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A Intel abriu, na manhã desta terça-feira (19) (13h no horário de Brasília), o Intel Innovation 2023, onde pôde contar um pouco mais sobre a arquitetura da sua próxima geração, Meteor Lake. O foco da companhia durante a apresentação foi o poder da Inteligência Artificial, vista pela fabricante como um pilar do futuro da computação. Entre os destaques revelados pela Intel, estão o conceito de um PC com AI equipado com o Intel Core Ultra. Ela também anunciou a chegada do OpenVINO 2023.1, um “kit de ferramentas” que vai facilitar e otimizar o uso de IA. Confira todos os detalhes do evento a seguir.
Assista o vídeo com o resumo no canal do Showmetech:
PC com inteligência artificial
Um dos principais anúncios do primeiro dia de Intel Innovation 2023 foi o AI PC, um conceito de computador com inteligência artificial. Baseado no novo processador Intel Core Ultra, o chip traz uma NPU (unidade de processamento neural, em tradução livre) e a tecnologia Intel 4 para entregar maior eficiência energética no processamento de inteligência artificial. Além disso, há uma GPU integrada da linha Intel Arc, mas, diferente do esperado, o foco aqui não é o processamento gráfico, e sim as capacidades de performance e eficiência.
Apesar de não dar maiores detalhes de como será, de fato, este dispositivo, a Intel demonstrou algumas aplicações da AI na prática. Em uma delas, por exemplo, a máquina conseguiu gerar trechos de uma música bem ao estilo de Taylor Swift, com processamento inteiramente local. Em outro momento, o PC também gerou uma imagem com base em uma descrição, similar ao que já podemos fazer com outros softwares disponíveis no mercado.
O PC com IA também promete ajudar na produtividade dos usuários. Em outra demonstração, o computador foi capaz de avisar Pat Gelsinger, CEO da Intel, que estava à frente do computador, que alguém estava chamando por ele. Ele, então, se ausentou do computador e quando retornou, o dispositivo havia feito um resumo de tudo o que ele havia perdido enquanto esteve fora, inclusive com direito a tradução de todo o conteúdo do francês.
Durante o evento, Pat ainda defendeu que a tecnologia desenvolvida pela empresa será fundamental para a expansão da inteligência artificial. Ele destacou, inclusive, os avanços que sua empresa está fazendo em tecnologia de produção e ferramentas de desenvolvimento de software para IA. A oportunidade só aumentará à medida que mais capacidades de inteligência artificial forem alimentadas por computadores pessoais, disse ele.
A IA representa uma mudança geracional, dando origem a uma nova era de expansão global na qual a computação é ainda mais fundamental para um futuro melhor para todos […] Para os desenvolvedores, isso cria enormes oportunidades sociais e de negócios para ultrapassar os limites do que é possível e criar soluções para os maiores desafios do mundo.
Pat Gelsinger – CEO da Intel
Quem também fez participação durante o Intel Innovation 2023 foi o diretor de operações da Acer, Jerry Kao, que levou até a Califórnia um Acer Swift com o Intel Core Ultra. Segundo ele, as duas empresas estão trabalhando para desenvolver um conjunto de softwares que aproveite o potencial dos chips Core Ultra. No palco, ambos ainda anunciaram um recurso capaz de acessar qualquer informação que o usuário possa ter visto na tela do PC.
A empresa garante que não há motivos para se preocupar com segurança e privacidade com a novidade. De acordo com ela, todas as imagens e textos são criptografados e armazenados de forma local, sem qualquer acesso à internet.
OpenVINO 2023.1
Outra novidade anunciada pela Intel e que trata sobre Inteligência Artificial é a chegada do OpenVINO 2023.1, kit de ferramentas de software de código aberto usado para facilitar a otimização e a aplicação de processamento de IA na Borda e no segmento Client — nome dado à área que engloba os desktops e notebooks dos consumidores finais. Segundo a Intel, a versão traz melhorias que vão tornar o acesso e o uso dos algoritmos mais simplificado numa quantidade maior de dispositivos.
Agora, programadores e investigadores terão a capacidade de importar e converter modelos originados em PyTorch e TensorFlow de forma automática. Além disso, será possível escolher a API mais apropriada de acordo com as exigências específicas da carga de trabalho.
A versão 2023.1 do OpenVINO torna-se ainda mais favorável às inteligências artificiais geradoras, ampliando a variedade de modelos disponíveis para chatbots, geração de código e outras aplicações. Ao mesmo tempo, melhora o suporte para GPUs e a eficiência no uso de memória. Foram também incorporadas técnicas mais avançadas de compactação para otimizar a utilização de Grandes Modelos de Linguagem (LLMs).
Por último, é importante destacar que essas ferramentas agora desfrutam de suporte total pela Unidade de Processamento Neural (NPU) dos novos processadores Intel Meteor Lake, que é uma das novidades do Innovation 2023. Quando combinadas com a capacidade inerente do OpenVINO de distribuir automaticamente o processamento de Inteligência Artificial entre os recursos de computação disponíveis, essas mudanças representam um marco crucial na missão da Intel de tornar a IA acessível a todos, tornando-a disponível “em qualquer lugar e dispositivo”.
Edge-Native Software Platform
Recentemente, grandes empresas perceberam os benefícios aproximar os data centers dos consumidores e áreas sensíveis, como centros de distribuição e fábricas. Isso é chamado de Edge Computing ou Computação de Borda. Setores como telecomunicações, logística, monitoramento, inspeção de produtos e mídia interativa são usuários dessa tecnologia.
De acordo com a Intel, até 2025, mais da metade dos dados gerados pelas empresas será fora dos data centers ou da nuvem, e até 2026, metade das plataformas de Edge Computing estarão integradas a soluções de Machine Learning, um aumento dez vezes maior em relação a 2022. Em resposta a essa tendência, a equipe azul está desenvolvendo uma plataforma completa de IA chamada temporariamente de “Edge-Native Software Platform”, que inclui recursos de software e hardware.
O objetivo desta solução é impulsionar o desenvolvimento e a adoção da Edge Computing, com várias camadas modulares adaptadas para diferentes setores de negócios, seguindo a flexibilidade oferecida em outros serviços da marca. Ainda não foram divulgados detalhes sobre o funcionamento da plataforma e a data de lançamento, mas podemos esperar por novidades nos próximos meses.
Processadores otimizados para IA
Como não poderia deixar de ser, a Intel também revelou as novas famílias de processadores, que serão lançados já nos próximos meses. O destaque dado pela empresa foi a 4ª geração Xeon Scalable Sapphire Rapids, que segundo dados da Intel seria “a melhor família de CPUs para Inteligência Artificial do mercado“.
Também foram detalhadas algumas das melhorias focadas em IA implementadas na 5ª geração Emerald Rapids, bem como nas linhas Granite Rapids (composta de P-Cores de alto desempenho) e Sierra Forest (baseada em E-Cores de alta eficiência), estes dois últimos agendados para serem lançados somente no ano que vem.
Os processadores Xeon Sapphire Rapids, lançados em janeiro, se destacaram por serem os primeiros chips de data center da Intel a utilizar uma arquitetura de chiplets e integrar vários aceleradores, incluindo soluções voltadas para IA. Essa estratégia impulsionou o desempenho por watt, reduziu o custo total de propriedade (TCO) e, de acordo com a empresa, garantiu a liderança no processamento de Inteligência Artificial em CPUs.
Com a 5ª geração Emerald Rapids, a empresa busca manter sua posição de destaque na linha Xeon, prometendo otimizações adicionais e um salto em eficiência energética e operacional. No entanto, as principais mudanças estão nas famílias Granite Rapids e Sierra Forest, que expandem o uso de chiplets para oferecer maior flexibilidade aos servidores.
A família Granite Rapids é voltada para processamento de alto desempenho em tarefas gerais e intensivas, incluindo IA, enquanto a Sierra Forest é mais adequada para cargas de trabalho com maior número de núcleos e densidade. Ambas compartilham a mesma plataforma, permitindo ajustes conforme as necessidades dos clientes.
Já a família Intel Core Ultra, também conhecida como Meteor Lake, será a primeira linha de processadores para consumidores finais a incluir uma Unidade de Processamento Neural (NPU). Essa solução oferecerá inferência de IA com baixa latência, mesmo sem conexão com a internet, e trabalhará em conjunto com a CPU aprimorada pelo processo de fabricação Intel 4, além de uma GPU mais poderosa baseada na mesma arquitetura das placas de vídeo gamer Intel Arc.
A cooperação entre os aceleradores é exemplificada por diferentes tipos de modelos de Inteligência Artificial: a GPU é ideal para algoritmos que utilizam mídias ou aplicações 3D, enquanto a NPU é otimizada para tarefas de baixo consumo e funcionalidades de uso prolongado, e a CPU é indicada para modelos de IA mais leves com resposta rápida e baixa latência. A gigante da tecnologia anunciou uma colaboração com a Acer para o desenvolvimento de recursos de IA otimizados para os chips Intel Core Ultra, incluindo o “Acer Parallax”, que usa a NPU para criar um efeito 3D em imagens selecionadas pelo usuário.
Tentativa de ganhar mercado
Focando em Inteligência Artificial, a Intel tenta retornar a uma época em que suas conferências e novidades ofereciam um roteiro para a indústria da computação. Erros anteriores resultaram na perda de capacidade de fabricação, permitindo que a TSMC e a Samsung se destacassem nesse aspecto. Além disso, a Nvidia se tornou uma fornecedora líder de aceleradores de IA, que auxiliam no processamento de cargas de trabalho de inteligência artificial.
O líder da Intel reafirmou o compromisso da empresa em atualizar sua tecnologia de produção em um ritmo sem precedentes. Como parte desse esforço, a técnica de fabricação de chips Intel 3 será lançada no final deste ano. Além de tentar alcançar os rivais, Gelsinger está abrindo sua rede fabril para clientes externos – mesmo que concorram com produtos internos.
Por fim, os desenvolvedores de software terão a oportunidade de testar seus projetos antecipadamente usando a Developer Cloud da Intel, permitindo que experimentem suas cargas de trabalho em computadores hospedados pela empresa pela internet. Isso ajudará os clientes a acelerar seu trabalho quando os chips Intel estiverem disponíveis para o público em geral.
Veja também:
- Intel Core Ultra é anunciado como “processador para AI”;
- Intel Xeon de 5ª geração chega com melhorias em trabalho com IA;
- Intel Developer Cloud promete democratizar alcance de AI na nuvem.
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (19/09/23)