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Foi em 6 de maio de 1998 que Steve Jobs subiu aos palcos do Moscone Center, em San Francisco, para anunciar um novo modelo de computador que simbolizaria a volta da Apple as suas raízes e a tiraria do fundo do poço de onde se encontrava.
Recapitulando para os mais jovens: depois de uma série de erros estratégicos, a Apple estava praticamente falida. Seu hardware não trazia a menor novidade, o Windows 95 era mais moderno, estável e rápido que o sistema operacional dos Macs e a tentativa de criar um novo OS tinha flopado espetacularmente e jogado milhões em um buraco sem fundo.
Em um golpe de mestre, Jobs, o mascate, convenceu os executivos da empresa a comprarem sua NeXT e ungir seu OS como a salvação do Macintosh. Meses depois, Jobs, o maquiavélico, convenceu os mesmos diretores a mandarem embora Gil Amelio, o então CEO, e colocarem ele mesmo, Steve, no lugar.
Daí começou uma faxina geral, eliminando produtos e divisões inteiras, tentando estancar a sangria que levava a Apple a perder milhões por ano.
Mas faltava algo, um símbolo que representasse a mudança no propósito da empresa. Entre os produtos cancelados por Jobs havia um singelo laptop baseado no PDA (Assistente Pessoal Portátil) Newton, outro retumbante fracasso da Apple pré-Jobs. Ele tinha uma carcaça de plástico verde translúcida que Jobs achou interessante. Catou o designer Jonathan Ive que estava quase de saída e juntos começaram a trabalhar no iMac.
Por dentro, o iMac não tinha nada muito diferente do hardware da Apple até então. Era basicamente um laptop G3, o processador utilizado pela Apple até então (e só por ela) com um monitor de tubo em cima. Mas já se percebiam nele alguns conceitos que seriam a marca da nova Apple.
Eliminar sem dó tecnologias ultrapassadas
O iMac matou o leitor de disquete que os Macs tinham até então, trazendo apenas portas USB, novidades na época, obrigando usuários antigos a comprarem novos periféricos ou usar adaptadores para trocar arquivos. O disquete só foi totalmente abandonado nos PCs dez anos depois.
Computador como eletrodoméstico
O primeiro Macintosh, de 1984, era uma caixa quadrada que só podia ser aberta com chaves de fenda especiais. O iMac voltava a esse conceito de que o usuário não precisa saber o que tem dentro da máquina. Isso é coisa de nerd!
Com o iMac, começou a linhagem de produtos e programas começados com i minúsculo que gerou o iBook, o iPod, o iTunes, iMovie, iPhone e outros mais.
Além da incompatibilidade com periféricos até então, o iMac gerou outras críticas. A principal é referente a seu mouse “bolinha” pouco ergonômico. Mesmo assim, foi um sucesso de vendas e o início da ressurreição da Apple que a tirou da quase morte para o sucesso astronômico atual. Veja abaixo as principais encarnações do computador ícone da empresa.
iMac
Anunciado em um evento especial em maio e chegando ao mercado em agosto, o iMac foi um divisor de águas. Na cor Bondi Blue (azul esverdeado com referência a uma praia na Austrália), tinha um monitor CRT de 15 polegadas embutido, drive de CD player e um modem de 56k. Para reforçar o conceito de portabilidade, Jonathan Ive colocou uma singela alça de plástico no topo, apesar de seus 18kg não serem muito fáceis de serem carregados para lá e para cá.
iMac coloridos
No total, o modelo original do iMac teve 13 cores diferentes. Os primeiros iMacs com cores diferentes do azul original surgiram em 2000. Além das cores diferentes, o iMac foi ganhando processadores mais rápidos, um mouse mais decente, gravador de CD e DVD, entre outras melhorias. Em 2001, a Apple pulou o tubarão lançando os modelos Flower Power e Blue Dalmatian com design questionado até pelo mais fanático macmaníaco.
iMac G4
Com um processador novo e um design que somente a Apple poderia trazer ao mundo real, o iMac G4 foi o primeiro com tela plana de LCD. Ligado por um braço metálico a uma CPU em forma de cúpula, ganhou prêmios ao redor do mundo e está até hoje exposto no MoMA.
iMac G5
Em 2004, a Apple já tinha abandonado seu design baseado em cores, plásticos e curvas e caminhava para um conceito mais próximo da Bauhaus: minimalista, com linhas retas, branco, prata e preto. O iMac G5 trazia a CPU atrás da tela de LCD, esquema que perdura até hoje. No ano seguinte, seu processador foi trocado por um chip Intel Core Duo, em uma das mudanças de plataforma mais radicais da história da informática.
iMac Aluminum
O mesmo formato do iMac anterior, mas agora em metal. Lançado em 2007, seu formato é o mesmo 11 anos depois, ficando mais fino e com telas maiores a cada geração. Em 2014, ganhou uma tela Retina com 14.7 milhões de pixels.
iMac Pro
O iMac mais poderoso (e mais caro) de todos. Feito para os usuários profissionais da Apple (editores de vídeo, designers, fotógrafos etc) ele veio para cobrir um buraco cavado pela própria Apple com seu MacPro em forma de lata de lixo. Na impossibilidade de fazer um upgrade mantendo o mesmo design e com os novos modelos previstos apenas para 2019, a Apple deu uma turbinada em seu modelo para gente normal. É o primeiro iMac com uma CPU de 18 núcleos e um chip T2, produzido pela própria Apple, que controla várias funções da máquina, do áudio à criptografia.
O futuro
A Apple não fala absolutamente nada sobre seus futuros produtos, mas uma coisa pode ser deduzida de seus movimentos atuais. São grandes as chances de um próximo iMac movido somente com chips da Apple, abandonando os processadores Intel, na segunda grande mudança de plataforma da linha. Podemos ver um desses entre o final deste ano e 2020.
E ai, gostou de acompanhar a história do iMac? Possui ou já possuiu um? Nos conte nos comentários.