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O ano em que o mundo irá abraçar completamente os carros elétricos. É assim que a britânica The Economist descreve o ano de 2018.
Que os carros elétricos já são realidade nós já sabemos. Todas as principais montadoras já lançaram modelos completamente elétricos e, no caso da Tesla Motors, a propulsão elétrica não é apenas uma opção mas sim o carro chefe (qualquer trocadilho não é coincidência) da empresa.
O grande empecilho, porém, para que a eletricidade ganhe as ruas de vez, é o custo dos modelos elétricos. Os carros movidos a combustíveis fósseis possuem faixas de preço muito variadas e, em geral, os modelos elétricos similares apresentam um custo total maior. Em 2018 será essa a grande mudança.
Em 2018 carros elétricos irão competir ombro a ombro com tradicionais
Em 2018, pela primeira vez o custo total de adquisição e posse de um carro elétrica será menor do que de um carro convencional.
É claro que essa afirmação merece cautela. Cada mercado possui uma dinâmica e fatores internos que influenciam na formação de preço.
Um país com gasolina barata e energia elétrica cara, por exemplo, certamente não é um forte candidato a ter uma grande frota de veículos elétricos.
Tesla Model S – Modelos elétricos já competem em design e beleza. Em 2018 também competirão em preço e custo.
A liderança na adoção dos carros elétricos está em mercados maduros e com fortes incentivos à produção desses modelos.
Nos EUA, terra natal da Tesla Motors, maior símbolo da nova indústria automobilística, as vendas de carros elétricos apresentam crescimento de quase 50% de janeiro a agosto de 2017. O Model S, mostrado na imagem acima, é o líder de vendas no segmento.
América do Norte, Europa e China absorvem mais de 90% da produção mundial e são onde o ponto de virada deve acontecer primeiro. Os chineses foram responsáveis, sozinhos, por consumir 40% de todas as vendas de veículos elétricos em 2016.
O ponto de virada tende a chegar nesses mercados primeiro e depois se difundir globalmente. De qualquer forma, quando o custo total para se possuir um carro elétrico passar a ser realmente competitivo, espera-se que um boom em toda a cadeia do setor aconteça.
Uma série de restrições ambientais também contribuem para a virada. Inglaterra e França tem planos para banir os carros convencionais até 2040.
Cidades como Madrid, Atenas, Paris e Cidade do México trabalham com datas ainda mais restritas, com planos para não permitir carros movidos a petróleo a partir de 2025.
Desafios ainda por serem vencidos
Apesar da euforia com o crescimento sem volta dos carros elétricos, alguns pontos ainda estão por serem resolvidos. Dois deles, em especial, são cruciais para que a indústria automobilística seja realmente sustentável:
- A origem da eletricidade que abastecerá as frotas de veículos elétricos;
- A produção sustentável e humanizada do Cobalto;
Ao falar em carros elétricos como solução para poluição urbana, muitas pessoas esquecem que a eletricidade que abastece os carros precisa ser gerada de alguma forma. E esse é um ponto fundamental.
De nada adianta um país como a China ter uma enorme frota de veículos elétricos se a maior parte da eletricidade para abastecê-los advém de usinas que queimam carvão mineral, por exemplo.
Do ponto de visto mais amplo, o sucesso do conceito de mobilidade sustentável baseada em veículos elétricos depende de uma matriz energética também baseada em energia limpa, como eólica e solar. Felizmente o mundo também avança nesse sentido. No entanto, a dependência do petróleo ainda é gigante para a maioria dos parques geradores de energia ao redor do mundo.
E a segunda questão, esta bem menos conhecida, também anda está por ser superada. Dois terços da produção atual de cobalto, minério fundamental para as baterias dos carros elétricos, vêm da República Democrática do Congo.
O Congo não só um dos países mais pobres do mundo, mas também é afligido por instabilidades étnicas e políticas, violências e incidência endêmica de trabalho infantil, incluindo na mineração de Cobalto.
A sustentabilidade da indústria de veículos elétricos passa também por reformular e garantir a produção sustentável e legal de seus insumos, incluindo aí esse importante minério produzido nas minas congolesas.
Mudança sem volta
Apesar dos desafios, praticamente já não há na indústria automobilística quem aposte contra os carros elétricos, principalmente no médio e longo prazo. Seja por questões legais por parte de países e cidades, seja por uma mudança estrutural na mentalidade dos consumidores, os veículos elétricos demoraram para ganhar, mas, dessa vez, são eles quem em breve vestirão a braçadeira de capitão e líder na indústria automotiva.
Para fechar, ficam algumas referências como sugestão de leitura aos interessados no assunto.
Sobre carros elétricos:
- ABVE – Associação Brasileira de Veículos Elétricos;
- Carro elétrico parecido com Batmóvel;
- Agência Internacional de Energia – Visão Global dos Veículos elétricos em 2017(em inglês);
- Carro elétrico livre de IPVA e rodízio em São Paulo;
Sobre o trabalho infantil na cadeia produtiva dos carros elétricos:
- Carros elétricos à custa de trabalho infantil?
- Cobalto produzido por crianças é a pedra no caminho de carros elétricos
Sobre o ano de 2018 como virada no mercado global(em inglês):