O bloqueio do Telegram acaba de ser solicitado pela Polícia Federal após o aplicativo não cooperar com a investigação sobre o ataque a uma escola em Aracruz, Espírito Santo, que deixou 4 mortos. O órgão descobriu, após uma vistoria no celular do adolescente de 16 responsável, que há diversos grupos que incentivam e, muitas vezes, até mesmo financiam os ataques.
O mensageiro azul chegou a entregar algumas informações no último dia 21 de abril de 2023, mas a PF pediu que dados pessoais destes grupos sejam entregues para que os culpados sejam presos. Entenda o caso agora mesmo.
O bloqueio do Telegram no Brasil
Após o aplicativo de Pavel Durov não cumprir com as solicitações da Polícia Federal em cooperar com as investigações de recentes ataques em escolas por boa parte do Brasil, empresas de telefonia como Claro, Tim, Oi e Vivo estão sendo obrigadas a bloquear o acesso ao Telegram por meio de seus servidores.
A medida também atinge novas instalações do app em celulares, e o Google e Apple serão orientados, ainda hoje (26), a retirar o app de suas lojas brasileiras. A ação é uma resposta à cooperação incompleta do Telegram em meio às investigações sobre grupos antissemitas diretamente envolvidos com os ataques ocorridos em escolas durante março e abril de 2023. A regra é clara: os brasileiros não devem mais ter acesso aos serviços do principal concorrente do WhatsApp até segunda ordem.
Por mais que algumas informações tenham sido entregues à PF pelo Telegram no último dia 21 de abril de 2023, os investigadores ainda precisam dos dados dos administradores dos grupos identificados nos celulares dos envolvidos nos ataques. Confira uma parte do pedido:
Observou a autoridade policial que o menor infrator era integrante de grupos de Telegram de compartilhamento de material de extremismo ideológico, cuja divulgação de tutoriais de assassinato, vídeos de mortes violentas, tutoriais de fabricação de artefatos explosivos, de promoção de ódio a minorias e ideais neonazistas.
PF sobre quebra de sigilo de conversas no Telegram
Como se recusa a fornecer dados dos administradores de um grupo que nem mesmo deveria existir na plataforma, a Justiça Federal aumentou a multa diária de R$ 100 mil para R$ 1 milhão. Cada dia sem cooperação traz apenas mais gastos para o aplicativo de Pavel Durov. É esperado que as operadoras, Google e Apple recebam o comunicado da PF de bloquear o acesso e novas instalações ainda na tarde do dia 26 de abril; a medida tem caráter imediato.
Importante lembrar que este não foi o primeiro pedido de bloqueio do aplicativo no Brasil. Em março de 2022, Alexandre de Moraes chegou a pedir que o Telegram deixasse de funcionar em terras tupiniquins após uma falta de cooperação em diversas situações. Após o alarde, o CEO do aplicativo respondeu aos pedidos e até mesmo um canal de combate às fake news para as Eleições 2022 do Brasil foi criado no Telegram. Mas a relação com o Brasil e outros países do mundo nunca foi boa.
Telegram x privacidade
Criado pelos irmãos russos Pavel e Nikolai Durov, o grande problema do Telegram é que nem mesmo os desenvolvedores e atual CEO sabem o que é discutido nos grupos, como uma forma de entregar liberdade para literalmente todos os usuários. O grande problema é que, quando algum crime acontece ou é organizado dentro da plataforma, fica difícil para que o próprio aplicativo coopere com os órgãos oficiais.
O Telegram está disponível desde 2013 e. apenas na Google Play Store, conta com mais de 1 bilhão de downloads. Após um “puxão de orelha” em março de 2022 do Supremo Tribunal Federal (STF), o aplicativo se viu obrigado a cumprir as seguintes regras para que não fosse proibido de funcionar em nosso país:
- Monitoramento manual diário dos 100 canais mais populares do Brasil;
- Acompanhamento manual diário de todas as principais mídias brasileiras;
- Capacidade de marcar postagens específicas em canais como imprecisas;
- Restrições de postagem pública para usuários banidos por espalhar desinformação;
- Atualização dos Termos de Serviço;
- Análise legal e de melhores práticas;
- Promover informações verificadas.
Entretanto, como você pode imaginar, o Telegram e seu CEO não conseguiram ter amplo controle sobre tudo o que é discutido nos grupos. A prova disso é que o responsável pelo ataque à escola em Araras, de apenas 16 anos, interagia com grupos antissemitas no Telegram.
A PF tem conseguido rastrear futuros ataques por meio de investigações em grupos de conversas na internet e toda e qualquer cooperação das redes sociais e aplicativos de mensagens é essencial para evitar mortes.
Até o fechamento desta matéria, o Telegram (ainda) podia ser instalado e funcionava no Brasil da mesma forma que antes. O aplicativo também não se pronunciou sobre a decisão da PF, mas o Showmetech segue à disposição para atualizar a matéria assim que uma nota estiver disponível.
Você acredita que, desta vez, o bloqueio do Telegram realmente será efetivo? Diga pra gente nos comentários!
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Com informações: G1.
Revisado por Glauco Vital em 26/4/23.