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A Samsung é hoje um dos maiores conglomerados de todo o mundo, mas isso não surgiu da noite para o dia: são mais de 80 anos operando na Coreia do Sul, sua terra-natal, e mais de 30 anos operando no Brasil. Atualmente, a empresa é a maior de todas as fabricantes de smartphones, contando com 80 milhões de aparelhos vendidos só em 2017 — e olha que o ano nem acabou.
Para termos uma ideia, se somarmos todas as vendas das segunda e terceira colocadas, Apple e Huawei, respectivamente, ainda teremos um valor abaixo do total atingido pela Sammy, 79 milhões. E apesar de a Samsung vender em muito mais países que a Huawei, além de lançar muito mais modelos que a Apple, pesquisas indicam que, ao menos nos EUA, o Galaxy S7 vendeu mais que o seu concorrente direto, o iPhone 6S.
Mas nem tudo começou assim, com tanto sucesso. Você sabia?
Início ‘humilde’
O começo da Samsung remete a 80 anos atrás, quando Lee Byung-Chul, em 1938, fundou uma pequena loja em Daegu, na Coreia do Sul. Chamada de ‘Samsung Sanghoe’, a lojinha vendia peixes desidratados, vegetais e frutas, realizando comércio com a capital da China, Pequim, e também com a Manchúria.
Pouco menos de 10 anos depois, na década de quarenta, os negócios prosperavam e a Samsung já tinha seus próprios moinhos de farinha, estendendo suas operações à manufatura têxtil, inclusive. Em 1947, ao ver a enorme expansão da sua empresa, Byung-Chul se muda para a capital, Seul, e passa a diversificar a atuação da companhia.
Também foi nessa época que Cho Hong-Jai se juntou ao fundador. Com a ajuda de muitos investimentos por parte de Hong-Jai, a empresa se tornou a Samsung Trading Corporation, atuando principalmente no setor de vendas.
Em meados de 1950, Byung-Chul se viu obrigado a voltar para o interior: a guerra da Coreia havia começado, de fato, impedindo que o negócio se mantivesse seguro em Seul. Ainda assim, quatro anos depois, o executivo fundaria uma refinaria de açúcar, na cidade litorânea de Busan, e uma indústria de tecidos e produtos químicos, novamente em Daegu.
A estratégia por traz da Samsung sempre foi produzir e então vender, evitando envolver outras companhias no processo.
No início dos anos 60, devido as suas mentalidades diferentes a respeito dos negócios, a dupla implacável de Byung-Chul e Hong-Jai se separaria. O chamado ‘Grupo Samsung’ seria dividido, dando origem a vários outros negócios. A parte de Hong-Jai se tornou a Hyosung Corporation; atualmente, um dos maiores conglomerados industriais da península coreana.
Mudança de rumo
Ao mesmo tempo em que se separava de Hong-Jai, o Grupo Samsung ficava cada vez maior: adquiriu companhias de seguros, iniciou sua primeira loja de departamentos, a Shinseagae, e até fundou a TBC, uma empresa focada em comunicação e que, anos mais tarde, se fundiu com a KBS, a maior emissora de TV da Coreia do Sul.
A Samsung Electronics, a empresa como conhecemos, responsável por TVs, computadores, eletrodomésticos e smartphones, só viria a surgir no fim dos anos 60, com a criação da Samsung-Sanyo Electronics. O primeiro produto da divisão seria lançado em 1970, era uma TV em preto e branco, modelo P-3202.
No decorrer dos anos 70, o grupo continuou a investir em diversos outros setores, dando origem a companhias como a Samsung Heavy Industries (SHI), hoje especializada na produção naval, e a Samsung Techwin, uma divisão tecnológica da SHI e que, desde 2016, não faz parte do conglomerado.
Em 1976, apenas 5 anos após o início da produção, as TVs da marca já dominavam o mercado sul-coreano. Com isso, o próximo passo da divisão de eletrônicos seria exportar os seus produtos, além de investir noutros aparelhos. Prova disso foi a produção de fornos de microondas, iniciada em 1979.
Expansão global e chegada ao Brasil
Depois de dominar as vendas sul-coreanas, o próximo passo seria o reconhecimento mundial: nos anos 80, a Samsung já exportava boa parte dos seus produtos, dentre aparelhos de TV, rádios e até semicondutores.
Contudo, as ambições da empresa iam muito além do mercado asiático: a Samsung começou a chegar noutros países, iniciando seus trabalhos na Europa e nas Américas. No mesmo intervalo de tempo, a produção de semicondutores, até então parte da Samsung Electronics, cresceria vertiginosamente – ganhando sua própria independência.
Com a nova divisão de semicondutores, surge também o primeiro chip DRAM da empresa. Na época, ele tinha 64K, o suficiente para guardar a mesma quantidade de informações contidas numa única página de jornal – ainda assim, era impressionante para a época.
O ano de 1987, em particular, foi de muitas novidades, boas e ruins, para a Samsung: além de abrir seus primeiros centros de pesquisa, iniciando estudos nas áreas petroquímica, química, de tecnologia, de telecomunicações e até mesmo de genética, a empresa entraria oficialmente no Brasil.
A Samsung começou por aqui vendendo monitores e discos-rígidos. No início, a empresa não lidava com o consumidor final, realizando negócios apenas com clientes corporativos. Mesmo assim, os produtos eram nacionais e produzidos em Manaus.
Infelizmente, também foi em 1987 que o presidente-fundador da Samsung, Lee Byung-Chul, faleceu. A partir dai, seu filho, Kun-Hee Lee, assumiu os negócios com um objetivo modesto: tornar o legado de seu pai uma das 5 maiores companhias de tecnologia do mundo.
E não é que ele conseguiu?
O primeiro celular e o primeiro carro
Já em 1988, a empresa dava o seu primeiro passo nas telecomunicações: o SH-100 seria o primeiro celular da marca e também o primeiro a ser projetado e fabricado na Coreia do Sul. Segundo o que dizem as más línguas, o SH-100 foi inteiramente baseado em celulares da Motorola – os engenheiros da Samsung teriam comprado aparelhos da concorrente, estudado o seu funcionamento e então produzido a sua própria versão.
Em 1990, a Samsung Electronics já era, de longe, a divisão mais admirável de todo o grupo. Além de contar com projeções bastante otimistas para o futuro, o setor foi o único que tomou imponência fora da Coreia. Não que as outras companhias não tenham dado certo, a questão é que a Samsung Electronics foi a que mais se exteriorizou.
E não é a toa que se tornou líder em diversos mercados, também.
Até os anos 2000, a Samsung selecionou 5 categorias de eletrônicos, dentre TVs, monitores, celulares e semicondutores, para serem os principais produtos do seu portfólio. A ideia era que, com esses aparelhos, o nome da empresa chegasse a outros países com mais facilidade.
Os anos 90 também marcam eventos de pioneirismo na história da empresa: neste período de 10 anos, ela foi responsável pela primeira RAM de 256MB, a primeira RAM de 1GB, a CPU mais rápida do mundo até então, a CPU Alpha, e até mesmo o primeiro carro elétrico feito na Coreia, o Samsung Electronic Vehicle III.
Mas a história da Samsung com os carros foi relativamente curta: a empresa passou cerca de cinco anos interessada no setor automotivo, contudo, após uma forte crise econômica em 1997, se viu obrigada a vender algumas de suas divisões, incluindo uma parte da Samsung Motors, que foi para as mãos da Renault.
Com isso, a montadora Samsung-Renault existe desde 1994, comercializando veículos desde 1998. Nos anos 2000, a Renault comprou 70% da participação, totalizando 81%.
Atualmente, a Samsung-Renault divide vários veículos do seu portfólio com a matriz francesa; alguns carros da Renault, como o Fluence, por exemplo, são vendidos sob a marca ‘Samsung Motors’, na Coreia.
Anos 2000, a era digital
Nenhuma década foi de tanto crescimento para a Samsung Electronics como os anos 2000. Neste período de 10 anos, a empresa produziu monitores com resolução recorde para sua época, a primeira RAM de 512MB do mundo, diversos modelos de TV e celulares, apostou pesado nas lavadoras de roupas e, em abril de 2009, lançava o seu primeiro smartphone Android, o Galaxy (i7500).
Sim, até então o nome era apenas ‘Galaxy’.
Nos anos seguintes, a Samsung ficou mais parecida com aquilo que nós conhecemos: em 2010, tivemos o Galaxy S, que além de ser o primeiro aparelho da linha S, seria o primeiro a embarcar a TouchWiz, a interface customizada dos Androids da marca.
O sucesso da linha S foi tanto que, a partir de 2011, a Samsung passou a se dedicar muito mais aos smartphones.
Logo após o primeiro modelo, tivemos uma série de outros ‘Galaxys’, cada um focando seu próprio público-alvo. Em fevereiro daquele mesmo ano, a empresa lançou o Galaxy SII – e alguns meses depois, em 2012, comemoraria o posto de maior fabricante de telefones celulares do mundo.
Já a Nokia, que acabou indo para o segundo lugar, era a líder consecutiva desde 1998.
Batalhas judiciais
Mas 2012 também trouxe problemas: em agosto daquele ano, a corte norte-americana condenaria a empresa a pagar US$ 1,05 bilhão à Apple – Os motivos? Bom, segundo a Maçã, a Samsung teria infringido 6 patentes do iPhone, lucrando milhões de dólares durante os últimos dois anos com tecnologias que não eram suas.
Apesar de grande, o valor da sentença ainda foi menor que o pedido pela Apple: na época, US$ 2,5 bilhões.
A briga por patentes iniciada nos EUA foi, de longe, a maior, mas desencadeou similares por todo o globo: na Coreia do Sul, ambas as empresas foram condenadas, acusadas de infringir patentes umas das outras.
Embora tenha sido concluído apenas em 2012, o processo movido pela Apple se inicia um ano antes, em 2011. Naquela época, os aparelhos da Samsung, incluindo o Galaxy SII, eram bastante similares ao iPhone e ao seu iOS. Contudo, segundo as explicações da coreana, tudo se tratava de inspiração – e não de cópia, como dizia a rival.
Plágio ou não, a Samsung não queria mais sofrer acusações: toda a linha Galaxy foi redesenhada em 2012, trazendo linhas mais arredondadas e cores que fugiam do simples preto ou branco, além de uma nova TouchWiz.
O Galaxy SIII, de acordo com a sua campanha de marketing, era ‘desenhado para humanos’.
Com isso, é até possível dizer que, sob uma ótica positiva, as batalhas judiciais contra a Apple fizeram a Samsung se encontrar no setor de smartphones. A empresa saiu do design quadrado, comum aos iPhones e demais aparelhos, e passou a investir numa linguagem própria, que veio a inspirar até outras empresas.
5 anos depois, em 2017, é como se o slogan ‘desenhado para humanos, inspirado pela natureza‘ estivesse de volta: o Galaxy S8 tem o visual mais distintivo de todos os aparelhos do ano, estabelecendo tendências que vimos até mesmo no iPhone X.
Parece que o jogo virou, não é mesmo?
Hoje, no Brasil e no mundo
Sendo a sexta marca mais valiosa do mundo e a segunda companhia de tecnologia com o maior lucro do planeta, a Samsung é a marca mais lembrada pelos consumidores brasileiros. Por aqui, a empresa domina os principais setores onde atua, o de TVs e o de smartphones.
Só nos últimos dois anos, de acordo com dados da própria empresa e do GFK, sua participação nas vendas totais de smartphones é de, em média, 50%. Noutras palavras, a cada dois smartphones vendidos no país, um deles é Samsung.
Tudo isso faz do Brasil o 3º maior mercado da companhia em smartphones.
A empresa também é líder no setor de TVs, ocupando o primeiro lugar nas vendas brasileiras há mais de 10 anos. Por aqui, o atual desafio das TVs da empresa é popularizar a resolução 4K – algo que a marca tem feito, principalmente se levarmos em conta o seu enorme leque de telas UHD, que vai desde os produtos de entrada aos produtos premium.
E nesta sexta-feira (29), a Samsung convidou seus principais executivos, colaboradores e a mídia, além dos próprios consumidores, é claro, a comemorar os seus 30 anos de Brasil. Três décadas de história que envolvem duas fábricas no Brasil, uma em Campinas e outra em Manaus, mais de 10 mil funcionários, três centros de pesquisa e desenvolvimento, um centro de design, e mais 35 polos de distribuição em todo o país.
Os coreanos vieram de longe, mas, pelo que dá pra ver, vieram para ficar.
Fonte(s): Samsung, Samsung Global
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