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Abracadabra 2 (Hocus Pocus 2) chega no Disney+ em 30 de setembro e consagra uma antiga franquia da empresa com as mesmas atrizes principais com um elenco muito talentoso e muita feitiçaria na sua trama. O filme, que será lançado no serviço de streaming, diverte bastante e passa uma sensação de mídia feita perfeitamente a ser apreciada no descanso de todos, mas falha bastante em vários detalhes e não encanta tanto como o primeiro filme, de 1993.
Então separe a pipoca, se aconchegue no sofá e venha conferir uma crítica de Abracadabra 2 e o que esperar do filme.
Feitiços além do tempo
Abracadabra 2 justifica totalmente sua existência enquanto filme: um trio de personagens icônicas que marcaram época com sua identidade singular e um saudosismo confortável de filmes que tantos fãs apreciavam nos anos 1990. Bette Midler (Winifred), Sarah Jessica Parker (Sarah) e Kathy Najimy (Mary) se destacavam no filme antigo, bem como neste novo título, por interpretarem as irmãs Sanderson, bruxas más que comem criancinhas e praticam feitiços cruéis contra todos os que se opõem a elas em Salem, sem jamais perderem seu bom humor.
Contando uma história concisa e respeitosa para com todo o Abracadabra (1993), o novo filme constrói um fio narrativo firme do início ao fim e surpreende em tantos detalhes que não foram deixados de lado ao relembrarem o que vimos nas telinhas ou telonas de 29 anos atrás. É de encher os olhos as cenas repletas de efeitos visuais bonitos, questões sociais e piadas atualizadas para os dias de hoje em todas as falas e, principalmente, as interpretações super bem executadas pelas atrizes.
Outro trio jovem e diverso se apresenta na narrativa e rouba as cenas em que aparecem, as amigas Becca (Whitney Peake), Izzy (Belissa Escobedo) e Cassie (Lilia Buckingham). Todas moram em Salém nos dias atuais e viverão uma noite de Halloween bastante agitada e diferente após estranhos encontros com um fanático pelas irmãs Sanderson, o Gilbert. Dispenso muitas citações, pois todos atuam de forma brilhante no filme, então recomendo muito o filme pelo grande espetáculo que todo o elenco faz na obra desde o primeiro minuto. Esse é o principal chamariz do longa.
Diante de muito saudosismo e cenas tão bonitas e bem criadas, o filme, infelizmente, peca em muitos detalhes que deixam a experiência um tanto estranha como um todo. Excessivos cortes desconexos no meio de cenas, uma trilha sonora dispensável e um ritmo meio acelerado para contar tal história acabam frustrando todo o clima que se pretende criar para a obra.
No entanto, tais detalhes jamais tiram o fator diversão à la Disney, sempre presente de forma agradável em suas obras. Trata-se de um toque humorístico e saudosista resultante em pensamentos como “Ei, quero ver mais um pouco disso!”.
Bruxarias não tão fantásticas
No anseio de se vingarem de descendentes de um reverendo puritano do século XVII, contemporâneo das suas infâncias, as bruxas perseguem o candidato a prefeito Traske (Tony Hale) dos dias atuais e farão com que todos os seus feitiços se voltem contra ele, usando outras pessoas ao seu redor para o mesmo objetivo.
O roteiro do filme, aliás, não é dos melhores. Esse rege um bom início, com uma história boa, mas a partir da metade do filme, põe a perder todo o sentido narrativo bem estabelecido naquele mundinho tenebroso da cidade de Salem. O roteiro mal escrito, a partir de tal ponto, também “respinga” em vários personagens, enfraquecendo-os severamente após algumas resoluções.
Triste ver como poderia ter sido diferente, em uma obra muito esperada, mas tão pouco investida por nada menos que a Disney, que já trouxe produções de tão alto nível no passado recente e distante e que não conta com tantas limitações financeiras ou criativas. Certamente, em algum momento, faltou dar maior atenção a uma sequência um pouco melhor. Abracadabra 2 merecia muito mais atenção e carinho.
Nova narrativa, novos ares
Foi incrível revisitar Salem atual e de quase cinco séculos atrás, na juventude das irmãs Sanderson, a fim de entender sua história com atrizes mais jovens muito talentosas. Além disso, é nesse momento que toda a fantasia criada para essa ficção é justificada, o que é bastante admirável.
Abracadabra 2, entretanto, é repleto de altos e baixos, com altos que duram tão pouco que acabam por frustrar, em certa medida. O filme é ótimo e um espetáculo audiovisual que combina muito bem com a exibição em TVs, mas vai além de um passatempo simplista, possivelmente sustentado unicamente por orçamento muito baixo. Ao subir dos créditos, o sentimento é um pouco estranho, ainda que o filme divirta bastante e passe, sem sombra de dúvida, sensações e muito boas e mensagens necessárias.
Da metade para o final, o filme parece se perder pelo próprio roteiro, infelizmente, e falta em criar credibilidade no relacionamento entre os personagens, além de se desconectar muito do filme original de 1993, o que tira o espectador de sua imersão. Também sente-se um vazio quando um terror muito ameno é posto em cena, em comparação ao longa anterior, e a música mais emblemática, “I put a spell on you”, não é cantada pelas irmãs Sanderson.
Veredito
Ao analisar friamente Abracadabra 2, é possível perceber alguns furos no roteiro (principalmente na sua metade final) e uma direção de arte esquisita e desengonçada, mas que cumpre bem seu papel. No entanto, esses dois atributos entram em conflito o tempo todo com uma narrativa acelerada e clichê, com uma bela fotografia e com atuações ímpares de todo o elenco. Bette Midler (Winifred), Sarah Jessica Parker (Sarah) e Kathy Najimy (Mary) estão triunfantes nas cenas e o tempo de filme é muito justo para o que ele tem a oferecer.
Por isso, no final, o conjunto da obra deixa um gosto um pouco amargo na boca, mas, ainda assim, deixa uma sensação boa de diversão, comédia e uma ótima saudação ao passado. É preciso considerar, também, que é um fruto da Disney contemporânea e muito da sua essência atual para séries e filmes estará 100% presente. Para desespero ou alegria de muitos, provavelmente.
Mesmo diante dos problemas citados, Abracadabra 2 consegue entregar muito espetáculo visual, uma dose (muito pequena) de terror e uma comédia de galhofa e trapalhadas de ótima qualidade. Ele diverte do início ao final e com certeza vale tirar um tempinho do final de semana para dedicar ao longa, que tem cerca de 1 hora e meia de duração.
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Fonte: IMDb
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Direção8/10 ÓtimoUm pouco desengonçada e com alguns cortes inesperados, com muitas pequenas cenas que não somam em nada à narrativa ou à construção audiovisual, mas consegue cumprir bem seu papel e acentuar a comédia e o bom humor.
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Roteiro6/10 NormalInicialmente, o roteiro aposta alto em uma boa trama e muito bem embasada, mas desliza muito na construção de bons personagens coadjuvantes e na manutenção de outros que já tinham presença na franquia. Também não sustenta uma boa história e bota tudo a perder pela mera necessidade supérflua de haver uma sequência desse mesmo filme.
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Fotografia9/10 IncrívelImagens belíssimas sempre somando ao cenário e aos personagens em destaque de cada cena. Cada frame é um espetáculo à parte e consegue entregar muito à construção da obra como um todo. Deixa apenas a desejar com alguns fundos desfocados demais ou que passam pouca credibilidade à realidade que se está tentando criar em certos momentos.
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Trilha Sonora8/10 ÓtimoÉ uma trilha que cumpre seu papel, acentuando momentos de euforia, tensão, um pouco do terror e de contemplação da magia. "I put a spell on you" não é cantada (ao menos, não inteira) pelas irmãs Sanderson, o que é motivo de frustração.
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Atuação10/10 ExcelenteVislumbrante! Cada ator e atriz em cena consegue surpreender e convencer de um modo incrível. Com certeza é o maior destaque do filme e o que o eleva muito a um status de boa arte. Muito apreciável e divertido ver o elenco de diversas gerações e gêneros trabalharem tão bem entre si e conseguirem transmitir mensagens tão boas e muita diversão.
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Melhor blog
Eu amei o filme muito bom.