FLOPOU: 24 acontecimentos da tecnologia que marcaram 2024

Após 2023 provar que muitos acontecimentos da tecnologia podem acontecer, na verdade esta foi uma prévia do que estava por vir no ano seguinte. Enquanto organizávamos os acontecimentos da tecnologia que marcaram 2024, lembramos que uma luta entre Mark Zuckerberg chegou a ser cogitada pelos bilionários em 2023 (algo que nunca aconteceu). Mas você não vai acreditar no que aconteceu em 2024.

Tem de tudo: astronautas presos no espaço, Twitter bloqueado no Brasil, pagers explodindo no Líbano e até mesmo problemas para uma big tech extremamente conhecida. Acompanhe o que deu de errado no mundinho tech agora mesmo.

Aplicativo do iTunes

A Apple promete que vai descontinuar o aplicativo do iTunes para Windows há mais de cinco anos. Em fevereiro de 2024, a empresa começou a dar três opções para que as pessoas deixem de usar seu serviço de biblioteca e compra de músicas.

Todas pessoas que ainda usam o iTunes precisaram baixar, separadamente, o Apple Music, Apple TV e Dispositivos Apple para usar as mesmas funções do iTunes que estavam acostumadas. Quem ainda tem as versões anteriores, será possível usar o aplicativo para acessar e reproduzir a biblioteca de mídias. 

Você ainda usava o iTunes para Windows ou é do time que migrou para os serviços de streaming de áudio? Diga pra gente nos comentários, mas lembrando que a lista de acontecimentos da tecnologia que marcaram 2024 está apenas começando.

Apple Lay Later

Lançado em outubro de 2023, mas nunca disponível fora dos EUA, o Apple Pay Later (Pague Depois, em tradução direta) pode ser explicado como um serviço de parcelamento de compras da empresa de Cupertino que foi incluído na lista de flops da tecnologia em 2024, mais especificamente em junho.

Oferecido pela própria Apple, a ideia era permitir que estadunidenses fizessem compras de até US$ 1 mil e parcelassem isso em até 4x, sem juros, com pagamentos em até duas semanas. A Apple disse, em comunicado, que o serviço vai ser substituido por parceria com bancos, o que também permitirá a expansão disso para locais como Austrália, Espanha e Reino Unido.

Será que veremos isso no Brasil? Nos resta esperar pelo novo ano para esperar pela chegada dele por aqui (ou não).

Astronautas “presos” na ISS

Este é aquele tipo de história que você só acredita vendo. De volta a agosto (este mês contou com diversas histórias), tivemos o caso dos astronautas Suni Williams e Butch Wilmore, que tiveram problemas ao participarem de uma missão de testes da Boeing. 

A cápsula Starliner, que chegou à Estação Espacial Internacional em 6 de junho, apresentou problemas, e agora eles terão que esperar 9 meses para retornarem à Terra. A previsão inicial é que ficassem na ISS por pouco mais de uma semana.

Isso ocorreu porque a cápsula sofreu contratempos com vazamentos de hélio e com propulsores que pararam de funcionar abruptamente na etapa inicial de seu primeiro voo de teste tripulado. 5 dos 28 propulsores de controle de reação da Starliner pararam de funcionar – todos, exceto um, foram eventualmente recuperados.

Os engenheiros da Boeing passaram semanas testando possibilidades para saber se seria seguro e viável o retorno dos dois astronautas à Terra, na cápsula danificada, mas foi decidido que isso acontecerá apenas em março de 2025. A previsão inicial era em fevereiro de 2025.

Apesar da grande expectativa de que outra empresa fizesse o trabalho de levar astronautas à ISS, a SpaceX ainda é a única que obteve sucesso nesse tipo de tarefa. O foguete Crew Dragon, da missão Crew-9, será responsável por trazer os dois astronautas da Boeing. 

Até isso acontecer, eles passam a ser membros da equipe de expedição em tempo integral, trabalhando para a Nasa no laboratório orbital, fazendo experimentos científicos, tarefas de manutenção e auxiliando nos preparativos para caminhadas espaciais — incluindo um estudo sobre novas maneiras de produzir cabos de fibra óptica e cultivar plantas a bordo da ISS.

Aposentadoria do Atlas Robot

Após 11 anos, a Boston Dinamics anunciou a aposentadoria do robô Atlas que conhecemos para dar início, segundo a mesma, à uma nova era. A empresa não vai necessariamente deixar de produzir robôs: na verdade, ela vai colocar a unidade hidráulica de lado para quem uma unidade alimentada por energia elétrica assuma o protagonismo.

Em um vídeo publicado em seu canal no YouTube, a Boston Dinamics revelou o novo design e, claro, citou que ele consegue se movimentar de forma mais assertiva que seu antecessor. Veja ele ao assistir o vídeo abaixo:

No comunicado, a Boston Dinamics cita que aproveitou os dados coletados sobre a versão hidráulica de seu robô para melhorar a versão elétrica. Se imagina em uma realidade que robôs façam tarefas como você faz? Vamos esperar e ver.

A versão elétrica do Atlas será mais forte, com uma amplitude de movimento mais ampla do que qualquer uma de nossas gerações anteriores. Por exemplo, nosso Atlas hidráulico de última geração (HD Atlas) já conseguia levantar e manobrar uma grande variedade de objetos pesados ​​e irregulares; continuamos a desenvolver essas capacidades existentes e estamos explorando diversas novas variações de garras para atender a um conjunto diversificado de necessidades de manipulação esperadas em ambientes de clientes.

Atlas sobre seu novo robô, agora alimentado por energia elétrica.

Car Thing do Spotify

A ideia de ter uma tela em seu carro, para rodar apenas o Spotify e realizar o controle do volume da música, te anima? Pois é. A plataforma de streaming musical mais usada do mundo anunciou o Car Thing em fevereiro de 2022, com a ideia de permitir que as pessoas escutassem música em seus carros, além de ter suporte para controles de voz.

Apesar de ideia soar como interessante, era necessário que um smartphone estivesse emparelhado com o dispositivo e, sem isso, não era nem mesmo possível usar o Car Thing.

Interessante comentar que ele também era bem limitado: sua tela de quatro polegadas servia apenas para mostrar a interface do Spotify e nada mais que isso. Informações de clima? Não. Dados de trânsito onde o usuário estava? Não. E compradores do aparelho, que custava US$ 89,99, citaram que os comandos de voz não eram bem compreendidos.

Após perceber uma grande queda nas vendas, o Spotify anunciou que deixaria de dar suporte ao Car Thing a partir de 09 de dezembro de 2024. A empresa também agradeceu o apoio de todos os clientes, além de afirmar que uma segunda geração não será lançada no futuro.

Essa decisão não foi tomada levianamente, e queremos garantir a você que nosso compromisso em fornecer uma experiência auditiva superior permanece inalterado. Reconhecemos e apreciamos profundamente o apoio e o entusiasmo que vocês demonstraram pela Car Thing. Foi uma jornada incrível, e somos gratos por todas as milhas que compartilhamos. Após 9 de dezembro de 2024, o Car Thing será descontinuado e não estará mais operacional.

Spotify sobre o fim do Car Thing.

No anúncio, feito em maio de 2024, a empresa ressaltou que todos que fizeram a compra, mesmo que ainda tivessem o aparelho, não conseguiriam mais usá-lo. Reembolsos não foram dados aos (poucos) compradores e a empresa também ressaltou que todos deveria formatá-lo e “realizar o descarte consciente”. É, de fato, um dos maiores flops da tecnologia em 2024.

Chatbot de celebridades da Meta

A Meta não poderia estar de fora da nossa retrospectiva 2024. Sua participação inclui IA (mas é claro que inclui): anunciado em setembro de 2023, a empresa desenvolveu um servíço que simulava personalidades de pessoas famosas, como o jogador de futebol americano Tom Brady e a famosa influencer Charlie D’Amello. O anúncio foi feito em agosto de 2024.

A empresa explicou que quer mudar sua estratégia em relação ao uso de inteligência artificial e, no mesmo dia que cancelou o serviço de IA baseado na personalidade de famosos, também anunciou o AI Studio. Esta é uma ferramenta que permitirá, no futuro, que os criadores de conteúdo (que também inclui celabridades) desenvolvam seus próprios chatbots personalizados.

A ideia está disponível apenas nos EUA neste primeiro momento, sem mais informações de quando chega a mais países. Pessoas com perfis famosos poderão treinar os chatbots com base no que postam no Instagram, além de poderem selecionar assuntos que não devem ser comentaddos e até mesmo escolher os links que devem ser enviados pelos chatbots.

Você usaria o AI Studio para criar uma segunda versão sua na internet? Comenta com a gente ao final do post.

Falência da 23andMe

A 23andMe aparece em nossa lista de acontecimentos da tecnologia pelo segundo ano seguido. A primeira vez foi decorrente de um vazamento de dados que afetou nada menos que sete milhões de estadunidenses.

Caso você não esteja familirizado com a empresa, ela trabalha no ramo de ciência genética e ficou famosa ao realizar o Personal Genome Service em que basicamente você fazia o pedido (pelo singelo valor de US$ 999), realizava a coleta em casa e enviava à empresa para saber dados sobre sua saúde, ancestralidade, genética e mais. Testes rápidos e mais tradicionais também eram realizados.

Na época, foi sucesso: e empresa, fundada em 2006, anunciou em 2024 que 14 milhões já haviam realizado seus testes. Mas, de volta a 2023, o vazamento de dados deixou resquícios: uma ação coletiva movida por agora ex-clientes gerou um prejuízo de 30 milhões de dólares.

Em setembro de 2024, sete diretores independentes da empresa após o fundador anunciar que está pensando em torná-la de capital fechado, com a alegação de que na verdade, ela nunca deu lucro.

A grande pergunta é que: o que será feito com os dados genéticos dos clientes? A presidente-executiva da empresa, Anne Wojcicki, disse que está comprometida com a privacidade do cliente e “manterá a política de privacidade atual”, que basicamente permite que os clientes escolham se os dados serão mantidos na base de dados e se também poderão ser usados, sem identificação direta, em pesquisas. Quatro a cada cinco clientes concordaram em dar seus dados à medicina. E há a possibilidade de solicitar a exclusão da conta e, claro, das amostras genéticas que estão em seu nome.

Mas fica claro que a empresa pode fazer o que quiser com os dados que tem em sua base e, inclusive, algumas pessoas relatam que receberam ligações de parceiros da 23andMe. O termo completo de privacidade também cita que, caso a companhia venha a falir as informações das pessoas podem ser “acessadas, vendidas ou transferidas”.

Falência da Bowery

Desenvolvida por conta da Bowery, uma startup fundada por Irving Fain, que queria cultivar alfaces na vertical, com o apoio de robôs e lâmpadas LED, com o que eles chamaram de agricultura vertical. O fundador alegou que sua ideia era 100x mais produtiva do que as fazendas tradicionais, devido às prateleiras serem montadas a 12 metros de altura. Com o bom marketing que deveria ficar apenas na teoria, Irving arrecadou US$ 700 mil. Sim.

Caso esteja se perguntando onde está problema: os altos custos para manter instalações como estas fizeram com que o preço final fosse lá para cima. Você está aberto a pagar mais caro por um alface cultivado em formato vertical? Muitas pessoas também não estão.

A CB Insights, empresa de análise de negócios, classificou o problema como o maior fracassp de startup do ano. A Bowery fechou as portas nove anos após entrar no mercado. Além do produto final ser mais caro em relação ao que as pessoas estão acostumadas a pagar, as instalações da empresa de agricultura vertical foram infestadas por pestes que levaram a empresa à falência.

Diversos produtores que antes realizavam a compra em diversas partes dos EUA deixaram de fazer seus pedidos e não deu outra: a falência bateu à porta da empresa em novembro de 2024. Quem sabe, quando isso estiver mais acessível, veremos uma ideia de agricultura vertical dar certo (ou não).

Falência da Redbox

Dessa vez, a afetada é a Redbox, uma empresa de aluguel de DVDs e mídias físicas de jogos. Em 10 de julho de 2024, a Chicken Soup for the Soul Entertainment, controladora da companhia, disse que e empresa deixaria de fazer aluguéis em breve, pois uma má gestão do acionista majoritário deixou de pagar os funcionários, fazendo com que os mesmos também perdessem benefícios médicos.

A Redbox ficou famosa entre os entusiastas que não gostam de assinar serviços de streaming de vídeo e jogos para assistirem/jogarem online. Mas, após o golpe, precisou demitir os mais de 1000 funcionários pois não havia mais dinheiro para mantê-los fazendo o que faziam. Também foi necessário vender os mais de 24 mil quiosques que serviam como ponto de retirada dos discos de jogos ou filmes.

Especula-se que a falta de lançamentos mais recentes também tenha sido um dos problemas da Redbox declarar falência.Você acha que isso daria certo por aqui no Brasil?

Falha da CrowdStrike

Em 19 de julho de 2024, empresa que usavam o Windows em seus serviços passaram por diversos problemas. A CrowdStrike, uma empresa que fornece segurança cibernética, atualizou sua plataforma Falcon, que conta com diversos módulos para evitar vazamentos e ataques hackers. Só que, em uma atualização, a CrowdStrike indicou que o sistema operacional Windows, da Microsoft, era um software malicioso.

O erro na detecção causou a famosa tela azul da morte em empresas de diversos setores: bancos, aeroportos e mais. O CEO da Crowdstrike reconheceu o problema e inclusive recomendou que os usuários não desligassem suas máquinas. Quem não foi afetado, foi indicado para nem ligar seu computador naquele dia.

A falha já foi corrigida e a Microsoft afirma que cerca de 85 milhões de PCs com Windows foram afetados, mas isso pode ser muito maior, já que nem todas as empresas compartilham estes dados. Foi uma das notícias de tecnologia de 2024 mais comentadas. Você passou por isso?

Fim do ICQ

Responsável por moldar a comunicação instantânea, o ICQ até que durou muito: lançado em 1996, empresa israelense Mirabilis, ele foi comprado pela AOL em 1998 e alcançou seu aug em 2001. A atual próprietária do aplicativo VK, encerrou o aplicativo em 26 de junho de 2024.

Como alternativa, ela indicou o uso de seus aplicativos VK Messenger e VK Worskpace. As mensagens e demais dados do ICQ foram deletaddas e o famoso som de notificação Uh-oh foi ouvido pela última vez na metade do ano que nos deixa. Vai sentir saudades?

Fossil Smarwatches

Conhecida como uma opção para quem não gosta de usar relógios inteligentes da Apple e Samsung, a Fossil, em 29 de janeiro, anunciou sua saída do mercado de smarwatches, alegando que a alta concorrência foi um dos motivos desta decisão ter sido tomada, segundo uma porta-voz, em entrevista ao The Verge. Veja:

Como o cenário de smartwatches evoluiu significativamente nos últimos anos, tomamos a decisão estratégica de sair do negócio de smartwatches. O Fossil Group está redirecionando recursos para apoiar nossa força principal e os principais segmentos de nossos negócios que continuam a fornecer fortes oportunidades de crescimento para nós: projetando e distribuindo relógios tradicionais, joias e artigos de couro sob nossas próprias marcas, bem como licenciadas

Amanda Castelli, porta-voz da Fossil, sobre a saída da marca do mercado de smarwatches

A empresa ainda vai seguir oferecendo suporte para seus modelos mais antigos: o Fossil Gen 6 Wellness Edition foi o último a ser lançado pela empresa: ele conta com Wear OS 4, mostrador híbrido e autonomia prometida para duas semanas. A empresa não tem venda oficial no Brasil, mas é possível fazer a exportação via AliExpress ou Amazon.

Google Chromecast

Com a estreia do Google TV Streamer, o Google descontinuou o oficialmente o Google Chromecast, que abriu a porta para que smart TVs sem um sistema inteligente pudessem rodar serviços de streaming de áudio e vídeio e até jogos. A empresa deixou de fabricar o aparelho para agora focar seus esforços no novo produto.

Apesar de não repor mais os estoques, o Google anunciou que ainda dará suporte aos compradores por meio de atualizações de sistema operacional, para que não fique completamente inútil. Um dos recursos mais legais é a possibilidade de transformá-lo em um controlador de dispositivos inteligentes, que leva o nome de Home Runtime e funcionará com aparelhos que atendem ao protocolo Matter.

Não há como negar que o Chromecast fez história: sua primeira versão foi lançada em 2013 e, até ser descontinuado, cerca de 100 milhões de unidades foram vendídas em todo o mundo. Você é uma das pessoas que já tiveram o aparelho?

Google Jamboard

O Google Jamboard é um dispositivo de US$ 4.999 que pode ser explicado como uma lousa digital de 55 polegadas com resolução 4K e suporte ao toque. A ideia foi lançada em 2017 e, apesar de você não saber muito da existência, ela estava ativa até hoje.

Todas as empresas que fizeram a aquisição poderão salvar/baixar os arquivos até 31 de dezembro de 2024, mas a transição acontece desde setembro, apesar de terem uma vida útil de sete anos. A empresa não planeja mais permitir que todos os arquivos fiquem salvos em nuvem (que também exigia pagamento), mas a grande tela ainda poderá ser usada para desenhos básicos.

A empresa sabe que a parcela de pessoas que usam planos pagos do Google Workspace e o Jamboard é relativamente baixa, mas fechou uma parceria com empresas como  FigJam, Lucidspark e Miro para que os serviços conhecidos sejam usados por estas pessoas, mesmo com os Jams (como eram chamados os projetos) se tornando indisponíveis.

Google One VPN

Lançado como uma opção que mais tarde ganharia um “irmão mais velho”, o Google One VPN era uma funcionalidade dispobilizada a quem assinava os planos de mais armazenamento no Google Drive. Só tinha um problema: uma baixa parcela de pessoas estava usando.

A ideia era lançar um serviço que era como uma “camada extra de proteção online para seu telefone Android” e “tranquilidade de que seus dados estão seguros”. Apesar do Google One ter mais de 100 milhões de assinantes, isso não estava mais sendo usado.

Em 11 de abril, a empresa anunciou que isso não seria mais válido. Apesar de tudo, o Pixel VPN, disponível em aparelhos fabricados pelo Google (que infelizmente não são vendidos no Brasil), seguirá ativo e com a mesma funcionalidade que conhecemos.

Implosão da OpenAI

Em novembro de 2023, Sam Altman foi demitido da OpenAI de forma inesperada. O comunicado oficial da empresa sobre o assunto, à época, indicou que o Conselho optou pela demissão do CEO por quebra de confiança.

Rumores, também da época, alegavam que Sam agia sem transparência com o Conselho e com falta de cautela, com o propósito de desenvolver uma “inteligência artificial geral”, ou AGI, no termo em inglês, nome dado à inteligência artificial que conseguir um nível de cognição igual ou superior ao dos humanos.

Na época, apesar de não ter sido confirmado o motivo da demissão, a tentativa foi frustrada e o CEO retornou ao conselho, reformulando-o em seguida. Agora, um ano após esta grande mudança, a OpenAI passou por uma nova reformulação, chefiada por Altman, que a está fazendo deixar de ser um centro de estudo sobre inteligência artificial sem fins lucrativos, para se tornar uma empresa tradicional, focada no lucro e com fartas bonificações ao CEO.

Tais mudanças estão fazendo com que diversos líderes estejam de saída da empresa. No dia 25 de setembro de 2024, Mira Murati, diretora de tecnologia da empresa, decidiu sair da OpenAI com a justificativa de que “precisava criar tempo e fazer suas próprias explorações”.

Outros dois grandes que estão se desligando da OpenAI são Bob McGrew, responsável pela divisão de pesquisa, e Barret Zoph, que liderava a equipe de novos modelos de IA. No mesmo mês em que tirou licença, outro co-fundador, e líder-chave, John Schulman, saiu para trabalhar na Anthropic.

Com isso, além de Altman, o único membro restante do conselho da OpenAI é Greg Brockman, que chegou a apoiar Sam quando o mesmo foi demitido, em 2023. Porém, Brockman está em licença pessoal desde agosto e não deve retornar até 2025.

A grande mudança na definição da OpenAI coloca os profissionais ainda restantes em um novo propósito de trabalho, que não mais visa exclusivamente o “bem da humanidade”, como anteriormente proposto, mas também a geração de lucro.

Fica então incerto o peso das “questões e práticas de segurança para evitar a perda de controle das inteligências artificiais” desenvolvidas pela empresa. Veja nosso vídeo-resumo sobre o assunto e atualize-se:

Intel em crise

2024 foi um ano bem atípico, mas ainda mais atípico para a Intel. A empresa se viu perder a briga de ter AI PCs mais potentes que empresas como a Qualcomm e a AMD, além de, um dia para o outro, o atual CEO, Pat Gelsinger, anunciar sua aposentadoria.

E não para por aí: a Intel Foundry, criada para auxiliar empresas americanas a reduzir sua dependência de fabricantes asiáticas na produção de chips de alta tecnologia, tem gerado altos custos: apenas no segundo trimestre de 2024, registrou um prejuízo de US$ 2,8 bilhões.

A Qualcomm e AMD até pensaram em fazer uma aquisição da Intel, mas isso foi deixado de lado por desinteresse de ambas. Em 20 de novembro deste ano, Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, em entrevista à Bloomberg, disse que a empresa“não identificou nenhuma grande aquisição que seja necessária“.

Monitoramento de oxigênio de sangue de Apple Watch

Noticiamos o primeiro capítulo desta história em novembro de 2023, quando a Apple deixou de vender os Apple Watch 9 e Ultra 2 nos EUA. O problema? A Masimo, empresa de tecnologias não-invasivas de monitoramento de pacientes, acusou a Apple de plágio.

Avançando para o ano seguinte, mais especificamente em janeiro, a empresa de Cupertino voltou a colocar seus relógios no mercado, mas sem o monitoramento de oxigênio de sangue. Quem morava nos EUA e tentou usar a funcionalidade ao ter um novo aparelho via a mensagem de que o serviço de monitoramento não estava mais disponível para uso.

Em outubro de 2024, a justiça de Delaware decidiu que, na verdade, a Apple foi copiada pela Masimo. Entretanto, foi decidido uma pequena multa seria aplicada: apenas US$ 250. O juiz decidiu que apenas um carregador e design módulo foram copiados pela Masimo, mas os produtos do W1 Freedom já haviam sido descontinuados.

Com isso, os Apple Watch 9 e Ultra 2 seguem sendo vendidos nos EUA com o oxímetro desativado. Tim Cook disse, em entrevista, que isso não é motivo para que as pessoas deixem de comprar um Apple Watch.

Moxie Robot

Lançado em 2020, o Moxie Robot tinha o conceito de ser um companheiro para crianças de 5 a 10 anos que, além de ter uma voz própria, tinha braços e expressões animadas mostradas em uma tela. Ele também servia para realizar diversas atividades lúdicas e conseguia responder perguntas que os mais pequenos fazem.

Pois bem, agora pulamos para dezembro de 2024: de forma abrupta, a Embodied, fundada em 2016, anunciou que o robô vai deuixar de funcionar devido aos alto custos de infraestrutura. Para funcionar de forma inteligente e também se aprimorar com o passar do tempo, o robô precisava se contatar diretamente com os servidores de IA de sua fabricante. O preço para ter acesso ao brinquedo não era nada baixo: US$ 799 (R$ 4.949,80 em conversão direta).

A startup citou que tinha um grande investidor que a manteria ativa, mas, “de última hora, este investidor decidiu que não colocaria mais dinheiro na empresa”. O comunicado foi enviado em 10 de dezembro e diversos vídeos de pais avisando a seus filhos que os robôs “morreriam” nos próximos dias estão viralizando. Veja alguns abaixo:

Embodied, Inc., the company behind the AI robot Moxie, is shutting down and this dad had to break the news to his daughter. 🥲

To a kid this feels like a death of a family member.

We’re going to have to deal with AI friends disappearing soon. pic.twitter.com/AUiBKJviaM

— Zero State Reflex (@ZeroStateReflex) December 3, 2024

@heatherfraziertiktok

moxierobot moxie goodbyemoxie

♬ original sound – Heather Frazier

Pagers explodindo no Líbano

Em setembro de 2024, fomos surpreendidos com a notícia que pagers, muito comum nos anos 80 e 90, explodiram no Líbano. Cerca de 2.700 pessoas de diversas idades ficaram feridas e 8 morreram, entre elas, uma criança. O grupo extremista Hezbollah responsabilizou Israel pelos ataques, que atingiram diversas áreas do país.

O incidente foi descrito como sem precedentes, com dispositivos explodindo em diferentes áreas, quase ao mesmo tempo. Autoridades locais e testemunhas relataram um cenário de caos em várias partes do país, com ambulâncias sobrecarregadas, hospitais em alerta e cidadãos com medo de que novas explosões pudessem ocorrer. A situação foi agravada pelo fato de os pagers serem amplamente utilizados por membros do Hezbollah e outras organizações no Líbano.

O grupo, que mantém forte presença nas regiões afetadas, prometeu retaliação e afirmou que Israel será punido. Essa retórica agressiva aumenta os temores de um conflito militar ainda mais amplo entre as duas partes, algo que já vem sendo observado nas últimas semanas.

Além da acusação direta a Israel, o governo libanês, por meio do primeiro-ministro Najib Mikati, também condenou o que chamou de grave violação à soberania libanesa. Mikati classificou o ataque como um crime por todos os padrões e afirmou que o Líbano tomará todas as medidas necessárias para defender sua população. O exército de Israel, por sua vez, manteve silêncio e não emitiu declarações sobre as acusações, mas o histórico de conflitos entre os dois lados sugere que novos desdobramentos podem ocorrer em breve.

Problemas no AI Pin

Quando estava apenas em conceito, até chegamos a comprar a ideia da Humane, fundada em 2019 por Bethany Bongiorno e Imran Chaudhri, que tiveram carreira na Apple.

O AI Pin foi definido como um dispositivo vestível que mostrava hologramas na palma da mão dos usuários. Quem comprasse poderia ter acesso a um dispositivo de IA com visão computacional que (supostamente) seria útil em diversas tarefas do dia a dia, além de realizar tradução em tempo real. Dessa forma aqui:

O preço para ter acesso a isso não era nada acessível: US$ 699 (R$ 4.235,31 em conversão direta). E com um valor tão alto, muito se esperava do aparelho. E foi aqui que a empresa começou a ter problemas. Primeiramente, a bateria do aparelho não durava pelo tempo suficiente, o que deixava os usuários com apenas um item decorativo na roupa.

E também é necessário assinar um plano de internet mensal para que as pesquisas na internet fossem feitas. Mais gastos para um aparelho que não era tudo isso. Quando as primeiras análises feitas por especialistas do mercado saíram… foi tenebroso. Dias antes do lançamento oficial do aparelho, que aconteceu em abril de 2024, os fundadores disseram, em uma reunião com funcionários, que eles precisariam se preparar para o pior. E estavam certos.

MKBHD ou Marques Brownlee, também conhecido como “Mark Brownlee”, chegou a dizer que este foi o pior produto que ele já testou (até o momento), como você pode ver no vídeo abaixo. O alcance do especialista de tecnologia é gigante: ele tem mais de 19 milhões de inscritos em seu canal no YouTube.

Na primeira semana de abril, apenas 10 mil unidades foram encomendadas à Humane. A estimativa da empresa era vender 100 mil unidades na primeira leva de vendas.

Em junho, a empresa começou a recomendar que alguns usuários parassem de usar o carregador do dispositivo devido ao risco de incêndio da bateria. Colaboradores atuais e ex-colaboradores dizem que, desde o início, o AI Pin enfrentou os problemas que foram posteriormente identificados pelos avaliadores.

A Humane, entretanto, não desistiu do broche tecnológico e disse que suas ambições sobre o dispositivo não mudaram, mas também assumiram que há uma grande diferença entre testar um dispositivo e de fato utilizá-lo. Quem diria, né? Relembre o vídeo de anúncio da novidade:

Também comenta-se que a empresa até tinha recursos financeiros para entregar um aparelho funcional e que realmente valesse o investimento, mas optou por lucrar mais. E deu no que deu. A empresa tem implementado novos recursos, como a integração do mais novo sistema de chatbot da OpenAI, o GPT-4o; e um problema que consegue reduzir o gasto de energia em 25%. Eles estão tentando chegar a algum lugar, só resta saber onde.

Quando entramos no site da empresa, ainda é possível fazer a compra do aparelho. Se ele vai ser útil para seu dia a dia ou não, isso é outra história.

Rabbit R1 considerado fraude

Um dos destaques da CES 2024 também foi considerado um dos flops de tecnogia em 2024. A ideia do Rabbit R1 era substituir seu smartphone ao ser um grande assistente pessoal com visão computacional, tela touch de 2,88 polegadas e suporte a recursos de IA. O grande problema nisso é que, apesar de ser mais barato que o AI Pin e ter sido um sucesso (custa US$ 199), o seu sistema operacional é, na verdade, um aplicativo para Android.

O engenheiro de software Mishaal Rahman, que também é editor do site Android Authority, recebeu o arquivo APK pronta para ser instalado em smartphone, de uma fonte desconhecida. Ele testou isso em um Google Pixel 6A e, apesar de algumas limitações, as principais funcionalidades rodaram bem. Assista ao vídeo abaixo:

Tal feito era esperado por algumas pessoas e ressalta a ideia de que essas caixas de IA são, na verdade, aparelhos que simulam os smartphones, em vez de serem substitutos. A CES 2025 está a caminho e com certeza veremos aparelhos como estes por lá. A pergunta é: quantos deles estarão na nossa lista de flops da tecnologia em 2025?

Sam Altman vs. Scarlett Johansson

Não tivemos uma briga de milionários como a de Mark Zuckerberg e Elon Musk, mas tivemos uma briga entre Sam Altman Scarllet Johansson.

Em 13 de maio, tivemos o lançamento do modelo de linguagem GPT-4o, que também tinha uma voz; não levou muito tempo para que internautas apontassem a semelhança da voz da IA com a de Scarlett Johansson, que também deu voz à Samantha, no filme HER. Compare abaixo:

A história fica pior para Sam Altman após o pronunciamento de Scarlett: ela alegou, uma nota enviada à imprensa, que o CEO da OpenAI entrou em contato para licenciar sua voz para o sistema Sky, que ela negou. Dois dias antes do lançamento do modelo de linguagem com voz, Altman entrou em contato com Johansson novamente e, mais uma vez, ela negou. Mas era tarde demais para que qualquer alteração fosse realizada.

No dia 13 de maio, Altamn foi ao X publicar apenas a palavra “her”, fazendo referência ao filme e também à Scarlett Johansson.

her

— Sam Altman (@sama) May 13, 2024

A voz foi retirada do ar e hoje em dia, outras vozes podem ser usadas no ChatGPT. Mas o vídeo abaixo coloca a IA Sky para narrar a nota da atriz de Viúva Negra enviada à imprensa. Confira:

X/Twitter é bloqueado no Brasil

2024 Foi um dos anos mais importantes para o X/Twitter no Brasil e o motivo todo mundo sabe: o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, no dia 30 de agosto, determinou que a rede social que pertence a Elon Musk fosse bloqueada após o descumprimento de ordens judiciais. Antes disso, em 18 de agosto, a rede social fechou seu escritório no Brasil, o que deixou a rede social sem um representante legal em terras tupiniquins.

Citamos todos os capítulos desta verdadeira novela em nossa matéria especial sobre o assunto, mas acompanhá-la de perto foi interessante. Primeiramente, Elon Musk não acreditou que De Moraes fosse bloquear a rede social no Brasil. O que de fato aconteceu.

Depois, tivemos a criação de uma conta para que Musk exibisse os crimes (que ele inventou) de Alexandre de Moraes contra a constituição brasileira. Nada disso deu certo e o Ministro do STF não facilitou. Tivemos uma primeira mudança apenas após quase 20 dias, em que as contas indicadas por Alexandre de Moraes foram apagadas.

A história chegou ao fim após 39 dias, mais especificamente em 11 de outubro de 2024. Elon Musk pagou as multas, indicou uma representante legal para o X no Brasil e também bloqueou os usuários indicados por Alexandre de Moraes.

Diga pra gente nos comentários: qual dos acontecimentos da tecnologia que marcaram 2024 mais te chamou atenção?

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Revisão do texto feita por: Daniel Coutinho em 24/12/2024