Índice
- Breve história do filme (e sem spoilers)
- Roteiro simples com muita fan-service (familiar?)
- Atuações únicas de atores nascidos para estes papéis
- Cenas de ação e efeitos especiais
- Cronologia com o Universo Cinematográfico da Marvel
- Há cena pós-créditos?
- Precisa ver alguma coisa antes?
- Conclusão
- Quando estreia Deadpool & Wolverine?
- Veja também
Um dos filmes mais esperados do ano – e dos últimos anos, desde a compra da 20th Century Fox pela Walt Disney Company, em março de 2019 -, Deadpool & Wolverine chega aos cinemas nesta semana com grandes simbolismos. Tanto Ryan Reynolds quanto Hugh Jackman, dois grandes atores que entram no panteão seleto dos artistas brilhantemente escalados e únicos para viverem seus personagens, não vestiam seus respectivos trajes há 7 anos.
Desta vez em um filme cuja trama é estabelecida dentro dos moldes do conhecido – e imitado – Universo Cinematográfico da Marvel, Deadpool & Wolverine gerou grandes expectativas sobre o desempenho que o filme renderia com a atual crise criativa e logística da Marvel Studios, a veia ligada ao universo mutante e principalmente sobre a inserção dos personagens e dos atores à trama do UCM – até visando o não tão tardio “Vingadores: Guerras Secretas”.
O Showmetech viu antecipadamente o filme a convite da Disney e traz a crítica sem spoilers de Deadpool e Wolverine abaixo.
Breve história do filme (e sem spoilers)
A história de Deadpool & Wolverine explora a história de Wade Wilson (Ryan Reynolds) sofrendo a punição do que causou ao decorrer do seu segundo filme, lançado em 2018. Com o dispositivo de salto temporal de Cable (Josh Brolin) concertado por Negasonik (Brianna Hildebrand) e Yukio (Shiori Kutsuna), Deadpool comete sucessivas viagens no tempo, reescrevendo o destino destas linhas.
Com isso, a AVT (Autoridade de Variância do Tempo, vista em Loki) vai à linha do tempo de Wade para prendê-lo por seus crimes. A própria linha temporal do Deadpool vira alvo das podas da AVT, como uma forma de humor, após a aquisição da Fox pela Disney, uma vez que as histórias produzidas pela Fox não se interligam com o da própria Marvel Studios.
Para salvar da extinção as pessoas que ama, Deadpool tentará impedir que sua linha do tempo seja podada pela AVT. Para isso, conta com uma grande ajuda de uma variante do Wolverine (Hugh Jackman). Nessa missão que parece ser bastante complicada, a dupla enfrenta, além de diversos agentes da AVT e personagens mandados ao Vazio Temporal, uma grande vilã, chamada Cassandra Nova. Ela é irmã gêmea de Charles Xavier, com capacidades psíquicas tão fortes quanto, capaz de manipular e ler mentes, acessar memórias e controlar objetos com o poder do pensamento.
Além de ser primogênita dos X-Men, Cassandra é uma líder de uma rebelião existente no Vazio, que caça recém-podados para alimentar Alioth, a grande nuvem que protege a Cidadela do Fim dos Tempos, vista também na série Loki.
Roteiro simples com muita fan-service (familiar?)
Agora contextualizados sobre o que podem esperar narrativamente da trama de Deadpool 3, o esqueleto narrativo de Deadpool & Wolverine, de moro geral e analítico, é bastante simples, que não só se apoia, mas se engrena por meio do fan-service. E que fique claro: isso não é o maior dos problemas. Hollywood como um todo enfrenta esse hiato criativo e vem apostando em adaptações, releituras e remasterizações de diversas obras artísticas.
Quando tal abordagem é utilizada, fica o receio da perda do encanto para os não-antenados. Por ser o primeiro filme de um personagem da antiga para a nova Fox – agora denominada Century Studios – podemos estabelecer Deadpool & Wolverine como um “Ultimato” dessas décadas de filmes da Marvel que vieram com assinatura da Fox, incluindo a duologia do Quarteto Fantástico nos anos 2000, e até filmes de estúdios diferentes tão antigos quanto. Ou seja, toda a magia por trás do filme é “8 ou 80”, a depender do quão velho ou fã (ou os dois) você é.
A construção do filme lembra, de cabo a rabo, “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”: um filme que apresenta uma história sem complicações, relacionado ao multiverso e repleto de fan-services que renderam momentos marcantes. Toda a fórmula de sucesso vista no filme de Jon Watts se replica aqui, com Shawn Levy, com momentos surpresas e aparições marcantes ocupando equilibradamente todos os atos do longa.
O que pode ser perigoso em termos de infodemia, o terceiro longa do Deadpool soube dosar muito bem os tons das cenas, não só entre cenas cômicas e sérias, mas também até mesmo entre os “interlocutores” – seja as típicas piadinhas do Mercenário Tagarela e sua forma de convencer o Wolverine a ajudá-lo ou as cenas rabugentas de Wolverine e seu peso de consciência relacionado ao seu mundo. Os personagens coadjuvantes são grandes aliados na comédia, não sendo somente meras participações relâmpago. Seus tempos de tela são perfeitos, tendo me encantando mais esse tal fator.
Por último, devo ressaltar que Deadpool & Wolverine é mais um filme do Deadpool. Por mais óbvio que seja e por mais que Kevin Feige e companhia asseguraram que o nosso velho e bom anti-herói não passaria por um pente fino com a integração, ainda tinha aqueles receios pairando no ar, especialmente sobre a história, os diálogos etc. Então, fãs de Deadpool, podem ficar tranquilos: o terceiro filme é o melhor da trilogia e o mais engraçado, de longe. Seu final honra o legado de Ryan e Hugh ao papel e consegue finalizar o que construiu em seu decorrer, sem pontas soltas ou explicações preguiçosas.
Atuações únicas de atores nascidos para estes papéis
Como foi apontado no tópico anterior sobre o equilíbrio de cenas e de tons, esse mix de cenas favoreceu bastante por conta das atuações vívidas, pulsantes e espetaculares de Hugh Jackman e Ryan Reynolds como Wolverine e Deadpool, respectivamente. Será uma tarefa árdua, em um futuro onde veremos outros atores ocupando esses espaços (que espero que seja muito distante). Os dois conseguem alternar entre uma piada a um sofrimento em segundos, sem contar na química absurda e fora de série que os dois possuem entre si. Como é bom trabalhar com um amigo, não?
Um dos maiores destaques do filme por inteiro é a atuação de Emma Corrin como Cassandra Nova. Pela alta proposta e nível de exigência que Deadpool & Wolverine tinha, a vilã teve menos tempo de tela que o habitual para um grande antagonista nesses tipos de filmes. Ainda mais pelas diferentes trocas de motivações que a vilã passa ao decorrer do filme, seria difícil uma atriz de menos expressão ou de menos presença cênica rendendo a esse papel e ainda sim gerar uma imponência. Portanto, a escolha de Emma foi crucial para a personagem; dá para sentir sua vilania e seu poder.
De modo geral, todos os atores e atrizes presentes desempenham um excelente trabalho. Alguns com mais tarefas a cumprir em meio à cena, que funciona perfeitamente bem.
Cenas de ação e efeitos especiais
Desde os últimos fiascos de efeitos especiais vistos em “Thor: Amor e Trovão”, “She-Hulk” e “Miss Marvel”, a Marvel Studios voltou a olhar com cautela ao departamento, que antes não tinha nenhum problema. Quando analisamos sobre a importância que Deadpool & Wolverine carrega, é claro que o estúdio não ousaria desviar nem que seja um pingo de curva. Os efeitos especiais estão muito bons, como qualquer outro filme da Saga do Infinito da Marvel, sem maiores queixas ou protagonismos.
As coreografias de luta, no entanto, foram muito bem desenhadas. É satisfatório o embate entre os heróis com os maiores fatores de cura da Marvel, extrapolando a criatividade muito por conta da capacidade de regeneração dos mutantes. Cada um tem o seu modo de luta, preservando as características próprias dos personagens e não se deixando levar pelo contexto.
Cronologia com o Universo Cinematográfico da Marvel
Deadpool 3 se passa predominantemente no próprio universo de Deadpool, o mesmo em que se passou os dois primeiros filmes, além do próprio Vazio Temporal e na sede da AVT, explicados e já vistos na série Loki. Portanto, Deadpool & Wolverine participa da linha cronológica da Marvel Studios, mas não chega a impactar nada na organograma geral.
É uma proposta que está cada dia mais sendo feita pela Marvel em seus filmes, como o próprio “What If…?” e “Quarteto Fantástico”, já confirmado pelo presidente Kevin Feige como um filme de época e que se passa em outra realidade – convenhamos, trabalha melhor a parte multiversal jogada pela Marvel desde então e a enriquece, ao mesmo tempo, para lá na frente poder fazer algo simbólico e significativo.
Desde a compra da Fox, inclusive, os demais filmes até então produzidos dos X-Men e Quarteto Fantástico entram para o Universo Multiversal da Marvel, associado ao Universo Cinematográfico da Marvel, tido como o “principal” nesse meio. Bem como os filmes do Homem-Aranha de Tobey Maguire e Andrew Garfield.
Parece confuso, mas é uma forma de colocar tudo no preto e no branco. Para os recém-entrados nessa paixão por filmes de super-heróis, há a possibilidade de continuar a fidelidade com a linha central da Marvel Studios; para os mais apaixonados, cabe um valioso reconhecimento aos demais filmes que ajudaram a estabelecer o Universo Cinematográfico da Marvel como conhecemos.
Há cena pós-créditos?
Sim, Deadpool & Wolverine há somente uma cena pós-crédito e um “momento especial” – é tudo o que eu posso dizer, sem spoilers – durante os créditos.
Precisa ver alguma coisa antes?
Quando se trata de Marvel Studios, por ora, ainda existe a lei de ter visto outras produções para entender melhor o que tá rolando. Para Deadpool & Wolverine, ajuda muito se você ter visto as duas temporadas de “Loki” e “Logan”. Como opcional, no sentido de você captar referências expressas tanto em diálogos quanto em aparições mesmo no filme, é válido ter visto os demais filmes da época “pré-histórica” da Marvel, incluindo a saga X-Men, Quarteto Fantástico, Demolidor, Blade etc.
Afinal, como já vimos no trailer, há aparições de personagens que fizeram parte do núcleo de filmes dos X-Men estão no filme, como Tyler Mane (Dentes de Sabre), Aaron Stanford (Pyro), Kelly Hu (Lady Letal) e Azazel (Jason Flemyng) – e, se serve de consolo, vem muito mais por aí.
Muito mais que garimpar as produções antigas da Fox, um grande pulo do gato presente em Deadpool & Wolverine está no conhecimento sobre a relação Marvel e cinema. Consta diversas piadas envolvendo atores e produções de muito tempo atrás, até mesmo de filmes que nem chegaram a ser finalizados.
Com isso, para aprimorar a sua experiência, segue uma lista de filmes sugeridos que você deva ver antes:
- Loki (2020-) – as duas temporadas | Disney+
- X-Men (2000) | Disney+
- X-Men 2 (2003) | Disney+
- X-Men: O Confronto Final (2006) | Disney+
- X-Men: Primeira Classe (2011) | Disney+
- Logan (2019) | Disney+
Conclusão
Deadpool & Wolverine é um filme que cumpre com as expectativas. É o filme mais hilário do ano, com ótimas cenas bem-pensadas, com Deadpool em seu estado mais fiel aos quadrinhos e do jeito que amamos. Wolverine também ganha um plus a mais, funcionando super bem exatamente todas as interações entre os mutantes, seja na porradaria extrema, nos alfinetes, nas reconciliações ou nos momentos de alta carga dramática. Com uma história bem simples e totalmente baseada em fan-service e nos eventos narrados na primeira temporada de Loki, o terceiro filme do Mercenário Tagarela é um filme que ou vão entender e pirar, ou que vão somente entender – nenhuma novidade, não é mesmo?
O filme é dirigido por uma pessoa tão apaixonada por quadrinhos como vimos em James Gunn na trilogia Guardiões da Galáxia, o que acarreta totalmente a qualidade da produção. Seu roteiro é um dos mais fortes comicamente que eu já vi, com piadas e sacadas geniais e que mantém a mesma assinatura Deadpool, intacta mesmo com a fusão da Disney com a Fox. A colaboração Shawn Levy e Ryan Reynolds, mais uma vez, entrega um filme de alto nível. Tanto as cenas de ação quanto os efeitos especiais e as atuações individuais são muito boas, e adicionam de forma complementar à qualidade.
Por último, Deadpool & Wolverine é um ótimo encerramento ao períodos dourados e sombrios da Fox e principalmente ao Deadpool e Wolverine de Ryan Reynolds e Hugh Jackman, que farão muita falta.
Quando estreia Deadpool & Wolverine?
Deadpool & Wolverine estreia a partir do dia 25 de julho nos cinemas brasileiros. Não foi confirmado uma data estimada para a inserção do longa ao catálogo da Disney+, o que deve acontecer em algum momento entre outubro e novembro.
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Fonte: Disney
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
Incrível crítica! Já quero assistir este filme 🙂