anualmente

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MacBooks novos, iPads e até máscaras de COVID-19 em perfeito estado são destruídos em ações para liberar espaço em armazéns da empresa

Nesta segunda-feira (21), em uma matéria especial do ITV News, foi revelado que a Amazon destrói milhões de produtos anualmente, em um escândalo ambiental. Segundo as informações, a gigante do varejo está descartando itens em perfeito estado que poderiam estar sendo doados.

Em entrevista ao repórter Richard Pallot, um ex-funcionário não identificado disse que a meta é descartar pelo menos 130 mil itens por semana, muitos deles novos. Isso em apenas um dos 24 centros de distribuição da empresa — o armazém de Dunfermline, no Reino Unido — cujas imagens divulgadas hoje chocam pelo enorme desperdício.

Dentre a grande listagem de produtos, constam-se smart TVs, drones, MacBooks, livros, aparelhos de última geração e até mesmo máscaras para proteção contra a COVID-19, ainda intactas em seus pacotes. Ao invés de redirecionar esses produtos para doação às instituições de caridade, a Amazon os recolhe em caminhões e os leva para centros de reciclagem ou, como flagrou a reportagem, para aterros sanitários — ato extremamente agressivo para o meio ambiente.

“50% de todos os itens (que vão para o descarte) não foram abertos e ainda estão em suas embalagens. A outra metade são devoluções, mas que estão em bom estado.”

Ex-funcionário do depósito de Dunfermline, no Reino Unido, da Amazon, para a ITV News
Amazon destrói milhões de produtos em perfeito estado anualmente
Depósito de Dunfermline, no Reino Unido, descarta 130 mil produtos por semana, revela reportagem. (Imagens: ITV UK/Reprodução)

Como o modelo de negócio da Amazon estimula a destruição de itens

A política de descarte de produtos da Amazon se estabelece a partir do alinhamento da ação aos interesses de seu negócio. Diversos fornecedores escolhem armazenar seus produtos nos grandes depósitos da empresa. Entretanto, com o passar do tempo, os custos de armazenagem de produtos que não são vendidos tornam-se tão altos que, financeiramente, compensa mais descartar os itens a pagar por esses custos. Por conta dessa política interna, milhares de itens são simplesmente destruídos.

Ao conceder uma entrevista recente à reportagem, John Boumphrey, gerente da Amazon, havia dito que o descarte do estoque era “extremamente pequeno”. Mas a realidade é bem diferente. Embora o fato seja uma grande problemática, essa prática não é ilegal no Reino Unido, o que levanta questionamentos sobre o que os parlamentares do governo podem fazer para impedir o agravamento da atitude ofensiva ao meio ambiente.

Em resposta à denúncia da ITV News, o primeiro-ministro Boris Johnson disse que essa é uma das atitudes que será preciso investigar, examinar e dar um retorno aos cidadãos. Já o secretário de negócios Kwasi Kwarteng, ao ser procurado pela reportagem, disse estar surpreso com a revelação sobre a Amazon e que ainda vai averiguar os relatórios da empresa.

O grande problema ambiental por trás da atitude da Amazon

Amazon destrói milhões de produtos em perfeito estado anualmente
Descarte gigante de itens não usados traz enormes prejuízos ao meio ambiente. (Imagens: ITV News/Reprodução)

“É uma quantidade inimaginável de desperdício desnecessário, e chocante ver uma empresa de vários bilhões de libras se desfazendo de ações dessa forma”, diz Sam Chetan Welsh, do Greenpeace, para a matéria do ITV News.

O descarte de quaisquer produtos em aterros sanitários podem trazer diversos prejuízos ao meio ambiente, como, em linhas gerais, a danificação da infraestrutura do terreno, abrigo para animais transmissores de doenças — como ratos — bem como o agravamento da poluição a partir da contaminação dos lençóis freáticos.

A calamidade do problema se torna mais visível ao analisar o quanto de poluição pode ser gerada em 130 mil itens semanalmente descartados.

Apesar da investigação, a Amazon afirmou em nota à ITV News que “nenhum item é enviado para aterros no Reino Unido” e, em último caso, enviará os produtos para recuperação de energia, mas que está trabalhando para reduzir a zero a necessidade de recorrer a este processo de descarte. A empresa afirma ainda que está “trabalhando em uma meta de zero descarte de produtos” e adotou como sua prioridade “revender, reciclar ou doar para instituições de caridade qualquer produto não vendido”.

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Fontes: ITV News | Irish Times | Metro UK


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