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O 4º episódio de Pinguim está entre nós e ele se inicia exatamente onde o anterior terminou. A diferença é que agora vemos a perspectiva de Sofia Falcone da situação, nos levando então para um capítulo que poderia ser um filler, mas considerando a trajetória da personagem até então e a importância dela para a trama, se torna um dos melhores e algo essencial. Vem comigo conferir mais alguns detalhes do episódio!
Mas antes, fica o alerta que essa crítica conta com SPOILERS, então vai lá, assiste o episódio e depois volta aqui, beleza?
Um episódio focado 100% em Sofia Falcone (História)
A importância de Sofia Falcone na série realmente fica ainda mais clara neste ponto. Eu falei que ela, Oz e Vic são os protagonistas na crítica do episódio passado, e isso fica ainda mais evidente aqui. Seria essa a série de Sofia, mas usando Oz como muleta para vender mais? Eu não ficaria surpreso, e longe de mim reclamar disso, uma vez que já comentei também o fato de ela ser minha personagem favorita da série.
O 4º episódio traz a visão de Sofia para os eventos corridos do último, onde Oz e ela ficam nas mãos de Nadia Maroni. É aqui que as mentiras de Oz começam a cair e esse safado trai Sofia na cara dura para tentar se safar com os Maroni. No meio dessa bagunça, é quando Vic chega com o carro e consegue salvar Oz.
Agora vemos como e se Sofia saiu dessa com vida. Vemos ela fraca e ligando para Julian e então somos transportados para 10 anos atrás, pouco antes da prisão da personagem. E aí a série subverte tudo que o vimos até o momento, porque traz todo o contexto do que realmente aconteceu e nos faz enxergar os reais vilões da história e nos mostra o potencial de Sofia daqui pra frente.
É um episódio muito pesado de assistir. Começando pela infância de Sofia, vemos que ela encontrou sua mãe enforcada no quarto, supostamente num ato suicida. Com o passar dos anos, ela passou a lutar a favor de mulheres com problemas psicológicos para que não passassem por coisa parecida, ao mesmo tempo que ela mesmo não acreditava que sua mãe teria esses problemas e que seu pai Carmine, na verdade, seria um assassino de mulheres.
Se considerarmos a história de Selina Kyle (Zoë Kravitz) em The Batman, ela também era filha de Carmine e quando a situação ficou ruim pra ele, a primeira coisa que ele pensou, foi em matar a própria filha em prol do seu império. Algo parecido se repete aqui, nos contextualizando que o personagem sempre foi uma pessoa ruim, em particular com as mulheres da sua vida, em tom de opressão mesmo, levando até a morte.
No filme, o personagem foi interpretado por John Turturro, mas na série foi substituído por Mark Strong e sinceramente, ficou ótimo. Dá pra levar como uma versão mais jovem na série e uma mais velha no filme e tá tudo bem. Na série, exploram a relação dele com Sofia e Alberto e o quão perigoso ele conseguia ser, mesmo que nas sombras.
Ele vê Alberto como alguém fraco e Sofia como uma pessoa forte, que um dia poderá substituí-lo na família. Contudo, durante um dos eventos de Sofia em prol das mulheres, uma jornalista a informa sobre uma investigação em andamento no Clube Iceberg, boate de seu pai. Embora ela desvie do assunto, é aqui que vemos o surgimento de Oz. Naquela época, ele era apenas o motorista de Sofia, mas percebe essa ligação da imprensa com a filha do seu chefe como uma oportunidade para criar o caos.
Ao contar isso para Carmine, ele questiona Sofia, até que ela revela seus pensamentos sobre a morte de sua mãe e possível relação de Carmine na situação. Isso é o suficiente para o chefe da família mudar tudo e tratar a personagem como uma doente que precisa de muita ajuda. Se isso já é estranho, fica ainda pior, uma vez que no caminho para casa, descobrimos que Carmine jogou a morte de 7 mulheres nas costas da própria filha, criando assim a imagem do Carrasco (Hangman).
Sim, Sofia é inocente por tudo que vimos sobre ela até então. Ela era uma pessoa sã até ir para o Arkham e ser torturada e enganada até o seu limite. Ela ficaria 6 meses ali para provar ser alguém normal para voltar para a sociedade e quando seu tempo acabou, seu pai mexe os pauzinhos para que ela fique 10 anos. É assustador, é dolorido de ver e também nos faz criar uma empatia gigante pela personagem e também pelo seu irmão Alberto, já morto por Oz.
De fato, Sofia Falcone surta ali dentro e não importa o que ela fizesse, seria usado contra ela. Era uma batalha perdida. Junte isso ao Bliss que vimos no episódio passado, temos toda a estrutura de Arkham em favor de Carmine e dos médicos para provarem que ela é completamente doente e maluca.
Contudo, essa não foi a parte mais importante do episódio. Sem ela, não teria sentido, mas é o que vem depois, atualmente que realmente importa. Após ser salva por Julian, o doutor que também tratava dela em Arkham, os dois conversam e Sofia chega a conclusão que não é ela nem ele quem são os errados, mas sim o mundo e aceita o conselho do mesmo de ter um recomeço.
É nessa parte também que o título do episódio, Cent’anni se explica. A protagonista decide ir ao jantar da família Falcone mesmo sem ser convidada e lá ela apronta sua maior vigarice (eu fiquei do lado dela). Ela fala tudo o que tinha que falar para cada um deles, de como eles a largaram e largaram a mãe dele, de como ninguém nunca se importou com ela e Alberto por ali e no final faz um brinde com o termo “cent’anni’, ou seja, 100 anos em italiano, como forma de desejar uma longa vida e muitos anos de felicidade para quem está no brinde.
Ela aproveita o brinde para destacar que ela vai ter o seu recomeço e que eles não vão precisar mais se preocupar com ela, dando um encerramento nessa história. É aqui que temos o fecho mais brilhante do roteiro e gostoso de acompanhar. No fim da noite, ela chama Gia, a garotinha que mora na casa e que demonstra um pingo de afeto por ela, para dormir na estufa.
Elas dormem tranquilas e de manhã descobrimos o motivo. Sofia colocou gás na casa inteira, matando cada um deles, criando o seu recomeço. Isso conecta com a cena dela deixando seu quarto com a janela aberta também. O episódio se encerra com ela acordando Johnny Vitti, o único que ela deixou vivo e provavelmente quem ela vai usar para dar o novo start para a família.
Atuações
Cristin Millioti rouba a cena em todos os sentidos nesse episódio. Por sermos colocados num contexto de 10 anos antes dos acontecimentos da série, acho fantástico como a atriz consegue imprimir em seus olhares e formas de andar e mexer o corpo uma personagem mais jovem e com os acontecimentos, vemos seu desenvolvimento para uma personagem muito mais marcada, mas agora uma mulher e não mais uma garotinha.
Destaque também para o Mark Strong no papel de Carmine. É visível esteticamente a mudança do personagem, mas é preciso os parabéns para a produção em respeitar o cânone criado no filme de 2022. Apesar de atores diferentes, temos o exato mesmo personagem aqui, mas com seu relacionamento com os filhos agora explorado em detalhes, coisa que ficou exclusivo para a Selina no filme.
Tivemos um pouco mais de Alberto na série também. Seu personagem é do filho festeiro mesmo, desde sempre, mas é triste ver o quanto ele amava Sofia e em seguida lembrarmos do trágico fim no primeiro episódio. É horrível no bom sentido, se é que isso é possível, porque tudo tem consequência por aqui. Entramos para valer na vida dos personagens.
No seu tempo em Arkham, Sofia também fez uma “amiga”, chamada Magpie. A atriz Marié Botha quem dá vida a ela e é tudo uma loucura. Apesar de não criarmos laços com ela, seu propósito narrativo funciona muito bem para mostrar o ponto onde a nossa protagonista surtou.
Aspectos técnicos
Esse talvez seja o melhor episódio até aqui em cada um dos seus aspectos. Como disse, esse poderia facilmente ser um episódio filler onde não acrescenta nada e fica apenas nos enrolando com um passado triste da personagem de Sofia, mas esse é justamente o mérito do mesmo. A história é, sim, bem trágica e causar mais ou menos sentimentos em cada um de nós, mas é inegável a qualidade e o quanto ela acrescenta para a trama no geral.
Aproveitando o gancho das revelações finais do episódio anterior, Cent’anni usa esse artifício de flashbacks para nos colocar a par de toda a história dos Falcone, principalmente de Carmine, para nos preparar para a nova fase de Sofia Falcone.
Nada é colocado por acaso aqui. Magpie nos mostra um pouco do Bliss, na prática, enquanto toda a trajetória entre Sofia e Carmine nos conecta tanto com o filme The Batman quanto com a ligação da personagem com Julian Rush, importante na trama e serve para dar mais um empurrão para o ato final da mesma.
Em termos visuais, é tudo muito crível e interessante, além de não fugir também da estética criada no filme. Falo isso aqui porque temos cenários parecidos, como o Arkham e as mesmas filosofias se mantém, como trajes, celas, etc. Elementos como figurino também são lindos e conversam com os momentos de tensão, de luxo e até mesmo os mais depressivos.
Trilha sonora
Embora não seja algo frequente na série, a trilha é muito bem utilizada. Nesse episódio em específico, dá pra dizer que ela serviu muito bem para criar os momentos de tensão, principalmente quando Sofia estava para concretizar seus planos.
Conclusão
O 4º episódio de Pinguim consegue o feito de ser ainda melhor que o anterior, em uma proposta que em muitos casos poderia cair numa situação de pura apelação emocional. Por aqui, cada detalhe funciona como desenvolvimento para a protagonista e também para a trama, nos preparando para o que pode acontecer.
O episódio nos entrega tudo o que queremos e encerra com aquele gosto de quero mais, mas sem ser apelativo com um gancho bobo que está ali só para segurar audiência. Temos um episódio fechado, mas com uma pequena ponta solta para dar continuidade na próxima semana e eu não consigo mensurar o quão ansioso estou para ela. Nos vemos no próximo episódio.
Onde assistir
A minissérie Pinguim está disponível no canal pago HBO ou pela assinatura do serviço de streaming MAX. São 8 episódios, no total, nos restando 4 agora.
Veja também:
Revisão do texto feita por: Daniel Coutinho em 14/10/2024
Pinguim: Episódio 4 Cent'anni
Pinguim: Episódio 4 Cent'anni-
Avaliação do episódio10/10 Excelente