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O Brás, situado em São Paulo, se destaca como o maior mercado de vestuário do Brasil, caracterizado por uma concentração impressionante de estabelecimentos comerciais. Neste contexto, grandes gigantes do varejo internacional, como Shein e Mercado Livre, estão engajados em uma disputa acirrada para atrair os fornecedores locais.
Essa competição evidencia a crescente relevância do bairro como um mercado estratégico para o comércio online. A seguir, o Showmetech explora em detalhes como Shein e Mercado Livre estão competindo para conquistar os lojistas do Brás!
A importância do Brás
O bairro do Brás, localizado na cidade de São Paulo, é um verdadeiro centro comercial com uma vasta diversidade de estabelecimentos. Segundo levantamento da Associação de Lojistas do Brás (ALOBrás), a região abrange 55 ruas comerciais, cerca de 15 mil estabelecimentos e alcança um faturamento anual expressivo de R$ 12 bilhões. Além disso, o Brás sustenta aproximadamente 200 mil empregos diretos, 400 mil indiretos e recebe uma média diária de circulação de 400 mil pessoas.
Esses números destacam a importância do Brás como o maior polo atacadista de moda da América Latina, desempenhando um papel fundamental no cenário da moda popular no Brasil. Ao longo dos anos, o bairro tem sido um ponto de entrada para pequenas confecções, promovendo a diversidade de produtos acessíveis e impulsionando o setor.
O Brás tornou-se uma referência em tendências, desenvolvimento de negócios e economia, oferecendo oportunidades para empreendedores informais, grandes estabelecimentos e muito mais, com alcance em todo o país. A região atende às necessidades desde aqueles que desejam iniciar um negócio até aqueles que procuram por novas peças de vestuário.
Além de roupas, o Brás oferece uma variedade de produtos, incluindo eletrônicos, hospedagem e restaurantes que atraem um grande número de compradores. Karyna Terrel, empresária e uma das criadoras do Canal Brás, compartilha dicas valiosas para quem está começando seu próprio negócio ou buscando novos fornecedores.
Comprar com sabedoria, ter um bom plano de negócio e fazer sempre um respaldo para não ter dor de cabeça depois, estando preparado para o pior cenário, é o segredo do sucesso
Karyna Terrel, empresária e criadora do canal Brás.
Além disso, atualmente o bairro está em destaque na cena televisiva brasileira com Beatriz Reis, a participante do BBB 24 que ganhou destaque na edição como “Beatriz do Brás”. Aos 23 anos, ela começou sua jornada trabalhando na Feira da Madrugada, onde anunciava promoções entre 3h e 6h da manhã usando um microfone e caixa de som para exibir os produtos da loja Christina.
Disputa pelo Brás iniciou com a pandemia
Durante períodos movimentados, como nas festividades de final de ano, a região recebe cerca de 300 mil compradores diariamente. Antes da COVID-19, os comerciantes vendiam seus produtos pessoalmente no Brás. No entanto, com o início da pandemia, o governo local ordenou o fechamento das lojas, forçando muitos vendedores a migrarem para o ambiente online.
Diante dessa necessidade de adaptação ao ambiente digital, a maioria dos vendedores passou a utilizar o WhatsApp e o Instagram para vender para clientes conhecidos. Poucos comerciantes exploraram a venda por meio de websites. Foi nesse contexto que a Shein e o Mercado Livre perceberam o potencial ainda inexplorado do Brás.
Em maio de 2023, a Shein anunciou planos de comercializar peças de vestuário fabricadas no Brasil, em resposta às críticas recebidas de concorrentes nacionais devido à importação de produtos sem o pagamento do Imposto de Importação, e após o plano do governo de taxar remessas internacionais de produtos abaixo de US$ 50 ter sido anunciado.
Com essa iniciativa, a Shein pretendia gerar 100 mil empregos diretos e indiretos no país, com 85% das vendas provenientes de produtos fabricados localmente, estabelecendo assim o Brasil como um dos seus três principais centros de produção global, ao lado da China e da Turquia. As 336 fábricas parceiras da varejista estão localizadas em 12 estados brasileiros: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.
Em junho de 2023, o Mercado Livre anunciou sua estratégia para atrair lojistas do Brás e outros polos de moda brasileiros, instalando escritórios e pontos logísticos na região de São Paulo com o objetivo de atrair pequenos e médios empreendedores interessados em vender seus produtos pela plataforma.
Atualmente, a Shein e o Mercado Livre estão disputando a conquista dos lojistas do Brás, utilizando diversas estratégias para atrair os fornecedores. Relatos de lojistas indicam o surgimento de visitantes das varejistas internacionais oferecendo ofertas irresistíveis. Para esses gigantes do mercado varejista, o Brás representa um campo de testes para recrutamento de fornecedores, e as empresas continuam aprimorando seus pacotes de integração para atrair os comerciantes.
De acordo com Lauro Pimenta, representante da Associação dos Vendedores do Brás, até 65% dos vendedores locais ainda não iniciaram vendas online, o que torna o maior mercado de vestuário do Brasil um polo imenso e inexplorado para os marketplaces online.
Benefícios a comerciantes são temporários
A Shein organiza regularmente eventos para os lojistas do Brás. Recentemente, o gerente comercial da varejista no Brasil ministrou uma palestra na região sobre como se tornar um fornecedor bem-sucedido na plataforma. Ao oferecer condições comerciais atrativas, como um período inicial de 60 dias sem comissões, a empresa rapidamente atraiu fornecedores. Até novembro de 2023, a varejista já havia conquistado 10.000 vendedores brasileiros para a plataforma.
Atualmente, a Shein oferece uma comissão de 0% sobre as vendas nos primeiros 30 dias, seguida por uma comissão de 16%, além de entrega gratuita para pedidos acima de R$ 14. Além disso, são fornecidos orientação, treinamento para otimização de vendas e um “impulso de exposição” durante os primeiros 21 dias do produto na plataforma.
O Mercado Livre chegou ao Brás após a Shein e, para competir com sua rival, começou a oferecer aos fornecedores acesso a um consultor presencial por três meses, entrega gratuita para pedidos acima de R$ 16, fotos de alta qualidade dos produtos e facilidades nos pontos de entrega. A empresa ainda montou uma instalação dentro do distrito de vestuário, onde os lojistas podem interagir com consultores de comércio eletrônico e deixar suas roupas para serem fotografadas profissionalmente em um estúdio com modelo, estilista e maquiador.
Devido a essas ofertas competitivas, alguns comerciantes relataram desistir de decidir entre as varejistas e optaram por se associar às duas para manter seus negócios funcionando. Assim, a pressão para se digitalizar no Brás continua crescendo, mas, por outro lado, as condições oferecidas aos fornecedores vêm piorando.
No entanto, após o término da oferta inicial da Shein, os custos das lojas de roupas aumentaram substancialmente, como relatou Alves, proprietária de uma loja no Brás, ao Rest of World. Ela enfatiza que a varejista chinesa introduziu um leilão onde os comerciantes negociam com a plataforma para definir o preço de uma peça de vestuário.
Há ofertas que posso aceitar, mas algumas estão abaixo do meu custo de produção
Alves, proprietária de loja de roupas no Brás
A comerciante ainda relata que continua vendendo seus produtos na Shein e, por enquanto, não planeja se juntar a outros marketplaces devido à falta de tempo.
Fontes: Rest of World, CNN, Veja, ABC
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Revisado por Glauco Vital em 9/4/24.
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