Apesar de inesperada, a série do Pinguim foi lançada. Criada pela showrunner Lauren LeFranc (Impulse, Agents of Shield, Chuck), a série solo do vilão da DC começa de forma interessante e sem dependender de Batman. Embora seja conectado ao filme de 2022 – uma semana após os acontecimentos finais – a série não apresentou nenhum personagem mais próximo ao homem-morcego. O foco aqui é Ozwald Cobblebot, o Pinguim.
Avisamos que esta crítica possui spoilers, logo recomenda-se assistir o episódio antes da leitura.
Vamos aos detalhes da trama.
Os Falcone e Gotham
A série foca em como Ozwald “Oz” Cobblebot ascende ao topo da máfia de Gotham, se aproveitando da morte de Carmine Falcon. Isso é elevado pelo trabalho da equipe de produção da série, que está mostrando o lado mais sujo de Gotham de forma primorosa.
O primeiro passo de Oz é enfrentar Alberto Falcone, filho de Carmine, que, em teoria, sucederia a liderança do pai. A questão é que Falcone se mostra inapto para a função, pois não passa de um adulto mimado. A falta de compromisso com os negócios da família culimna na entrega de planos para Oz, que acaba o matando em um desentedimento, dando margem para os planos mais ambiciosos do protagonista rumo ao tópo da máfia de Gotham.
A partir daí, Oz tenta se desfazer do corpo de Alberto, mas se depara com alguns adolescentes tentando roubar seu veículo, o que o leva a tomar atitudes drásticas, mas também o apresenta a Victor Aguilar (Rhenzy Feliz), o outro protagonista. De início, é evidente que Aguilar é inexperiente, e apenas um subterfúgio para que Oz se livre do cadáver de Alberto. Porém, conforme a trama se desenvolve, o personagem se torna peça chave para os grandes planos do futuro Pinguim.
Nossa apresentação aos Falcone acaba nos levando até Sofia (Cristin Milioti), irmã de Alberto. A personagem tem um passado obscuro, tendo ficado por um tempo no Asilo Arkham, o que a faz ser julgada como insana por muitos. Sofia eleva a tensão da série às alturas.
Ao perceber que a morte do seu antigo chefe não foi tão vantajosa, colocando em risco toda a operação criminal em que ele trabalha, Oz inicia seus planos junto a Vic. Logo, grandes conflitos entre ele e Sofia se iniciam – ela que está procurando o paradeiro de seu irmão, Alberto.
Nessa bola de neve, a série ainda abre espaço para Salvatore Maroni, outro personagem importante da mitologia de Gotham, o que acaba revelando um pouco do potencial caótico de Oz. O primeiro episódio apresenta varias possibilidades e rumos para a trama, o que pode ser bem aproveitado.
Ambientação
A ambientação de Gotham, previamente apresentada em The Batman, é aprofundada em Pinguim. Ela também remete à estética apresentada no jogo Batman: Arkham Knight, onde Gotham é apresentada como um local sujo, devasso e perigoso e, ainda assim, sendo uma metróple populosa, com muitos prédios, letreiros em neon, e uma elevadíssima taxa de criminalidade.
Esses conceitos vão além da cidade. A caracterização, figurino e maquiagem dos personagens são visualmente incríveis, já que conseguem criar uma grande discrepância visual entre quem mora na região central da cidade e quem mora na Mansão Falcone, por exemplo, sem a necessidade de demonstrar isso no texto da série. Essa diferenciação soa fantasiosa e, ainda assim, realista, o que é a combinação de elementos perfeita para o universo live-action de Gotham.
Personagens e atuações
No primeiro episódio, a série já mostra do que Oz Cobb é capaz. Vimos um pouco de seus medos, ambições, além de sua inteligência e capacidade estratégica. Tudo isso elevado pelo impressionante trabalho de maquiagem e caracterização feito em Colin Farrell, que está irreconhecível. Farrell é capaz de expressar muito bem o que Oz sente, especialmente sua dor e sacríficio ao se locomover por conta de seu pé atrofiado. Sua ambição é grande, mas seu cansaço é visível em seu olhar e em seu comportamento; os poucos momentos de descontração, geralmente ocorrendo com Vic.
Por falar em Vic, ele é uma grata surpresa nesta série. O personagem funciona, já que, em Gotham, faz sentido um jovem sem futuro estar roubando de um mafioso, sem nem mesmo saber o motivo para tal. O rapaz consegue chamar a atenção de Oz e é bastante desenvolvido neste episódio. Ele começa como um garoto medroso e ganha experiência conforme coloca os planos de Oz em ação.
Sofia Falcone (Christin Milioti) coloca Oz contra parede neste episódio e mostra seu lado mais desequilibrado. Ela já foi paciente em Arkham e já se destaca como uma personagem muito interessante. Ela utiliza de uma falsa inocência para conseguir informações, o que cria uma aura de incerteza durante o episódio. Sofia sabe criar momentos de aflição e suas ações serão decisivas para o futuro dos Falcone – nos resta aguardar pelos próximos episódios.
Temos ainda Clancy Brown como Salvatore Maroni, outra importante figura do submundo do crime de Gotham. Maroni está preso e é usado para alavancar os planos de Oz. O ator não teve muito tempo de tela, mas dada a importância do personagem, espera-se que ele esteja mais presente com o passar da temporada.
Conclusão
O primeiro episódio de Pinguim, chamado de “After Hours”, é um ótimo piloto. A escolha de não se prender ao Batman é certeira, permitindo um melhor desenvolvimento do personagem Oz e do submundo do crime de Gotham. Referências ao homem-morcego são esperadas, mas nada que deva mudar o foco da série.
Caso os próximos episódios sigar por este caminho, focando em Oz e sua escalada ao poder, a série já vai ter valido a pena – ainda mais se, ao final, ele se assemelhar ao que vimos nos jogos da série Arkham.
Espero que os próximos episódios sigam por esse caminho, focando em Oz e em como ele vai tomar Gotham para ele no mundo do crime. Se no final da série ele estiver parecido com o que vemos nos games da série Arkham, já vai ter valido a pena.
Onde ver
A série Pinguim está disponível no MAX e no canal de TV por assinatura da HBO. O primeiro episódio foi lançado em uma quinta-feira, 19 de setembro. Contudo, os próximos episódios serão lançados aos domingos, a partir do dia 29 de setembro, totalizando oito episódios.