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O sétimo e penúltimo episódio da segunda temporada de A Casa do Dragão (House of the Dragon), intitulado como A Semeação Vermelha, foi escrito por David Hancock (The Crown) e dirigido por Loni Peristere (The Witcher e American Horror Story).
Agora, toda a expectativa está relacionada ao fato de queremos ver o conflito entre Verdes e Negros atingindo seu ápice. De um lado, temos a Rainha Rhaenyra (Emma D’Arcy) e de outro o Príncipe Aemond como regente, enquanto o irmão Rei Aegon II (Tom Glynn-Carney) se recupera dos ferimentos graves da Batalha de Pouso de Gralhas.
AVISO: atenção, este texto contém SPOILERS do episódio. Recomenda-se que você assista a ele, antes de continuar a leitura.
A Semeação Vermelha
Dessa vez vemos menos de Porto Real e mais de Pedra do Dragão. Infelizmente as visões de Daemon (Matt Smith) se estenderam um pouco mais, mas é nítido que o sétimo e penúltimo episódio é sobre Rhaenyra e sua estratégia para recuperar o trono em meio a guerra civil dos Targaryen.
A estratégia de Rhaenyra
Sem muito suspense, Rhaenyra conhece Addam de Hull (Clinton Liberty), o novo cavaleiro de Seasmoke. Em uma fotografia espetacular, podemos ver os dois em lados opostos com seus respectivos dragões, sozinhos. Ele não hesita em mostrar seu apoio a ela e se mostra ansioso para aprender mais sobre sua nova função nisso tudo. Apesar disso, mesmo quando perguntando, ele prefere não revelar detalhes sobre sua ascendência e ligação com Corlys Velaryon.
Ao retornar para Pedra do Dragão, Rhaenyra compartilha as notícias e a esperança sobre Addam com sua então confidente, Mysaria (Sonoya Mizuno), mas ainda não sabe ao certo onde poderá encontrar mais cavaleiros que tenham o mesmo potencial. No entanto, em vez de recuar e deixar a insegurança tomar conta, ela assimila que os Targaryen tiveram muitos filhos fora do casamento, portanto existem muitas opções de escolha pelo reino. Nesse momento foi decidido que seria criado um exército de bastardos.
Como dito nas críticas anteriores, os personagens que virão a ser importantes agora como Hugh (Kieran Bew) e Ulf,(Tom Bennett) deveriam ter tido antes uma apresentação mais aprofundada, pois as cenas esporádicas dos dois ao longo da temporada acabavam os colocando em um contexto de irrelevância, uma vez que os focos sempre estavam nas realezas. De certa forma, o trabalho desses personagens foi deixado para o sétimo e penúltimo episódio, mas pelo menos a dinâmica proposta acaba funcionando bem.
Em termos de adaptação criativa, ao contrário do livro, a série decide introduzir Ulf e Hugh como plebeus de Porto Real, mas fizeram questão de manter os pontos chaves e a busca pela aliança e serviço a Rhaenyra Targaryen e sua família. Além da dupla, alguns outros cavaleiros viajam para Pedra do Dragão arriscar uma chance. Alguns dos guardiões de dragões não aprovam essa estratégia e acabam indo embora.
Assim como no episódio anterior, Rhaenyra leva os candidatos para conhecer Vermithor, o segundo maior dragão depois de Vhagar. Como se fosse um dejavu, assim que o primeiro cavaleiro se apresenta, nada sai como o esperado. O caos começa com Vermithor jorrando fogo sobre o homem e vários outros candidatos. Isso faz com que muitos corram para os fossos dos dragões.
Em cenas eletrizantes, o dragão continua a perseguir, incendiar, pisotear e mastigar quem passasse na sua frente. Mas em um gesto de extrema coragem, Hugh confronta ele. E por demonstrar que não tinha nada a perder, conquistou o dragão. Rhaenyra ficou com certo peso na consciência por mais uma vez ter sacrificado vidas, mas como diz o ditado, é preciso quebrar alguns ovos para fazer um omelete.
Já Ulf foi adentrando cada vez mais pelas profundezas do fosso. Ele acaba esbarrando em Asaprata (Silverwing) que, sem muito espetáculos, já o escolhe como cavaleiro. Naturalmente, como ele é inexperiente, ao montar no dragão pela primeira vez, acaba voando em direção a Porto Real e assustando todos os habitantes da cidade. Isso chama atenção do Pequeno Conselho e faz com que Aemond corra para montar em Vhagar e perseguir Ulf com Asaprata até Pedra do Dragão.
E aí vem a cereja do bolo. Aemond é covarde, claro que ele vai usar sempre que pode a vantagem de ter conquistado o maior dragão existente, mesmo que as batalhas sejam visivelmente desequilibradas, o importante para ele é aniquilar o inimigo. Mas, dessa vez, Aemond decide recuar. Isso porque ele se depara com pelo menos três dragões rodeando Rhaenyra e entende que a quantidade, pela primeira vez, pode vencer o tamanho de Vhagar.
As visões de Daemon continuam…
O episódio anterior, intitulado de Os Plebeus, amarrou com maestria o arco de redenção de Daemon com o irmão morto. Ainda assim, A Casa do Dragão escolheu passar do ponto e estender para mais uma semana as alucinações do príncipe com Viserys (Paddy Considine) – algo totalmente desnecessário.
Com a guerra prestes a estourar, precisamos entender as atitudes de Daemon no real, principalmente com os últimos acontecimentos e o retorno surpreendentemente positivo e desafiador de Oscar Tully (Archie Barnes). Os esforços do príncipe para conquistar as Terras Fluviais estavam sendo fracassados até então. Mas com a morte de Grover Tully e a mudança repentina no comportamento de Tully, os ventos mudam de direção.
Aquele menino tranquilo se tornou uma pessoa incisiva e corajosa. Oscar deixa claro sua repulsa por Daemon mas faz questão de honrar o juramento do avô e usa esse argumento para convencer Riverland a cooperar.
Porto Real em segundo plano
Em Porto Real, acompanhamos Alicent em uma crise e reflexão profunda, reavaliando seu lugar no reino como um todo. Ela também está se recuperando da ferida adquirida em meio ao motim em volta do Septo, na tentativa de fugir com sua filha. Agora ela compartilha uma cicatriz no braço semelhante à que Rhaenyra sofreu ainda na primeira temporada.
Então para tentar se afastar de tudo isso, pelo menos por um momento, Alicent pede para Sor Rickard Thorne (Vincent Regan), membro da guarda real, que a acompanhe em um passeio na floresta e a vigie enquanto decide tomar um banho no lago. Esse momento poderia ser descartado, mas foi muito importante para adentrar mais ainda na mente de Alicent.
Enquanto Rhaenyra se fortalece, ela se deixa cada vez mais vulnerável. Fato que é preocupante por ser um regresso em meio a uma guerra, só que em contrapartida chega a ser uma forma de manter a humanização do personagem – trabalho que vem sendo feito desde o começo da segunda temporada.
Por enquanto, o único ponto positivo que está a favor dos verdes é Daeron, o filho de Alicent que ainda não conhecemos, mas que já foi citado brevemente em uma conversa com Gwayne (Freddie Fox). Com ele crescido e seu dragão Tessarion também, eles podem trazer a esperança de alterar a vantagem do time preto. Algo que parece improvável, pois, apesar dos verdes possuírem um exército mais forte e contar com Vhagar, agora estão em desvantagem numérica em relação aos dragões.
Personagens e atuações
Depois de algum tempo em segundo plano, Emma D’Arcy volta a brilhar. Os últimos minutos do episódio em que Rhaenyra precisa lidar com a fúria de Vermithor mas que logo em seguida já se sente confiante para a guerra que está por vir, são o suficiente para deixar todos vidrados na tela, querendo ver mais.
Ainda nesse núcleo, Harry Collett vem em uma crescente para expandir seu personagem e conseguiu fazê-lo muito bem neste episódio, principalmente quando foi mencionado o fato de Jace ser filho de Harwin Strong e toda dinâmica com a Rhaenyra.
Apesar de Porto Real ter sido deixada de lado para termos uma boa imersão em Pedra do Dragão, Olivia Cooke em seu pouco tempo de tela, mais uma vez, conseguiu entregar a essência da Alicent. Sua cena no lago é muito simbólica e a procura de liberdade e purificação se tornou mais visível ainda.
Por fim, é bacana acompanhar a melhora do Rei Aegon II porque, apesar do personagem ser odioso, Tom Glynn-Carney é um ótimo ator e desempenha muito bem seu papel. É um daqueles casos em que não queremos que o personagem tenha um final bom, mas queremos que ele melhore porque é divertido detestá-lo.
Aspectos técnicos
O episódio possui um trabalho impecável de trilha sonora, realizada por Ramin Djawadi, que consegue transportar o público e imergir mais ainda em cada um dos núcleos. Além disso, as imagens do diretor de fotografia Vanja Cernjul também merecem reconhecimento.
Além disso, há dragões. Muitos. E os efeitos visuais seguem entregando alta qualidade, mostrando que provavelmente as sequências de cenas com eles foram a parte mais cara de todas da segunda temporada de A Casa do Dragão.
Em contrapartida, o ritmo não é tão interessante assim. O episódio não intercala o suficiente as cenas dos núcleos diferentes e de personagens. Além disso, passamos muito tempo acompanhando arcos que, no momento, não são tão interessantes, pelo menos na maior parte da primeira metade do episódio. Assim como o sexto episódio, O Dragão Vermelho e Dourado, este também fica mais interessante na segunda parte e no final.
Conclusão
Em geral, esta segunda temporada tem seguido por um caminho mais lento para retratar a Dança dos Dragões e o foco quase se deu totalmente no desenvolvimento dos personagens, nos arcos dramáticos das relações interpessoais e políticas das casas, deixando pouco espaço para a ação de fato.
Não é algo totalmente ruim, pois todo esse caminho levou a um dos episódios mais interessantes da temporada que, apesar de ainda manter um ritmo mais desacelerado e a aposta nos diálogos, foca na reivindicação dos dragões por parte do time preto e oferece o impulso que precisávamos para grandes expectativas com o oitavo e último episódio da temporada.
Onde assistir
Os sete episódios lançados da segunda temporada de A Casa do Dragão estão disponíveis na Max. O episódio final será lançado no próximo domingo (4) às 22h.
Texto revisado por Wanessa Alves em 29 de julho de 2024.
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Veredito
Veredito-
Roteiro8/10 ÓtimoDesenvolve bem os planos de Rhaenyra e os medos de Alicent, mas ainda perde tempo nas alucinações de Daemon.
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Personagens8/10 ÓtimoExplora os extremos dos personagens. Enquanto em Porto Real conseguimos enxergar a introspecção, principalmente por Alicent, na Pedra do Dragão Rhaenyra finalmente entrega ação. Finalmente Ulf e Hugh têm destaque.
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Ritmo do episódio7/10 BomAinda lento com foco em núcleos que não importam tanto. Mas a segunda metade consegue dar uma guinada e jogar luz no que realmente vai importar para o episódio final.