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O acordo de US$ 40 bilhões para a aquisição da designer de chips britânica ARM pela NVIDIA topou com um grande obstáculo última quinta-feira (2), quando a Federal Trade Commission (FTC), órgão dos Estados Unidos (EUA) que tem como objetivo prevenir práticas anticompetitivas de mercado, abriu um processo para impedir que a aquisição, anunciada em setembro de 2020, fosse concluída.
Após investigações, a FTC chegou a conclusão de que “o acordo vertical proposto daria a uma das maiores empresas de chips o controle sobre a tecnologia de computação e os designs dos quais as companhias rivais dependem para desenvolver seus próprios chips concorrentes”.
Possível monopólio da NVIDIA
A preocupação por parte da FTC se dá pelo fato de que a ARM, de propriedade do SoftBank Group, é a principal companhia no fornecimento de semicondutores. Ela licencia sua tecnologia para centenas de empresas, mas sem competir com nenhuma delas.
A questão é que, apesar de não ter concorrência, com a compra por parte da NVIDIA, alguns desses clientes – Qualcomm, Intel, entre outros – poderiam sair prejudicados. Isso porque todos eles vendem chips que competem com produtos da NVIDIA, o que poderia acarretar em um possível monopólio.
Em resposta às alegações, a NVIDIA disse, em nota, que seu plano nunca foi barrar seus concorrentes, mas sim “acelerar seus roteiros e expandir suas ofertas de maneiras que aumentem a competição, criem mais oportunidades para todos os licenciados da ARM e expandam o ecossistema da empresa”.
A nota também afirma ainda que, não pareceu se incomodar tanto com a posição da FTC e prometeu que prestará todos os esclarecimentos necessários para que o negócio tenha prosseguimento.
“À medida que avançamos para a próxima etapa do processo junto à FTC, continuaremos a trabalhar para demonstrar que essa transação beneficiará a indústria e promoverá a concorrência. A NVIDIA investirá em P&D da ARM, acelerará seus roteiros e expandirá suas ofertas de formas que aumentem a competição, criem mais oportunidades para todos os licenciados da ARM e expandam o seu ecossistema. A NVIDIA está comprometida em preservar o modelo de licenciamento aberto da ARM e garantir que seu IP esteja disponível para todos os licenciados interessados, atuais e futuros”.
Uma audiência administrativa para avaliar o caso foi marcada para 10 de maio de 2022 por parte da FTC. Isso quer dizer que, até lá o negócio não poderá ser concretizado. Caso seja aprovado, a NVIDIA precisaria ainda enfrentar trâmites legais na Europa, onde também aguarda aprovação. Na prática, isso significa que o processo pode se arrastar, no mínimo, por mais um ano.
Acordo entre ARM e NVIDIA no Reino Unido
Fechado em setembro de 2020, o acordo entre ARM e NVIDIA, a empresa de tecnologia britânica e a maior fabricante de chips gráficos e de inteligência artificial do mundo, respectivamente, gerou críticas de políticos, adversários e consumidores, principalmente no Reino Unido, uma vez que o órgão regulador britânico concluiu, em agosto deste ano, que aquisição pode prejudicar a concorrência e enfraquecer rivais e disse que precisa de uma análise mais profunda.
Assim como a FTC, o órgão do Reino Unido também alega que a grande preocupação com a fusão, é que ela poderia reduzir a concorrência em mercados do mundo inteiro e em setores como centros de dados, Internet das Coisas (IoT), automotivo e da indústria de games.
“Estamos preocupados que o controle da NVIDIA sobre a ARM poderia criar problemas reais às rivais da Nvidia ao limitar o seu acesso a tecnologias importantes e, no fim das contas, sufocar a inovação em vários mercados importantes e em crescimento”, disse Andrea Coscelli, chefe da Autoridade de Concorrência e Mercado.
Vale ressaltar que, dentro do mercado interno britânico, o acordo entre ARM e NVIDIA, ganhou um cunho político, isso porque, para eles, a compra geraria um crescimento do nacionalismo econômico e maior consciência da necessidade de possuir infraestruturas-chave significa que a ARM, que pertence ao grupo japonês SoftBank desde 2016, não deveria ser vendida novamente.
Embora a aquisição pela empresa de processamento gráfico, a ARM continuaria sediada em Cambridge, na Inglaterra, para operar seu sistema de licenciamento aberto de arquiteturas para empresas mundo afora. Para o mercado inglês interno e políticos, é insuficiente uma vez que mesmo permanecendo no Reino Unido, a empresa pertencerá a uma japonesa.
O governo britânico agora deliberará sobre as conclusões e dará uma resposta mais completa em uma próxima data, que também inclui o que pensa sobre o impacto à Segurança Nacional. Um inquérito completo demora cerca de seis meses. Ou seja, caso a compra não seja barrada pela FTC, nos EUA, o governo britânico, então, pode bloquear a aquisição, aprová-la ou permitir que ela passe com certas condições.
Fonte: The Next Web, The Verge, PCmag, Aljazeera
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