Houve uma época em que os brasileiros não conheciam a palavra streaming. Se você perguntasse para qualquer pessoa no início do século se ele sabia o que era “streaming”, provavelmente ele chutaria que era o nome de alguma doença e que até tinha visto um episódio sobre ela no Dr. House.
Nessa época não existia Netflix. Nem Spotify. E o YouTube era apenas um embrião do gigante que ele é hoje. Nessa época, os torrents reinavam na terra! Softwares como Kazaa, eMule, Ares Galaxy, LimeWire e uTorrent eram os campeões de download nesse tempo.
Se você quisesse ouvir uma música tinha que baixar os arquivos em MP3 por torrent. Se quisesse assistir um filme ou acompanhar uma série online, tinha que ser por torrent. E, durante muitos anos, os arquivos .torrent foram a principal opção para quem quisesse consumir conteúdo audiovisual na época.
A chegada do streaming
Com o tempo, porém, o acesso à internet foi se popularizando e as velocidades de conexão foram ficando cada vez melhores. Isso abriu espaço para os serviços de streaming. YouTube se tornou esse veículo que é hoje. Netflix é praticamente uma unanimidade entre os brasileiros. E opções para ouvir música não faltam: Spotify, Deezer, Google Play Music, Apple Music, etc.
A propaganda por trás dos serviços de streaming eram apoiadas em três grandes pilares: comodidade, economia e legalidade. É muito mais cômodo assistir a um filme na Netflix do que passar por todo o processo de baixar um filme por torrent.
Os serviços de streaming também são uma forma barata de se manter na legalidade. Comprar filmes e discos é abusivamente caro. A ida ao cinema de um casal pode chegar aos R$ 100. E um ingresso para um show pode custar o mesmo que as contas de água, luz e internet da sua casa juntas.
Com essas três qualidades, esperava-se que a pirataria (e consequentemente o uso do torrent) diminuísse enormemente. E, a bem da verdade, várias pesquisas apontam que a pirataria diminuiu sim. A quantidade de pessoas que usam e recomendam torrents também caiu. Parte disso se deve, porém, à caçada aos sites de torrent.
Mas será que um dia os torrents vão sumir?
Acho muito difícil. Embora o torrent seja uma tecnologia que seja muito usada para pirataria, ela tem outras utilidades. Mas, acredito que a ferramenta, enquanto veículo de disseminação da pirataria, será deixada cada vez mais de lado.
Embora o atrativo de ser grátis ainda cative muita gente, todo o trabalho envolvido em se baixar por torrent pode desestimular algumas pessoas. É preciso baixar um programa para fazer o download, achar um bom tracker, com muitos seeds, esperar o tempo de download e, no caso dos filmes e séries, baixar uma legenda separada. Enquanto que no Netflix é só dar play e pronto.
Além disso, ainda há chances do usuário infectar o computador com algum vírus oriundo de algum arquivo baixado. Todos esses fatores me fazem pensar que, talvez, quem sabe, o torrent seja deixado cada vez mais de lado pelos usuários em prol de mais comodidade e facilidades.