Energia solar é inesgotável, mas pouco utilizada no mundo. No entanto, esse cenário pode mudar antes do que você pensa. Embora a matriz energética de boa parte dos países do planeta seja baseada em carvão ou gás, usar o sol como fonte limpa está ficando cada vez mais barato, tornando-se a menos custosa entre todas as outras. E o Brasil – quem diria – tem um papel fundamental nessa mudança.
Segundo um relatório da Bloomberg New Energy Finance, o país é um dos responsáveis pelo barateamento da tecnologia de captação de energia do sol, junto aos também sul-americanos Chile e Uruguai. Além desses, África do Sul, Índia e a superpoluída China estão na lista dos que mais veem crescimento acelerado no uso de energia solar. A entidade pinta um cenário animador, e o Governo Federal garante que o país estará entre as 20 “potências solares” até 2018.
Mas, por que só agora a energia solar deve deslanchar? Primeiro, como toda tecnologia, porque ela se manteve cara até começar a ganhar escala. Hoje, os materiais de instalação são vendidos com queda de preço, em uma tendência que vai se acentuar. Até 2040, especialistas preveem que a energia solar será mais barata do que carvão, gás, hidrelétricas e até a eólica. E isso irá acontecer mesmo sem subsídios – ou seja, não será um futuro tipicamente holandês ou australiano.
O segundo motivo do sucesso iminente da energia solar é menos óbvio, mas mais empolgante: já existem formas de contornar a falta do próprio sol.
Energia solar à noite
Falar em energia solar no Brasil é fácil, mas nem tanto em países com baixa incidência de luz do sol, com dias curtos demais. Mas, já existem algumas formas de minimizar o problema. O projeto Crescent Dunes, por exemplo, é uma espécie de planta energética do futuro, capaz de captar e armazenar energia em larga escala, suficiente para alimentar cidades inteiras, mesmo no inverno rigoroso.
Outras iniciativas como a Power Wall e o telhado com células solares da Tesla parecem ser a solução ideal para residências à noite. No Brasil, empresas como a Blue Sol oferecem serviços de instalação de painéis solares para casas, mas ainda sem o bônus do armazenamento noturno. Se as previsões estiverem corretas, não deverá demorar tanto assim, afinal, para baterias domésticas serem comuns também no mercado nacional.
Mas, e a vontade política?
É claro que a popularização da energia solar em qualquer país no mundo depende de vontade política. Com a redução de custos e crescente vontade do consumidor de ter acesso, é inevitável que haja embate entre a sociedade e o poder de corporações – e, como consequência, do povo contra o poder político.
De acordo com a Bloomberg New Energy Finance, ainda levará mais de 20 anos para a energia solar dominar o mundo. Mas, as mudanças começam desde já, principalmente se o Brasil for mesmo um dos protagonistas nessa revolução. Incidência de luz solar o país tem de sobra e, como diz o bilionário Elon Musk, não há razões para deixar de aproveitar o reator de fusão nuclear gratuito sobre nossas cabeças.