A premissa de Coringa: Delírio a Dois se mostrou, no mínimo, corajosa desde o princípio. O primeiro longa foi um enorme sucesso tanto de público quanto de crítica e fez os bolsos da Warner Bros. chorarem de alegria. O resultado disso é que, cedo ou tarde, teríamos uma continuação dessa história do vilão mais famoso da cultura pop.
Tecnicamente perfeito
Coringa: Delírio a Dois é um dos filmes mais belos que assisti nos últimos tempos. Apesar de se passar quase o tempo todo em uma Arkham sem as características góticas do Batman, o longa sabe brincar muito bem com a fotografia e com os momentos de delírio do protagonista, elevando a criatividade às alturas.
A justificativa de ser um filme musical se encaixa bem aqui, justamente por ser usada sempre por Arthur ou Lee (a Arlequina desse universo, interpretada por Lady Gaga). É nesses momentos que o título do filme até faz algum sentido. Todas as fantasias, desejos ou delírios do protagonista são expressos por meio dos números musicais. Eles não são cenas de um filme da Disney, nem mesmo de um La La Land. Na maioria das vezes, são confusos, sem sentido, mas incrivelmente belos.
E aí eu tenho que dar o braço a torcer para a produção. Por mais que eu não goste do gênero musical em filmes, neste caso específico, a ideia funciona, pois estamos basicamente entrando na mente perturbada de Arthur. Em uma cena, temos romance; em outra, dor e sofrimento, e não necessariamente em ordem cronológica, afinal, nossa mente não funciona assim, muito menos a de alguém doente como ele.
Por outro lado, a cena inicial, montada em formato de desenho, tem um grande significado, de Arthur sendo refém da sombra criada para si no fim do filme anterior. Ele precisa ser O CORINGA, o Palhaço do Crime, é isso que nós como espectadores esperamos, assim como seus seguidores. E nesse ponto, eu até que gosto da quebra de expectativa, embora não ache ela tão poderosa quanto poderia ser.
Roteiro e direção
A trama basicamente nos coloca algum tempo depois do final do primeiro filme e mostra o dia a dia de Arthur em Arkham. É aí que somos apresentados a personagem de Catherine Keener, alguém que tem interesse de provar que Arthur sofre de Transtorno de Dupla Personalidade e com isso conseguir tirá-lo de Arkham e livrá-lo da pena de morte.
Como estudo da sociedade, esses elementos funcionam até que de forma interessante também. O protagonista é tratado como um coitado durante todo o primeiro filme e nós compramos essa ideia, a trama nos convence disso, até que chegamos aos acontecimentos finais onde ele mata o Murray como Coringa. É nesse ponto que nós, como espectadores, o vemos como uma espécie de herói. Mas vamos ser sinceros, por mais canalhas que essas 5 pessoas que ele matou tenham sido, a morte não era a solução.
O diretor Todd Philips reacende esse drama no segundo filme e ao invés de transformar Arthur no Coringa que conhecemos, ele faz questão de mostrar que ele não passa de um fracassado e pisa no personagem o tempo todo. Não apenas isso, mas traz a Arlequina desse universo para ajudar no processo. Por mais coadjuvante que Lee seja na trama, ela serve para enlouquecer de vez Arthur e levá-lo de vez ao fundo do poço.
A personagem de Lee é ruim, mas cumpre seu propósito. Digo isso porque, inicialmente, parece que teremos uma subversão do abuso que o Coringa sempre exerce sobre a Arlequina, com uma inversão de papéis, algo que nunca se concretiza de fato no filme. Contudo, ela serve para levar o personagem ao seu ápice negativo, fazendo com que ele tome as piores decisões possíveis e encerre de vez sua jornada.
E nisso a trama fica em plano de fundo. O filme começa com Arthur na prisão e então vai a julgamento e nesse processo parece que ficamos num eterno segundo ato, sentindo cada momento das duas horas de filme. Se não estamos num delírio musical, estamos no julgamento de Arthur, esse que também não chega a lugar nenhum. Provas são apresentadas, testemunhas aparecem para mostrar até onde Arthur e Coringa são os mesmos e quando parece que vamos ter alguma resposta, o filme joga tudo isso pro ar.
Mas é nesse julgamento também que o filme consegue trazer outra discussão à tona. Harvey Dent, o “inimigo” de Arthur no caso, tenta provar a todo momento que ele é um psicopata assassino e merece pena de morte por isso. Ao lado de Arthur, o pensamento é que ele tem um transtorno e precisa de tratamento médico, não da morte. Entende aonde as ideias ficam interessantes?
Quando trazemos isso para a realidade dos Estados Unidos, há um grande apelo, quase um fascínio, em mandar pessoas para a pena de morte. É um culto à violência, movido pelo prazer pessoal da vingança e, em muitos casos, pelo abuso do próprio sistema. Lidar com pessoas com transtornos psicológicos é muito mais trabalhoso, mas é uma abordagem que resolve o problema de forma mais eficaz.
Contudo, no filme, isso também não passa de uma discussão vazia. Ela passa e quando começa a ficar interessante, é abandonada e trocada por outra ideia. É uma pena porque seria uma abordagem que traria muito valor a trama e também ao universo dos dois filmes.
Atuações
Independentemente de o filme me agradar ou não, é inegável como as atuações de Joaquin Phoenix e Lady Gaga são excelentes. Mais uma vez, o ator entrega um personagem completamente abatido e destruído como Arthur, mas imponente quando assume a forma do Coringa. É uma nuance interessante e merece destaque.
A Arlequina de Gaga também me agradou bastante. Seus destaques ficam para as cenas musicais, de fato, mas a atriz e cantora consegue entregar bons momentos de drama e até mesmo uma aventura meio inocente em momentos específicos do filme de forma convincente.
O resto do elenco é ainda mais coadjuvante que a própria Lee e apenas fazem a roda girar, sem nenhum grande destaque.
Conclusão
Coringa: Delírio a Dois é um filme diferente e isso é inegável. Ele aposta numa proposta ousada e merece ser respeitado por isso. O filme está longe de ser tão ruim como a maioria das críticas está dizendo, mas ele não entrega o que o público quer ver, gerando aversão e até mesmo comentários errados e culpando o coitado do gênero musical.
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Revisão do texto feita por: Daniel Coutinho em 05/10/2024
olha to pra ver filme mais bosta que esse,,,,e de revoltar ,parece um filme musical, ate gostava da lady gaga depois desse filme fiquei com uma vontade de bater nela de tao chata