Atualmente, a Meta (anteriormente conhecida como Facebook) continua a liderar o número de visitas aos sites de mídia social. Sua família de aplicativos, que inclui WhatsApp e Messenger, além do Facebook e Instagram, atingiu quase quatro bilhões de usuários ativos mensais até dezembro de 2023. A plataforma coleta uma vasta quantidade de informações de seus bilhões de usuários, incluindo dados de atividade na plataforma, de outros aplicativos, navegadores e dispositivos.
Mas lá em 2016, o Facebook (Meta) buscava maneiras de ampliar ainda mais essa coleta de dados, especialmente de aplicativos externos à sua propriedade.
O Facebook (Meta) implementou um projeto secreto visando capturar dados de usuários de plataformas concorrentes como o Snapchat. Documentos recentemente divulgados como parte de uma ação coletiva nos EUA revelam detalhes do “Project Ghostbusters”. Esta iniciativa, iniciada em 2016, tinha como objetivo interceptar e analisar dados de usuários, mesmo quando esses dados estavam criptografados. Os documentos judiciais indicam que essa técnica também estava planejada para ser aplicada aos usuários do YouTube e da Amazon.
Revelações do processo
Uau. O Facebook teve um projeto secreto chamado “Projeto Caça-Fantasmas” (entendeu o trocadilho?) que alegadamente visava decifrar o tráfego do Snapchat no estilo “man-in-the-middle” para copiá-lo. Destaques amarelos indicam partes censuradas que acabaram de ser reveladas em nove petições de reclamantes seladas em um processo privado de antitruste. Selvagem.
Jason Kint, CEO da DCN (Digital Content Next)
Um desdobramento recente na ação coletiva antitruste Klein vs. Meta, que teve início em 2020, revelou uma série de e-mails e documentos que trazem à tona um projeto secreto da Meta. Esses documentos, agora tornados públicos, mostram uma troca de comunicações entre executivos da empresa, incluindo Mark Zuckerberg, que expõem não apenas o uso de estratégias anticompetitivas, mas também a violação “criminosa” da “Wiretap Act” – a lei de escutas telefônicas americana que proíbe a interceptação intencional de comunicações telefônicas, orais ou eletrônicas, por qualquer pessoa, organização ou governo, usando dispositivos eletrônicos, mecânicos ou outros.
O projeto começou quando Zuckerberg enviou um e-mail para três executivos da empresa com o título “Análise do Snapchat”. Nesse e-mail, ele enfatizou a importância estratégica de obter análises confiáveis sobre o tráfego do Snapchat, que na época era criptografado e inacessível para o Facebook (Meta). Ele destacou a importância estratégica dessa análise, dada a rápida ascensão da plataforma concorrente.
A Onavo e o Projeto Ghostbusters
Na época, Javier Olivan, atual diretor de operações da Meta, sugeriu uma estratégia controversa: pagar aos usuários para instalarem um “software pesado” chamado Onavo em seus dispositivos. Originalmente apresentado como uma VPN (Rede privada virtual) para proteger a privacidade, o Onavo acabou se revelando um spyware, permitindo a coleta de dados não criptografados dos usuários.
Posteriormente, o projeto interno da Onavo, conhecido como “Project Ghostbusters” (Projeto Caça-Fantasmas) — uma alusão direta ao logotipo do Snapchat com um fantasma branco — foi ampliado para incluir outros concorrentes do Facebook (Meta), como YouTube e Amazon.
Em 2019, o Facebook encerrou o Onavo após uma investigação da TechCrunch (um website focado em notícias sobre tecnologia) expor que a empresa estava secretamente pagando adolescentes para utilizarem o aplicativo, permitindo acesso a toda a sua atividade online.
A revelação desses detalhes alimentou ainda mais as preocupações sobre as práticas da Meta em relação à concorrência e à privacidade dos dados dos usuários. O processo em curso continuará a investigar a extensão dessas atividades e as possíveis repercussões legais para a empresa.
Posição oficial da Meta
Diante das recentes revelações sobre o projeto secreto de análise de dados da Meta, um porta-voz da empresa emitiu um comunicado refutando as alegações, declarando que “Não há nada de novo aqui – esta questão foi relatada anos atrás. As alegações dos demandantes são infundadas e completamente irrelevantes para o caso“.
Entretanto, o acesso aos documentos pela equipe de investigação apresenta informações que contradizem essa declaração. Estes detalhes incluem informações sobre a organização e o tamanho da equipe dedicada a quebrar as análises do Snapchat, a pedido de Zuckerberg.
Uma das informações alega que “executivos de alto escalão da Meta consideraram o programa um pesadelo jurídico, técnico e de segurança”, com um deles expressando dúvidas morais ao dizer: “Não consigo pensar em um bom argumento para explicar porque isso está certo”.
Em resposta ao documento recentemente divulgado, a Meta contestou as acusações, argumentando que não violou a “Lei de Escutas Telefônicas“, que proíbe a interceptação “não consensual” de informações, negando qualquer violação de privacidade. A empresa alegou ter obtido o consentimento dos usuários para participarem do projeto.
Além disso, a Meta questionou se o Snapchat tinha conhecimento de algum benefício competitivo obtido pela empresa por meio das pesquisas realizadas. Até agora, o Snapchat não se pronunciou sobre o assunto, deixando algumas questões ainda sem resposta. O desenrolar desse caso será monitorado de perto.
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Fonte: Malwarebytes, Thestreet